Playing For Him (DEGUSTAÇÃO)

By autorabeautyslut

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Heaven Morgan nunca gostou muito de jogos. Porém, assim que seus olhos contemplaram o capitão do time de hóqu... More

PLAYING FOR HIM
EPÍGRAFE
PRÓLOGO
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By autorabeautyslut

— Sonetos de Shakespeare… — Ouço quando uma voz soa bem próxima a mim, chamando, consequentemente, a minha atenção. 

De imediato, ergo os meus olhos ao mesmo tempo em que tiro o livro que tenho em mãos da frente do meu rosto, não demorando mais do que meio segundo para que eu veja Tyler puxando a cadeira oposta à minha para se sentar. 

O garoto parece tranquilo enquanto um sorriso cínico dança em seus lábios. Eu diria que ele está satisfeito, bem diferente de mim, que fiquei esperando pela vossa senhoria mais do que deveria.

— Pensei que fosse pontual, Campbell — comento, deixando o livro em cima da mesa.

— E sou. Tive treino e precisei demorar um pouco mais para falar com o treinador. Desculpe a demora.

Semicerro os olhos em sua direção.

— Sabia que você era atleta! — Dou uma risadinha. — O que você joga, huh?

Ele faz o mesmo, curvando-se em minha direção. 

— Você é muito esperta, moça. — Ri, relaxando na cadeira outra vez. — Sou capitão do time de futebol americano. 

— Você tem corpo de atleta, não foi muito difícil ligar uma coisa à outra — declaro, despreocupadamente.

Tyler faz uma careta, aparentemente surpreso com o que acabou de sair pela minha boca, logo, dando uma risadinha nasalar. 

— Então quer dizer que andou observando o meu corpo, senhorita Morgan? 

Dou de ombros. 

— Isso não vem ao caso agora, Tyler — falo, tranquilamente. — Agora, vamos direto ao ponto: sobre qual autor você acha que devemos apresentar?

Ele finge pensar por um segundo, mesmo quando, na verdade, já saiba o que dirá a seguir:

— Qualquer um, desde que não seja Shakespeare. — Faz uma careta engraçada.

Arqueio as minhas sobrancelhas, ofendida com a sua fala enquanto o garoto cínico parece genuinamente tranquilo com a barbaridade que acabou de sair pela sua boca. 

O que seria da língua e literatura inglesas sem o gênio delas?

Agora sei o porquê de ele ter reprovado nessa matéria.

— Não podemos ser amigos — digo, sem conseguir disfarçar o meu horror à sua fala.

— É importante saber respeitar os gostos alheios, Heaven. — Dá uma pausa com a única intenção de rir. — Não tenho nada contra o cara, só acho que todo mundo vai falar sobre ele. Shakespeare é o clichê dos clichês

O clichê mais esplêndido, vale ressaltar. 

Porém, tenho que admitir que ele não está de todo errado.

Muito provavelmente, mais da metade das duplas fará o trabalho sobre Romeu e Julieta, simplesmente porque as pessoas se esquecem que Shakespeare escreveu outras coisas magníficas que vão muito além da razão humana, como é o caso de Hamlet

— E daí? Vai me dizer que não gostaria de abordar uma história como a de Hamlet? Amor, vingança, ciúme, traição, morte. Coisas básicas da vida sendo escritas por um gênio da literatura inglesa, Ty — falo, entusiasmada.

Campbell tomba a sua cabeça para o lado direito como se tentasse me observar em um novo ângulo enquanto mantém os olhos fixos nos meus.

Claramente, eu o deixei duvidoso, já que, agora, posso ver, pela sua expressão, que um trabalho sobre Shakespeare não lhe parece mais uma ideia tão horrenda assim.

Podemos fazer tudo igual a todos, mas de maneiras diferentes e, no final ficar surpreendente. Afinal, um clichê, se bem contado, nunca perde o seu encanto. 

Porém, quando Tyler está prestes a responder e dizer em voz alta que eu tenho razão, algo se choca com força na mesa de madeira da biblioteca, chamando a atenção das poucas pessoas presentes no local e, principalmente, a minha.

Logo, mantendo a minha mão em cima do peito e com muitos palavrões dançando na minha língua, loucos para serem externados, encontro Ian na cabeceira da mesa nos olhando com suas órbitas verde oliva que, neste momento, estão em chamas. 

Meu irmão nunca foi ciumento ou se intrometeu nas minhas escolhas. Por isso, sinto uma ponta de surpresa crescer dos meus pés à minha cabeça no mesmo momento em que estalo a minha língua. 

Que merda é essa?

— Porra, Ven! — o loiro pragueja. 

Arqueio uma sobrancelha, ainda sem entender o que está acontecendo. 

Em contrapartida, Tyler está tranquilo e à vontade em sua cadeira, quase como se estivesse… satisfeito? 

— Que merda você está fazendo, Collin? — sibilo.
 
Ele respira fundo, mantendo os olhos fixos nos meus. 

— Vamos. Você precisa vir comigo.

Reviro os olhos.

— Não vou a lugar algum — declaro.

— Calminha, Morgan — Tyler diz tranquilamente. — Estamos apenas trabalhando em dupla. Não há com o que se preocupar. — Levanta as mãos em sinal de rendição. 

Logo, o olhar do meu irmão fuzila Campbell.

— Fica longe dela, seu imbecil! — Sua voz é firme.

Suspiro. 

Algo muito errado está acontecendo. Esse, definitivamente, não é o meu irmão. 

— Não vai ficar longe de mim coisa nenhuma. Agora, nos dê licença — peço gentilmente, tentando manter a calma. 

Do outro lado do cômodo estão Sebastian O'shea e Declan Blackwell observando atentamente a cena que Ian está causando. Ambos esperam o seu amigo e parecem tranquilos com o que veem à sua frente. A expressão dos dois é tão tranquila, que começo a achar que isso acontece com certa frequência.

— Nós precisamos conversar, Carinae — afirma.

Sem pensar duas vezes, eu respiro fundo, cansada, e, logo, me levanto, andando para longe da minha dupla. 

Não preciso olhar para trás para saber que Collin está em meu encalço, seguindo-me como uma leoa faminta indo atrás de sua presa. 

Poucos metros depois, paro bruscamente e me viro, cruzando os braços sob o peito para encará-lo. Ian inspira, passeando os olhos pela biblioteca e, somente segundos mais tarde, solta o ar que prendia em seus pulmões e me olha, dizendo:

— Eu nunca me meti na sua vida e você sabe disso. Mas, por favor, se afaste do Tyler, Ven.

Franzo o meu cenho, não conseguindo acreditar no que acabou de ser pedido.

— Que tipo de pedido é esse?

— O time de hóquei tem uma rivalidade com o time de futebol americano quase milenar, querida irmã. Sendo assim, você não deve ter contato com ele — explica como se fizesse todo o sentido do mundo.

Dou um passo para trás, chocada com sua explicação, mas logo, não resistindo à idiotice que acabei de ouvir, dou uma gargalhada, chamando ainda mais a atenção das pessoas quando um ronco sai das minhas narinas no final da risada. 

Merda. 

— E o que eu tenho a ver com isso, Ian?

— Você é minha irmã…? — responde como se fosse óbvio. 

— Ainda estou tentando achar o problema.  

Ele revira os olhos, impaciente. Dá para ver a ira em suas íris verdes.

— Se existem dois lados, você deve ficar do meu, Heaven.    

— Ian, para de ser louco, ok? Eu não tenho nada a ver com a rixa de vocês. Você é meu irmão, Tyler é meu amigo. Acabou.

Ian nega, mas, antes que consiga retrucar, Declan se aproxima e toca o ombro do amigo, dizendo:

— Isso não vai levar em nada. E tá todo mundo olhando. — Sua voz é baixa e rouca.

Blackwell não me olha em momento algum. Parece que ele ao menos percebe a minha presença enquanto eu mantenho as minhas órbitas fixas em seu maxilar tensionado.

— Melhor ouvir o seu amigo — declaro, suspirando em seguida. — Olha, Ian, eu te amo. Mas você está sendo um completo babaca.

Meu irmão não assente ou diz qualquer outra coisa. Ele apenas revira os seus olhos e sai andando, bravo, com uma fumaça densa saindo de seus ouvidos e narinas. Declan, por sua vez, me olha por um nanosegundo com tanta indiferença que fico um tanto confusa, e, logo, assim como seu amigo, vira as costas e vai em direção à saída. 

Poucos segundos depois, giro os meus calcanhares em direção a Tyler Campbell outra vez. 

O garoto parece um tanto satisfeito com a cena que acabou de presenciar. Por esse motivo, espalmo de forma silenciosa a mesa de madeira e me curvo na direção dele, que tem os olhos fixos em mim, e digo: 

— Se você estiver se aproximando de mim só para mexer com o meu irmão ou qualquer coisa do tipo, eu vou ficar muito chateada com você, Tyler. — Minha voz sai firme. — Não sou um peão para ser usada nesse joguinho de vocês, ok?

Imediatamente, Campbell joga as suas mãos para o alto em sinal de rendição no mesmo momento em que fala: 

— Ei, vai com calma. Eu não sou esse tipo de pessoa — fala sério. — Você é você. Ele é ele.

Respiro fundo.

— Ótimo. — Esboço um sorrisinho fraco. — Então, já que está tudo resolvido, vamos continuar com o trabalho.

Ele assente e, da forma mais idiota possível, presta continência para que, em seguida, pegue sua caneta de cor azul e cadernos, prestando completa atenção em mim. 

Giro a chave na maçaneta da porta e, segundos mais tarde, empurro a estrutura de madeira, encontrando Summer Ross deitada no sofá. 

A princípio, não vejo nada demais na cena, já que ela está apenas vendo um filme qualquer na TV. Entretanto, após dar alguns passos à frente, os soluços da garota preenchem o ambiente. 

— O que houve? — pergunto, aproximando-me dela.

Digamos que Summer não é a pessoa mais agradável do mundo. Ela sempre tem respostas afiadas e o desdém que ela parece estar sempre pronta a oferecer é de doer, sem contar os olhares acusadores e uma sobrancelha arqueada em todos os momentos do dia. Contudo, a garota não é má e jamais foi mal educada comigo. Então, acho que ela merece o benefício da dúvida. 

— Nada — responde, limpando as suas bochechas com o dorso da sua mão direita. 

Suspiro ao mesmo tempo em que me aproximo, sem me importar se ela vai me xingar. No entanto, mesmo que não saia uma palavra de sua boca, seu olhar me fuzila quando me sento ao seu lado. 

— Sempre que estou triste eu tomo um sorvete para me alegrar — comento como quem não quer nada. — Acho que é disso que você precisa no momento. Quer tentar? — pergunto com a voz suave.

Ela me olha, arqueando as suas sobrancelhas. 

— Sorvete não é nenhum antibiótico contra tristeza, Heaven — rebate imediatamente.

— Você já experimentou? 

Summer nega, com uma careta. 

— Eu detesto morango — informa, levantando-se do sofá com a cara fechada. 

Como ela mora com a Paige? 

— Isso não me surpreende. — Dou uma risadinha, acompanhando-a.

Ross, enquanto calça seus coturnos, me olha por cima dos ombros e eu apenas lanço uma piscadela para ela, que revira seus olhos teatralmente, fazendo-me dar uma risadinha. 

Somente então, minutos depois, abre a porta e espera que eu passe para fechá-la outra vez. 

Desde que cheguei aqui, não trocamos mais de cinco palavras. Por isso, de coração, eu espero que isso dê certo e que Summer Ross não me mate no caminho até o mercado, mesmo que eu saiba que ela mudará de ideia em breve. Afinal, o vento de Michigan é tão congelante que até os mais gostosos dos gelatos perdem a graça.

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