𝑻𝑹𝑼𝑬 𝑩𝑳𝑶𝑶𝑫 - Jikook...

By LISAMANIAC

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Roseanne e Jimin sempre foram "os irmãos perfeitos": populares, bonitos, dedicados e cheios de amigos. Mas, s... More

Introdução
Pedido
Cast
Sobre os seres sobrenaturais + Playlist
001.
002.
003.
004.
005.
006.
007.
008.
009.
010.
Novos personagens
011.
012.
013.
014.
015.
016.
017.
018.
019.
020.
021.
023.
024.
025.
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027.
028.
029.
030.
031.
032.
033.
Memes
034.
035.
036.
037.
038.
039.
040.
Capítulo extra: Jikook
Capítulo Extra: Chaelisa

022.

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By LISAMANIAC

— Acorde, Rosé. — Sussurrava Jimin. — Acorde. Acorde.

Ela se levantou abruptamente, engasgando, suada e com o cabelo grudado no pescoço. Estava com os pulsos presos a um punho forte; tentou se soltar, mas depois percebeu quem a estava segurando.

— Jimin? — Rosé indagou confusa. Mas logo se lembrou que adormecera no quarto de seu irmão.

— É. — Jimin falou. Ele estava sentado na ponta da cama, descabelado, e aparentando estar semiacordado, despenteado e com os olhos sonolentos.

— Solte-me. — Rosé pediu.

— Desculpe. — Os dedos de Jimin escorregaram dos pulsos de Rosé. — Você tentou me bater no segundo em que pronunciei seu nome.

— Estou um pouco agitada, eu acho. — Ela admitiu. — Que horas são?

— Mais ou menos cinco. — Jimin respondeu.

— Da manhã? — Ela olhou fixamente para ele. — É bom que tenha uma boa razão para me acordar.

— Por quê, estava tendo um sonho bom?
— Jimin sorriu malicioso.

— Não me lembro. — Rosé admitiu.

— Um dos Irmãos do Silêncio está aqui para ver a gente. Edward veio nos acordar. — Avisou Jimin.— Vou deixar você se vestir, te espero no corredor.

Rosé pôs as pernas para fora da cama assim que a porta se fechou atrás dele. Embora mal estivesse amanhecendo, um calor úmido estava começando a se acumular no quarto. Ela fechou a janela e foi até o banheiro lavar o rosto e escovar os dentes. Cinco minutos depois, ela estava calçando os tênis brancos. Ela vestiu shorts e uma camiseta preta. Jimin deu um sorriso curto assim que Rosé cruzou a porta.

Quando chegaram à biblioteca, Rosé e Jimin se surpreenderam ao ver que as luzes estavam apagadas. Estava iluminada apenas pelo brilho leitoso que passava pelas janelas altas posicionadas no teto vazio. Edward estava sentado atrás de uma mesa, vestindo em um terno, com os cabelos pretos iluminados pela luz do amanhecer, Hoseok estava sentado na poltrona de frente para ele. Depois viram uma figura sair da sombra, e perceberam que o que acharam que fosse um pedaço mais escuro da sala, na verdade, tratava-se de um homem. Um homem alto com uma túnica pesada que se estendia do pescoço aos pés, cobrindo-o completamente. O capuz da roupa estava levantado, cobrindo a face. A túnica em si tinha cor de pergaminho, e os desenhos elaborados dos símbolos ao redor da bainha e das mangas pareciam ter sido marcados com sangue. Os pelos se arrepiaram nos braços e na nuca de Rosé e Jimin.

— Este. — Disse Edward — é o Irmão Jeremiah, da cidade do silêncio.

O homem veio na direção deles, a capa pesada balançando enquanto ele se movia, e Rosé e Jimin perceberam o que havia de estranho nele: ele não emitia qualquer ruído enquanto andava, nem um passo sequer que fosse. Até sua capa, que deveria fazer algum barulho, era silenciosa. Eles quase poderiam ter imaginado se ele era um fantasma, mas não, eles pensaram quando ele parou na frente deles, havia um cheiro estranho nele, adocicado, como sangue e incenso, o cheiro de alguma coisa viva.

— E estes, Jeremiah. — Disse Edward, levantando-se da escrivaninha. — São os garotos a respeito de quem lhe escrevi: Park Roseanne, Park Jimin e Jung Hoseok.

O rosto encapuzado virou lentamente para eles. E os irmãos Park sentiram um frio até a ponta dos dedos.

— Oi — Jimin disse. Mas não houve resposta.

— Mandei uma carta à Clave sobre isso tudo ontem à noite, mas as lembranças de Hoseok, Jimin e Rosé são deles. Eles são os únicos que podem decidir como querem lidar com o conteúdo da própria cabeça. Se quiserem a ajuda dos irmãos do silêncio, a escolha deve ser deles. — Edward falou.

Nenhum dos três disse nada. É claro que eles queriam saber se algo bloqueava suas mentes. Mas a figura sombria do irmão do silêncio era tão... bem, silenciosa. O silêncio em si parecia exalar dele como uma onda escura, preta e grossa como tinta. Eles sentiam calafrios até nos ossos.

O rosto do Irmão Jeremiah ainda estava voltado para eles, nada além da escuridão visível sob o capuz.

Estes são os filhos de Hana e Ji Woo?

Rosé engasgou-se, dando um passo para trás. As palavras ecoaram em sua mente, como se ela mesma as tivesse pensado, mas não tinha. Ela olhou para Jimin e Hoseok e os dois estavam com a mesma cara de espanto.

— É. — Disse Edward, e acrescentou rapidamente. — Mas pelo que sabemos o pai de Jimin e Rosé é mundano, enquanto o de Hoseok era um lobisomem.

Isso não importa, disse Jeremiah. O sangue da Clave é dominante.

— Por que você chamou minha mãe de Hana? — Perguntou Jimin, procurando em vão por algum indício de rosto sob o capuz. — Você a conheceu?

— Os Irmãos guardam registros de todos os membros da Clave. — Explicou Edward. — Registros exaustivos...

— Não tão exaustivos assim. — Disse Hoseok. — Se nem ao menos sabiam que seus filhos estavam vivos.

É provável que Hana tenha recebido a assistência de algum feiticeiro no desaparecimento. A maioria dos caçadores de sombras não consegue escapar da Clave com tanta facilidade. Não havia qualquer emoção na voz de Jeremiah, ele não parecia aprovar nem reprovar as ações de Hana e Ji Woo.

— Tem uma coisa que não entendo. — Disse Rosé. — Por que Theodore acharia que Ji Woo está com o Cálice Mortal? Se minha mãe teve tanto trabalho em nos esconder e Ji Woo teve tanto trabalho para desaparecer, como você disse, por que levaria o cálice consigo?

— Para evitar que ele pusesse as mãos nele. — Disse Edward. — Elas, mais do que qualquer um, sabiam o que aconteceria se Theodore tivesse o Cálice. E imagino que elas não confiassem na Clave para guardá-lo. Não depois que Theodore o tirou deles.

— Suponho que sim. — Rosé não conseguia afastar da voz o tom de dúvida. A coisa toda parecia muito improvável. Ela tentou imaginar a mãe fugindo sob os lençóis da escuridão, com um enorme cálice de ouro no bolso do macacão e entregando ele a Ji Woo, mas não conseguiu.

— Hana voltou-se contra o marido quando descobriu o que ele pretendia fazer com o Cálice. —Disse Edward. — Não é loucura imaginar que ela faria o possível para evitar que o Cálice fosse parar nas mãos dele. Até mesmo entregá-lo para uma licantrope.


Basta, interrompeu o Irmão Jeremiah. Há uma verdade a ser aprendida aqui, se forem pacientes o bastante para ouvir.

Com um gesto rápido, ele levantou as mãos e tirou o capuz do rosto. Hoseok torceu o nariz e Jimin e Rosé contiveram o impulso de gritar. A cabeça do arquivista era careca, lisa e branca como um ovo, sombriamente denticulada no lugar em que deveriam estar os olhos. Não havia mais olhos agora. Ele tinha lábios entrelaçados por linhas escuras que pareciam pontos cirúrgicos.

Os irmãos do silêncio não mentem, disse Jeremiah. Se quiser a verdade de mim, a verdade terá, mas pedirei o mesmo de vocês em troca.

— Nós também não somos mentirosos. — Jimin levantou o queixo e afirmou por ele e por Rosé e Hoseok.



A mente não pode mentir. Jeremiah caminhou em sua direção. São suas lembranças que quero.



O cheiro de sangue e tinta era sufocante. Rosé sentiu uma onda de pânico.



— Espere... — Falou a loira.

— É perfeitamente possível haver lembranças que vocês enterraram ou reprimiram, lembranças formadas quando vocês eram novos demais para ter alguma recordação consciente delas, que o Irmão Jeremiah pode alcançar. Poderia nos ajudar imensamente. — Disse Edward, em tom delicado.


Ninguém disse nada. Rosé e Jimin detestavam a ideia de alguém alcançando o interior de suas mentes, tocando lembranças tão pessoais e escondidas que nem mesmo eles conseguiam alcançar.

— Vocês não precisam fazer nada que não queiram. — Disse Edward repentinamente.

Jimjn interrompeu Edward antes que ele pudesse responder.

— Tudo bem. Eu faço. — Jimin disse com convicção.

— Eu... Eu também. — Rosé falou.

— Eu também. — Hoseok confirmou positivamente.




O Irmão Jeremiah fez um aceno curto com a cabeça, e se moveu em direção a Rosé com o silêncio que lhe dava calafrios na espinha.




— Vai doer? — Ela sussurrou.




Ele não respondeu, mas as mãos brancas e estreitas do Irmão Jeremiah tocaram o rosto dela. A pele dos dedos era fina como papel de pergaminho, toda marcada por símbolos. Ela podia sentir o poder deles, saltando como eletricidade de sua pele. Ela fechou os olhos, mas não antes de ver a expressão ansiosa na face de Edward, Jimin e Hoseok.

Cores entrelaçavam-se na escuridão atrás das pálpebras de Rosé. Ela sentiu uma pressão, um puxão na cabeça, nas mãos e nos pés. Ela fechou os punhos, lutando contra o peso, a escuridão. Sentiu-se como se estivesse sendo pressionada contra algo duro e inflexível, lentamente esmagada. Ela se ouviu engasgar e subitamente ficou toda fria, fria como o inverno. Em um flash, viu uma rua gelada, prédios cinzentos erguendo-se à frente, uma explosão de branco lacerando o rosto em partículas congeladas...





— Já chega. — A voz de Jimin interrompeu o frio do inverno, e a neve parou de cair, um banho de faíscas brancas. Os olhos de Rosé se abriram abruptamente.




Lentamente, a biblioteca entrou em foco,  as paredes alinhadas com livros, as faces ansiosas de Edward, Jimin e Hoseok. O Irmão Jeremiah permaneceu imóvel, uma imagem entalhada de marfim e tinta vermelha. Rosé se conscientizou da dor aguda nas mãos, e olhou para baixo para ver linhas avermelhadas na pele, onde as próprias unhas haviam penetrado.




— Jimin. — Disse Edward, em tom de reprovação.

— Olhe as mãos dela. — Jimin apontou para Rosé, que curvou os dedos para cobrir as palmas feridas. Edward pôs a mão larga no ombro dela.

— Você está bem? — Perguntou Edward.



Lentamente, ela mexeu a cabeça em um aceno afirmativo. O peso esmagador havia desaparecido, mas ela podia sentir o suor encharcando o cabelo, grudando a camiseta nas costas como fita adesiva.

Você tem um bloqueio na mente, disse o Irmão Jeremiah. Suas lembranças não podem ser acessadas.



— Um bloqueio? — Perguntou Jimin. — Quer dizer que ela reprimiu as lembranças?

Não. Quero dizer que foram bloqueadas da consciência por um feitiço. Não posso quebrá-lo aqui. Ela terá de ir até a cidade dos ossos e se colocar perante a Irmandade.

— Um feitiço? — Rosé perguntou, incrédula. — Quem teria colocado um feitiço em mim?




Ninguém respondeu. Edward ficou pálido de repente.




— Vocês não precisam ir se estiverem com medo. — Edward falou.

— Tudo bem. — Rosé respirou fundo. As palmas doíam onde haviam sido cortadas pelas unhas, e ela queria desesperadamente deitar em algum lugar escuro e descansar. — Eu vou. Quero saber a verdade. Quero saber o que está na minha cabeça.

Jimin e Hoseok assentiram, afirmativo.

— Tudo bem. Então vamos todos juntos. — Jimin pegou a mão de Rosé e apertou com delicadeza.


...


Duas horas se passaram. Jimin, Hoseok e Rosé estavam no portão do instituto esperando por Jungkook e Lisa.

Deixar o Instituto era como entrar em uma bolsa de lona quente e molhada. O ar úmido pairava sobre a cidade.

Logo, uma Mercedes Benz preta virou a esquina, Jimin sentiu o coração acelerar abruptamente. Era o carro de Jungkook.

O carro parou ao meio fio de frente para eles. O vidro do passageiro foi abaixado e Lalisa colocou a cabeça para fora, acenando para os três.




— Bom dia. — Disse a Morgenstern, abaixando o óculos de sol e encarando Rosé.

— Bom dia. — Rosé respondeu por Jimin e Hoseok. Jungkook destravou a porta do carro e os três entraram no banco traseiro.

— Não liguem para o mau humor do meu irmão. Ele detesta acordar cedo. — Lisa falou, vendo que Jungkook não diria nada para cumprimentar os três. Jimin observou Jungkook, estranhando o silêncio do híbrido, sem piadas ou flertes para cima dele. As mãos de Jungkook estavam firmes no volante, as veias saltadas o deixavam ainda mais atraentes.




Não, não, não! Pare de acha-lo atraente! Jimin pensou. Balançando a cabeça negativamente.




— Sabe, eu me sentiria melhor se Edward fosse conosco. — A voz de Hoseok despertou Jimin de seu devaneio.

— Por quê? Não somos proteção o suficiente para vocês? — Lisa indagou. Jungkook já havia arrancado com o carro.

— Não acho que seja de proteção que precisamos agora, mas de alguém que possa nos ajudar a pensar. — Hoseok falou.

— Ah! Yoongi! — Rosé exclamou, lembrando-se repentinamente, ela levou a mão à boca.

— Não, eu sou Lisa, a mais bonita da familia.  — Lisa disse, pacientemente. — Yoongi é de completa falta de senso de moda.

— Fique quieta. — Rosé respondeu, mas foi mais automático do que sincero. — Queria ter ligado para ele antes de dormir, para saber como ele está.




Balançando a cabeça, Lisa olhou para o céu, como se estivesse prestes a abrir e revelar os segredos do universo.




— Com tudo o que está acontecendo, você está preocupada com o cara de preguiça? — A voz de Jungkook saiu rouca.

— Não fale assim dele. Ele não tem cara de preguiça. — Defendeu Rosé.

— Você pode estar certa. —Disse Jungkook. — Eu já vi preguiças atraentes uma ou duas vezes na vida. Ele se parece mais com um rato.

— Ignore-o. — Lisa olhou para trás e sorriu. — Eles brigaram, de novo. Jungkook está magoado pois Yoongi fôra um pouco severo com ele.

— Não estou magoado. Para se magoar precisa sentir algo e eu não sinto nada. — Jungkook respondeu ríspido.

— É sério? Estamos na fase em que você bloqueia seus sentimentos e sai agindo como se não sentisse nada? O que vai fazer agora? Desligar a humanidade? — Lisa questionou.

— Sabe que eu não desligo a humanidade, ao contrário de muitos vampiros que simplesmente não são capazes de lidar com seus atos, quando eu faço algo, eu lido com isso. — Jungkook disse firme, Lisa abriu a boca para rebater, mas Jimin interviu.

— Desculpa interromper, mas o que é isso de desligar a humanidade? — Jimin perguntou curioso.

— Desligar a humanidade nada mais é do que desligar suas emoções, todas elas, raiva, alegria, tristeza, amor, inveja, medo, angústia. — Jungkook explicou pacientemente. — Quando os vampiros não suportam alguma dor emocional forte, eles desligam a humanidade para não sentir mais nada.

— Se tornam frios, ficam egoístas, não se importam com as pessoas e nem com eles mesmos. Não se importam com nada. Só com o próprio umbigo. — Lisa concluiu.

— Vocês já desligaram a humanidade de vocês? — Jimin perguntou.

— Olha para o Jungkook, eu dúvido que algum dia ele tenha ligado a humanidade dele. — Rosé sussurrou só para Jimin escutar, mas Jungkook pareceu ouvir, pois olhou para a garota através do retrovisor do carro. O olhar frio e semicerrado. Lisa segurou o riso e Rosé engoliu em seco, lembrando-se da audição apurada dos vampiros.

— Então, mudando de assunto. — Hoseok tentou quebrar o clima tenso que se espalhou pelo carro. —  Não entendo por que temos que ir separados do irmão jeremiah.

— Porque, meu querido irmão que está ao meu lado. — Lisa colocou a mão sobre o ombro de Jungkook. — Já teve uma desavença com os irmãos do silêncio. Inclusive já matou um.

— Meu Deus... — Rosé resmungou.

— Quantas centenas de pessoas você já matou? — Jimin não se conteve e perguntou.

— Na verdade, eu meço o número em milhares. — Jungkook olhou para Jimin pelo retrovisor e deu um sorriso ladino. Jimin engoliu em seco, desviando o olhar para as ruas, estavam desertas, exceto por um caminhão de lixo que passeava lentamente pelo quarteirão.

— Olhe só, um irmão do silêncio em uma carruagem. — Jungkook apontou para o carro ao seu lado. Rosé, Jimin e Hoseok olharam a janela, mas tudo que viram foi um carro preto simples.

— Está mentindo. — Rosé sibilou.

— Ele não está. É mesmo um irmão do silêncio em uma carruagem, arrisco dizer que é o Jeremiah. Vocês tem a visão, se concentrem um pouco e vão enxergar através do véu da magia. — Lisa explicou.




Eles observaram o carro novamente, deixando o olhar relaxar, deixando a força da realidade penetrar no véu da magia.

Agora o carro parecia a carruagem da Cinderela, exceto que, em vez de ser rosa, dourada e azul como um ovo de Páscoa, era preta como veludo, com as janelas escuras. As rodas eram pretas, e as bordas de couro, também todas pretas. No banco de metal preto do motorista estava o Irmão Jeremiah, segurando rédeas nas mãos cobertas por luvas. Seu rosto estava coberto pelo capuz da túnica cor de pergaminho. Do outro lado das rédeas, havia dois cavalos, pretos como fumaça, rosnando para o céu.

À frente deles, um táxi trocava de pistas, impedindo a passagem da carruagem. Rosé e Jimin mostraram-se tensos, preocupados com os cavalos, depois a carruagem deu um salto para cima quando os animais subiram levemente no topo do táxi. Jimin conteve um engasgo. A carruagem, em vez de continuar se arrastando pelo chão, flutuou atrás dos cavalos, passando delicada e silenciosamente pelo teto do táxi, e desceu pelo outro lado. Rosé olhou para trás enquanto a carruagem atingia novamente a pavimentação com um impacto, o motorista do táxi estava fumando e olhando para a frente, completamente desavisado.




— Sempre achei que motoristas de táxi não prestassem atenção ao trânsito, mas isso é ridículo! — Observou Rosé.

— Só porque você agora pode ver através da magia... — Lisa deixou o resto da frase no ar entre elas.

— Só consigo enxergar através dela quando me concentro. — Rosé disse. — E me dá um pouco de dor de cabeça.

— Aposto que é por causa do bloqueio na mente de vocês. Os irmãos do silêncio vão cuidar disso. — Jungkook falou.

— E depois? — Jimin perguntou.

— Depois você verá o mundo como ele é, infinito. — Disse Jungkook com um sorriso seco.

— Não me venha citar Blake. — Jimin torceu o nariz. O sorriso de Jungkook se tornou menos seco.

— Não achei que fosse reconhecer. Você não me parece o tipo de pessoa que lê poesia. — Jungkook provocou.

— Todo mundo conhece essa citação por causa do The Doors. — Jimin respondeu como se fosse óbvio. Jungkook o olhou pelo retrovisor, confuso. — The Doors. Era uma banda.

— Se você está dizendo. — Jungkook deu de ombros.

— Suponho que não tenha muito tempo para ouvir música. — Disse Jimin. — Levando em conta a natureza de suas ações.

— Quer dizer por eu ser um híbrido que ficou adormecido por mais de 50 anos? — Jungkook indagou. — Acredite ou não, pequeno Park. Sou um grande amante de música, principalmente de jazz.

— Na verdade, eu acredito em você. — Jimin admitiu sincero.

— Talvez um dia, pequeno Park. Você me deixe mostra-lo como sou um bom dançarino de jazz. — Jungkook sorriu ladino e Jimin abaixou o olhar, encarando as próprias mãos. — Chegamos. — Anunciou Jungkook, enquanto a locomoção macia das rodas sobre o asfalto se transformou em sacolejo sobre pedras. Jimin enxergou algumas palavras pelo arco ao passarem sob ele: CEMITÉRIO DE MÁRMORE DE CAPE MAY.

— Mas pararam de enterrar pessoas em aqui há séculos, por falta de espaço, não pararam? — Perguntou Rosé. Eles estavam passando por um beco estreito com paredes altas de pedra em cada lado.

— A cidade dos ossos já estava aqui muito antes disso. — Respondeu Lisa. O carro parou subitamente. Lisa desceu do carro, dando a volta para abrir a porta para Rosé descer também. A loira sentiu suas bochechas enrusbecerem, descendo do carro e agradecendo Lisa em um tom tão baixo que se questionou se a Morgenstern teria ouvido.




Rosé olhou para trás de si. O Irmão Jeremiah estava descendo do poleiro atrás dos cavalos em uma queda silenciosa de panos. Ele não formava sombra alguma no gramado ensolarado.

Venham, disse Jeremiah. Ele deslizou para longe da carruagem e das luzes reconfortantes da Second Avenue, caminhando em direção ao centro escuro do jardim. Estava claro que ele queria que os seguissem.

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