Alvorecer - Daryl Dixon | TWD

Av lady_angel_stark

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Em um mundo que a morte dominava, ter a oportunidade de mais um dia para viver era privilégio de poucos. Domi... Mer

Notas da Autora ✏
Cast
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36

Capítulo 33

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Av lady_angel_stark

Todos estavam focados nos rostos das duas, aparentemente somente eu percebi a leve movimentação da mão de Dawn para o coldre na cintura.

Copiei seus movimentos e o click suave da trava de segurança da minha pistola soou mais alto para meus ouvidos, a adrenalina começou a ser liberada em meu sangue. Tudo aconteceu depressa.

Beth escondia uma tesoura em seu gesso, numa atitude mal calculada segurou o objeto pontiagudo fortemente e enfiou no ombro da policial. Em reflexo, Dawn levantou um pouco a mão que estava com a arma, mirando para cima e em direção da cabeça da garota.

Tudo se passou rápido, como um borrão, não ouvi mais nada e só foquei na minha frente. Eu não podia deixar Beth morrer, ela não merecia, Maggie não merecia. Então tive uma resposta rápida. Estava mais à esquerda e tinha uma visão parcial da cabeça de Dawn. Aquilo bastava para mim. Levantei a pistola e atirei, milésimos antes que ela.

Os corpos das duas caíram no chão e todos ficaram sem reação. Tive que piscar algumas vezes, para logo correr até Beth. Guardei a arma e me abaixei ao seu lado, a lateral esquerda de sua cabeça estava cheia de sangue e mais ainda saia, manchando seu cabelo loiro.

Coloquei dois dedos na artéria de seu pescoço e senti as pulsações, soltei um suspiro aliviado e só naquele momento percebi que minha mão tremia levemente.

Não prestei atenção na gritaria que tinha se iniciado, chamei o caçador e ele me ajudou a levanta-la. Chutei a porta de um quarto e colocamos Beth deitada em cima de uma maca, vasculhei os armários do cômodo, achando um pacote com gaze dentro.

- Daryl, vou precisar que você pressione a ferida. - Rasguei o plástico e tirei a gaze, coloquei em cima do machucado da menina e pus a mão do caçador em cima. - Segure até eu voltar.

Então voltei para o corredor novamente.

- Basta! - Gritei aparecendo entre os dois grupos que ainda estavam discutindo. Tive que desviar o corpo de Dawn e da poça de sangue que formava em volta de sua cabeça, tentei não olhar e permanecer com uma expressão fria. - Sua líder provocou isso. O que está feito, está feito, não dá pra voltar atrás. - Todos me olharam e abaixaram as armas lentamente. - Noah, preciso que você vá com o médico e traga tudo o que for necessário para tratar o ferimento de Beth. E os outros vão ficar quietos aqui.

O rapaz me atendeu prontamente, ele deveria estar preocupado com a loira. Passou por todos e puxou um homem de óculos e jaleco. Alguns dos policiais não estavam gostando nada daquilo, mas Shepherd conseguiu acalmá-los.

Assim que os suprimentos necessários chegaram eu comecei a tratar Beth. Passaram-se 15 minutos e a Greene mais nova ainda estava inconsciente.

Tirei as luvas cirúrgicas e joguei-as no lixo. Minhas mãos estavam sujas de vermelho, não tinha reparado que havia sujado elas com o sangue de Beth antes de colocar o item esterilizado.

Foi inevitável olhar para a pele manchada de vermelho e sentir uma agonia me invadir, uma ânsia de tirar aquilo de mim. Fui apressada, quase correndo, para o pequeno banheiro que havia no quarto. Liguei a torneira e comecei a esfregar as mãos. Parecia que o sangue não queria sair, até parecia que a quantidade aumentava.

Procurei uma esponja e um sabão na esperança de conseguir me limpar. Lavei até sentir a pele arder e depois procurei um pano para secar as mãos. Quando voltei para o quarto um gemido de dor vindo de Beth chamou minha atenção.

- O q-que aconteceu? - Perguntou com dificuldade, fez menção de levar a mão à cabeça enfaixada, mas eu parei seu avanço.

- Hey, vai com calma. - Abaixei sua mão. - Você levou um tiro de raspão.

- Tiro? - Ficou confusa por alguns instantes e logo se lembrou, ficando ansiosa e querendo se levantar. - Como está Noah? Ele e os outros estão bem? O que aconteceu com Dawn?

- Não se exalte e fique deitada. Você deve se preocupar consigo mesma agora. - A repreendi e empurrei seu corpo magro de volta para a maca. - O que está sentindo?

- Minha cabeça dói, principalmente o machucado. Estou um pouco tonta também. - Resmungou fazendo uma careta de dor.

Com uma lanterninha eu testei suas pupilas, levantei um dedo e pedi que o seguisse com o olhar, movendo-o para a direita e esquerda, ela conseguiu seguir. Aquilo era bom, sem problemas cerebrais.

- Aparentemente está tudo bem, mas se sentir alguma coisa estranha me avise imediatamente. - Instrui e dei alguns remédios e um copo com água para ela. - Só tem um problema, vai ficar com cicatrizes... Os dois cortes que você já tinha, vão ficar mais suaves. Porém o do tiro, foram uns sete centímetros que eu tive que dar pontos. A bala também passou por sua orelha, você perdeu a parte superior da cartilagem, mas não muito. - Com um olhar chateado, ela levou a mão até as ataduras, dessa vez eu não a impedi. Optei por mudar de assunto. - Sobre os outros, eles estão bem. E Dawn está morta.

- Foi você? - A Greene mais nova perguntou meio incerta.

- Sim. - Confirmei desviando o olhar, vários sentimentos me invadiram naquele momento, porém raiva e preocupação se sobressaltam mais. - O que diabos você estava pensando naquela hora, queria morrer? Dawn tinha uma arma e você pensou que poderia pará-la com uma tesoura? Pelo menos que fosse em alguma veia no pescoço, não no ombro.

- Me desculpe. - Ele sussurrou e se encolheu.

- Desculpas não vão te manter viva. - Disse nervosa. Olhei-a e percebi que ela estava assustada. Suspirei e passei a mão no lado esquerdo do rosto, tentando me acalmar. O que eu estava fazendo? Dando aulas de como matar alguém. A menina tinha acabado de passar por situações traumáticas.

- Eu estava com tanta raiva no momento que não pensei direito, só fiz. - Sussurrou com um olhar afetado. - Eu deixei um policial ser devorado por uma errante e matei outro por causa de Dawn... Empurrei ele no poço do elevador.

Mesmo vivenciou a crueldade do mundo, ainda conseguia enchergar pureza e esperança em Beth. Não desejava que ela se transformasse no mesmo que eu.

- Não pense muito nisso. Você fez o que precisava para sobreviver. - Sem saber muito como confortá-la, falei a frase que virou padrão para o apocalipse. Suavizei minha voz e completei. - Olha, você foi muito corajosa hoje, mas também foi imprudente. Quando você decidir fazer alguma ação, tenha em mente todas as possibilidades e perigos. Pense antes de agir para que não morra no final.

- Obrigada Domy. - Beth concordou e me agradeceu, abriu aquele sorriso gentil que só ela tinha.

- Não precisa agradecer. - Retribui com um pequeno levantar de lábios. - Quando Maggie não estiver perto, eu vou assumir a responsabilidade de cuidar de você.

- Não preciso de cuidados, eu sou forte. - Ela fechou a cara.

- Não foi isso que eu quis dizer. Eu cuido do Daryl e do Rick, por exemplo, e eles não são fracos. Cuidado não é sinônimo de fraqueza. - Sua feição se suavizou. - Consegue levantar? Temos que ir.

Perguntei para Beth e ela confirmou, ajudei-a a levantar e apoiei seu corpo. Atenta para caso ela vacilasse.

- Estão esperando no final do corredor. Achei melhor eles não atrapalharem seu descanso, por isso enxotei todos do quarto. - Falei fazendo Beth rir.

- Você falou da minha irmã, Domy. Onde ela está? - Ela perguntou quando abri a porta.

- É uma longa história. Mas ela está bem e agora podemos ir ao encontro dela. - Tranquilizei-a.

Nos reunimos e fomos embora. Nas escadas, Daryl teve que pegar Beth no colo para que a mesma não se esforçasse tanto, ela ainda estava fraca.

Quando sai para o pátio a luz solar machucou meus olhos, pisquei para acostumar e me espantei com o resto do grupo ali, nos encarando. O grupo de Abraham estava de volta, junto com Michonne e Gabriel. Mais a frente pude ver um caminhão de bombeiro, com Raylee e Carl dentro da cabine, seus os rostos estavam espremidos no vidro, espiando o lado de fora.

Maggie começou a entrar em desespero quando viu Daryl carregando sua irmã nos braços, porém Beth ergueu a cabeça e sorriu para ela. Não tardou para a mulher correr até sua irmã mais nova, chorando de felicidade.

...

Não tínhamos muitas opções, a igreja havia sido invadida por errantes e não era mais segura. E apesar de o número de errantes ter diminuído em Atlanta, não poderíamos ficar na cidade por muito tempo. A opção mais viável era nos afastar do hospital e procurarmos um local para passar a noite e carros com combustível.

Encontramos uma fábrica de produtos decorativos, com cerca envolta, limpo de zumbis e no pátio, veículos que ainda funcionavam.

- Acho que podemos usar a van e mais dois carros. Vai ficar apertado, mas temos que economizar. - Me aproximei e sentei ao lado de Rick. - Assim que o sol nascer amanhã, podemos fazer uma busca pelas redondezas e partir depois do almoço.

- Para onde? Glenn disse que não há como passar pela estrada que vai para Washington. Sem contar a mentira do Eugene. - O Grimes falou desanimado.

No final eu estava certa e a história sobre Eugene ser um cientista e saber da cura era tudo uma farsa.

- Ele pode ter mentido sobre a cura, mas concordo que podemos ter alguma chance em Washington. Aqui não tem mais nada para gente. - Olhei para as silhuetas fantasmagóricas dos prédios, iluminados precariamente pela luz da lua.

- Apesar de tudo tivemos uma vitória hoje, estamos reunidos de novo. - Se animou um pouco e concordei com ele, sentindo um pouco de alívio. Apesar das perdas, todos estavam bem na medida do possível.

- Beth conversou com você? - Questionei.

- Sim, ela quer levar Noah até a casa dele. Eles estão muito próximos. - Olhamos na direção da pequena fogueira, onde a maioria estava reunida. Beth e Noah estavam sentados juntos e rindo. - O que você acha?

- Eu fui até Noah para saber mais. Tem muros, casas e cerca de 20 pessoas, a mãe e os irmãos mais novos estão lá. Se tudo ainda estiver em pé, seria um bom lugar. Fica perto de Richmond, Virgínia. Podemos tentar. - Dei minha opinião.

- Vamos averiguar então. - Rick concordou e segurou meu ombro. - É melhor descansar, temos que acordar cedo amanhã.

- Entendido xerife Grimes. - Pisquei um olho e lhe dei um sorriso de canto, antes de me levantar e ir deitar junto de Raylee.

...

- Entra na próxima estrada à esquerda. - Apontei para o caçador a rua mais a frente. Era uma pequena vila com 2 ou 3 ruas na beira da estrada. - Ali naquela casa no final da rua. - Era uma construção de dois andares e tinha uma boa visão dos arredores.

Daryl estacionou o carro e desci, alguns tinham caras confusas por termos parado naquele lugar. Levantei os braços me espreguiçando, os músculos doloridos por estar muito tempo sentada.

- Por que paramos? - Abraham perguntou com aquela voz forte.

- Faltam uns 15 quilômetros até chegar no bairro do Noah. - Disse e todos começaram a se reunir em volta de mim. - Não acho prudente todos irem juntos, não sabemos o que vamos encontrar. - O garoto abaixou a cabeça, me recriminar por ter soado tão pessimista e deixado Noah triste.

- Vamos fazer um grupo de reconhecimento. - Rick decretou. - Eu, Michonne, Glenn, Tyreese e Noah vamos de carro até lá primeiro.

- Eu também quero ir com Noah. - Beth falou decidida.

- Não. - Sua irmã negou prontamente.

- Maggie! - Ela protestou ficando vermelha de raiva.

- Beth, eu sei que você quer ir, Noah é seu amigo. Mas é melhor deixar que eles verifiquem o lugar primeiro. - Me aproximei da mais nova e coloquei minha mão em seu ombro. - Vai ser rápido, eles vão levar Noah e depois voltaram para nos buscar.

- Tudo bem. - Concordou a contragosto.

- Peguem suas coisas, vamos nos instalar. - Anunciei alto e todos começaram a se mover.

Recolhi a mochila com coisas minhas e do Dixon, e fomos para dentro da casa. Revistamos ela rapidamente e pedi que Rosita ficasse de vigia no andar de cima.

- Rick, enquanto vocês estão fora, vou dar uma volta por aqui. Levarei Raylee e Carl comigo. - Informei o Grimes.

- Não. Não acho que seja uma boa ideia, eles ficam aqui na casa, onde é mais seguro. - Ele negou, não achando que era uma ideia sensata.

- Eles precisam aprender como se virar lá fora, e qual o melhor jeito senão na prática? - Tentei convence-lo. - Nós tivemos sorte de escapar da prisão junto com eles. Mas e se não tivesse sido assim, se eles estivessem sozinhos? Eles conseguiriam sobreviver? - Perguntei sentindo um aperto no peito só de imaginar. - Por mais que eu queira, não vamos estar sempre ao lado deles. Precisamos ensiná-los como se virar lá fora... Confie em mim, eu vou tomar conta deles.

- Ok, eu confio em você. - Rick aceitou por fim, porém eu ainda via preocupação em seu olhar. - Leve Daryl junto.

Eu já estava pensando em chamá-lo mesmo. - Sorri de canto. - Você vai ver Rick, isso é o melhor a se fazer.

Logo o grupo de reconhecimento se reuniu e partiram, o Grimes apareceu com dois walkie-talkie e me entregou um, sintonizado na mesma frequência. Na despedida o homem abraçou seu filho com força e lhe encheu de recomendações.

- Vão pegar algumas mochilas vazias, estamos saindo também. - Disse para Ray e Carl, os dois saíram apressados, estavam animados com a busca. - Abraham. - Chamei-o.

- Fala ruiva. - O homem robusto se aproximou com seu fuzil em cima do ombro.

- Apesar de não irmos longe, fique atento e cuide de todos, ok? - Ele acenou positivamente com a cabeça. Reparei que mesmo tendo passado dias, ele ainda estampava uma carranca de raiva. - Hey não precisa permanecer com toda essa raiva. No final foi até bom descobrirmos a mentira.

- Não tem nada de bom nessa merda. - Falou me olhando irritado. - Você estava vivendo somente para essa missão. Claro, eu entendo que você é um soldado e a causa era nobre, mas você estava obcecado, até morreria se fosse preciso. - Ele ficou reflexivo com o que eu disse. - Se ainda estiver se sentindo deslocado, sem um propósito, eu te dou uma nova missão. A partir de agora, viva por si mesmo, lute por aquilo que você queira, aquilo que te faz bem.

- Talvez eu faça isso mesmo. - Sorriu para mim.

- Escute o que eu digo. Não quero ser uma estrada prazeres e no final ter que falar um tremendo " E te disse", você sabe né.- Dei de ombros provocativa

- Sua desgraçada, você acabou de jogar na minha cara. - O Ford resmungou, mas não ficou com raiva de mim realmente. Dei uns tapinhas no ombro ele e sai escurando seus xingamentos.

...

- Prestem atenção em sua volta, sons, cheiros, algum indicativo da passagem de errantes ou humanos. - Instrui os dois adolescentes que andavam a poucos passos na minha frente e de Daryl. - Sempre se mantenham atentos e nunca abaixem a guarda.

- Vamos nessa primeira loja à direita. - O caçador apontou a fachada um pouco destruída. - Lembre-se, trabalhem em equipe, um ajuda o outro e ninguém tenta bancar o herói.

Carl e Raylee concordaram e chegamos até a porta de metal. O garoto dá algumas batidas para chamar a atenção e esperamos. Segundos depois um errante sai dos fundos e caminha em nossa direção. Carl levanta sua pistola com silenciador e se prepara para atirar.

- Não use a pistola, troque ela pelo facão. Não podemos gastar munição atoa. - Impedi ele de atirar. Levantei a mão esquerda e fiz um movimento de golpe de baixo para cima com a mão direita- Você é mais baixo, então segure-o firmemente pelo ombro e o mate enfiando a facão pelo maxilar. Cuidado com os braços dele.

- Por que? -Perguntou. - Eu posso bater na cabeça dele por cima, seria mais fácil.

- Não seria. Você iria perder ele, o facão ficaria preso no osso e não iria conseguir tirá-lo com rapidez.

Ele acenou e seguiu minhas recomendações, Carl se aproximou e fez os movimentos. O mesmo não teve dificuldade, quando ele tirou a faca e deixou o corpo inerte cair, o cadáver bateu em uma prateleira provocando um pouco de barulho.

- Da próxima vez, se tiver muitos objetos por perto, tente direcionar para onde ele vai cair, é só empurrar ou segurar um pouco o corpo dele. Pra não causar barulho. - O caçador falou.

- Limpo. - Falei depois de conferir o lugar, só tinha aquele errante. O Grimes mais novo e o Dixon saíram pra vasculhar e eu acabei ficando com Raylee mais atrás. - E você Ray? Carl escolheu o facão como arma, vai querer continuar com a faca?

- Humm, eu não sei, ela parece boa - Disse com pouca convicção examinando a lâmina média na mão.

- Se você quiser, eu posso achar um arco pra você. - Sugeri incerta se ela iria aceitar, mas eu adoraria ensiná-la a manusear um.

- Seria um máximo. Eu seria fodona como você. - Abriu um sorriso enorme.

- Hey, olha o palavreado. - Fingi ficar brava, baguncei seus cabelos e dei um pequeno sorriso.

Vasculhamos o local e passamos para o próximo.

- Hey Domy. - O walkie-talkie chiou e a voz de Rick saiu.

- Estou aqui. - Tirei o aparelho da cintura e aproximei-o da boca.

- Estamos quase lá. Só queria checar o alcance. - Me informou.

- Ok. Estamos bem aqui.

- Carl está por perto? - Percebi sua preocupação mal disfarçada.

- Nós já conversamos sobre isso Rick. - Repreendi. - Ele está bem... Acho que vou passar a chamá-lo de Big Grimes, está se portando como um verdadeiro homem. Não se preocupe xerife, se concentre aí e verá que tudo vai se resolver.

- Temos que pensar assim. Nos de 20 minutos para verificar. - Me respondeu mais calmo

- Se não tiver notícias, iremos atrás de vocês.

- Entendido. - Finalizou a conversa.

- E ai, tudo bem? - Daryl perguntou quando parou do meu lado.

- Sim, era só uma checagem. - Tranquilizei-o.

...

Devia ser umas três horas da tarde quando paramos na frente do posto de gasolina, ele ficava na beira da rodovia. Era uma parada de caminhões, porém não tinha nenhum veículo no estacionamento.

Ele era o último estabelecimento que iríamos olhar. Não era tão grande, tinha três bombas, uma loja com bugigangas e lanchonete. As bombas estavam secas, porém tinha coisas para achar na loja.

- Olha só pra isso. - Acabei achando uma caixinha de snickers jogada no chão, com os dois últimos doces.

- Você não tem jeito mesmo, não é? - Daryl debochou de mim.

Ignorei a importância do caçador. Quando eu iria abrir a embalagem e dar uma mordida, Raylee chegou.

- Isso é snickers? - Perguntou com um brilho infantil nos olhos, vi ela lamber os lábios desejando o chocolate. - Faz tempo que eu não vejo um desses.

Suspirei, nunca conseguiria negar nada para aqueles olhos castanhos esverdeados.

- Aqui, pode pegar. De um para o Carl também. - Entreguei os doces nas mãos dela.

- Sério? - Deu um pulinho feliz. - Podemos mesmo comer?

- Podem. Vai lá. - Incentivei.

- Obrigada mãe! - Ela gritou e me deu um abraço apertado, antes de sair correndo até o amigo.

- Deve ter sido um grande esforço dar eles. - O caçador continuou implicando. - Estou orgulhoso.

- Quer levar um tiro? Você anda muito engraçadinho pro meu gosto. - Resmunguei irritada, voltando a vasculhar perto do balcão do caixa. Por incrível que pareça não foi difícil escolher. Faria qualquer coisa para ela ficar feliz.

- Ai. Que tal isso em troca? - Ele chamou minha atenção para o lado direito. Tinha algumas bijuterias em exposição. Eram colares, pulseiras, brincos e anéis. Daryl mexeu em alguns colares e escolheu um. - Esse aqui.

Me entregou o escolhido. O cordão era feito de couro marrom e tinha um pingente de coroa. Era simples e não deveria custar muito antigamente. Porém o significado era o que tornava-o tão precioso.

- Uma coroa, de princesa é? Eu amei. - Cheguei perto dele e juntei nossos lábios num selinho. - Obrigada.

- Deixa eu colocar. - Pediu envergonhado, ficando atrás de mim para fugir do meu olhar.

- Eu tentaria procurar um com asas de anjo, mas você já tem o colete. - Falei voltando a olhar os adereços. - Vejamos o que temos de diferente.

- Não precisa. - Daryl negou.

- Nem adianta negar.- Continuei procurando.

Não tinha muita coisa masculina, eram mais colares femininos e anéis espalhafatosos, cheios de cores e de pedras falsas grandes. Não sabia como Daryl achou aquele colar simples. Porém pares de anéis prateados me chamaram a atenção, eram alianças.

- Tem essas alianças aqui. O que você acha? Temos até um padre pra cerimônia. - Falei brincando, mas minha voz saiu com um pouco de sarcasmo na última parte.

- Você queria isso? Um pedido e uma cerimônia? - Estranhei a pergunta de Daryl, olhei para ele e o peguei mordiscando o dedão ansioso.

- O que? Não! Eu estava brincando. - Soltei uma bufada descontraída. - Não ligo mais pra isso. Eu sei que você é meu homem, e isso basta pra mim. - De repente ele ficou mais agitado e desviou o olhar. - O que foi?

Ele não me respondeu, deu uma última olhada onde estavam as alianças e se virou pra sair.

- Hey espera ai. Me diz o que foi. - Segurei no seu colete e puxei. Ele voltou meio cambaleante e me fuzilou com o olhar. - Daryl fala pra mim... Você queria as alianças? Uma cerimônia?

Se fosse do desejo dele, eu faria de bom grado. O Dixon me encarou por um tempo, decidindo se falava. Por fim, só balançou a cabeça positivamente.

- Ok, vamos procurar uma que combine com a gente.

Expostas visualmente só tinha aquelas prateadas, optei por procurar as douradas. Tinha uma portinha do armário trancada, talvez tivesse alguma coisa boa lá dentro. Estava com dificuldades de abrir com a faca e o caçador me ajudou. Quando abriu encontramos uma caixa de veludo. Dentro estavam as joias de maior valor.

Um par de anéis me chamou a atenção, as alianças eram delicadas, tinham desenhos de galhos por toda a sua volta e parecia banhada a ouro. Mostrei para Daryl e ele pareceu gostar.

- Acho que são do tamanho certo. - Sorri examinando-as melhor. - Podemos falar com Gabriel e ...

- Não, não precisa disso. Eu estava pensando só nas alianças, nada de chamar a atenção. - Daryl corrigiu, concordei e peguei a aliança maior.

- Me dá sua mão esquerda. - Pedi e ele estendeu sua mão. Fiz um carinho na sua pele e coloquei-a no seu dedo anelar, tive certa dificuldade na segunda junta do dedo, mas acabou entrando. - Eu te amo. - Disse olhando profundamente nos seus olhos.

Entre nós, não precisava de discursos cheios de promessas, aquelas três palavras já diziam tudo. Foi a vez do caçador pegar a aliança e colocar no meu dedo.

- Eu te amo. - Disse também confessando.

Levantei a mão esquerda e levei até seu rosto. Eu sentia o metal ainda frio, mas o contato com minha pele e a dele estava aquecendo a aliança. Esperava que ela nunca mais esfriasse, que nunca precisasse tirá-la do meu dedo.Nos juntamos em um beijo intenso, selando aquele momento.

Estávamos casados.

- Agora eu sou a senhora Dixon? - Sorri com uma felicidade que eu não sentia a muito tempo.

- Sim. Eu sei que meu sobrenome não vale nada, mas...

- Shiii. -Interrompi ele. - Cale a boca e me beije.

Não precisei falar mais nada, Daryl me agarrou com mais vontade e voltamos a nos beijar.

- Vocês dois ai! Parem de namorar e nos ajudem a vasculhar. - Raylee gritou ao lado de Carl.

O caçador me soltou, sem jeito, por termos sido pegos pelas crianças.

- Ok, ok. Estamos indo.- Levantei as mãos rendida e voltei ao trabalho.

- Dominiq..., na escult... Dominique. - A voz com estática e falhada de Glenn saiu pelo rádio, parecia desesperado.

- O que aconteceu?... Glenn? - Perguntei desfazendo o sorriso e ficando angustiada.

- Tyreese foi mordido no braç... Michonne cortou fora, mas tá sangran... muito.- Mesmo com a estática consegui entender.

- Coloquei o ferimento acima do coração e não deixe de fazer pressão com um pano. - Instrui rapidamente.

- Estamos tentand... chegar o mais rápido possível, prepare as coisas por aí. - O coreano avisou.

- Ok. - Coloquei o aparelho de volta na cintura e peguei minha mochila.

- Vamos, temos que ir agora.

Fortsätt läs

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