Antes do Pôr do Sol • jjk + p...

By thatsadaydream

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Jeon Jungkook sempre gostou de ter controle sobre sua vida, nunca se permitindo sair de sua zona de conforto... More

[01] Alvorecer
[02] Eta Carinae
[03] Garoa
[04] Tempestade
[05] Incandescência
[06] Explosão
[07] Lua cheia
[09] Meia noite
[10] Florescer
[11] Tornado
[12] Estrela Cadente
[13] Lua Nova
[14] Relâmpago
[15] Cosmos
[16] Caos
[17] Folha de acanto
[18] Ardor
[19] Verão
[20] Euforia
[21] Poeira Cósmica
[22] Lua Crescente
[23] Rosas amarelas
[24] Busan
[25] Ruptura
[26] Antes do Pôr do Sol
[27] Espinhos
[28] Perspectivas
[29] Castelo de Areia
[30] Controle
[31] Amor
[00] Era uma vez...
[00]² Personagens
[32] Silêncio

[08] Imersão

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By thatsadaydream

- Você parece um cara tranquilo. Por isso, eu digo: tome cuidado com Jimin. Ele é só um fodido que não vale a pena.

Da mesma maneira que apareceu de uma hora para outra, o rapaz dá as costas para mim, virando o corredor e deixando-me extremamente confuso. A sua forma de falar que quer conversar com Jimin, parecendo estar com raiva e agora isso, dizer que Jimin não vale a pena...

Nada disso se encaixa em minha mente.

Porém, deixo de pensar em qualquer outra coisa quando mais um gemido ecoa no ambiente e saio apressadamente dali, mandando uma mensagem para Hoseok, questionando se posso ir para seu quarto.

Felizmente meu amigo responde rápido, então não penso muito, apenas vou até seu alojamento, em passos rápidos, desviando meu olhar da lua cheia que parece ainda maior. Namjoon sorri para mim assim que abre a porta e diz:

- Vamos dormir juntos. - fico alguns segundos confuso, mas logo vejo Taehyung dormindo na cama de Hoseok, com meu amigo acariciando seus cabelos.

- Desculpa, Namjoon, é que... Jimin estava ocupado, não tinha como entrar no quarto...

- Ele estava transando, não é? - questiona, sorrindo compreensivo. Ele aponta sua cama e eu sento, observando seu pijama verde, que lhe deixa adorável.

- Sim, estava. - respondo, acanhado.

- Isso acontecia com uma frequência razoável, se acostume. - Namjoon diz, em tom de brincadeira.

Tomo um banho rápido, vestindo roupas de Hobi que, felizmente, gosta de roupas mais largas, então ficam de um tamanho bom em meu corpo. Taehyung está em seu décimo sono, enquanto Hoseok e Namjoon conversam, baixo.

É estranho dormir com Namjoon, porque não somos muito próximos e a cama não é grande. Deito ao seu lado, virando para a parede, já sentindo o sono invadir meu cérebro, deixando minha mente relaxada e praticamente vazia.

Minha cabeça dói muito. É a primeira coisa que me dou conta assim que acordo, perdido por alguns instantes na razão de estar deitado com Namjoon ao meu lado. Os acontecimentos da noite anterior tomam minha compreensão e, principalmente, no rapaz estranho com palavras estranhas que conheci ontem.

- Eu nunca mais vou beber. - Tae comenta, com óculos escuros emoldurando seu rosto esgotado, me tirando de meus pensamentos espaçados.

Não sinto muita fome, então acabo dando algumas mordidas apenas no salgado que comprei, optando por beber mais café, para tentar acordar.

- Você sempre diz isso e sempre bebe depois. - Hobi comenta, sentado ao lado de Tae, que deita a cabeça na mesa da lanchonete dramaticamente.

- Agora é sério! Ressaca é horrível...

- Eu te esmaguei enquanto dormíamos? - Namjoon pergunta, olhando para mim. - Costumo ser muito espaçoso e fiquei com receio de te derrubar da cama.

- Eu capotei, não vi nada. - confesso, sorrindo para si. - Estava muito cansado, bebemos muito ontem.

- Fazia um tempo que não bebia tanto assim. - Namjoon diz.

Será que é possível Tae e Namjoon conhecerem esse tal de Hyo? Acho difícil Hobi conhecer, já que entrou esse ano, assim como eu. Só que, perguntar sobre esse cara, não é ser intromissivo na vida de Jimin?

Tais pensamentos rodeiam minha mente, desde o momento que acordei. Algo sobre esse cara me deixou curioso, seja a maneira estranha que disse querer conversar com Jimin, seja o "conselho" que me deu.

- Vocês conhecem um tal de Hyo?

O questionamento sai de meus lábios, impulsivamente. Tae e Namjoon não esboçam grandes reações, parecendo pensativos.

- Acho que não. - Taehyung fala, bebericando o café de Hobi.

- Sabe o sobrenome dele? - Namjoon pergunta e balanço a cabeça. - Conheço alguns Hyo, teria que ter mais alguma informação.

Cara estranho, que dá medo, olhar assustador.

Claro que não digo isso, me limitando a falar:

- Vou tentar conseguir alguma.

- Quem é ele? Algum cara que está a fim? - Hobi pergunta, sorrindo e reviro os olhos, embora um sorriso nasça em meus lábios.

- Não, nada disso. - não digo mais nada, pensando em depois conversar com meu melhor amigo sobre o que houve ontem. O olhar que Hobi me dá parece entender que falarei depois com ele sobre, então não me pergunta mais nada.

Agora meus olhos fitam a porta de meu quarto, após me despedir dos meninos, por alguns instantes. Não sei se Jimin está aqui, se está sozinho, se está vestido... Dou alguns toques na porta, não recebendo nenhuma resposta e abro calmamente.

Sua cama está completamente bagunçada e ouço o barulho do chuveiro, além de sua voz cantarolando alguma música que não conheço.

Pensativo, é assim que fico conforme Jimin toma banho, enquanto estou sentado em minha escrivaninha. É depois de algum tempo que sou tirado de meus pensamentos ao ouvir sua voz saindo do banheiro dizer:

- Jungkook! Não ouvi você chegar.

Para piorar minha confusão, Jimin está com o peitoral desnudo, tendo alguns filetes de água escorrendo pelo seu abdômen definido, embora seja magro. A única peça de roupa que Jimin veste é uma bermuda que gruda em seu corpo, evidenciando suas pernas marcadas e torneadas. Os cabelos molhados espalham-se por sua testa, trazendo para si uma aparência descontraída, relaxada. Acho que é a primeira vez que me dou conta do corpo de Jimin, de como é bonito e curvilíneo.

É ao ver suas sobrancelhas franzirem que percebo ter ficado algum tempo apenas o observando, sem dizer nada. Rapidamente, tento corrigir meu erro ao dizer:

- Desculpa, eu estou um pouco aéreo.

- Bebeu muito ontem? - senta em sua cama, secando seu cabelo calmamente.

- Mais do que devia. - confesso, recebendo um sorriso seu.

- Achei que viria dormir aqui, mas não chegou. - comenta, deixando a toalha de lado e apoia as mãos ao lado do quadril. - Aconteceu alguma coisa?

É estranho dizer que ouvi Jimin transando com alguém, por isso não entrei no quarto?

- Está novamente fazendo aquela expressão de quem está tendo uma crise existencial. - comenta, com um sorriso divertido desenhando seus lábios cheios. - Você me ouviu transando com Taeyang, foi isso?

Claro que sinto minhas bochechas queimarem, sem saber o que dizer por alguns instantes, envergonhado. Então foi com Taeyang que Jimin transou, o que faz total sentido, pensando no beijo que os dois deram ontem.

- Como... Como você sabe?

Jimin ri, colocando as mãos em seu rosto, balançando a cabeça.

- Joguei verde contigo e, bem, eu estava certo. - reviro os olhos, contendo um sorriso. - Desculpa por isso. Acho que nunca falamos sobre trazer outras pessoas para cá...

- Não tem problema. - digo, verdadeiramente. - Mas pode ser mais direto comigo, aí já entendo que não é para eu vim pra cá por um tempo.

- Pode deixar. Pensei que iria demorar mais na festa, quando me disse que estava com os meninos, conversando. - seu olhar, preso ao meu, parece querer dizer algo a mais e ele continua: - Ou até mesmo ficar com o rapaz que beijou...

- Não vi mais ele depois que nos beijamos. - confesso, dando de ombros. - Foi diferente, sabe? Uma experiência nova.

- Sem surtos por isso, então? - seu olhar divertido carrega uma parcela de cuidado, é notável. Concordo, recebendo um sorriso seu, que automaticamente leva meus lábios a desenharem um sorriso. - Então a festa valeu a pena, gatinho.

- Valeu sim. - digo e permaneço lhe fitando atentamente, ao dizer: - Quando eu cheguei aqui de madrugada, um rapaz procurou por você.

A postura, antes relaxada e descontraída de Jimin, torna-se tensa, com os olhos olhando meu rosto atentamente, assim como seu corpo inclina-se para o meu. É fácil perceber que Jimin está tenso e isso apenas leva minha mente a ficar ainda mais perdida.

- Quem, o que ele te disse?

Suas palavras saem nervosas e preocupadas, então apresso-me a dizer:

- O nome dele é Hyo... Pediu para eu te dizer que ele quer falar contigo o quanto antes.

- Ele disse mais alguma coisa? Perguntou algo para você?

As palavras de Hyo são o que me faz hesitar. Ele disse que Jimin não vale a pena e para eu tomar cuidado com ele. Não sei o que isso significa ou que tipo de pendência os dois possam ter, mas a relação deles claramente não é muito amigável.

- Ele perguntou meu nome e se eu era seu colega de quarto. Eu respondi e foi isso, muito rápido.

Talvez seja ilusão de minha mente, mas Jimin aparenta ficar um tanto mais relaxado depois de minha resposta. Seus olhos desviam dos meus, ele parece imerso em seus pensamentos e, antes que eu consiga dizer algo, ele fala:

- Vou ver o que ele quer então. - levanta apressadamente, indo até seu guarda roupa e vestindo uma camisa.

- Está tudo bem, Jimin? - não contenho minha preocupação, dado a sua mudança brusca de comportamento, recebendo um sorriso seu, embora não seja um sorriso verdadeiro.

- Relaxa, gatinho. A gente se fala depois.

Não tenho tempo de dizer nada, já que ele rapidamente sai do quarto, deixando-me sozinho com minhas dúvidas. Deito em minha cama, olhando o teto e tentando colocar minha cabeça em ordem. Como gosto de fazer, começo a listar os pensamentos que quero debater comigo mesmo, refletir.

Ontem foi a primeira vez em muito tempo que saí para um rolê com meus amigos e foi muito bom. Eu beijei um cara que não conheço e, surpreendentemente, eu gostei. Jimin tem algumas atitudes que me deixam pensativo. Quem é esse Hyo?

Quero sair mais com meus amigos, a companhia deles é extremamente revigorante. É estranho, já que passei minha vida apenas tendo Hobi como amigo íntimo, perceber que há tantas pessoas ao meu redor que eu verdadeiramente quero me aproximar e sinto que é recíproco.

Da mesma maneira, foi sim gostoso beijar o tal cara ontem, mesmo que não tenha passado de um contato casual. Acho que justamente por isso foi interessante, novo para mim, embora não saiba se farei isso mais vezes. Tenho que deixar as coisas acontecerem.

E, claro, tem Jimin e o cara de ontem, Hyo. Será que ele está com problemas?

Como sei que não chegarei a lugar algum com minhas divagações, resolvo despender minha energia em algo bem mais útil: fazer uma lista de Cálculo que deveria ter feito ontem. Organizo meu material, sentando em minha cadeira e começo a estudar, sabendo que os estudos ajudam a manter minha mente concentrada e focada.

É nisso que se resumem as próximas horas: estudo, faço listas de exercícios e adianto o conteúdo da próxima semana. Mesmo com os óculos, sinto meus olhos cansados, tirando-os de meu rosto e massageando com calma meu nariz, bem onde o óculos se posiciona.

Está começando a anoitecer e não gosto de saber que Jimin não está aqui comigo, é ruim ficar sozinho durante à noite, mesmo que eu tenha me acostumado com os horários estranhos de Jimin. Mas não quero mesmo ficar sozinho aqui, então, me troco rapidamente, vestindo um conjunto de moletom porque estou a fim de correr um pouco e até mesmo ir à academia que o pessoal de Educação Física utiliza. Procuro pelos meus fones de ouvido, deixando uma de minhas várias playlists começar a tocar, saindo do quarto.

Exercícios físicos sempre fizeram parte de minha vida, a sensação de meu corpo estar em movimento é libertadora. A corrida é o que eu mais consigo me conectar, simplesmente deixar as coisas para trás e seguir em frente, ouvindo músicas.

E é isso que faço, sentindo minha mente se esvaziar de quaisquer pensamentos intrusos e ser tomada apenas pelas letras das músicas que cantarolo, conforme corro pelo campus. Noto que o céu está mais escuro e a iluminação dos vários postes de luz espalhados pelo campus facilitam minha corrida.

O caminho até a academia é um tanto demorado, mas fico aliviado ao perceber que há apenas uma garota, correndo na esteira. Não gosto de me exercitar com muitas pessoas ao redor, prefiro que seja só eu e minha mente.

Opto por malhar primeiramente os meus braços, depois indo até os pesos de pernas. A playlist avança e meus pensamentos focam-se apenas nos movimentos que faço com meu corpo, percebendo que estou um pouco enferrujado.

É só quando me sinto verdadeiramente cansado que paro, pegando meu celular e notando algumas mensagens de Han, perguntando o que estou fazendo e se quero ir até seu quarto assistir algum filme. É estranho, para mim, porque não falei com Jae desde a festa ontem e sei lá... Depois de eu ter beijado o cara ontem, beijar Jae tornou-se algo muito mais possível, mesmo que eu não saiba se realmente quero fazê-lo.

Vou até o espelho da academia e tiro uma foto, enviando para Han, dizendo que estou na academia e que vou para meu quarto tomar banho, depois posso ir até seu quarto. É isso que faço, caminho sem pressa e com certo cansaço até o alojamento, indo tomar banho assim que chego, para que a água alivie a tensão de meus músculos e qualquer resquício da bebedeira de ontem.

Com apenas uma toalha enrolada em meu quadril, já que sei que Jimin não voltará por agora, saio do banheiro, notando meu celular receber uma chamada, em cima de minha cama. Não sou rápido o suficiente e a chamada se encerra, mas travo ao ver quem está me ligando.

Minha mãe.

Tem cinco chamadas perdidas, todas enquanto eu tomava banho. Só que não é apenas isso, há também uma única mensagem sua.

Mãe

Daeshin me contou tudo. 

Precisamos conversar. Venha para casa já. (19:23)

Não é possível que Daeshin tenha feito isso depois de termos terminado há um mês. Por que ele demoraria um mês para ir falar com meus pais, por que não foi assim que terminamos?

Seguro o celular com força, nervoso. Estive tentando evitar essa conversa com meus pais durante as últimas semanas, mas esperava ao menos que eu contasse para eles e não meu ex namorado. Minha respiração torna-se inconstante, minhas mãos suam e sento em minha cama, esfregando meu rosto.

Isso não pode estar acontecendo.

Daeshin não pode ter feito isso, não pode. Ele sabe que meus pais gostam dele, sabe que sempre ficam do seu lado... Por que só agora?

Digito uma mensagem rápido, dizendo que estou indo para lá e, atrapalhado, busco minha calça preta em meu guarda roupa, assim como uma camiseta qualquer. Amarro o cadarço de meus tênis de qualquer jeito, sentindo minha cabeça rodar.

O carro que peço pelo aplicativo parece demorar uma eternidade para chegar, intensificando os sentimentos ruins dentro de mim. Dúvidas, medos, angústias... Tudo isso porque agora meus pais sabem que eu terminei, terminei com meu primeiro e único namorado, o cara que é perfeito para eles...

Daeshin é filho de pais influentes, médicos de grandes políticos e empresários. Além disso, ele tem seu charme, sabe ser carismático, educado e conquista qualquer pessoa quando sente ser necessário. Foi assim comigo.

Assim que o carro chega, entro e peço para o motorista, se possível, ir rápido. Acho que ele percebe minha afobação, porque lança olhares curiosos através do retrovisor, analisando-me. Encosto minha cabeça na janela, observando a cidade que não dorme passar diante de meus olhos, pessoas nas ruas, com grandes sacolas em mãos, jovens bebendo e paquerando um ao outro...

Balanço a perna, mantendo um ritmo para tentar dissipar meu nervosismo. Não ajuda muito, mas não sei mais o que fazer. Ao mesmo tempo que quero chegar o quanto antes em casa, o que vou dizer quando encontrar minha mãe?

Ela vai acreditar em mim? Vai acreditar que Daeshin não era um bom namorado, que não estava mais me fazendo bem?

- Ei, chegamos. - ouço o motorista dizer e seus olhos já estão em mim, curiosos.

Olho para a entrada de minha casa de dois andares e sinto meu estômago embrulhar. Assinto para o motorista, saindo do carro devagar, até mesmo receoso. É ali que fico: frente a frente com minha casa, hesitando em entrar.

Respirando fundo, dou um passo para frente, me dando conta que esqueci a chave em meu quarto, já que saí tão depressa. Fito a campainha, mordendo o lábio e fechando os olhos, pressionando o botão com força.

O som característico da campainha ecoa e ouço alguns sons vindo de dentro da casa, não demorando para ver a fechadura se movimentando.

Jeon Areum, minha mãe, está ali, da mesma maneira que sempre esteve: os cabelos escuros perfeitamente presos em um coque, os lábios tomados por um batom vermelho e com brincos de pérolas em suas orelhas. O vestido de seda branco traz à si um ar angelical, leve e estonteante, como nunca demonstrou ser comigo. Minha mãe é muito bonita, sempre foi e ela não mede esforços para continuar sendo admirada. Seus olhos, que sempre dizem ser iguais aos meus, redondos e escuros, passeiam pelo meu rosto e sua expressão é neutra, sem demonstrar nada. Os lábios crispam-se suavemente, sendo o suficiente para eu saber que não, as coisas não estão nada tranquilas.

Ela faz um sinal para eu entrar, embora minha vontade seja simplesmente sair correndo dali. Entro na casa que um dia morei, sem realmente pensar em nada que não seja minha mãe e seus trejeitos desconfortáveis.

- Vou pegar algo para tomarmos. - é o que ela diz, saindo da sala antes mesmo que eu recuse sua oferta, já que prefiro conversar o quanto antes, o que é necessário.

Sentado no grande sofá marrom, percebo minhas pernas tremendo levemente e começo a massagear minha coxa, tentando ao máximo me manter calmo e relaxado. Jimin me disse uma vez que gosta de como me posiciono em situações adversas, que mantenho a calma e penso lucidamente. Porém, sempre houveram duas pessoas que conseguem tirar minha pose serena e controlada.

Meus pais. Com eles, nunca consegui me manter centrado e relaxado.

Minha mãe volta, com duas taças em uma mão e uma garrafa de vinho na outra. Ela sempre gostou de beber vinhos, sendo uma bebida que nunca faltou em casa e nos jantares. Os vinhos que minha mãe compra são os mais caros e raros que ela consegue achar, sempre prezando a qualidade e nome que que o vinho possui.

- Esse é um vinho tinto, Château Latour, um dos meus preferidos. - ela diz, sentando-se à minha frente em uma poltrona vermelha, totalmente em veludo. Serve calmamente as taças, fazendo-me notar suas unhas grandes pintadas em nude, recém feitas. - Você já provou esse vinho, certo?

- Sim... - agradeço por minha voz não falhar.

- Mas agora provavelmente sua forma de se divertir é por meio de bebidas de última categoria, não?

O tom ácido, mas recheado de educação e serenidade, é mais assustador do que se minha mãe falasse abertamente o que pensa, da forma que quisesse.

- Não é verdade que nessas festas que frequenta as bebidas são de péssima qualidade? - ela continua, bebericando seu vinho lentamente, olhando-me de cima abaixo. - Não vai beber seu vinho?

Sua fala leva minhas mãos a agarrarem a taça à minha frente, depositada na mesa de centro e aproveitar para ocupar meus lábios com algo que não seja responder suas perguntas críticas.

- Estou esperando sua resposta.

Minha tática claramente é fracassada, então me forço a dizer:

- Eu não reparo na marca das bebidas...

- Então você bebe qualquer coisa que te oferecem?

- Não é isso. - apresso-me a dizer, não querendo passar a ideia errada. - Eu sempre sei o que estou bebendo.

- Eu não acho que saiba, na realidade. Penso que, alguma coisa que você esteja consumindo, esteja te fazendo ter essas ideias errôneas e sem noção que ultimamente vem apresentando.

Engulo em seco, bebendo um pouco mais do vinho, mal prestando atenção no sabor em si.

- Daeshin veio aqui. - finalmente, minha mãe inicia o assunto que vem me atormentando, mantendo a expressão vazia, embora sua voz denuncie sua irritação. - Ele disse que você terminou com ele há um mês atrás. Por que não contou para mim e para seu pai?

- Porque eu sei o quanto gostam dele. - confesso, acuado. - Não sabia como reagiriam.

- E por que terminou com ele, Jungkook?

- Mãe... - digo, querendo passar em meu olhar a verdade nas palavras a seguir: - Daeshin não era um bom namorado para mim, pode até ter sido no começo, mas as coisas foram mudando... Eu não me sentia mais bem nesse namoro, não fazia mais sentido. Além disso... - respiro fundo, preparando-me mentalmente para dizer o que preciso que ela ouça. - Daeshin me traiu, mãe. Mais de uma vez.

A expressão dela não vacila, não demonstra surpresa ou indignação. Leva a taça até seus lábios, tomando mais gole e, só assim, diz:

- Eu sei, ele contou.

Estou chocado, obviamente. Chocado porque não esperava mesmo que Daeshin confessasse algo desse teor para meus pais, que fosse sincero. E chocado porque minha mãe não parece incomodada com a informação.

- E você não se importa com isso, com ele ter me traído? Já não é motivo para eu terminar com ele?

- Jungkook... - sua voz é séria, assim como postura. - Você consegue ter ideia do que você fez?

- O que eu fiz? - questiono, confuso.

- Daeshin é filho de dois médicos extremamente bem sucedidos, Jungkook. Eles têm contatos em todos os ramos que você pode imaginar, com economistas como você quer se tornar. Entende o que você jogou fora? Jogou fora seu futuro por conta de uma idiotice infantil.

O tom passivo agressivo de minha mãe me atinge em cheio, assim como suas palavras. Ela está dizendo que eu deveria perdoar Daeshin por que ele me ajudaria a ter um futuro?

- Idiotice? Ele não apenas me traiu, ele me humilhou de diversas formas, mãe. Ele desconfiou de mim, ele tentou me limitar, tentou me podar... E eu não sou interesseiro, não, eu não sou...

- Sabe de uma coisa? Você é ainda muito imaturo, Jungkook. Não percebe que a vida não é um conto de fadas que você está esperando. Você nunca pensou que o fato de você ser gay já é algo contra você?

Claro que pensei isso, mãe, é o que tenho vontade de responder, porque sim, porra, já pensei isso. Ser gay já, automaticamente, me coloca níveis abaixo das pessoas, então, não posso ter defeitos sérios e aparentes, não posso cometer erros, porque eu já sou gay e isso é ruim o suficiente. Preciso me esforçar ainda mais que as outras pessoas, mostrar meu valor duas, três vezes mais, para tentar me igualar a elas.

Eu não respondo nada, sentindo lágrimas formarem-se em meus olhos, controlando-as ao máximo para que não caiam em meu rosto. Diante meu silêncio, minha mãe continua:

- Nós moramos na Coreia do Sul, Jungkook. Ser gay aqui não é algo bem visto, aceito com normalidade, você sabe bem disso. Eu, honestamente, não me importo se você se relaciona com homem ou mulher, porém o mundo aqui se importa. Se eles se importam, então é algo para prestarmos atenção.

- O que isso tem a ver com Daeshin e as coisas que ele fez comigo?

- Tem muito a ver sim, Jungkook. Você já precisa correr mais que as pessoas. Namorar um rapaz como Daeshin é basicamente a escada que você precisa para alcançar aquilo que não consegue sozinho. - mais um gole de vinho, levando-me a beber também, para espantar o nervosismo. - Com Daeshin, você estava feito. O fato de ser gay não seria um problema para conseguir o que quer, para ajudar no nome de nossa família, porque estaria com o príncipe de um dos casais mais influentes da alta sociedade.

- Isso é ridículo, mãe. Por que as pessoas não se incomodam com a sexualidade de Daeshin e com a minha sim? - pergunto, incomodado.

- Porque ele é filho dos Lee, Jungkook. Claro que as pessoas não gostam dele ser gay, óbvio que não, mas sabem disfarçar muito mais por se tratar deles. Você tinha isso em suas mãos e jogou fora por conta de uma traição?

- Como você pode reagir tranquilamente a isso? Eu confiava nele, mãe, eu pensei que ele gostasse de mim...

- E ele gosta, Jungkook. Do jeito dele, mas gosta. Ele beijou algumas pessoas em uma festa? Sim, mas isso não significa nada. Provavelmente é por conta da mudança de ambiente, vocês entraram na faculdade agora. Claro que ele errou em ter te traído, mas use isso ao seu favor. Faça com que ele rasteje em seus pés, para que nunca mais saia de perto de si.

Minha cabeça lateja de dor diante das palavras que ouço, dos conselhos que recebo de minha própria mãe. Algo em suas palavras chama minha atenção: ele não contou então sobre a traição quando viajou, apenas as das festas de faculdade?

- Não é apenas a traição! Daeshin não é um cara legal... Ele é em alguns momentos, mas em outros ele muda por completo... Você precisa entender, mãe, por favor... - uma lágrima solitária escorre de meu olho e a limpo rapidamente, sabendo que minha expressão não pode falhar, preciso mostrar seriedade e firmeza em minhas palavras, já que apenas assim serei levado a sério.

- Onde você vai encontrar um cara que gosta de você e que seja do nível que Daeshin é?

- Eu não me importo com isso, mãe, eu só quero alguém que eu goste verdadeiramente, que eu consiga ser eu mesmo e que se sinta da mesma maneira que eu!

Minha voz se excede, mas minha mãe não reage, não parece brava, nem desgostosa. Apenas continua me encarando, bebendo seu vinho caro e minha cabeça parece prestes a explodir diante seu silêncio.

É apenas depois de alguns segundos que nosso olhar não desvia um do outro que ela diz:

- Você precisa escolher, Jungkook. Não se pode ter os dois.

- Do que está falando, mãe? - pergunto, com a voz quebradiça.

- Ou você escolhe o amor ou escolhe a si mesmo.

Mais melancólico que suas palavras é sua voz ao dizer tal coisas: não há resquícios de tristeza, de pesar. Não, sua voz não demonstra nada além de seriedade, de insignificância, como se não houvesse esperança alguma que podemos sim encontrar um amor verdadeiro, que sempre haverá uma escolha.

Mas o que mais me machuca é sua indiferença sobre meus sentimentos. Não importa o que quero, o que sinto, apenas o que, para si, é melhor para mim e para nossa família. Para ela, apenas as mesmas coisas importam.

Foda-se que Daeshin me traiu, que ele reclamou várias e várias vezes sobre as pessoas que eu conversava, as roupas que eu usava, o que eu falava e o que eu queria fazer. O que você precisa focar, Jungkook, é no que ele pode te oferecer. Ele pode te oferecer contatos com economistas, o que você quer trabalhar, certo? Tudo bem, ele já disse algumas vezes que seu curso é meio merda, que o dele é muito melhor, mas o que importa é que ele está te apoiando, não está vendo? Ele pode te oferecer estabilidade e segurança, não é o que sempre quis? Às vezes ele pode colocar essa segurança à prova, com seus ataques de nervosismo, de irritação, mas na maior parte do tempo vai estar estável... Provavelmente. Ele pode te oferecer um sexo bom, mesmo que na primeira oportunidade ele vá atrás de outro para foder. Pelo menos, ele voltará para você, sempre.

É isso que você pode ter de Daeshin, é isso que ele pode te oferecer. Ah, mas não esqueça, você precisa oferecer algo também, certo? Não pode ser apenas ele... Você, Jungkook, precisa oferecer sua calma, sua serenidade, sem estresse, sem indagações... Você precisa dar uma parte sua, depositar sua sanidade nesse relacionamento, mesmo que você acabe ficando em pedaços. É esse o preço que você tem que pagar.

É isso, não é, mãe? É isso que você quer dizer para mim, estou certo? Isso que você quer que eu faça... Quer que eu aceite estar com Daeshin, mesmo que isso tire uma parte minha, de quem eu sou.

Você gosta de astronomia, mãe? Conhece um pouco sobre? Não? Bem, para você entender o que quero te dizer, tenho que usar um conceito, mas não é nada difícil. Já ouviu falar do termo imersão? Na astronomia é quando um astro desaparece porque é encoberto pela sombra de outro. Eu sou esse primeiro astro e Daeshin é o segundo. É isso que ele faz comigo, ele me encobre, levando ao meu próprio desaparecimento dentro de mim mesmo.

E não vou aceitar isso, não mais.

- Eu nunca vou voltar a namorar Daeshin, mãe. - digo, seriamente. - Essa é uma certeza que você pode ter.

Seu silêncio é ainda mais assustador do que das outras vezes, mas estou tão de saco cheio que não me importo. É fácil perceber suas mãos segurando com mais firmeza a taça de vinho, o olhar tornando-se ainda mais seco e desgostoso. Até que, enfim, fala:

- Acho que você precisa pensar com calma, Jungkook. Não está pensando com clareza.

- Eu estou sim, mãe, eu não vou... - mas ela me interrompe, rapidamente.

- Enquanto você pensa, acho melhor dar uma volta. Seu pai logo chegará com alguns sócios para jantarmos e é melhor que pense em outro lugar, mais tranquilamente.

Ela está, de sua maneira, me expulsando daqui. É óbvio e ela sabe disso. Mantém essa pose mesmo que saiba o quanto é fácil ler o que diz, nas entrelinhas. Balanço a cabeça, pegando a taça que me foi oferecida e virando o restante do vinho em um só gole, levantando em seguida.

- Bom jantar para vocês, mãe.

Lanço um último olhar para sua figura pequena, mas carregada de tanta potência e elegância que torna sua imagem poderosa e intimidante. Dou as costas para si e para a casa que um dia morei, saindo em passos largos, sem saber para onde ir.

O céu escuro e estrelado é alvo de meu olhar confuso, com meus passos levando-me para longe de minha mãe e de suas palavras, deixando-me ser tomado por melancolia e decepção diante o que ouvi ali.

Ando por um tempo razoável, finalmente parando e pedindo um carro para me levar até o primeiro parque que encontrei pelo meu celular. O que preciso agora é fotografar, tentar expulsar de mim o que estou sentindo por meio do registro de memórias.

- Esse parque que você quer ir está fechado. - o motorista diz, assim que entro no carro.

- Sério? - pergunto, um tanto aéreo. - Bem... Você pode ir dirigindo e quando eu quiser descer te aviso?

Sei que o motorista estranha minha vontade, mas não reclama, começando a dirigir enquanto eu deito a cabeça no encosto do banco. Meus olhos se fecham, algumas lágrimas escorrem de meus olhos, mas não deixo nenhum som sair de meus lábios, continuo chorando em silêncio.

Minha boca está completamente seca, então peço para o motorista parar no primeiro mercado que ver. Noto que estou em um bairro que é um pouco mais afastado do centro, que não acredito ter vindo muitas vezes.

Desço do carro observando o mercado à minha frente, parecendo ser um estabelecimento pequeno. O lugar é um tanto mal iluminado, até mesmo chegando a ser assustador. Que lugar mais estranho, meu deus...

Pego rapidamente uma garrafa de água, observando o homem no caixa mascar um chiclete e olhar para mim parecendo entediado. Saio dali o mais rápido possível, começando a andar enquanto bebo minha água e presto mais atenção ao lugar onde fui parar.

Ouço algumas risadas e percebo que, um pouco mais à frente, há um estacionamento com vários carros parados, pessoas conversando e bebendo. Aparenta ser algum tipo de rolê, então resolvo passar reto para seguir meu rumo.

Mas não é isso que acontece.

- Ei, você. - uma voz grita e me deparo com um rapaz jovem, olhando-me com curiosidade. Ele segura uma garrafa de soju e com a outra mão fuma um cigarro, aproximando-se de mim e distanciando-se de seus amigos.

- Humm.. Oi. - digo, um tanto preocupado. Não conheço esse cara e estou em um lugar que não me é familiar, é de deixar qualquer pessoa encucada.

- O que faz aqui, hein? Por que estava nos olhando?

Ah, era só o que me faltava para terminar a noite.

- Não estava olhando para ninguém, estou seguindo meu caminho. - murmuro e o rapaz dá alguns passos, ficando cara a cara comigo. Eu sou mais alto que ele, o que é uma vantagem, já que o rapaz parece ser fácil de ser derrubado caso resolva partir para a violência.

Embora não goste de violência, se esse cara levantar a mão para mim, não hesitarei em lhe dar um belo soco na cara.

- Jong-su, se controla. - ouço uma voz dizendo atrás do tal rapaz que não para de me encarar, uma voz bastante conhecida por mim.

Com uma surpresa evidente, levo meus olhos até Jimin, que já me olha com a mesma surpresa. Não é possível que sempre que eu saia encontre Jimin pela cidade, quais as chances disso acontecer?

Mas ele está aqui, passeando o olhar pelo meu rosto, como sempre faz.

- Conhece esse cara? - o rapaz, Jong-su, pergunta, apontando para mim com a mão que segura o cigarro, então não evito e reviro meus olhos.

- Conheço sim. - Jimin responde, olhando Jong-su tranquilamente, mesmo que eu note alguns resquícios de apreensão em seu olhar. - Pode nos dar licença?

Jong-su revira os olhos, baforando a fumaça de seu cigarro em meu rosto antes de se afastar, o que me leva a tossir, com raiva desse cara. Jimin fica à minha frente e diz:

- Ei, está tudo bem?

- Esse seu amigo é um idiota. - rebato, bebendo mais água. - Achei que fosse me bater.

- Pior que não duvido que ele faria isso mesmo. - diz, sem nenhum traço de brincadeira em seu olhar e fala: - Mas quero saber se está tudo bem, porque você veio parar bem longe do campus...

Não quero conversar sobre minha mãe, sobre o que ela me disse. Falar sobre meus pais é muito mais difícil do que falar de qualquer outro problema de minha vida, é mais doloroso.

- Passei na casa de meus pais e depois acabei vindo parar aqui, estava com sede. - minha explicação não é mentirosa, embora esconda detalhes muitíssimo relevantes.

Jimin parece não acreditar muito no que digo, assentindo sem muita convicção.

- Acho melhor você ir, Jungkook.

- Por que você parece tenso, Jimin? - pergunto, sem me controlar. Não apenas a voz de Jimin é carregada de preocupação, como sua postura, olhando por cima de seus ombros sem parar.

- Porque essa não é uma área muito tranquila, gatinho. - seu tom de voz diminui, seus olhos fixam-se nos meus. - É só você ver o que aconteceu com Jong-su, por pensar que você estava encarando ele.

- Então o que você faz aqui?

Jimin não diz nada e, quando resolve responder, uma figura conhecida por mim surge ao seu lado, sorrindo amplamente.

- Jungkook! Que faz aqui, garoto? - Taeyang se joga em meus braços, abraçando meu corpo sem que eu espere, mas retribuo mesmo assim.

- Eu vim comprar água...

- Vem, fica um pouco com a gente. - Taeyang fala, segurando meu pulso. Jimin não parece gostar muito da ideia e uma parte minha se chateia com isso, saber que ele não quer que eu fique aqui com seus amigos.

Uma outra parte minha me diz que ele está assim porque acha que essa área não é segura para mim, mas a parte que está com uma ferida aberta e dolorida depois de hoje me diz que não, que é porque ele não quer minha companhia.

Essa é uma característica minha que me deixa incomodado. Quando algo ruim acontece comigo, começo a alimentar minhas inseguranças e elas florescem, tomando conta de mim. É apenas quando acalmo meu emocional que compreendo que os pensamentos que tive foram pessimistas, não foram justos comigo.

Não consigo evitar de me sentir dessa maneira quando é óbvio que Jimin não me quer aqui, enquanto Taeyang me puxa pelo pulso, caminhando comigo até seus amigos, Jimin segue ao nosso lado, pensativo e com a postura tensa.

- Quem é esse, Taeyang? - uma garota de cabelos verdes pergunta, olhando-me de cima abaixo.

- Ele é amigo meu e de Jimin de faculdade, o nome dele é Jungkook. - responde, abraçando meu corpo de lado. - Mas pode ir esquecendo que ele é gay, Nayun, viado, sabe? Não quer nada com você.

A moça faz um bico com os lábios, marcados por um piercing, parecido com o de Jimin. Revira os olhos, pegando uma garrafa de soju e bebendo, encostando o corpo em um dos carros. Começo a observar as outras pessoas, notando que além de Nayun há uma outra garota, que está com a cintura enlaçada por Jong-su, o cara idiota que veio falar comigo. Além deles, há mais outros três caras, encostados em carros diferentes com garrafas de soju em mãos.

O que me deixa mais surpreso é reconhecer um dos caras ali: Hyo, o cara que foi atrás de Jimin em nosso quarto e disse para eu me afastar dele. Ele parece me reconhecer, olhando-me atentamente enquanto bebe seu soju e Jimin, próximo à mim, passeia seu olhar por mim e por Hyo.

Jimin tinha me dito que iria atrás de Hyo, então, provavelmente os dois se entenderam, certo? Já que estão juntos bebendo...

- Jungkook, é? - um outro rapaz fala e desvio meu olhar para seu rosto, deparando com um rosto bonito, assim como seu porte. Ele está com uma regata, então é fácil notar suas tatuagens espalhadas pelos seus braços e o cigarro em suas mãos é levado calmamente até seus lábios, que desenham um sorriso para mim. - Meu nome é Eun. Aquele ali é o Hyo. - diz apontando o cara que já conheço, que não diz nada, apenas continua me olhando. - E aquele outro ali é Doyun.

Assim como Eun, Doyun é coberto por tatuagens em seus braços à mostra na regata preta que veste, mas seus cabelos são longos e escuros, dando-lhe um ar misterioso e, devo admitir, muito atraente. Aliás, todos ali são muito atraentes, embora sejam intimidantes... Mas não intimidantes como Jimin, é de uma forma diferente e verdadeiramente estranha.

- E eu sou Byeol. gracinha. - a outra moça, abraçada por Jong-su, fala. Ela é estonteante, com os cabelos longos loiros emoldurando o rosto atraente e um cigarro em mãos. - Quer uma bebida, um cigarro?

- Pode ser uma bebida. - respondo, notando Jimin cruzar os braços e aparentar estar incomodado com algo.

Byeol me entrega uma garrafa de soju, que bebo com calma, me sentindo como um animal em zoológico, sendo observado e analisado pelas pessoas ali. O único que aparenta estar verdadeiramente tranquilo com a minha presença é Taeyang, que continua ao meu lado sorridente.

- O que você cursa, Jungkook? - Eun questiona, acendendo outro cigarro.

- Faço Economia, entrei esse ano. Vocês estudam na Hanyang?

- Ah, não, apenas Hyo estuda lá. Além de Jimin e Taeyang, como você já sabe. - Doyun responde, jogando para trás seus cabelos longos e sorrindo de canto para mim.

Então eu tenho a confirmação que sim, Hyo estuda na Hanyang, só não tenho ideia de qual curso seja. Por isso pergunto, tentando soar casual:

- E o que você faz lá?

Hyo demora alguns segundos para me responder, bebendo seu soju demoradamente. Só assim, ele diz:

- Faço Química, tô no quarto ano.

Ah, então ele está quase finalizando o curso, suponho. Não sei como Jimin conheceria alguém do quarto ano do curso de Química, totalmente diferente do curso que faz ou do ano que entrou, mas isso é algo que posso pensar com calma depois, não é algo para ser perguntado.

Pelo menos não agora.

- Você parece ser um playboyzinho. - Jong-su fala, olhando-me dos pés a cabeça. Claramente esse cara não gosta de mim, fitando-me com indiferença.

- Ah, é? Por que diz isso?

Já não basta o que houve na casa de minha mãe e suas palavras, agora vem esse cara querer implicar comigo. Não é um dos meus melhores dias, minha cabeça dói e sinto minha paciência começar a se esvair.

- Sua roupa de marca, seu jeito. - responde, dando de ombros.

- Talvez eu seja mesmo um playboy. - retruco, sorrindo de canto para si e logo tomo mais um gole de soju.

- Dá um tempo, Jong-su. - Jimin fala, ainda de braços cruzados. - Acalma um pouco.

- Que foi, Jimin? Tô só falando o que eu penso... E ele mesmo disse que é um playboy mesmo, não disse? - aponta para mim, segurando um novo cigarro em seus dedos.

Não digo nada, continuando a beber meu soju e Jong-su fala:

- Só acho curioso vocês dois, - aponta Jimin e Taeyang - conhecerem um cara desse nível.

- Ah, mas é porque Jungkook é colega de quarto de Jimin. - Taeyang responde, casualmente, pegando um cigarro e acendendo ao meu lado.

A informação nova parece surpreender os presentes na roda, menos Hyo, que continua com uma expressão neutra fumando e bebendo. Um silêncio se instala por alguns instantes desconfortáveis, até Jong-su dizer:

- Ah, vocês são colegas de quarto então? Interessante...

- Deve ser mais uma das conquistas de Jimin então. - Nayun comenta, com um sorriso debochado enfeitando seu rosto bonito.

Minhas bochechas coram, mas, felizmente está escuro o bastante para que não seja perceptível. Meu olhar automaticamente é lançado para Jimin, que não expressa nada além de impaciência em seu olhar e em sua postura ao dizer:

- Dá um tempo você também, Nayun.

- Ah, qual é, Jimin? Você pega todo mundo e vai me dizer que nunca pegou o bonitinho aí?

Não gosto do tom de voz que Nayun diz tais coisas, nem do sorriso estranho em seu rosto. Gosto menos ainda do clima pesado que domina o ambiente, fazendo-me pensar se Jimin não estava certo e eu deveria ter ido embora.

Mas sou curioso demais, é um defeito que tenho.

- Para de ser intrometida. - Jimin retruca, pegando uma garrafa de soju e começando a beber.

- Nós não temos nada desse tipo. - falo, a fim de acabar logo com esse assunto. - Somos amigos...

- Viu, Jimin? Jungkook é mais civilizado que você.

O clima pesado parece dissipar-se um pouco, principalmente quando Taeyang ri e fala:

- Eu falo pro Jimin relaxar um pouco, ele é muito estressado.

Após a fala de Taeyang, Eun começa a reclamar sobre um cliente seu que pediu uma tatuagem e não parava de se mexer, levando-me a compreender que é um tatuador. Será que as tatuagens em seu braço foram feitas por si mesmo?

Doyun caminha até Jimin, que bebe seu soju e lança alguns olhares em minha direção, puxando-o até que os dois se afastam de nós. Fico olhando de canto para ambos, que parecem imersos em um diálogo sério, tentando não dar na cara que estou os observando. Não sei exatamente quanto tempo fico aéreo, olhando para Jimin e Doyun gesticulando um para o outro, mas noto alguém se aproximando de mim e levo meus olhos para frente.

- Quer um cigarro, Jungkook? - Eun pergunta, sorrindo de canto para mim. Taeyang não está mais ao meu lado, mas sim ao lado de Hyo e Nayun, enquanto Jong-su e Byeol se beijam em cima do capô do carro.

- Ah, eu não fumo. - respondo, dando um gole em minha bebida. Eun continua me encarando, deixando-me um tanto desconfortável, até que diz:

- Eu estou bastante curioso sobre você. Jimin não costuma trazer seus amigos da faculdade para nos conhecer.

- Ele não me trouxe, foi coincidência eu tê-lo encontrado. - digo, pensativo acerca de sua fala. Será que os meninos não conhecem esses caras? Faz sentido, já que Taehyung e Namjoon não conheciam Hyo.

- É, não é muito a cara de Jimin apresentar os amigos dele mesmo. - diz, acendendo um cigarro e sorrindo para mim.

- Como se conheceram? - pergunto, curioso.

- Por conta de Taeyang. Conhecemos Hyo desde muito tempo e ele nos apresentou Taeyang que um dia nos trouxe Jimin para nos conhecer. - diz, casualmente.

Então foi Taeyang que apresentou Hyo para Jimin, uma dúvida minha é sanada. Claro que ainda tenho várias rodeando minha cabeça, mas, ao mesmo tempo, outras preocupações a rondam: o diálogo que tive com minha mãe, a péssima reação que teve por conta de meu término e o motivo de Daeshin ter ido agora falar com eles...

- Está tudo bem?

A fala de Eun me traz de volta à realidade e balanço a cabeça, um pouco envergonhado.

- Desculpa, hoje não foi um dia muito tranquilo. - confesso, bebendo um pouco mais.

- É, você parecia bem distraído. Tenho um pouco de maconha aqui, se quiser relaxar...

É a primeira vez que alguém me oferece algum tipo de droga que não seja álcool e cigarro.

Uma parte minha sente vontade de experimentar, pois sei bem que a maconha não é uma droga verdadeiramente pesada, mas, ao mesmo tempo, tenho medo. Se eu já sou super fraco com álcool será que com maconha não serei também?

Só que... Hoje é um bom dia para isso? Minha cabeça não está nada bem, sinto uma mistura de sentimentos ruins e estranhos dentro de mim, sei que meu psicológico não está nada estável...

- E aí. - Jimin me tira de meus pensamentos, posicionando-se ao meu lado, de frente para Eun.

- Tava aqui falando pro Jungkook que ele tá muito inquieto. - Eun fala, dando um trago em seu cigarro fedorento. - Falei pra gente fumar um, então...

- Tá oferecendo maconha pra ele, Eun? - Jimin retruca, irritado. Seus olhos miram Eun com irritação, que apenas levanta as mãos e diz:

- Qual o problema, Jimin? Ele sabe o que quer ou não fazer, não precisa de babá não... - Eun dá de ombros, um pouco irritado.

- Fala sério, Eun. - Jimin revira os olhos, tocando em meu braço com firmeza. - Vamos embora daqui, Jungkook, parece que não posso te deixar sozinho, meu deus...

É a segunda vez que Jimin parece estar verdadeiramente bravo, a primeira foi quando ele e Daeshin brigaram. Seus olhos não focam nos meus, apenas olha ao redor, parecendo procurar por alguém.

Estou cansado, mental e fisicamente, querendo ir para casa também. O problema é que não gosto de seu tom e de suas palavras, não quando parece que está me dando uma ordem e age como se eu estivesse fazendo algo errado. Imediatamente me sinto magoado, porque Jimin não está sendo cuidadoso comigo como sempre aparentou ser, então, movido por sentimentos conflituosos desde que saí do campus, solto meu braço de seu aperto, trazendo seu olhar para minha direção.

- Não precisa falar assim comigo, Jimin. - digo, magoado.

Seus olhos vacilam por um instante, mas rapidamente sua postura volta a ser séria e mandona ao dizer:

- Melhor nós irmos embora, Jungkook.

Prefiro muito mais quando ele me chama de gatinho, é o que me dou conta ao ouvir seu tom sério ao dizer meu nome.

- Não quero ir agora. - digo, em um impulso.

- Não? - Jimin me olha com surpresa e não é difícil notar em seu olhar traços de irritação.

- Não. - respondo, sem muita certeza, mas magoado o suficiente para não querer acatar suas palavras.

- Você ouviu ele, Jimin. - Eun fala, parecendo se divertir com a cena que vê se desenrolar ali. - Jungkook não quer ir agora, deixa ele.

Meu olhar não desvia do rosto de Jimin e o seu não desvia do meu, travando uma batalha silenciosa que nenhum de nós dois está disposto a perder. É só quando Taeyang aparece ao lado de Jimin, envolvendo o pescoço deste com seus braços que nossa troca de olhar é quebrada.

- Está tudo bem aqui? - Taeyang questiona, depositando um selar na bochecha de Jimin. - Vocês parecem tensos.

- Está sim. - Jimin segura a cintura de Taeyang, sorrindo minimamente para si. - Só Jungkook sendo cabeça dura.

Seu comentário é feito com um sorriso de canto para mim e reviro os olhos, cruzando os braços. Onde já se viu...

- Você que está sendo chato comigo. - retruco, notando Eun segurar uma risada enquanto fuma seu cigarro.

- Vocês dois são muito teimosos. - Taeyang comenta, sorrindo. - Mas que tal irmos agora? Já tô bem cansado...

- Vamos sim. - respondo, recebendo um olhar indignado de Jimin.

- Por que com ele o sim veio tão fácil? - pergunta, confuso. Apenas dou de ombros, não dizendo mais nada e Jimin revira os olhos.

Taeyang beija a bochecha de Jimin, sorrindo para si e desvio o olhar, ouvindo Jimin dizer:

- Ei, pessoal, já estamos indo.

- Quando vamos te ver novamente, bonitinho? - Nayun pergunta e sei que a pergunta é direcionada para mim, então respondo:

- Ah, não sei dizer.

- Traz ele mais vezes, Jimin. - Doyun comenta, sorrindo. - Cobre dele, Jungkook.

Sorrindo pequeno, assinto e Eun fala:

- Se quiser fumar qualquer dia desses, só chamar.

- Ah, obrigado. - sinceramente, não sei o que responder e noto rapidamente o olhar duro de Jimin em cima de Eun. Hyo permanece me olhando com seriedade, diferente de Jong-su, que só falta me bater com seus olhos raivosos direcionados para mim.

Me pego questionando se exagerei na forma que me portei com Jimin, mas, ao mesmo tempo, suas palavras voltam à minha mente e o que sinto é mágoa.

Taeyang pede um carro para nos levar e o trajeto até o campus é silencioso, com ele sentado no meio de nós dois, parecendo alheio ao clima estranho que ronda o carro. O caminho até nosso alojamento é recheado de dizeres animados de Taeyang sobre assuntos aleatórios, por resmungos de Jimin e por meu silêncio. Nos despedimos e caminhamos até nosso quarto, lado a lado, mas distantes simultaneamente.

- Pode ir tomar banho, eu vou depois. - é a única coisa que ele me diz, mal olhando para mim. Não respondo nada, pegando uma roupa limpa e indo tomar banho.

Lembranças das palavras e olhares de minha mãe tomam conta de meus pensamentos, a sensação angustiante de não ser compreendido por, teoricamente, a pessoa que mais me ama no mundo. O que sinto é melancolia, controlando as lágrimas que se formam no canto de meus olhos, não as deixando transbordar.

O silêncio e distanciamento de Jimin não ajuda nessa sensação ruim sair de meu corpo, permanecendo quando eu me jogo em minha cama, sozinho com meus pensamentos enquanto ele está tomando banho. Talvez seja pelo cansaço mental, mas acabo por adormecer antes mesmo de Jimin sair do banheiro.

O domingo é silencioso e eu passo na companhia de Han, adiantando um trabalho. Jimin e eu não nos falamos, almoçamos todos juntos como de costume, mas não conversamos. Hobi percebe que há algo errado, mas fujo de suas investidas de iniciar uma conversa, porque não quero comentar sobre a conversa com minha mãe, pelo menos não agora.

- Sabe que a próxima parte é entrevistar alguns alunos de cursos diferentes, não sabe? - Han questiona, quando vamos para a lanchonete tomar um café ao cansarmos de ficar na biblioteca. - E um veterano de nosso curso.

É óbvio que o mais fácil é entrevistar Jimin, ele é nosso amigo e veterano de Economia, mas como não estamos nos falando no momento, ignoro sua última fala.

- Sim, estava pensando sobre isso... Tem alguma sugestão além dos meninos?

- Bom, tem Jae também, eu comentei com ele sobre e pareceu bastante animado. - diz, sorrindo furtivamente para mim. - Embora eu acredite que ele ficou animado por sua causa.

- Eu achei que ele estivesse magoado comigo, não sei. - confesso, bebericando meu café.

- Por que ele estaria magoado?

- Eu sei que ele queria me beijar na festa, sabe? E eu fiquei com outro cara e depois não falei mais com ele... - respondo, tendo lembranças do beijo de sexta invadindo meus pensamentos.

- Você tem direito de beijar quem quiser. Jae entende isso, ele não é babaca assim. - Han fala, sorrindo. - Relaxa que ele não é nenhum santo também, beijou várias pessoas durante a festa.

Acabo rindo, mas meu sorriso morre ao Han perguntar:

- Você está bem, Jungkook? Não falamos sobre você sabe quem...

Entendo a preocupação de meu amigo: não conversamos efetivamente sobre meu término ou o que levou a ele. Não cito o nome de Daeshin e, se comento, normalmente é com Hoseok ou Jimin.

- É estranho, Han. - digo, olhando-o atentamente. - Não foi um relacionamento que acabou de uma maneira tranquila... Se é que isso é possível...

- Acho que é possível sim, mas nunca vai ser um término feliz, sabe? - diz, dando de ombros. - Eu tive uma namorada, terminamos porque já não gostávamos mais um do outro e foi um pouco estranho. Hoje conseguimos nos falar tranquilamente, mas demorou um pouco.

- Eu acho que nunca conseguirei conversar com Daeshin. - confesso, sentindo um arrepio nada bom em meu corpo ao pensar na possibilidade.

- Não sei muita coisa, mas posso dizer que você mudou desde que terminou.

- Mudei como?

- Nessas últimas semanas, mesmo que você estivesse mais afastado, ainda assim, parecia... Não sei, mais relaxado, eu diria? Como se um peso tivesse saído de você.

- Eu me sinto tão estranho às vezes. - respondo, sorrindo sem força. - Alguns pensamentos estranhos rondam minha mente, sem que eu os controle.

Talvez por Han ser essa figura animada e alto astral, nunca tentei conversar com si sobre meus pensamentos e angustias. Acho que sempre senti que ele poderia não entender, já que parece sempre tão feliz.

Mas agora, alvo de seu olhar carinhoso e gentil, as palavras saem de meus lábios naturalmente:

- Eu tenho medo de não me apaixonar mais, Han. Mas meu medo ainda maior é não ser amado verdadeiramente por alguém. - é isso que mais me assusta, que evito falar sobre, porque parece que se eu falar, vai se tornar real. Nosso olhar continua fixo um ao outro e é fácil notar certa surpresa em seu rosto.

- Claro que você vai, Jungkook! Seja amar ou ser amado, isso vai acontecer. - diz, um tanto exaltado. - Você é apaixonante.

Incomodado com suas palavras, desvio o olhar.

- Não diga essas coisas.

- Por que não? É a verdade!

- Não, não é. - digo, um tanto mais firme. - Isso é algo que Daeshin não mentiu.

- O que ele te disse?

- Disse que eu sou sem graça. - falo, ainda sem olhar em seu rosto. Reviver as suas palavras é doloroso.

- Ele é um tremendo idiota, sério. - Han parece verdadeiramente inconformado, balançando a cabeça. - Ele que era um chato.

Sorrio um pouco com suas palavras, terminando de tomar meu café.

- Quer ir atrás de entrevistar algum dos meninos? - pergunto, recebendo um aceno de Han.

- Podemos começar com Taehyung e Seokjin, o que acha?

- Vamos lá.

Os dois estão com Yoongi na sala de música que ele normalmente fica, conversando animadamente. Taehyung abre um sorriso quadrado imenso ao nos ver e diz:

- Han, Jungkook! Venham, estou animado para ser entrevistado.

- Olá. - é o que digo, sentando em uma das mesas, ao lado de Han. Seokjin sorri, assentindo, enquanto Yoongi não diz nada, permanecendo com um violão em mãos tocando alguns acordes.

- Achei que Hoseok estaria aqui, aí já entrevistaria ele. - Han comenta.

- Acredita que Jae mandou mensagem para que Hobi o ajudasse em um projeto? - Tae responde e fico surpreso, mas até que faz sentido já que os dois cursam o mesmo curso. - Hobi relutou em aceitar porque Yoongi quase o comeu vivo quando ele disse que iria encontrar Jae...

- Eu realmente não sei porque ainda falam com esse cara. - Yoongi retruca, sem tirar os olhos de seu violão.

- Também não gosto dele. - Seokjin fala, me surpreendo, já que sempre tenta ser mais ponderado e remediar a situação quando se trata de Jae e Yoongi.

- Ele é legal, juro. - Han diz, com um bico em seus lábios. - Meio sem noção, claro, mas juro que ele é legal.

- Vamos pensar na entrevista agora! - Tae diz, sorrindo.

- Vamos. - concordo, pegando minha anotações enquanto Han liga o gravador de seu celular. - A pergunta que eu fizer vale para vocês dois, combinado? - Tae e Seokjin assentem, então começo: - Quando tiveram a certeza que gostariam de cursar Engenharia?

- Ah, eu sou apaixonado por números desde a escola. Fala para ele, não é verdade, Seokjin?

- Sim, é verdade.

- Então eu sempre soube que queria fazer algo relacionado a números e Exatas. - Tae diz, sem tirar o sorriso de seus lábios. - Mas não sabia o que poderia ser, se seria Matemática, Física, Química, ah, teve um momento que cheguei a pensar que seria até mesmo algo relacionado a Computação, lembra? - Seokjin assente, dando margem para Tae continuar: - Eu achei durante um tempo que seria Computação, mas aí percebi que não gostava de Computação, apenas de jogar video game.

- E quando entendeu que era Engenharia? - pergunto, sorrindo da linha de pensamentos que Tae tem.

- Quando eu notei que eu gostava de algo que unisse todas as exatas, sabe? A matemática, a física e a química, mesmo que em proporções diferentes. Assim, eu entendi que queria ser engenheiro.

- E você, Seokjin?

- Ah, desde sempre mesmo.

- Isso é verdade, Seokjin chegava até nós na escola e ficava falando "Eu serei um engenheiro, quero ser rico!", era muito bom. Fala aí, Yoongi, não era assim? - vira a cabeça para Yoongi, que apenas faz um joia com o dedo e Tae revira os olhos. - Ele é tímido mesmo.

- Minha mãe trabalha em uma empresa automotiva, na parte de gerência. Eu sempre gostei da parte técnica do desenvolvimento automobilístico, é com isso que quero trabalhar. - Seokjin diz.

- Seu pai trabalha com o que? - questiono, curioso.

- Meu pai é músico, ele compõe letras. - sorrio, arrancando um sorriso tímido de Seokjin.

- Isso é muito legal, hyung, de verdade. - digo.

- Por isso gosto de ficar aqui com Yoongi, lembra os momentos que meu pai pegava o violão e tocava várias músicas para nós. - continua, sorrindo com alguma lembrança sua. - Enfim, eu sempre soube que queria ir para a parte de Engenharia, sem dúvidas houve influência de minha mãe.

- Queria eu ter influências boas de meus pais. - Tae suspira, com os braços cruzados.

- Eles não são legais? - pergunto, um pouco acanhado e com receio de estar falando besteiras, mas fico aliviado ao ver a leveza de Tae ao sorrir fracamente.

- Não muito, Jungkook. Eles são separados, tenho mais contato com minha mãe do que com meu pai e acho que ela não lidou bem com a separação. Também pode ser a diferença entre nós dois, eu gosto de falar, de conversar e ela é mais na dela, mais quieta... Acabamos não tendo muito diálogo.

É impressionante como Tae consegue falar abertamente de seus problemas e conflitos internos, sem travar ou sentir-se mal em estar expondo suas fraquezas. É algo que verdadeiramente admiro, já que não consigo falar com tanta facilidade de alguns assuntos, principalmente dos que envolvem meus pais.

- Isso não vai para a gravação, não é? - Tae me tira de meus pensamentos, balançando a cabeça energicamente. - Não quero tristeza nessa entrevista, apenas felicidade, então exclui isso, por favor.

Sorrio, assentindo e, sutilmente, Han muda de assunto, voltando a deixar o clima descontraído e seguimos a entrevista. Demoramos mais do que deveríamos, já que muitas vezes começamos assuntos aleatórios, naturalmente.

Depois de um bom tempo, sei que temos o que precisamos e além da conta, então decidimos ir comer, mandando mensagem para os outros meninos nos encontrar na lanchonete, já que não estamos a fim de comer comida hoje.

- Por que temos que esperar para irmos comprar nossos salgados? - Yoongi resmunga, pela milésima vez, enquanto estamos sentados na mesa esperando Hobi, Jimin e Namjoon chegarem.

- Para comermos juntos, para de ser esfomeado! - Tae retruca, dando um tapa no braço de Yoongi, que revira os olhos e deita a cabeça na mesa.

- E aí, pessoal. - ouço uma voz dizendo atrás de mim, me deparando com meu colega de quarto, sorrindo de canto.

Ele não está sozinho, ao seu lado está Seung, o rapaz que conheci na festa e que Jimin já me disse que se envolve casualmente. Ele sorri, acenando para todos nós, parecendo até mesmo um pouco tímido, completamente diferente da figura extrovertida e falante de Taeyang.

Jimin não me olha por muito tempo, assim que seu olhar cai em meu rosto, ele desvia e não posso negar, isso me chateia. Não demonstro minha chateação com nosso clima ruim, aceno para Seung observando-os sentar à mesa.

- O que estavam fazendo? - ele questiona, mordiscando seu lábio e deixando minha atenção concentrada em seu piercing que não consigo me acostumar.

- Jungkook e Han estavam nos entrevistando para um trabalho. - Seokjin responde.

- Ah, é? Vocês precisam entrevistar algum veterano de Economia também, não tem? Lembro por cima de quando fiz esse trabalho. - ele comenta e quase reviro os olhos, porque sei o que está sugerindo.

- Sim, vamos entrevistar você, Jimin. - Han fala, arrancando um sorriso de Jimin. - Você topa, não é?

- Claro, se vocês dois quiserem. - olha diretamente para mim ao dizer: - Você quer, Jungkook?

Seu tom provocativo não escapa de minha percepção e sorrio de canto, cruzando os braços:

- Não é incômodo algum para mim.

- Mas você quer? - ele insiste e sei o que está fazendo. Ele quer que eu diga com todas as letras que quero entrevistá-lo, esse manipulador.

Não quero dar esse gostinho para si, então, falo:

- Você é a opção mais prática.

Claramente Jimin não gosta de minha resposta, mas não tem chance de responder, já que uma voz diz:

- Atrasamos demais?

Nem preciso olhar para saber que é Hoseok, que rapidamente senta ao lado de Taehyung lhe dando um beijo na bochecha. Mas ele não está sozinho.

- Puta que pariu, é só o que me faltava. - Yoongi diz, revirando os olhos.

- Sempre bom te ver, Yoongi. - Jae fala, com sua voz reconhecível carregando seu deboche característico. - Seokjin, Taehyung, Han, Jimin, Jungkook... - pisca para mim, levando a um rubor em minhas bochechas crescer. - E não conheço você.

- Sou Seung. - diz, sorrindo.

- Eu me chamo Jae. Seu nome é bonito, assim como você. - Jae fala, usando seu tom característico de flerte e quase rio, porque Jae é realmente um flertador nato.

- Diminui essa bola aí que Seung está com Jimin. - Han quem fala, embora em seu rosto haja um sorriso.

- Não namoramos. - Jimin comenta, cruzando os braços. Sua fala parece deixar Seung desconfortável, mas não consigo definir bem a postura de Jimin. Mesmo que ele tenha acabado de deixar claro que não possui nada sério com Seung, parece um tanto incomodado. Ele está com ciúmes de Seung e Jae?

- Não era Jungkook quem você queria pegar? - Tae questiona, parecendo verdadeiramente curioso e fico ainda mais vermelho.

- Claro que eu quero. - Jae sorri para mim, fitando-me. - Mas ele me abandonou no dia da festa... - é fácil perceber que não está falando sério, tanto pelo seu tom de voz quanto pelo sorriso em seus lábios e acabo por sorrir, mesmo que ainda esteja envergonhado.

- Sei muito bem que você nem sentiu minha falta naquele dia. - digo, arrancando uma gargalhada sua.

- Han é fofoqueiro demais, não é?

- Ei, eu não fiz nada!

Para alegria de Yoongi, Namjoon chega, explicando o motivo de seu atraso, que é porque um cara foi perguntar para si sobre tal matéria e sei lá o que mais. Vamos pedir nossos salgados e é fácil notar o clima estranho entre mim e Jimin, já que não nos falamos, mesmo que às vezes eu lance alguns olhares em sua direção e consiga notar que está fazendo o mesmo.

- Você e Jimin estão ridículos. - Hobi sussurra para mim e fito-o incredulamente.

- Até você?

- Eu nem sei o que houve, você foge de minhas perguntas. - retruca e fico quieto, já que é verdade. - Mas vocês dois estão tentando ao máximo não dar na cara que estão se olhando e ficam se cutucando o tempo todo.

Culpado, não digo nada, apenas mordo meu lábio olhando para minhas mãos.

- Resolva-se com ele.

- Eu não vou falar com ele, Hobi! - digo, ultrajado.

Hoseok não diz mais nada, mas me lança um olhar que conheço muito bem, que significa "Espere para ver". Pensativo, lanço meu olhar para Jimin, deparando com Seung deixando um beijo em sua bochecha, sorrindo. Automaticamente, reviro os olhos, lembrando dos acontecimentos estranhos de ontem.

Hoseok cumpre sua palavra, é o que consigo dizer. Assim que terminamos de comer e resolvemos sair dali, ele diz, em alto e bom tom:

- Jimin e Jungkook nos encontram depois, já que vão conversar, não é? Jungkook me disse que sim.

Fuzilo meu amigo com os olhos, querendo dar uns tapas em si, embora sua atitude não me surpreenda. Hoseok é muito obstinado quando quer algo e algumas vezes entramos em conflito por conta disso.

- Tudo bem.

Meus olhos arregalados e surpresos encontram com os olhos sérios de Jimin, permanecendo assim por alguns instantes. Não esperava mesmo que Jimin concordasse em conversar comigo e, quando me dou conta, os meninos já se afastaram, restando apenas nós dois.

- Quer ir para a arquibancada?

Assinto, um tanto tímido e começamos a caminhar, imersos em um silêncio desagradável durante o caminho todo. Não sei bem o que dizer para Jimin e não sei como acabamos nos estranhando, as coisas simplesmente aconteceram.

Sentamos lado a lado, observando o sol que começa a se pôr lentamente, deixando o céu ser tomado por tons alaranjados intensos e, ao mesmo tempo, suaves. É uma paisagem bonita, calma, diferente do clima que rodeia nós dois, que é quebrado quando ele diz:

- Você não quer falar comigo, foi Hoseok, certo?

- Sim. - seus olhos fecham-se minimamente por conta do sorriso que toma conta de seu rosto e ele fala:

- Imaginei mesmo. - quando penso que não dirá mais nada, ele continua: - Não gostei de sua atitude ontem, devíamos ter ido embora quando eu disse.

- Foi justamente isso que me incomodou, Jimin. - digo, tentando não deixar o estresse transparecer em minhas palavras. - Você mandar em mim.

- Eu não estava mandando, só... - passa as mãos pelos fios loiros, apoiando os cotovelos em seus joelhos. Ele me olha por alguns segundos, mas desvia o olhar para o pôr do sol à nossa frente. - Aquele pessoal não é muito tranquilo. Não é o tipo de amizade que você quer ter.

- Então por que é amigo deles, se eles não são pessoas boas? - pergunto, confuso e curioso. - Eu sei me cuidar, Jimin, não preciso que alguém me diga quem é má pessoa ou não.

- Você viu como Jong-su te tratou, eles são mais barra pesada... - ignorando meu questionamento, ele continua. - Eu sei que pode se cuidar, mas tem que tomar cuidado, Jungkook. Eun estava te oferecendo maconha.

- E eu tenho curiosidade de experimentar. - confesso, recebendo um olhar surpreso seu. - Por que não poderia usar ali?

- Você nunca fumou antes, não sabe como vai reagir. Se quer tanto, que seja com pessoas que você confia em um lugar que se sente bem e não no meio da rua, com um bando de pessoas que nunca viu na vida.

Mesmo que uma parte minha não goste de escutar suas palavras, sei que ele está certo. Por mais que eu tenha sim curiosidade, sei muito bem que ontem não era o dia nem o momento ideal.

- Por isso eu reagi mal quando vi ele te oferecendo maconha e você parecendo realmente ponderar. - continua, olhando para mim.

- Por que você é amigo deles, Jimin? - repito minha pergunta, notando suas mãos tremerem levemente.

- Taeyang me apresentou à eles. - comenta o que eu já sei, parecendo escolher suas palavras com cautela. - Eles são legais, mas têm que aprender a lidar com eles, sabe? Não sei se é seu tipo de amizade.

- Por que não seria? - questiono, um tanto irritado por Jimin sempre supor tantas coisas sobre mim. Eu não penso isso, não faço aquilo, não uso isso, Jimin normalmente tem em sua mente as coisas que o Jungkook faz ou não e leva isso como regra para lidar comigo.

- Você é um cara mais de boa, não é do tipo festeiro e brisado, além de ter vindo de outra realidade, claro... - mesmo que não diga, entendo muito bem o que ele quer me dizer e aí sim fico mais irritado.

- Outra realidade, Jimin? O que quer dizer com isso? - questiono, mesmo que já saiba a resposta. Ele não diz nada, provavelmente notando meu tom de voz irritado e continuo: - Está falando sobre meus pais terem dinheiro?

Seu silêncio é a resposta que eu nem precisava e balanço a cabeça, incrédulo. É estranho falar sobre o dinheiro de meus pais, principalmente depois das palavras que minha mãe me direcionou ontem.

- Não é por eu ter crescido da maneira que cresci que isso me torne mais frágil ou vulnerável, Jimin. - digo, mais magoado do que irritado.

- Eu sei disso, Jungkook, mas você não vê que isso fez com que você crescesse com um tipo de pessoa ao seu lado? - retruca. - Você não teve que entrar em contato com as pessoas que eu tive, sabe...

Jimin nunca falou abertamente sobre a situação financeira de seus pais, a única coisa que sei é que eles possuem uma cafeteria. Para mim, sempre pensei que os quatro, Seokjin, Yoongi, Tae e Jimin, tinham um condição financeira parecida, já que sei que Seokjin tem grana (palavras de meu ex namorado) e os quatro estudaram na mesma escola, que não era nada barata (palavras de meu ex também).

- Foi por isso que eu pedi para irmos embora. - conclui, não desviando o olhar de meu rosto.

- Seu tom de voz na hora não foi como um pedido, mas sim como uma ordem. - digo, recordando-me de suas palavras. Imediatamente, sinto meus olhos lacrimejarem e expulso as palavras: - Daeshin me dava ordens também, falava nesse tom de voz e dói ouvir isso de novo... Ainda mais de você, Jimin...

Seu rosto, antes sério, torna-se zeloso e sua mão vem de encontro com meu joelho, em uma carícia e contato inesperado, mas imediatamente acolhido por meu corpo. Algumas lágrimas escorrem de meu rosto e Jimin diz, com a voz baixa:

- Desculpa, gatinho, não pense que eu queria te controlar. - seus dedos pequenos e gordinhos fazem pressão em meu joelho, delicadamente. - Nunca vou mandar em você, Jungkook.

- Por isso eu acabei imediatamente repelindo o que você me disse, porque não suporto ver alguém me controlando, não novamente. - confesso, as palavras rasgando minha garganta. - Desculpa ter teimado com você, eu só não queria me sentir controlado novamente...

- Está tudo bem, gatinho. Me desculpe pelo meu tom, minhas palavras. - sua outra mão vem até meu rosto, enxugando cuidadosamente minhas lágrimas.

O rosto de Jimin está tão próximo ao meu que me perco em sua beleza, involuntariamente. Observo seu nariz pequeno e bem desenhado, seus olhos escuros fixos aos meus, suas bochechas gordinhas e seus lábios volumosos, enfeitados por seu piercing. Estar com Jimin me acalma, sua presença, seu olhar e suas palavras são diferentes de tudo que já vi antes.

- Eu senti sua falta. - é ele quem quebra o silêncio, sua respiração batendo contra meu rosto, ainda com uma mão acariciando meu joelho e a outra em minha bochecha.

- Mas nós almoçamos juntos e... - digo, um tanto surpreso com suas palavras, mesmo que eu me sinta da mesma maneira.

- Mas não nos falamos, estávamos brigados. - diz, sorrindo pequeno. - Eu senti falta de conversar com você.

- Eu também, hyung.

- Por que não matamos essa saudade então?

Sorrio com sua fala, não sentindo mais vontade de chorar, apenas de sorrir. Jimin acaricia minha bochecha uma última vez antes de distanciar a mão, mas permanece com o carinho em meu joelho e começa a contar sobre a vontade que está de viajar para algum lugar, algo que há um tempo não faz.

O tempo passa, o sol se põe e a noite surge, mas, neste momento, ela não é motivo para eu me sentir mal e acuado. Eu simplesmente não me importo, focado e imerso demais na conversa com Jimin, em suas palavras e forma de contar histórias, em seu sorriso sempre expressivo e seus olhos que não se desgrudam dos meus. A única coisa que consigo me importar é em fazer mais perguntas, apenas para ouvir Jimin divagar e seu sorriso nascer em seu rosto.

O dia que fui ao bar e conheci os meninos, antes do início das aulas, foi tomado por um sentimento de euforia, que até hoje não sei explicar o motivo. O que sinto agora é parecido, mas consigo ter uma noção um pouco mais clara do que é, mesmo que ainda não entenda.

Aqui, neste momento, tenho a certeza que algo muito importante acaba de começar. 

📷


Eai, pessoal, como estão? 

Esse é o maior capítulo até agora e queria saber se curtem capítulos mais longos como esse. A tendência dos próximos é ser por volta desse tamanho também e quero saber o que acham!

Como sempre, peço para vocês votarem, percebo que muita gente que lê não vota e é muito importante eu saber se estão curtindo ou não! Então votem e comentem, por favor

Semana que vem tem mais! Até a próxima, pessoal :)

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