𝑨 𝑪𝒐𝒖𝒓𝒕 𝒐𝒇 𝑰𝒄𝒆 𝒂�...

By mseazzy

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Nesta Archeron, definitivamente, não estava preparada para se tornar uma féerica. Ainda que sendo empurrada c... More

𝔘𝔪
𝔇𝔬𝔦𝔰
𝔗𝔯𝔢𝔰
𝔔𝔲𝔞𝔱𝔯𝔬
ℭ𝔦𝔫𝔠𝔬
𝔖𝔢𝔦𝔰
𝔖𝔢𝔱𝔢
𝔒𝔦𝔱𝔬
𝔑𝔬𝔳𝔢
𝔇𝔢𝔷
𝔒𝔫𝔷𝔢
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𝔉𝔦𝔪

𝔙𝔦𝔫𝔱𝔢 𝔘𝔪

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By mseazzy

Azriel não sabia se estava sonhando, parecia real demais, até mesmo para o espião com séculos de experiência. Ele corria, embora não fossem seus pés que avistasse, podia sentir o fôlego se dispersando de seus pulmões, e até mesmo os galhos que se chocavam contra seu rosto, acertando-o em cheio e abrindo cortes superficiais..e pânico. Suor lhe escorria pela testa, e então levou sua mão a mesma, dando uma pausa conforme limpava a mesma. Pouco antes de explodir em luz, chamas e caos, puro caos. Foi então que Azriel notou, vestindo a primeira peça que encontrou a sua frente e correndo em disparada. Era ela, novamente. Nesta Archeron atacava novamente.

Já faziam alguns dias, desde que Morrigan havia deixado explícito sua desaprovação em uma ameaça silenciosa, e desde então, a féerica entrara em pânico absoluto. Toda madrugada, próximo ao amanhecer, a féerica saia silenciosamente do seu chalé com Cassian, próximo ao acampamento, e corria, corria até chegar ao pico de um dos penhascos próximo a um riacho. E toda noite, o encantador a encontrava ali, trêmula, ofegante e sem vida. Em seus melhores dias, Nesta era incapaz de falar, e nos piores, ele a encontrava sentada sobre o próprio vômito. Azriel não dizia nada, apenas a cobria com seus agasalhos, sentando-se ao seu lado até que amanhecesse, e quando assim o fazia, a levava de volta ao chalé. E somente quando ela adormecia, ele conseguia dormir também. Maldita ligação, pensava consigo mesmo as vezes, principalmente naquele momento, enquanto corria desesperadamente, quase saltando em pleno vôo, com seu coração prestes a explodir. Ele nunca havia julgado a primeira Archeron, muito pelo contrário. fora o único que não a ofendera ou forçara a tomar algum posicionamento, e bom, havia salvado. e agora suas vidas estavam..entrelaçadas. de alguma forma.

E ele não a julgara quando havia decidido manter tudo em segredo, mesmo de seu parceiro. Não quando viu o pânico em seus olhos, refletindo nos seus. Um pânico que ele reconhecia, o mesmo pânico que havia transmitido quando lhe queimaram profundamente.

E agora, o espião pairava a poucos metros da fêmea, completamente em chamas. Nesta era puro fogo, luz, poder..e algo antigo. Algo muito, muito antigo. Caos. A magia do caos, tão antiga, ou até mais que os poderes dos seus amigos. Os olhos da féerica eram puro ouro, e seu corpo, exposto, coberto somente pelas chamas que se alastravam, crepitando, percorrendo e tomando conta de tudo a sua volta. Azriel congelou em puro terror, como se gelo fosse injetado em suas veias, espalhando-se pelo seu corpo. E até mesmo suas asas tremiam

No entanto, sua anam cara apenas o encarou, pouco antes de piscar, como se em meio a explosão de poder, voltasse a ser a Nesta que fora, ou estava se tornando. E então, tudo ficou lento..lento demais. Nesta sorriu, pela primeira vez, exibindo os dentes cintilantes e as covinhas que se sobrepunham sobre suas bochechas, um sorriso tão gentil, quanto as lembranças dela..sua mãe. Azriel gritou, ou tentou, mas Nesta já despencava, com os braços abertos e as madeixas balançando sobre o vento, o observando conforme caia..

Pela primeira vez em toda sua existência, Azriel não pensou nas chamas, no poder do fogo, ou como esse elemento o controlava. O Illyriano abriu as asas e saltou em um vôo voraz, cortando o ar com suas asas conforme agarrava o corpo da féerica com todas as suas forças, sob as chamas, pouco antes de afundarem na água.

Foi silêncioso. como a calmaria após a tempestade, ou talvez mais. por um longo tempo, o féerico foi incapaz de distinguir qualquer som, e então abriu os olhos, agarrando o corpo da fêmea e a levando até a superfície.

Ainda era incapaz de ouvir quando chegou a margem, deitando o corpo dela ao seu lado. As chamas haviam indo embora, e os olhos ardentes juntaram-se a elas. No entanto, a féerica parecia pálida, estranha. Azriel não soube em que ponto sua audição havia retornado, ou quando havia recolhido suas asas, e apesar da atitude não muito cavalheira de sua parte, o illyriano socava delicadamente os ombros da féerica, pressionando suas mãos contra o torso dela, até que sua visão embaçasse, e ele disse a si mesmo que era apenas pela água, e não por qualquer outro motivo que fosse.

- Acorde, sua desgraçada.

O encantador continuou pressionando, socando levemente os ombros inertes, até que se abaixou e levou a mão ao queixo dela, e como se soubesse o que ia acontecer, Nesta Archeron, é claro, abriu os olhos, estapeando - talvez a única com coragem o suficiente para fazê-lo - as mãos destroçadas do macho a poucos centímetros, e maldita que fosse, Azriel a abraçou. Tão firme, que sentiu todas as partes quebradas dela junto de si, como se agora fossem suas também, pouco antes de murmurar, tão baixo, que somente ela seria capaz de ouvir.

- Nunca..

Ela maneou com a cabeça, a única resposta que conseguiria dar até então. Era um começo. E então ele desviou o olhar para o horizonte, onde as ondas batiam e retornavam, e a única luz era a fraca iluminação sobre a névoa da lua, que parecia virar as costas para ambos, pouco interessada no que se passava ali. E apesar das questões em sua mente, que invadiam como um turbilhão, o illyriano apenas retirou a camisa, torceu-a em suas mãos e pigarreou, sinalizando para que a féerica erguesse os seus braços. Ela então, pareceu finalmente se dar conta do corpo exposto, se vestindo tão rapidamente como nem ele mesmo acreditava que fosse capaz. Com isso, Azriel apenas a encarou, firme e profundamente, nos olhos azuis acizentados, vazios como o oceano em dias nublados. Ela estava quebrada, completamente quebrada, depois de Feyre, a guerra, seu pai, Hybern, e então o que o círculo fizera..

Azriel acreditava que, uma parte sua, que ele escondia profundamente, jamais seria capaz de perdoar seus amigos por isso.

E o golpe final, protagonizado por Elain.

Como se lesse - e talvez estivesse - invadindo sua mente, embora mais fosse uma companhia silenciosa que uma invasora, já que o encantador já havia se abituado, e pelo caldeirão, gostava da sua presença ali. o fazia se sentir menos.. só.

Azriel não se lembrava quando abraçara alguém - féerico ou humano - pela última vez, mas surpreendeu a si mesmo quando seus braços envolveram o corpo dela, como um escudo, pronto para protegê-la. E pra sua surpresa, as mãos gélidas deslizaram até suas costas, e apesar dos tremores, ela não soltou, nem por um segundo. Nem mesmo quando Azriel a ergueu em seus braços, e sem dar uma explicação, avançou pelos céus sem dizer uma palavra.

Tudo que Nesta conseguiu pronunciar, ao chegarem a casa do espião - Até então desconhecida pelo próprio grão senhor - fora o nome de seu parceiro, que lhe assolara junto ao sentimento de culpa, dor e angústia. como pudera ser tão estúpida?

A verdade é que amava Cassian, mesmo. Mas apesar disso, ele não conseguia ajudá-la, e ela se odiava por isso. Não depois de Elain, não depois de morrer e voltar, mesmo que por ele. e Quando Morrigan declarara a ameaça final, ela desabou. Ao seu próprio mérito, acreditava que havia suportado a situação por bastante tempo. E então, sua conexão com o illyriano só se fortalecia, cada vez mais e mais. E ela começara não somente a sentir por ele, mas sonhar com ele. Sonhar com todos os terrores que o assolaram, e que ainda o assolavam. e naquela noite, quando despertara, sacudindo o próprio corpo em busca de apagar as chamas inexistentes em suas mãos, os gritos do jovem Azriel ainda emanavam em sua cabeça. Ela não disse uma palavra a Cassian, apenas que daria uma volta. Uma maldita volta, era o que sempre dizia. E talvez fosse a exaustão, ou a culpa a destruindo de dentro pra fora, mas a féerica jurou ter avistado uma chama entre seus dedos. Nesta Archeron piscou, encolhendo o próprio corpo em puro terror, antes de sacudir a mão. E antes que se desse conta, as chamas se mutiplicaram, mais e mais, até que ela correu. correu até o penhasco, até que os galhos lascerassem seu belo e imortal rosto, até que o ar exaurisse de seus pulmões. e quando chegou a ponta, dentro de si, ela sabia o que fazer.

Não haveria mais dor
Não haveria mais sofrimento
Não haveria mais culpa
Não haveria mais luto
Não haveria mais mortes
Não haveria miséria.

E

então, lá estava ele. Não Cassian. Ela bloqueara, afundando tão profundamente que somente ele era capaz de ouvir. A única coisa que fizera fora sorrir, como uma piada doentia interna, quando enviou pela sua mente.

- Sem barganhas dessa vez, espião.

E então, Nesta saltou, de braços abertos ao encontro da morte, finalizando o caos que trazia a todos ao seu redor.

Agora, ela encontrava-se sentada, trajando um moletom branco como a neve, aquecida dos pés a cabeça conforme o espião lhe empurrava, sem qualquer delicadeza, uma xícara de chá, a encarando com o mais puro ódio nos olhos negros.

Ao seu crédito, ele não questionou, apenas a encarou, como se esperasse. Não uma explicação, porque ele sabia, é claro. Mas um pedido. Um pedido de desculpas. Quase como se se importasse. e talvez, só talvez, ele se importasse. E mesmo que nesta se recusasse a acreditar, ela murmurou, o mais baixo possível, quase temendo as consequências do que viria se o dissesse, mas ainda assim, sussurrou. - Me desculpe.

Deve ter sido um alívio, ou ao menos, foi o que pareceu. O encantador suspirou profundamente, levando a mão destroçada ao próprio rosto e finalmente se sentando, apoiando-se na mesinha de centro, a poucos centímetros da féerica e abaixando o olhar. Parecia cansado, muito mais que o habitual. E Nesta se questionou se era a única a sentir suas dores passadas. E se ele soubesse..

- Eu não me importo.

Azriel murmurou, balançando levemente a cabeça antes de erguer o olhar, com os dedos das mãos entrelaçados conforme a observava. Nesta sabia que não se tratava sobre ela, ou sobre o que eles tinham, o que quer que aquilo fosse ou estivesse se tornando.

- O quanto você sabe?

- O suficiente.

Nesta cerrou os dentes, e com a mão livre, formando um punho, embora ambos soubesse que não se tratava de uma ameaça. Ainda assim, ele pigarreou, e se fosse qualquer um, seria incapaz de encará-la naquele momento. No entanto, era Azriel, e ele a observou, com o olhar mais profundo do que ela achou que fosse capaz, como se fossem fundir-se em um só.

- Eu sei de tudo.

E pela primeira vez, a féerica se deu por vencida, abaixando o olhar conforme girava o saquinho de chá dentro do recipiente ao fechar os olhos. Seus ombros relaxaram, e pra sua surpresa, o illyriano se aproximou, encostando a testa sobre a sua, e sussurrando tão próximo que a fêmea precisou de todo o seu esforço para não encolher-se ou arrepiar-se com a aproximação quando ele disse.

- Irá ficar comigo, até que se sinta bem para sair.

antes que ela o interrompesse, ele continuou, levando os dedos aos seus lábios

- Irá ficar aqui, sendo uma maldita rabugenta ou não. Eu não me importo se pendurar suas roupas por aí, eu não me importo de dividir a cama com você, se isso afastar os seus pesadelos, e principalmente, os meus também, porque os deuses sabem como preciso de descanso. Eu sei que o ama, Nesta. E ele sabe também, mas voltar agora, não ajudará em nada. - Ela se encolheu, e ele fechou os olhos, segurando a xícara de sua mão. - Cassian pode ser bom em muitas coisas, mas ele tem os seus limites, e você já atingiu o seu. ficará aqui até que se sinta bem para ir.

Ela pensou, mais do que disse, e ele ouviu, tão claramente como se sussurrasse em seu ouvido " - Muito esperto, espião. Acha mesmo que ele não irá procurar por mim? "

E como se o destino estivesse pregando-lhes uma peça, três batidas soaram na porta. firmes e urgentes. Ambos sabiam quem era.

Nesta ergueu o olhar, em pânico, e o espião fez um sinal silencioso. A féerica, não estúpida, obedeceu, arregalando os olhos, embora não questionasse quando ele atirou um cobertor sobre ela, afundando-a no sofá e indo em direção a porta. Ridículo. Aquilo ultrapassava o ridículo, mesmo para as circunstâncias. Nesta tremeu quando o som da porta rangendo-se chegou até seus ouvidos, e não permitiu se mover um centímetro, embora fizesse todo o esforço para captar qualquer trecho da conversa.

- Ela está aqui?

A voz de Cassian soou rouca, atordoada.

- Sim.

Foi tudo que Azriel respondeu, bloqueando a passagem.

- Dê um tempo a ela.

- Quanto tempo mais?

A voz de seu parceiro trovejou, aumentando três tons em ameaça, mas o espião sequer pareceu perceber quando retrucou, tão friamente que qualquer féerico com o mínimo de consciência recuaria.

- Você a ama?

Silêncio. E as lágrimas rolaram pelo rosto de Nesta, silenciosamente.

- Se você a ama, dê-lhe o tempo que precisar. Ela está segura, e eu cuidarei dela se for preciso. Posso muito bem ser babá de sua parceira irritadiça.

Cassian grunhiu, e então houve outro barulho, que Nesta não conseguiu distinguir. alguns sussurros, e então a porta se fechou, e o espião retirou o cobertor de seu dorso, retomando ao lugar de onde estava sentado, a poucos segundos atrás.

Nesta Archeron, talvez a única féerica, fêmea ou macho, insana ou corajosa o suficiente, acertou em cheio um soco no pescoço do espião, que arquejou, puxando-a para o chão e rosnando. A féerica não cedeu, exibindo os caninos em ameaça quando retrucou.

- Parceira irritadiça?

Azriel sorriu maliciosamente, tomando-lhe pelos punhos antes de puxá-la para perto.

- E não está?

- Durma na mesma cama e aposte se acordará com sua preciosa envergadura.

- Precisará de uma faca bem longa, suponho.

A féerica arquejou, corando logo em seguida conforme ele a soltava, gargalhando as suas costas, pouco antes de ser atingido por uma almofada.



Se Azriel era trevas, ou as transparecia, sua casa parecia o oposto. As paredes eram revestidas em madeira, com um sofá aconchegante de couro e um tapete felpudo em frente a lareira. Acima dela, havia apenas uma moldura vazia, como se aguardasse uma pintura, ou o que quer que fosse, preenchesse ali. Ainda assim, as cores eram vívidas, tornando o ambiente confortável..e fazendo-a bocejar. Com isso, o macho féerico, que encontrava-se sentado confortavelmente na poltrona ao seu lado abriu um sorriso malicioso, e ela procurou o primeiro item que pudesse arremessar.

- Se me acertar, dormirá no chão.

e sem o tapete.

Declarou, antes que ela pudesse retrucá-lo. Com isso, ela bufou, erguendo os braços em um pedido patético de ajuda. A expressão dele se suavizou, e foi até ela, colocando-a em seu colo e carregando-a até o quarto.

- Eu posso andar.

retrucou mentalmente.

- É mesmo? talvez eu devesse soltá-la, então..

Azriel fez menção, e rosnando, agarrou a sua camisa com força o suficiente para que os dedos ficassem pálidos, fazendo-o sorrir novamente.

- E eu que achava que fosse o único são.

Com isso, ele piscou. obrigando-a, ou talvez sua curiosidade o fez, a observá-lo.

Passaram alguns segundos em um silêncio pertubador, até que ele a colocasse na cama com uma suavidade surpreendente. Se a sala era aconchegante, o quarto parecia o paraiso. A única janela era coberta por uma grossa cortina de veludo, e a cama era o suficiente para três pessoas, ou talvez mais, e a única iluminação vinha dos castiçais sob a cômoda, que logo foram apagados pelo encantador, que gentilmente, enviou pelo laço.

- Devo fechar a porta?

Silêncio.

- Iremos dividir a cama?

- Se você não se incomodar, sim. Caso a incomode, posso dormir na sala.

- Seria um prazer, mas preciso de descanso.

Silêncio.

- Tranque a porta.

Ele obedeceu, e em passos silenciosos, chegou até a cama, afundado no colchão macio a uma boa distância da fêmea, distribuindo os cobertores, pouco antes dela se virar, franzindo as sobrancelhas.

- O que Cassian vai achar disso?

Ele suspirou, impaciente, afundando ainda mais na cama. estranhamente, cobria-se da mesma forma que ela.

- Algum de nós está sem roupa?

Ela apenas revirou os olhos, tentando acertar um segundo soco as cegas, que foi acompanhado pelo engasgo, ou uma risadinha do espião.

- Ele não irá aprovar isso.

- Archeron, o que Cassian aprova é problema dele. você é livre. Não se prenda a essa relação como se dependesse do consentimento dele para viver, porque não precisa.

- Eu sei.

- Todos sabemos, deixou isso bem claro antes.

Ela engasgou com uma risada.

- Não se preocupe quanto a isso.

- Falaremos sobre o fogo mágico?

- Essa noite?

- Suponho que sim.

- Nem que me oferecesse toda uma adega.

Silêncio.

- Você me segurou.

Dessa vez, foi a vez do macho se virar, ficando de frente para ela, e mesmo no escuro, sabia que franzia o cenho em questionamento.

- Mesmo com o fogo.

Azriel engoliu em seco, e permaneceu em silêncio.

- Deveria descansar.

Silêncio.

- Importa-se se eu abrir minhas asas?

- Fique a vontade, abelhinha.

O macho rosnou com a comparação, tão fundo que Nesta teve de conter uma risada, mas esforçou-se para enxergar as asas do illyriano, que se estendiam. longas o suficiente para passar da cama, repousando suas pontas no chão. O illyriano estava quase dormindo quando ela se debruçou, e mesmo sem sua permissão, porque os Deuses sabiam que Nesta Archeron nunca pedia permissão, recolheu a ponta das asas do illyriano, repousando uma sob o colchão, enquanto cobria as próprias costas com a ponta da outra.

Ela sabia que ele não estava dormindo, mas ainda assim, ele não dissera uma palavra, ou sequer recolhera as asas. Nesta adormeceu logo depois, com os polegares sob o couro negro.

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