Acordo em um sobressalto parecendo que estou caindo de algum lugar.
Sinto alguém me abraçar apertado e suspiro ao ouvir a voz de Edward.
- Tudo bem, meu amor... Está tudo bem... Pode ficar tranquila.
Meu corpo relaxa imediatamente com seu comando.
- Edward? Que horas são? Eu dormi de novo?
- Sim... Dormiu só mais uma horinha.
Sinto suas mãos em meu cabelo e não consigo conter o suspiro de relaxamento.
Isso é tão bom... Acho que estou viciada.
- Mandei prepararem meu jatinho particular... Estão apenas nos esperando.
- Oh sim... - Me lembro de que vamos para a Itália ver meu pai. - A Itália não é perto da França? Pra que ir de jato?
Ele sorri docemente pra mim.
- Se formos de carro vai levar mais de 11 horas pra chegar lá, meu amor.
- Oh.. Sim... Entendi. Onde meu pai está exatamente?
- Ele tem várias casas por lá, vamos para Monopoli, segundo meus informantes é lá que ele está.
Eu não sou boa de geografia, não faço ideia de onde seja, então eu simplesmente balanço a cabeça.
Ele me beija ternamente nos lábios.
Quando eu vou por minhas mãos em seu rosto percebo um anel no meu dedo.
- Que isso, Edward?
- Seu anel de noivado. - Ele diz timidamente.
- Por que? Hey... Isso é jeito de colocar o anel na sua noiva? - Pergunto divertida.
Seu sorriso se alarga.
- Estava com vergonha de como te dar. - Um rubor cobre seu rosto e eu mordo o lábio para conter a risada.
É tão fofo... Tão lindo...
O beijo lentamente.
- Obrigada, Edward. É lindo..
- Combina com seus olhos... É um anel de ouro branco, diamantes e esmeralda. Achei perfeito pra você.
- Quando você o comprou? - Pergunto já que ele não desgrudou de mim desde que chegamos aqui.
Ele fica ainda mais tímido e eu não sei lidar com esse Edward tão doce.
- Um mês depois de nos conhecermos.
Eu deveria ficar com raiva, mas não consigo. Então eu bufo.
- Você e o Nicolas são farinha do mesmo saco.
- Ei! Ele é muito menos educado e cordial que eu! Maldade sua nos comparar.
- Devo concordar com o quão educado e cordial você foi quando me arrastou pra cá?
- Eu nunca te bati... - Ele diz dando de ombro. - Nunca nem te machuquei.
- Só me torturou psicologicamente né? E ainda gosta de me por medo.
Ele fica mudo por alguns segundos.
- Anne... Eu... Você deveria ter medo de mim, sou muito instável. Você sabe... O lance das Personalidades Múltiplas. Eu não sei até que ponto as controlo e até que ponto elas me controlam... Então você deveria sim ter medo de mim. - Ele suspira e acaricia meu rosto. - Mas se você sempre for uma boa garota como agora e nunca me deixar... Eu sempre vou manter o controle.
- Precisamos tratar isso, Edward! Isso tem cura, tem tratamento... Me deixe te ajudar para podermos ser felizes de verdade.
- Se eu me curar, você vai ficar comigo pra sempre? De boa vontade?
- Eu já estou com você porque eu quero. Se você se cuidar, vamos ser ainda mais felizes do que somos agora e eu estarei fora de perigo.
- É uma boa proposta, Anne...
Eu sorrio pra ele e me levanto para me arrumar.
Acabamos de posar em uma propriedade particular que eu não sei dizer se é do meu pai ou do Edward, mas que diferença faz?
Edward está ainda mais lindo hoje, há um sorriso bobo e fácil no seu rosto. Ele tem uma cor rosada dando mais vida e brilho ao seu rosto.
Eu não consigo deixar de me contagiar com sua alegria e também estou bem ansiosa para conhecer meu pai.
Fomos de carro o resto do caminho até chegar no local em si.
É bem diferente do que eu pensava... Parece até de outra época!
Andamos até uma casa no topo do morro com uma vista de tirar o fôlego.
Homens armados por toda a parte me deixam tensa, mas os braços de Edward ao meu redor me deixam mais tranquila.
- Viemos ver o poderoso chefão. - Diz Edward brincalhão para um dos caras armados.
- E quem é você?
Edward sorri antes de responder.
- Edward... Beaumont.
O cara solta um palavrão e avisa os outros que ficam pasmos.
- Ah... Avise também que estou com sua filha.
- Isabel? Impossível, ela está morta!
- Não... Annelise Bellini.
O cara volta a cochicha algo com outro que sai correndo para algum lugar.
O outro nós libera para o interinos da casa e eu fico deslumbrada com tamanha beleza rústica.
Edward me guia até um local com bancos para sentarmos e temos a visão privilegiada do local.
- Muito bonito...
- Você nunca saiu do Brasil, né?
- Não...
- Tem muitos lugares que quero te mostrar...
Eu sorrio com a intensidade dos seus olhos sobre mim.
Até que um grito corta nosso clima e eu e Edward nos viramos em direção ao homem que vem até nós.
- Oh mio! MIO DIO! Annelise? Minha filha é você mesmo?? - Diz e vem quase correndo em minha direção.
O homem era bonito, seus olhos eram verdes como o meu e seu cabelo em um tom de cobre quase ruivo. A semelhança era indiscutível.
Eu me levanto e estendo a mão pra ele meio nervosa e sem saber como me apresentar ou falar com ele mas ele ignora e me toma em um abraço.
- Mia figlia... mia figlia è qui con me! Grazie a Dio! - O homem segura meu rosto e me analisa por alguns segundos. - Parece mais comigo que com a sua mãe. - Ele sorri.
Eu não sei como me sentir... Não sabia que meu pai gostava de mim, não sabia que ele sentia minha falta... Eu estou... Tão... Emocionada?
O que eu deveria dizer?
- Já pode soltar minha mulher. - Edward me arranca dos braços do meu pai com um rápido puxão possessivo.
Sério? Ele está com ciúmes do meu pai?
- Sua mulher? - Então seus olhos reparam no anel em minha mão com horror.
Eu não sei o que dizer... Estou perdidas em emoções.
Eu conheci meu pai!
- Vejo que temos muito o que conversar... - Diz inseguro e com a voz trêmula.
- Muito mesmo, Sr. Bellini. - Diz Edward ameaçador.
Eu o cutuco para que pegue leve.
- Per favore, me acompanhem. Vamos para um local mais reservado para termos essa conversa.
Começamos a segui-lo até o que apareceu ser seu escritório.
- Melhor nos sentarmos... Será um longo assunto. - Diz Edward e todos nós nos sentamos.