Doce Garota - Supremacia Styl...

By astacyecaramelws

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O Início da Supremacia Styles - Quadrilogia [Degustação - Completo na Amazon] Um namoro falso, um casamento a... More

Aviso & Gatilhos
DG1
DG1 - Capítulo Um e Dois
DG1 - Capítulo Três e Quatro
DG1 - Capítulo Cinco e Seis
DG1 - Capítulo Nove
DG1 - Capítulo Dez
DG2
DG2 - Capítulo Um
DG2 - Capítulo Dois
DG2 - Capítulo Três
DG2 - Capítulo Quatro
DG2 - Capítulo Cinco
DG3
DG3 - Capítulo Um e Dois
DG3 - Capítulo Três e Quatro
DG3 - Capítulo Cinco
DG3 - Capítulo Seis e Sete
DG3 - Capítulo Oito e Nove
DG3 - Capítulo Dez
DG4
DG4 - Capítulo Um e Dois
DG4 - Capítulo Três e Quatro
DG4 - Capítulo Cinco e Seis
DG4 - Capítulo Sete e Oito
DG4 - Capítulo Nove e Dez
Agradecimentos

DG1 - Capítulo Sete e Oito

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By astacyecaramelws

(08/10)

"Às vezes você vê que a melhor coisa que já aconteceu com você está ali, bem debaixo do seu nariz".

Simplesmente Acontece – Rosie Dunne.

Meus pais saíram cedo para ir a um parque com os meus tios e eu prometi a Katherine que iriamos fazer alguma coisa juntas, isso depois das aulas com Cameron que ela nem sequer sabia.

A campainha tocou. Fiz um coque no cabelo, coloquei meus óculos e caminhei até a porta, a abri e Cameron me olhou. Estava com uma bermuda preta, uma blusa salmão e chinelos.

— Bom dia — disse guardando o celular no bolso da bermuda.

— Bom dia — lhe dei passagem.

Nos sentamos na mesa de jantar onde deixei todo o material que precisaríamos.

— Vamos começar pelos trabalhos maiores que são os de química, física, matemática e inglês — abri meu notebook e o liguei. — Tem alguma preferência de qual dessas quatro matérias quer começar? — O olhei, ele estava sentado todo relaxado na cadeira e mexendo em seu celular — Cameron! — Exclamei.

— Só um minuto — disse rindo para o celular, revirei os olhos negando com a cabeça e me levantei caminhando até a cozinha, peguei uma lata de coca e respirei fundo.

Voltei para a sala de jantar, me sentei sentindo meu cabelo se soltar e comecei a organizar as coisas para o estudo.

— Se você não se ajudar, ninguém vai poder, Cameron — ele me olhou quando o olhei. — São suas notas, não as minhas. A galera que você está conversando não vai te ajudar a fazer o que você precisa no momento.

Ele me olhou por instantes com seus olhos azuis, bloqueou o celular e tirou da bolsa o livro.

— Química Ambiental, a professora quer um trabalho sobre isso — disse colocando o livro em cima da mesa.

— Certo, então vamos começar.

— Podemos colocar música?

Virei o notebook e o deixando colocar a música.

Ficamos horas em pesquisas e explicações.

Reli a proposta que a professora de química passou para ele e o questionei:

— Trouxe as coisas para fazer a maquete?

— Pode ser depois do almoço? — Olhei no relógio de parede vendo que tinha se passado do meio-dia.

— Pode sim — disse rindo. — Nem vi a hora passar.

— Vai fazer o que para a gente almoçar? — Questionou com um sorrisinho maroto nos lábios.

— Para você nada, se quiser, você que faça.

— Olha que eu faço — desafiou e eu o olhei com a sobrancelha arqueada. — Vou fazer uma lasanha — disse se levantando, ri o vendo caminhar até a cozinha, mas seus passos voltaram — e você vai me ajudar.

— Quem quer comer lasanha é você.

— Até parece que você não vai comer também, vem Malik — disse me puxando pelo braço.

Me levantei rindo, ele me trouxe até a cozinha com as mãos em minha cintura e me soltou assim que entramos.

— Ok, garoto, vou pegar as coisas — me rendi amarrando o cabelo e pegando as coisas no armário.

Quando me virei para ele, o vi com o avental rosa de minha mãe que ficou pequeno nele e não contive a risada.

— Coube certinho — brinquei e ele fez uma pose colocando a mão na cintura.

— Preciso amarrar meus cabelos também — brincou jogando o cabelo imaginário para trás me fazendo gargalhar.

Ele tirou os anéis que sempre usava, exceto quando ia jogar ou treinar, e começou a preparar as coisas.

Peguei meu notebook, coloquei nas músicas que, daquela vez, eu quem tinha escolhido e comecei a fazer o molho ao som de You & I do One Direction.

—... Cause You and I... — Imitei o solo de Zayn Malik.

Abri os olhos quando ouvi o barulho de talher caindo. Cameron me olhava com os olhos arregalados e sem reação.

— Becca... — Disse impressionado.

— Eu... — Dei de ombros sentindo minhas bochechas queimando pela empolgação que não tinha conseguido conter.

— Você canta muito bem! — Me interrompeu sorrindo — Não sabia que você cantava.

— Às vezes eu tento — disse mexendo o molho na panela.

— Tenta — ouvi sua risada. — Tenta muito bem por sinal.

— Obrigada — agradeci sem o olhar.

Terminamos de preparar as coisas, arrumamos a mesa e nos sentamos para comer.

— Posso te fazer uma pergunta? — Ele me olhou concordando — Por que mentiu pra Katherine? — Sua expressão mudou para confusão.

— Menti para Katherine? Sobre o quê? — Questionou cortando um pedaço da lasanha e o levando até a boca.

— Você falou que gosta dela — enchi meu copo com coca —, mas fica com Raquel e Melissa — ele riu tossindo.

— Eu nunca falei que gostava dela, ela falou isso para Natalie também, mas não é verdade — ele relaxou o corpo na cadeira pegando o copo dele. — Pelo contrário, deixei bem claro que se ela quiser diversão ok, mas que não tenho nenhum sentimento ou interesse por ela, a não ser meus próprios interesses.

— E elas aceitam isso?

Ele riu dando de ombros e tomando um gole da sua coca.

Levantei às sobrancelhas e um pouco o nariz em expressão de "Ah... Entendi...", arrumei os óculos no rosto e voltei a comer.

— Você devia parar de ouvir o que os outros falam de mim.

— Concordo — o olhei —, mas, considerando que você não me dá abertura para nada, eu vou ficar sem te conhecer se não ouvir os outros.

— Prefere me conhecer errado então? — O fitei por instantes.

— Cameron Styles é um tiro no escuro — limpei meus lábios com o guardanapo. — Não dá para saber o que se esperar, não sabemos se ele é bonzinho com jeito de malandro badboy ou se ele é mau escondido em um ótimo jogador de futebol que fica com geral, quando na verdade quer acabar com todo mundo — ele riu de forma que seus olhos se fecharam um pouco.

— O que a senhorita Rebecca Malik acha de mim?

Joguei meu cabelo para trás.

— Desde quando minha opinião importa para você? — Questionei e ele ficou em silêncio por segundos, abaixou o olhar e me olhou novamente. — Bom... Eu acho que você pode ser uma boa pessoa, mas prefere mostrar que é valentão, briguento, desapegado e egocêntrico para que as pessoas não esperem nada de você, que não criem expectativas — ele ficou sério —, mas como toda pessoa, você tem seus problemas, seus traumas, suas dores e esconde tudo isso em um personagem que é popular, capitão do time e pegador.

— Ou talvez eu queira que você pense isso de mim — abaixei o olhar negando com a cabeça.

— Eu duvido que você, Cameron Styles, daria abertura para que eu notasse que você tem suas fragilidades — o olhei. — Principalmente pelo nosso ódio recíproco a longo prazo — afirmei me levantando e pegando as coisas da mesa —, precisamos voltar a estudar.

Coloquei as coisas na pia. Cameron começou a lavar e eu a secar e guardar a louça. Guardei o último prato e ele se encostou na bancada secando as mãos.

— Eu não te odeio — cruzei os braços me encostando na pia e ficando de frente para ele. — Só te acho mandona, as vezes chata, quer sempre ter razão e chega a ser insuportável — ri revirando os olhos.

— Tem muitos adjetivos que eu poderia associar a você — afirmei e seu típico sorrisinho maroto de lado apareceu em seu rosto. — Mas, no momento, coloquei isso de lado. Vem, vamos fazer a maquete logo.

Depois de horas trabalhando na maquete, finalmente ela estava pronta.

— Ficou perfeita — afirmei olhando a maquete que fizemos.

— Ficou mesmo — disse analisando cada detalhe da maquete por conta de seu perfeccionismo. — Perfeita — afirmou me olhando.

Ficamos instantes nos encarando, me deixando na dúvida se ele estava mesmo falando sobre a maquete, e quebramos o olhar.

— Então, você sabe como vai explicar as coisas de química ambiental?

— Sim, sim — ele se aproximou de mim, colocou a mão em minha cintura e se impulsionou para o lado para pegar as anotações que fez.

Respirei fundo tentando disfarçar que o toque dele me trouxe borboletas no estômago.

Cameron não notou, começou a explicar as coisas que tínhamos estudado e quase não precisou ler. Enquanto ele falava, um sorrisinho se formou em meu rosto, mas logo o desfiz.

— Está explicando mais que a professora — admiti quando ele terminou a prévia da apresentação que ele vai fazer para a professora na segunda.

— Uma pessoa me explicou muito bem — disse cordialmente.

— Bom, acho que por hoje é só — ele concordou coçando a nuca.

— Vai ter uma festa na casa de Elliot, quer vir?

— Você não precisa me convidar só porque eu te ajudo com as notas — disse rindo, sua expressão parecia desapontada, mas ele fez o máximo para disfarçar, tentei melhorar as coisas dizendo: — Eu não gosto muito de festas e tenho algumas coisas para fazer.

Ele balançou a cabeça concordando.

— Então eu não vou mais te atrasar — disse arrumando suas coisas.

Desliguei meu notebook e ele organizou suas coisas. Me levantei indo até a porta e a abri. Ele passou por mim e parou em minha frente.

— Você até que dá para conviver — provocou rindo.

Neguei com a cabeça abaixando o olhar enquanto dava risada, uma mecha de cabelo caiu em meu rosto e, antes que eu pudesse, Cameron calmamente colocou a mecha para trás da minha orelha, me fazendo o olhar.

— Obrigado pela ajuda, mas você ainda não se livrou de mim, nerd — disse ainda com a mão em meu cabelo.

— É uma pena pra mim, que Deus me ajude — brinquei e ele afastou a mão rindo — Até, Styles.

— Até, Malik — disse se virando e começando a caminhar.

Soltei a respiração que não tinha percebido que estava prendendo, quando foi que comecei a ficar tão apreensiva perto de Cameron?

Los Angeles, Estados Unidos,

Segunda-feira, 07:12.

Katherine passou reto por mim no corredor quando cheguei na escola. A olhei caminhando até chegar em seu armário, ela me olhou, negou com a cabeça e fechou o armário saindo andando logo em seguida.

— Malik — sua voz e sua mão deslizando em minha cintura me mostraram que era impossível não o reconhecer.

Me questionei em que momento eu tinha começado com essa familiaridade com ele.

— Pois não? — Virei o rosto o olhando.

Cameron estava radiante, seus olhos mais azuis que o normal ou eu quem nunca o tinha visto tão de perto e eu acabei rindo por toda aquela animação.

— Vou ir apresentar o trabalho de química agora — disse ainda com a mão em minha cintura.

— Boa sorte, sei que você vai ir bem.

Ele sorriu concordando e caminhou pelo corredor, mas voltou o caminho parando novamente em minha frente.

— Natalie sabe que você está me ajudando? — Questionou em voz baixa e neguei com a cabeça — Acho melhor continuarmos assim.

— Eu também — admito.

— Até nerd — se despediu se afastando.

Caminhei até a sala de literatura e observei Katherine que estava sentada com Melissa. O que era estranho, pois, tínhamos combinado de que seriamos dupla durante esse ano letivo. Coloquei minha bolsa na primeira carteira da mesa do canto da sala e me aproximei dela, que estava conversando animadamente com as líderes de torcida.

— Katherine — ela, Melissa e as líderes me olharam —, podemos conversar? — Ela revirou os olhos. — A sós.

— Pode falar aqui mesmo, vou contar a elas de qualquer forma — as líderes e Katherine riram.

— Ok — dei de ombros. — Pode me explicar o motivo de estar andando com Melissa sendo que deixou bem claro que não gosta del... — Katherine se levantou me puxando para fora da sala.

Olhei Melissa e as amigas que não tinham mais um sorriso no rosto.

— Entrem na sala, meninas — a professora pediu.

— Só um minutinho, por favor, será rápido — Katherine implorou.

A professora deu de ombros e entrou na sala fechando a porta.

— O que aconteceu?

— Me deixou plantada em casa esperando que você fosse para lá conforme combinamos, mas não, acho que não sou tão importante assim — disparou.

Eu realmente não tinha visto o tempo passar com Cameron.

— Eu me esqueci totalmente do combinado, me desculpe. Você podia ter me liga...

— Corta essa, Rebecca — disse ríspida. — Eu já me humilhei o suficiente por ficar te esperando, acha que me humilharia mais? Você me esqueceu! — Katherine deu passos para a frente como se tentasse me intimidar e eu cruzei os braços.

— Quem está falando é você ou a Melissa? — Ela respirou fundo negando com a cabeça.

— Não importa. Enquanto você estava fazendo sabe se lá o que com sabe se lá quem, Melissa me chamou para uma festa e, enfim, entrarei para as líderes. Espero que encontre boas amigas, já que nem Natalie quer falar com você — acabei rindo sarcasticamente de sua fala.

— Espero que você e Melissa sejam boas amigas mesmo ambas querendo Cameron — afirmei passando por ela — aliás — a olhei —, evite mentir sobre os sentimentos de Cameron — ela deu um passo rápido para frente e me segurou pelo braço.

— O que você estava fazendo para ter me deixado esperando?

— Estava estudando — respondi pouco antes de entrar novamente na sala de aula.

Ao lado da cadeira em que deixei minhas coisas estava Elliot e eu já sabia que viria alguma coisa. Me sentei em meu lugar após pedir licença para a professora.

— Cameron, por algum motivo, falou para eu me sentar com você hoje — franzi o cenho o olhando.

— E por que ele te pediria isso? — Questionei no mesmo tom baixo que Elliot falou comigo.

— Cameron ia ficar fora do time porque você não ia dar mais aulas para ele, os meninos fizeram uma aposta de quem vai conseguir sua ajuda primeiro só para provar que são melhores que os outros em alguma coisa.

— Que idiotice — comentei e ele riu — Eu só ajudaria Cameron porque a própria diretora pediu, caso contrário eu não o aju...

— Você não precisa fingir para mim — Elliotdisse rindo em voz baixa e passamos a prestar atenção na aula.

Sai da sala por último e Elliot estava me esperando.

— Seguinte — comecei caminhando até meu armário e ele me seguiu —, não quero um segurança e não vai ser Cameron Styles que vai me fazer ter um, ok?

— Sabe o que é mais engraçado?

— O quê?

— O próprio Cameron quem fez a aposta de que ninguém conseguiria sua ajuda e mesmo assim quer que eu te "vigie" — disse fazendo aspas com os dedos.

— Cameron o quê? — Indaguei sentindo meu sangue ferver.

— Ele quem...

Sai andando pelo corredor e entrei no refeitório, que estava cheio, Katherine e Natalie estavam sentadas na mesa das líderes e Cameron estava conversando com o time euforicamente.

— Você perdeu a noção, Styles? — Parei em sua frente e todos do time me olharam. — Me apostar? — Ele sorriu. — Você enlouqueceu? Qual é o seu problema?

— É só não aceitar ajudar ninguém — respondeu calmamente, o olhei incrédula e ele se levantou. — Achou mesmo que ficaria tudo tranquilo por não aceitar me ajudar? Aqui não é assim, Malik — disse com um sorriso maroto.

— Você não suporta o fato de que nem toda garota está aos seus pés, não é mesmo? — debochei o vendo ficar sério — As coisas não vão ficar assim, Styles — afirmei com um sorriso vitorioso e sai do refeitório.

Los Angeles, Estados Unidos,

Segunda-feira, 14:23.

— Pergunta agora, time: qual é o valor de x considerando que ele vale um touchdown (6) vezes dois field goal (3) dividido por dois safety (2)? — Questionei anotando tudo na lousa que o time usava para anotar as estatísticas.

Todos ficaram em silêncio por instantes.

— Nove? O x vale nove? — Peter questionou.

TOUCHDOWN! — Comemorei animadamente dando um toque de mão com Peter ouvindo os meninos gritando animadamente.

— Que merda está acontecendo aqui? — O treinador Sanchez entrou na sala de estáticas do time onde estávamos.

Cameron veio logo em seguida com expressão franzida.

— Aulas extras — Eric disse e o treinador o olhou surpreso.

— Becca deu aula para todo mundo aqui sobre a aula de matemática de hoje — Josh explicou e Cameron me olhou incrédulo.

Arrumei minhas coisas enquanto o treinador analisava as anotações no quadro.

— Até amanhã, time — me despedi rindo e passando por eles que se despediram de mim com beijos e abraços e parei na frente de Cameron. — Melhore suas jogadas, essa foi fraca.

Os meninos começaram a gritar "uhhh" e eu saí com um sorriso vitorioso.

— Becca — Natalie me chamou quando eu estava no estacionamento.

Ela parou em minha frente, ofegante, com seu uniforme de líder.

— Pois não?

— Por que não estamos conversando? O que aconteceu? — A olhei sem entender.

— Eu quem pergunto isso. Primeiro você mente, surta e para de falar comigo.

Ela bufou relaxando o corpo, fechou os olhos e os abriu.

— Olha, tem coisas que se eu te contar você vai me odiar e...

— Não te odeio por estar dormindo com Andrew, te acho inconsequente, mas não tenho nada a ver com a sua vida. Agora mentir por medo de ouvir a verdade, a Natalie que eu conheço não é assim.

— Eu sei. Eu sei, mas não quero sermões, sei que é errado.

— A única coisa que tenho para te dizer é: se trai ela para ficar com você, vai te largar a qualquer momento para ficar com outra. Ele só está te usando, sobre isso, não tenho mais nada para falar, morre aqui — afirmei pegando meu capacete e montando na moto.

O grupo de líderes estava chegando no estacionamento a gritos animados, Katherine me olhou e desviou o olhar.

— Vocês não estão mais se falando, não é?

— Errei com ela e queria me desculpar, mas ela veio totalmente na defensiva, então deixe que ela alimente a raiva dela. Katherine encontrou companhia melhor — Natalie riu negando com a cabeça.

— Com certeza não, Melissa está desconfiando que ela está ficando com o meu irmão e acha que sendo amiga dela vai deixar Kath com peso na consciência.

— Você é uma grande fofoqueira — disse rindo.

— Só com a minha melhor amiga — disse me abraçando. — Melhores amigas outra vez? — Questionou ainda abraçada comigo.

— Nunca deixei de ser — beijei o rosto dela. — Mas se Alice vier atrás de você, corra — ela riu dando um tapa na minha testa.

— Vai fazer algo hoje à noite?

— Sim, já tinha compromisso marcado — afirmei. — Tchauzinho, até amanhã — acelerei antes que viessem mais perguntas.

Depois de trocar minhas roupas e descansar por minutos, fui diretamente para a lanchonete e toda vez que Andrew se aproximava eu saia, me afastava e ficava longe.

— Já chega, não acha, Rebecca? — Andrew parou em minha frente quando estava tentando fugir dele.

— O que foi, Andrew? — Questionei dando passos para trás.

— Eu fui um idiota sim, mas não vai se repetir, eu prometo.

— Ok — concordei passando por ele e caminhando até a parte de trás da bancada do caixa.

— Estou falando sério, não estou brincando com Natalie, só não consegui terminar com Alice ainda — o olhei.

— Você não deve nada a mim, eu não quero saber seus planos futuros, nem o que você vai fazer ou deixar de fazer.

— Mas vocês são amigas... — disse em voz baixa.

— E ela sabe muito bem que eu não concordo — expliquei.

— Não concorda em vê-la feliz? Sério?

Apenas o olhei e desviei o olhar, ele negou com a cabeça e caminhou pelo corredor até às escadas para o andar de cima.

Era quase oito e meia da noite quando Cameron pulou minha janela com uma facilidade enorme.

— Eu diria que estou surpresa por você pular a janela tão bem e silenciosamente, mas não estou — disse rindo e agradecendo a Deus por não dar para ouvir nada daqui de cima nos cômodos de baixo.

— O que quer dizer com isso, nerd? — Cameron questionou se jogando na minha cama.

— Que você deve pular muitas janelas — disse rindo.

— Para estudar nunca.

— Para tudo tem uma primeira vez — adverti me sentando na cadeira da mesa de estudos. — Como foi a apresentação de química?

— A professora perguntou se alguém estava me ajudando porque a apresentação estava perfeita e sem falhas — disse se sentando na cadeira ao meu lado e eu o olhei.

— E o que você disse?

— Que fiz tudo com a ajuda de Deus — ele deu um sorrisinho.

— Colocando Deus nas suas mentiras, Cameron?

— Se não foi Ele quem amoleceu seu coração duro para me ajudar, foi quem? — Fiquei instantes raciocinando e quase não acreditei por fazer tanto sentido.

— Faz sentindo — rimos. — Pagou os meninos do time? — Questionei vitoriosamente e ele revirou os olhos.

— Quase, mas consegui me livrar — disse colocando uma mecha do meu cabelo para trás como tinha feito no sábado e eu simplesmente perdi o rumo da conversa. — Como a aposta era ajudar só um e não todos, eu ganhei.

— Que triste — disse fazendo expressão de decepção e ele riu.

— Mas eles ficaram o treino todo falando sobre você.

— Se eu parar de dar aulas para você para dar aulas a eles, lembre-se que a culpa é toda sua — afirmei rindo e ele ficou sério.

— Vai parar de dar aulas para mim? — Questionou.

Seu corpo estava virado de frente para mim e eu de lado para ele, ele colocou o braço na borda da minha cadeira e começou a enrolar uma mecha de meu cabelo em seu dedo.

— Sim, vou ser obrigada a parar — olhei sua expressão de preocupação e me entreguei quando comecei a rir. — Estou brincando, besta — ele colocou a mão desocupada no peito e respirou fundo. — Hoje vamos estudar física.

— Eu mandei muito bem em química, física vai ser tranquilo — disse com seu ar esnobe.

— Menos, Cameron, menos — pedi.

— Você sabe que é verdade — ele disse rindo.

— Você é tão bom em tudo que nem precisa da minha ajuda com as notas, certo capitão? — Ele mostrou o dedo do meio para mim e dei de ombros rindo.

— Sem graça.

— Egocêntrico — rebati.

— Insuportável — disse relaxando o corpo na cadeira.

— Vai ter que suportar, Cameron, sinto muito — afirmei vitoriosa.

— Você é chata pra caramba — disse jogando o caderno em cima da mesa.

— Ah, me erra garoto! — O empurrei pelos ombros.

Ouvi sua risada e começamos a estudar eletromagnetismo.

Eu me sentia extremamente cansada por ter estudado até tarde com Cameron, o que me tranquilizava era saber que era sexta-feira.

— Ah não — ouvi Natalie murmurando.

Abri meus olhos e ela apontou com a cabeça para o carro de Cameron.

Olhei na direção apontada e acabei rindo ao ver Cameron sem camisa em cima do carro.

— Não está tão calor — Natalie comentou desapontada.

— Você não tem que ficar assim pelas coisas que seu irmão faz — afirmei.

— Fácil falar quando não tem nada relacionado a Cameron, mas é com isso que as meninas vêm para cima de mim querendo ter algo com ele, fingem amizade comigo. Esse ano está mais insuportável, eu não tenho paz por culpa dele! — Disse estressada.

— Por que eu nunca vejo ninguém em cima de você quando estou junto?

— Quando estou com você, ninguém vem mesmo — ela riu. — Deve ser pela sua cara de brava ou porque Cameron já comentou que vocês não se gostam, não sei. E você nem fica mais no refeitório, nem faz parte das líderes e não temos nenhuma das aulas juntas — ela pensou um pouco. — Por que você não fica mais no refeitório?

— Não sei. Essa semana eu fiquei com Neji na ala de natação, Calleb e Jace me chamaram para ficar no refeitório ao ar livre e ontem eu fui buscar meu irmão na hora do intervalo pra levar ele pro trabalho da minha mãe.

— E hoje vai ficar comigo — afirmou e eu neguei com a cabeça. — Vai sim — insistiu.

— Você se senta com as líderes e eu me recuso — Natalie concordou com a cabeça me fazendo rir.

— Vamos nos sentar em outro lugar então, você voltou para cá e parece que não voltou. A gente não fez nada juntas ainda.

— Terminou com os machos e lembrou de mim, Natalie? — Ela deu um tapa em minha testa.

— Não, Rebecca Malik, e eu te chamei para sair três vezes e você disse que estava ocupada. Acho que quem tem macho aqui é você — ela me olhou.

— Sim, estou pegando todo mundo — brinquei e ela revirou os olhos rindo. — Estou pegando o jeito de tudo, o trabalho está me matando e eu ainda tenho que estudar.

— Mas hoje podemos fazer alguma coisa?

— Claro.

— Perfeito — disse me abraçando. — Eu te amo e a partir de hoje vamos nos sentar juntas no intervalo — ela beijou meu rosto.

— Eu quero ir embora dessa selva e dormir até a hora do trabalho — comentei e ela gargalhou.

Fechei meus olhos me deitando no banco, mas Natalie saiu do carro, abriu a porta, soltou meu cinto e me puxou para fora pegando minha bolsa como se fosse mãe de criança.

— Hoje não, docinho — ela travou o carro depois que sai.

Parei no meu armário e me sentei no chão para esperar dar o horário da primeira aula. Neji se aproximou e rindo se sentou ao meu lado.

— Muito sono, docinho? — Questionou rindo, concordei enlaçando nossos braços e me deitando em seu ombro.

— Dormi nada essa noite, estudei até tarde e meu irmãozinho chorou a madrugada toda, como minha mãe estava com Louis, eu fiquei com a Elô — expliquei.

Ouvi o armário ao lado, o de Cameron, sendo aberto, mas não o olhei.

— Japa — Cameron chamou e senti Neji levantando o olhar —, vai ter uma festa lá em casa amanhã, preciso de um DJ — olhei Neji que concordou.

Franzi o cenho sem entender quando eles começaram a se falar. Ele e Cameron deram um toque de mão.

— Não se esqueça que você tem vizinhos — o relembrei.

— Dane-se. Se te incomodar é só ir para outro lugar, seus pais não vão estar em casa mesmo — disse ríspido.

— Vou para a delegacia então — rebati me deitando novamente em Neji.

— Não ferra, Malik — Cameron disse caminhando pelo corredor.

Neji se levantou e me puxou pelas duas mãos me fazendo levantar, após ouvirmos o sinal tocar.

— Não sabia que vocês eram amigos — comentei olhando Neji.

— Não somos, mas quando precisa eu vou — explicou na caminhada para a sala de aula.

Nos sentamos no mesmo lugar de sempre. Melissa se sentou na mesa ao lado e Katherine se sentou atrás dela. Assim que Cameron chegou, Melissa o beijou fazendo todos gritarem, exceto Katherine que piscou demoradamente, respirou fundo e sorriu de forma forçada.

Cameron se afastou de Melissa após o beijo, me olhou e se sentou ao lado dela sem dizer uma palavra se quer.

— Por que ele te olhou daquele jeito? — Neji questionou em voz baixa.

— Que jeito? — Franzi o cenho.

— Ele estava checando sua reação, como se esperasse algo de você e você ficou simplesmente não se importou.

— Acho que você está vendo coisa, não tem motivos para ele esperar algo de mim ou querer ver minha reação

— Se você diz... — Disse deixando uma interrogação imensa na minha cabeça.

Na hora do intervalo, entrei no refeitório com Neji, mas nos separados pois ele foi se sentar com o grupo de estudos, o qual eu tinha saído no início da semana.

Vasculhei o refeitório com os olhos a procura de Natalie e a encontrei em uma mesa no fim do refeitório acenando para mim.

— Achei que não viria — Natalie comentou comendo da sua salada de frutas e eu a olhei.

— Trocou o x-burguer mesmo? — Perguntei me sentando em sua frente.

— Ordens da capitã das líderes — disse dando de ombros. — E você só toma Milk-Shake agora? — Neguei com a cabeça.

— Hoje eu vou comer um bolo de chocolate amargo — afirmei mostrando o bolo de pote para ela e seus olhos brilharam como os de uma criança vendo seus doces favoritos. — Eu não conto se você não contar.

— Não posso, amiga — disse desanimada.

— Uma colherada não vai te engordar — ela me olhou esperançosa, abri o pote de bolo, comi da primeira colherada e dei a segunda escondido para ela.

Ela provou e fechou os olhos como se fosse o melhor bolo que já comeu em toda a sua vida.

— Você é um anjo as vezes — disse rindo.

— Eu sei — me gabei e ela negou com a cabeça.

— É tão estranho ver Cam sem ninguém no intervalo — disse olhando a mesa do time e me olhou — Ele sempre ficava com alguma garota, esse ano ele está tão... Calmo?

— Isso é calmo? — Ela gargalhou. — Eu saí do grupo de estudos — mudei de assunto quando ela se recompôs e ela me olhou surpresa.

— O quê? Por quê?

— As líderes estão tomando conta de tudo ou sempre foi assim e como eu não estudava aqui eu não sabia. Katherine fez duas líderes entrarem no grupo de estudos e ela fica o tempo todo querendo mostrar que é melhor que eu, fica jogando piadinhas com as meninas, indiretas e, sinceramente, isso não é para mim. Minha saúde mental antes da vaidade dela — afirmei.

— Eu não acho certo você deixar de fazer uma coisa que você gosta por causa de outra pessoa, mas entendo e concordo com isso. Katherine mudou da água para o vinho de uma forma absurdamente triste. Cada dia que passa ela está mais Melissa. Soube que Mel beijou meu irmão na frente dela e ela chorou no banheiro.

— Ela quis isso — comentei.

— Melissa tem um poder de manipulação, sabe? Ela consegue fazer as pessoas acharem que vão beneficiar elas próprias quando na verdade, quem é a beneficiada é ela. No fim do ano passado Melissa afirmou que esse ano seria dela, que ela estabeleceria um reinado melhor que o da irmã mais velha e derrubaria quem entrasse no caminho — Natalie disse pegando uma uva e levando até a boca.

— Querer ser melhor que a irmã deve ser fruto de falta de aceitação em casa.

— Natalie — ouvi a voz de Cameron, ele se sentou ao lado dela fazendo-a ir para o lado e Elliot se sentou ao meu lado. — O que vamos fazer hoje à noite?

— Você eu não sei, mas eu vou ir ao shopping com Becca — Natalie afirmou. Olhei Elliot, que olhava Nat com os olhos brilhando.

— Vamos junto — Cameron disse abraçando Natalie.

— Ninguém convidou vocês — ele empurrou o irmão.

— O shopping é público, Paola — Elliot provocou.

Natalie odiava ser chamada pelo segundo nome e mostrou o dedo do meio para ele.

— Por qual motivo vocês querem ir ao shopping? — Questionei confusa. — Não iam fazer uma festa?

— A festa é amanhã e hoje estamos tentando fugir das gêmeas Crawsford que estão enchendo nossa paciência para sair com elas — Cameron explicou e eu o olhei.

— Já experimentou dizer não a uma garota alguma vez na vida, Styles? — Ele me olhou com os olhos semicerrados e com seu sorrisinho de lado parecendo gostar de ser contrariado.

— Não que eu me lembre, Malik — disse com seu sorriso safado.

O sinal de fim de intervalo ecoou no refeitório.

— Talvez devesse tentar — afirmei me levantando e o olhando.

Eu e Natalie saímos juntas do refeitório, Melissa parou em nossa frente no meio do corredor com Katherine e outras três líderes.

— Todas as líderes precisam se sentar juntas, Natalie — Melissa impôs.

— Não vou me sentar mais com vocês, a partir de hoje vou me sentar com Rebecca — Natalie rebateu com firmeza e eu a olhei surpresa.

— Você pode ser expulsa das líderes por desobedecer às regras — Melissa disse seriamente, aparentemente não esperava resistência da parte de Natalie.

— Regras que não servem para você quando meu irmão te chama para se sentar com ele — Melissa arregalou os olhos. — Vai em frente, é só me expulsar — desafiou para sair andando e me puxando.

— Natalie, você não precisa fazer isso por mim.

— Por que você não me deixar ser sua amiga? Não posso querer ficar perto de você? — Questionou me olhando confusa — E não, eu não quero nada, só quero minha melhor amiga. Sinto sua falta e você parece estar nem aí.

— Rebecca, a diretora quer falar com você, agora — a inspetora Sullivan chamou.

Revezei meu olhar entre as duas, parando em Natalie.

— Vai lá, conversaremos depois — Natalie disse com a voz carregada de compreensão.

Abri a boca para falar, mas acabei optando pelo silêncio e sai seguindo a inspetora.

— Malik, pode ir para a sala da diretora — disse a inspetora Sullivan.

Concordei me levantando e caminhei até a sala da diretora, ao entrar, me deparei com o treinador Sanchez que estava de braços cruzados e com expressão séria.

— Sente-se, querida — pediu a diretora e assim o fiz. — O treinador Sanchez me contou sobre as aulas extras com o time — iniciou como se fosse me dar uma bronca.

— Diretora, eu só estava tentando ajudar os meninos. Eles estavam bem perdidos em matemática e eu os ajudei. Atrapalhou no treino?

— Sim, atrapalhou — disse o treinador e a diretora riu.

— Pare de assustar a garota, Sanchez — pediu e ele sorriu.

— Começamos a treinar depois, os meninos falaram o tempo todo sobre como você explica bem. Hoje, pelo que soube, o time prestou atenção na aula de matemática como nunca fizeram antes e ainda conseguiram resolver os exercícios da matéria. A professora Horan ficou impressionada e comentou que, talvez, não seja necessário tirar mais ninguém do time — o treinador explicou.

— Porém, eles não estão tão bem em física e química. Você é a garota mais inteligente da escola e já que recusou continuar participando do grupo de estudos e não ajuda Cameron com as notas, penso que poderia ajudar os meninos três vezes na semana para contar como nota de projeto. O que acha? — A olhei com o cenho franzido.

— E em que horário seria isso? — Questionei.

— Das 13h às 14h30. Na terça, quarta e quinta. Acredito que você deve se perguntar o motivo de não ter essas aulas com algum professor, já tentamos, mas os meninos nunca prestam atenção e...

— Ok, eu aceito — anunciei.

A diretora me olhou surpresa e o treinador sorriu.

— Sem resistências? Para ajudar um garoto eu quase não consegui te convencer, mas com o time todo...

— O time foi bem tranquilo comigo ontem, agora Styles é uma missão extremamente difícil e insuportável que eu não estou disposta a cumprir — disse rindo, o treinador e a diretora gargalharam.

— Ele não participará das aulas. Como expliquei a ele, agora terá de se virar sozinho e acho que ele está conseguindo. A professora de química falou que ele foi muito bem na apresentação — a diretora disse me analisando.

— Eu duvido — rimos.

— As aulas com o time começam semana que vem — concordei me levantando e logo fui autorizada de sair da sala.

O time todo, exceto Cameron, estava no corredor. Eles me olharam esperançosos, me deixando confusa.

— E aí, aceitou? — Josh questionou.

— Vocês já sabiam?

— Obvio, nós demos a ideia para o treinador — Peter disse.

— Eu aceitei — disse ainda sem reação e eles fizeram uma barulheira bem animada.

— Ei, bando de marmanjos e Rebecca, para a sala, agora! — A inspetora disse em alto e bom tom; rimos descendo as escadas.

— Cameron vai poder participar? — Outro garoto me questionou, neguei com a cabeça e eles de imediato mostraram desanimação.

— Não tem jeito, capitã? Se você falar com a diretora ela não deixa? — Questionou Peter.

— Capitã? — Questionei rindo e eles concordaram balançando a cabeça euforicamente. — Certo. A diretora deixou claro que ele vai ter que se virar sozinho. Talvez se voltar a ser capitão ele possa participar.

— Ele tem um mês para isso — Elliot disse. — Ele vai conseguir, time — afirmou me olhando e eu segurei o riso.

— Bom, vou para a sala, acho bom vocês irem também — alertei me despedindo.

Los Angeles, Estados Unidos,

Sexta-feira, 18:32

— Soube que agora é a capitã dos estudos do time — Andrew comentou.

— Quem te contou? — O olhei rindo.

— Peter.

— Ah sim. Não sei se já aconteceu isso na escola, mas é uma boa oportunidade de eu afiar meus conhecimentos. Afinal, para ensinar precisa aprender e se eu aprender o suficiente para ensiná-los...

— Eu entendi, Becca — disse rindo e eu acabei rindo junto. — É legal isso que você está fazendo. Peter falou muito sobre, onde aprendeu tanto de esportes?

— Meus pais e meus tios amam esportes. Meu pai era jogador de futebol americano e minha mãe ginasta, então qualquer oportunidade eles falam sobre esportes, acabei pegando gosto por alguns — expliquei enquanto limpava as mesas, ele pegou um pano e começou a me ajudar. Coisa que nunca tinha feito.

— Tinha me esquecido que Owen já foi jogador e dos bons — concordei rindo.

— Ele quem me ensinou a associar matemática e física com esportes — expliquei e Andrew se aproximou de mim.

— Fiquei pensando essa semana nas coisas que você me disse — iniciou e pensou um pouco. — Eu fui um grande idiota sem você merecer, não quero continuar assim principalmente por trabalharmos juntos.

— Promete nunca mais citar Natalie? Não quero saber se estão juntos ou separados, só não fica colocando-a em provocações que são comigo — ele sorriu de lado concordando — Perfeito, então — estendi minha mão, ele a segurou e me puxou para um abraço.

O abracei mesmo sem entender e o barulho do sino de entrada tocou. Olhei Andrew e ele estava olhando para a porta, meu olhar seguiu na mesma direção vendo Cameron e por algum motivo me afastei rapidamente de Andrew.

— O babaca do seu chefe pode te liberar mais cedo, Malik? — Cameron questionou se aproximando de nós.

— Não vou liberar só porque o babacão quer — Andrew disse encarando Cameron e novamente eu estava entre eles dois.

— Vocês não conseguem ficar no mesmo ambiente sem discutir? — Questionei revezando o olhar entre eles.

— Seu irmão sofreu um acidente no treino dele, minha mãe está com ele e a sua mãe está presa no trânsito do outro lado da cidade. Seu pai está assinando os documentos da cirurgia, mas Isaac quer voc...

Não o esperei terminar, olhei Andrew que de imediato entendeu e sai puxando Cameron. Entramos no carro e ele dirigiu o mais rápido que pôde.

— Onde ele está? — Questionei meu pai.

— Em cirurgia. Queríamos te esperar, mas ele estava com muita dor. Era urgente, mas ele vai ficar bem — papai explicou depois de beijar minha testa. — Ainda temos 1h e 40 minutos de espera. Vou buscar sua mãe, ela foi deixar as crianças na sua tia — concordei o abraçando.

— Ele vai ficar bem?

— Com repouso e cuidados, sim — sorri para ele, me sentei ao lado de tia Eliza e observei meu pai sair, só então me dando conta de que Cameron tinha sumido.

Senti um frio tomando conta do meu corpo, na pressa sai da lanchonete com o uniforme me esquecendo do fato de que no hospital tinha ar-condicionado.

— Querida, você acabou de chegar do trabalho, vamos comprar algo para você comer — tia Eliza disse e eu neguei com a cabeça.

— Só depois de meu irmão estar bem.

— Nada disso, já venho, vou comprar algo para você — disse se levantando e saindo antes que eu retrucasse.

Cameron colocou o moletom salmão em meus ombros, seu cheiro dominou meu olfato e meu corpo ficou quente, mas não era exatamente por conta do moletom.

— Não precisa — afirmei e ele riu se sentando ao meu lado, pegou em minhas mãos e me olhou.

— Suas mãos estão geladas — ele subiu os dedos em meus braços me fazendo arrepiar — e você está toda fria, então está com frio. Para de ser orgulhosa — ri dando de ombros e me rendendo.

— Sabe, se eu fosse uma garota iludida eu já teria caído nesse seu jeitinho — ele me olhou confuso e eu coloquei meus braços nas mangas do moletom. — Empresta moletom, as vezes é cavalheiro — me encostei no sofá — e quem vê até acha que se importa comigo.

Cameron franziu o cenho, sua expressão ficou difícil de decifrar, ele parecia triste e ao mesmo tempo frio.

— Eu achava que era egocêntrico, mas nessa você me venceu.

— Como? — Questionei confusa.

— Você acha mesmo que eu falo com você como se te desejasse? — Ele riu de forma irônica. — Não mesmo, eu te olho e vejo uma garota insuportável que eu jamais teria algo.

— E quem disse que eu teria algo com você garoto? Nem se fosse o último homem da terra!

— E nem se você fosse a última terra, prefiro encerrar a humanidade a te ajudar na procriação — Cameron rebateu.

— Procriação? Eu com certeza não ajudaria você nisso, imagina nascer pessoas iguais a você? O mundo seria melhor se encerrássemos mesmo — ele mostrou o dedo do meio para mim e um casal ao lado começou a rir de nós.

Cameron se levantou e saiu pela porta em direção ao estacionamento.

— Este homem está a fim de você — o homem loiro de olhos azuis falou rindo.

— O quê? Não, a gente é assim desde sempre — expliquei.

— O jeito que ele te olha diz outra coisa — o homem preto de olhos castanhos, que estava com o braço envolto dos ombros do homem loiro, afirmou.

— Não faz sentido.

— E por que não? — O loiro questionou.

Eu nunca mais os veria, então não via problemas em falar sobre a minha vida.

— Somos opostos. Ele ama festas, bebidas, drogas e eu prefiro minha casa, livros e, assim, eu gosto de sair com pessoas da minha idade, mas não para ir aos lugares que ele vai. Nunca daria certo.

— Isso baseado no fato de ele gostar de algumas coisas que você não gosta e vice-versa?

Soltei a respiração e levantei meu olhar para eles.

— Nunca daria certo. As prioridades dele são outras e eu não vou abrir mão da minha vida por ele.

— Se ele gosta de você, ele não vai querer que você abra mão da sua vida. O amor não pede isso — o homem de olhos castanhos disse.

Senti um tapa na minha cara e minha fala sumiu.

— Senhores Campbell, me sigam por favor — a doutora os chamou.

Olhei o relógio vendo que ainda tinham uma hora e quinze minutos de cirurgia. Sai do hospital indo até o estacionamento e vendo Cameron encostado no capô do seu carro.

— Viu tia Eliza? Deixei minhas coisas na lanchonete, inclusive meu celular — Cameron olhou atrás de mim de forma estranha.

— Ah, merda.

— O quê? — Olhei na mesma direção, mas ele me virou de frente antes que eu visse o que ele observava.

— As gêmeas me acharam. Vou matar Elliot. Merda, elas estão vindo para cá com o carro.

Uma luz veio na minha mente, era uma péssima ideia... vou fazer.

— Vem — o puxei para perto da porta do motorista.

Coloquei o capuz de seu moletom enfiando os fios de meus cabelos dentro, me encostei no carro e o puxei pela cintura abaixando a cabeça no ombro dele para que as meninas não me vissem.

Ele hesitou por segundos, até seus braços envolverem meus ombros. Ficamos naquele abraço por um tempo que não fazia ideia de quanto, mas foi o suficiente para eu entender que nunca mais esqueceria o cheiro dele. Me sentia estranhamente confortável.

Cameron me olhou e passou a mão nos fios de meus cabelos os tirando de dentro do capuz quando soltei sua cintura, mas nossos corpos continuavam próximos.

— Elas pararam no fim do estacionamento. Posso? — Questionou e eu balancei a cabeça em concordância, mesmo sem saber o que ele pretendia fazer.

Ele passou a mão em uma mecha de meu cabelo e, sem tirar meu capuz, encaixou a mão em minha nuca e beijou minha testa, para me olhar sorrindo e acariciar meu rosto com o polegar. Em seguida me abraçou outra vez e só então me lembrei de respirar.

Meu corpo todo estava em euforia e formigando, mesmo sabendo que era apenas para despistar as gêmeas.

Era estanho sentir toques assim, ninguém nunca chegou tão perto, não com a minha permissão.

Minhas mãos suavam frio e meu coração estava disparado.

— Elas já foram — disse em voz baixa olhando além de mim e me olhou. — Por que fez isso? — O soltei, ele tirou meu capuz e afastou meu cabelo da nuca.

Prendi a respiração e tentei ser discreta ao respirar novamente.

— Porque, infelizmente, eu preciso de você — afirmei e ele riu.

— Então você está me usando? — Questionou cruzando os braços, me encostei no carro e ele se manteve próximo.

— E o que você acabou de fazer comigo?

Ele sorriu negando e eu desci meu olhar em seus lábios, mas apressadamente voltei a olhar em seus olhos.

— Você quem deu a ideia.

— Sim, porque eu preciso de um favor e duas meninas em cima de você não me ajudaria — expliquei e ele afastou uma mecha do meu cabelo que estava caindo em meu rosto. — Você pode parar de mexer no meu cabelo?

— Por quê? — Indagou com um sorrisinho maroto e desceu a mão pela mecha inteira.

O olhei por instantes querendo rir, revirei os olhos e me afastei dele.

— Enfim, me empresta seu celular para eu falar com Andrew?

— Para quê? — O olhei.

— Eu perguntei para que você queria despistar as gêmeas?

— Grossa.

— Anda Cameron — estendi a mão e ele me entregou o celular.

— Melhor ligar para Natalie — o olhei de imediato e confusa — É... Eu sei — disse transparecendo decepção.

— Cameron...

— Não tem o que fazer, Malik — disse se encostando no carro —, ligue para ela.

Soltei minha respiração e liguei para Natalie. Cameron estava certo, eles estavam juntos e ela iria trazer minhas coisas até o hospital.

Desliguei e entreguei o celular a Cameron.

— Errei? — Neguei com a cabeça, ele concordou pegando o celular, o olhou e riu — Olha isso.

Cameron me mostrou seu celular, Melissa mandou uma foto que foi tirada minha e dele. Não mostrava meu rosto por conta do capuz, nem o uniforme pois eu estava bem próxima de Cameron e ele me cobriu. Em baixo tinha a mensagem: Quem é essa, Cameron?

— Mais uma na lista — respondi o olhando. — Fala que é só mais uma — insisti e ele riu negando.

— Não mesmo — o olhei digitar um: não é da sua conta e o observei sem entender.

— O que você está fazendo, Styles? Perdeu a noção? — Tentei puxar o celular de sua mão, mas ele me impediu.

— Talvez assim ela me deixe em paz, eu preciso de paz para esse ano — explicou, o encarei incrédula.

— Apaga isso seu babaca.

Ele levantou o celular no alto quando tentei pegá-lo novamente e me segurou pela cintura, a apertando levemente, quando me pressionou no carro eu senti meu corpo esquentar.

— Fala direito comigo, agora você é meu casinho oculto — debochou com o rosto próximo do meu.

— Prefiro a morte — afirmei sem me afastar.

Ficamos nos olhando por instantes, seus olhos desceram em meus lábios e eu desviei o olhar. Comecei a caminhar de volta para o hospital, mas ele me puxou.

— Ela não vai te caçar, não tem como saber que é você — disse calmamente.

— É bom você estar certo — avisei retornando para o hospital.

Tia Eliza estava sentada, me sentei ao lado dela e ela me entregou o lanche natural que havia comprado. Sorri após agradecê-la.

— Amiga — ouvi Natalie me chamar assim que entrou, me levantei e ela me abraçou com força —, você está bem? — Questionou ainda abraçada comigo.

— Sim, estou, meu irmão está em cirurgia — nos soltamos, ela me olhou de cima abaixo e arregalou os olhos — Eu posso explicar — disse rindo.

Meus pais chegaram, mamãe me abraçou e correu para falar com o médico. Tia Eliza a acompanhou e meu pai foi para a lanchonete com tio Arthur. Eu e Natalie nos sentamos em um canto da sala, ela me entregou minha mochila e meu celular.

— Estava com Andrew? — Questionei.

— Estava com Cameron? — Rebateu em tom sério e eu a olhei incrédula.

— Prometemos ser sem máscaras, então, sim, estava com Cameron. Eu precisava falar com Andrew e pegar minhas coisas porque deixei tudo para vir para cá. Só tinha Cameron pra me ajudar, as gêmeas o acharam e eu fiz o que veio na mente pra ele poder me ajudar.

— Vocês pareciam tão próximos, tão... — Neguei com a cabeça.

— Só foi para despistar as meninas, elas já tinham o visto — expliquei.

Cameron entrou no hospital, o olhei e desviei o olhar para Natalie.

— Tenho medo de você se apaixonar por ele — franzi o cenho.

— Eu o ajudei para o meu próprio bem, não para o dele. Fica em paz, não vou me apaixonar logo por ele.

Ela riu entrelaçando nossos dedos. Cameron se sentou ao meu lado e olhou Natalie.

— Estava com Andrew? — Questionou e ela revirou os olhos.

— Becca, Cam já tinha me avisado que ia te buscar na lanchonete para trazer você aqui, porém, eu estava na aula de francês e só vi a mensagem depois. Fui ver sim Andrew, mas foi antes. Estava a caminho daqui quando Andrew me ligou falando que suas coisas estavam lá, quando você me ligou eu estava com ele porque fui pegar suas coisas.

— Ok — dei de ombros e me encostei na parede.

Cameron estava, também, encostado na parede de olhos fechados e sentado relaxadamente no banco.

— Sei que você não gosta dele e nem da nossa relação, mas...

— Isso não tem nada a ver comigo, Natalie, não quero discutir nem entrar nesse assunto, mas me dói ver você aceitando ser segunda opção, ser mais uma, ficar no oculto. Quem gosta te trata como prioridade e no mínimo tem que te assumir, você não nasceu para ser a segunda opção dele — disparei a olhando nos olhos e os vendo marejados. — Me desculpa...

— Não — ela fungou se arrumando na cadeira — eu prefiro você assim, sem filtros — a puxei a abraçando.

— Você merece mais — sussurrei.

— Filha — mamãe se aproximou — deu tudo certo na cirurgia — disse animada e o alívio dominou meu corpo totalmente.

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