Boa leitura, amores 💛💚💛💚💛
CIDADE DE VIRTUOSA
O trem apitou, Samuel acordou, havia dormido quase a viagem toda. Ao olhar a paisagem, percebeu diferenças, a Freguesia por ser mais do interior, sua paisagem era arborizada, já em Virtuosa, eram muitas casas, pouca natureza, mas mesmo assim era muito linda a paisagem.
O trem parou na estação de Samuel, ele desce e procura por um empregado do seu tio, que segundo sua carta ficou encarregado de buscá-lo na ferrovia.
Estava perdido com tantas pessoas andando de um lado para o outro, até que um senhor, negro, na faixa de uns 45 anos, de terno azul e quepe, tocou em seu ombro e perguntou:
— Sr. Samuel Gonçalves?
— Sou eu. O senhor deve ser o charreteiro do meu tio Elias.
— Exatamente, o senhor pode me chamar de Higino. - Estendeu a mão para Samuel, que pegou de volta.
— Muito prazer Higino, e vosmecê pode me chamar de Samuel. - Apresentações feitas, Higino guiou Samuel até a charrete, onde ele colocou sua bagagem e entrou.
Pela janela, Samuel podia ver a paisagem, e se encantava como Virtuosa era grande e diferente de Freguesia.
Quarenta minutos depois, Higino para e abre a porta da charrete, Samuel desce e fica encantado com o casarão de seu tio, e que agora seria sua moradia.
Grande, feito de tijolos, tinha uma camada de vermelho, portas e janelas na cor branca, e uma paisagem ao redor, de tirar o fôlego.
Samuel adentra o casarão, e se senta no sofá, a sala era grande com várias obras de arte, móveis luxuosos, o casarão era bonito tanto por fora, quanto por dentro.
Seu tio adentra a sala, com um sorriso singelo, mas acolhedor. Ele abriu os braços, e Samuel não pensou duas vezes, e correu para seus braços. O abraço de seu tio era reconfortante, como o de seu pai costumava ser.
— Bem-vindo meu sobrinho! Fez uma boa viagem?
— Fiz sim. Obrigado por me acolher.
— Jamais o deixaria desamparado. Principalmente em sua situação. Apesar de fazer 15 anos que não piso na Freguesia Brasiliense, sei o quanto é atrasada e as pessoas são bem retrógradas, o que aconteceu contigo, deve ter chocado a todos, e dado muito assunto pra Dona Filó.
— Nossa! Aquela dona maritaca, infernizava, até na sua época. - Samuel começou a rir.
— Olha aqui rapazinho! Apenas passei dos 40, não quero ouvir essa de “no meu tempo”. Me dá a sensação que sou velho. - Samuel riu com seu tio, mas olhando não parecia que seu tio tinha 40 anos, apesar do terno, era visível seu músculo, na verdade, seu tio era um homem muito bem afeiçoado.
— Pode deixar tio. Mas me diga, aquela maritaca era pior do que agora?
— Digamos que sim. Ela não se denomina fofoqueira, ELA SE PREOCUPA COM O BEM ESTAR DO OUTRO! - Os dois falaram junto e começaram a rir.
— Parece que a Dona maritaca não mudou a desculpa. Mas se instale no seu quarto e depois desça, mandei fazer um lanche para nós, assim colocamos a conversa em dia. - Samuel obedeceu, foi levado até seu quarto, arrumou suas coisas, e desceu, sentou à direita da mesa, seu tio estava na cabeceira, ele tocou uma sineta e algumas bandejas com vários quitutes eram colocados na mesa.
— Achei que na carta havia dito que só viria eu, preparou comida para um batalhão. - Elias riu de seu comentário.
— Me desculpe, vamos comer e quando estivermos satisfeitos tudo será guardado. - Samuel concordou e começaram a comer, cada quitute mais gostoso que o outro. - Está gostando das iguarias que mandei preparar?
— Estão uma delícia. O que é esse aqui? É uma delícia! - Falou pegando três logo de uma vez e seu tio riu.
— Um croquete, com massa fermentada e recheada com carne de frango.
— Nossa, que frescura. Vou chamar de coxinha de galinha. - Os dois riram.
A refeição foi seguindo, até que entraram no assunto do noivo de Samuel.
— E como se conheceram?
— Bom, em uma das viagens de meu pai, ele chegou no armazém, e fez meu coração acelerar. - Suspirou lembrando do homem que o magoou - Ele me convidou para sair algumas vezes, e fomos nos conhecendo melhor, e fui me apaixonando cada vez mais. - Suspirava, por ter que enganar seu tio.
— Vosmecê deve amar muito esse rapaz! Principalmente por ter se entregado a ele. - Samuel ficou vermelho.
— O senhor está pensando mal de mim?
— Decerto que não. Já fui um jovem, sei que esse tipo de coisa não se controla. Mas me diga como foi? Onde foi? Ele foi respeitoso? - Eram muitas perguntas, e Samuel ficava vermelho, precisaria ter muita imaginação.
— O senhor lembra de uma cachoeira que fica mais afastada da estrada, e fica entre a freguesia e virtuosa?
— Lembro vagarosamente
— Bom, foi lá, nós achamos que precisaríamos de privacidade e lá é um lugar lindo.
— E ele lhe respeitou?
— Sim. Nós dois queríamos, e ele foi super respeitoso.
— Bom, em mim não terá desprezo, fico feliz que ele tenha lhe respeitado, e pelo que entendi ele está no serviço militar?
— Sim. Mas ele me garantiu que voltaria para selar compromisso.
— Qual a graça dele?
— Alonso. Alonso Siqueira.
— Nome muito bonito. Bom, gostaria de lhe mostrar mais do jardim, mas preciso ir à cidade, mas Alaor, meu mordomo, pode lhe acompanhar. - Samuel assentiu, e entrou um mordomo, já de idade, com uma expressão neutra. - Alaor, preciso ir à cidade, poderia mostrar o jardim para meu sobrinho?
— Sim senhor! Vamos senhor Samuel?
— Vamos sim. Só tira esse senhor, eu sou bem mais jovem que vosmecê, deixa o senhor para quando eu chegar na sua idade. - Samuel debochou, e seu tio o repreendeu.
— Samuel! Está sendo desrespeitoso!
— Perdão tio, desculpa Alaor. Foi uma brincadeira de muito mal gosto. - Alaor aceitou as desculpas, e levou Samuel para o jardim.
Ao chegar Samuel, arregalou os olhos, ao ver tamanha beleza e variedades de flores e plantas. – Caracolis, que jardim incrível!!! Vosmecê que cuida dele?
— Não! Alan, meu irmão, é o responsável pelo jardim, ele tem verdadeira paixão por esse jardim.
— E quem não teria? Esse lugar é lindo, e pude ver que tem várias plantas medicinais, reconheço algumas que fazem muitos chás medicinais.
— És um curandeiro?! - Perguntou assustado.
— Não! Mas sempre me interessei pelo que a natureza nos oferece. E peço que não use esse tom, se acredita na ciência, respeito, então respeite também a minha forma. - Alaor se calou - Olhe aquelas camélias! Se extrair seu líquido, e juntar com mais 2 ervas que tem naquele canteiro, pode se fazer uma pasta que é muito útil para ferimentos, em menos de 2 dias já se nota a cicatrização, coisa que alguma medicação demoraria semanas. A natureza nos proporciona coisas inimagináveis, só temos que saber usá-las. - Alaor ficou surpreso com as palavras de Samuel - Pode me fazer um favor? - Ele acena que sim - Poderia me trazer um suco e aquelas coxinhas de galinha? - Alaor deu uma pequena risada.
— Fala dos croquetes, de massa fermentada e recheio de carne de frango?
— Fale como quiser, para mim é coxinha de galinha, estava gostoso. - Alaor saiu para buscar o que foi pedido por Samuel.
Samuel andou mais um pouco pelo jardim, e se animou com algumas orquídeas.
— Ei!!! Tire a mão daí! Quem é vosmecê?
— Eu sou o Samuel, sobrinho do Senhor Elias. - O homem que havia gritado com ele, ficou paralisado - Não precisa ficar com essa cara de sapo-boi, pela forma que falou, vejo que tem apreço pelo jardim.
— Muito! Me dedico bastante a esse jardim. Sou Alan, sou irmão de Alaor, e trabalho como jardineiro. - Samuel fez uma cara de surpreso.
— Espere um pouco. Vosmecê, jovem e bonito, é irmão daquele mordomo emplumado ranzinza? - Alan começou a rir e Samuel acompanhou, mas parou e pediu que ele olhasse para trás, e Alaor estava parado com uma bandeja com o que Samuel havia pedido. - Alaor, olha apesar de ser um ranzinza emplumado, já o considero muito só por trazer as coxinhas de galinha, estava com uma fome. - Ele pega o quitute, e come rindo, tentando disfarçar o que houve, Alan disfarçava uma risada e Alaor tinha uma expressão neutra.
— Agradeço o elogio, e vosmecê meu irmão volte ao seu trabalho, e sugiro que não crie tanta intimidade com Samuel, ele já é comprometido. - Alan riu.
— Acha o que? Que vou agarrá-lo e possuí-lo e tratá-lo como uma dama?
— Vosmecê não, mas seu noivo fez isso, e creio que não gostaria dessa aproximação. - Samuel tossiu pelo rumo daquela conversa, e Alan ficou surpreso.
— Vosmecê falou NOIVO?
— Bom, acredito que minha vida não deva interessar a vosmecês, vamos entrar Alaor. Parabéns pelo jardim, é muito bonito. - Samuel começa a caminhar e Alaor o segue. - Não precisava falar daquela forma. Sei que errei por ter me entregado, mas vim para cá justamente para evitar esses julgamentos das pessoas.
— Me perdoe, não fiz por mal, mas também não é certo a forma que estava com meu irmão, apesar de estar longe, ainda deve respeito ao seu noivo.
— Olha, me desculpe se serei grosso agora. Mas não é meu pai, e não aceito que julgue meus atos dessa forma, tenha certeza que meu noivo não será desrespeitado por eu apenas ser gentil com seu irmão, se não sou assim com o senhor, é porque tudo que fez foi fazer insinuações e me atacar. Cometer um deslize não lhe dá o direito de falar grosserias para a minha pessoa. Com licença, mas se eu fosse vosmecê, me entupiria com essas coxinhas, para aprender a ficar de boca calada. - Samuel cuspiu com raiva todas as ofensas que sofreu, e saiu com algumas lágrimas. Alaor estava com uma expressão neutra em seu rosto.
Elias já havia chegado estava na sala, olhava alguns documentos, mas para, ao ver Samuel entrar correndo, percebeu lágrimas em seu rosto.
Samuel entra em seu quarto, e pensa sobre essa mentira que havia inventado.
— Meu Deus! Quanto tempo eu vou aguentar manter essa situação? - Lamentava, depois de tudo que teve que passar.
— De que situação está falando meu sobrinho?
Continua…
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Quarto capítulo postado com sucesso
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Ps²: por enquanto vou postando esse, não tô muito bem, e pode demorar sair o capítulo de amor proibido.
Ps³: Dêem uma chance para essa história 😁✌🏾👏🏿
Espero vosmecês no próximo capítulo
Bjs na bunda💋💋💋💋
# Deve ser horrível dormir sem mim
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