Eu pedi férias do hospital e estou trancada em casa desde que houve o incidente com o Edward.
Eu não durmo direito há dias! Dias!
Parece que estou enlouquecendo.
Tranquei todas as portas e janelas e estou sempre com meu celular na mão para chamar a polícia.
Obriguei Jasen a fazer o mesmo, expliquei a gravidade da situação e que ele corria perigo.
Jasen insistiu em vir ficar comigo e eu aceitei, achando que era mais seguro pra ele.
Sinto que posso protegê-lo de alguma forma.
Porém, tem uma semana que estamos trancados aqui e a comida está acabando...
- Anne... Eu vou no mercado mais próximo, está de dia, tem muitas pessoas na rua.
- Isso não importa! Você não entende que se ele quiser te matar, ele fará isso não importa quantas pessoas estejam assistindo? Você não entende.
- Anne e vamos fazer o que? Ficar aqui pra sempre? Uma hora vamos ter que sair! Edward está preso no hospício, não vai sair de lá.
- Ele tem uma enfermeira que o ajuda a escapar.
- Então por que não veio atrás de nós?
- Jasen... Eu...
- Shhh... Tudo bem... Vou levar no máximo 1 hora ou 2...
- Mas...
Jasen não me esperar terminar, ele simplesmente sai e fecha a porta.
Eu corro para trancar assim que ele sai.
Me sento no sofá, estou em pânico...
Edward não é qualquer assassino... Ele é... Um torturador... Eu vi o estado do corpo das pessoas que ele matou no caralho da sua ficha... Ele pode ser terrível quando quer.
Por que eu me meti nisso? Por que não vi os riscos antes?
O que me dá mais medo é que envolvi o Jasen nisso e ele não merece sofrer, não merece ser machucado...
Eu sinto... Sinto que Edward está brincando comigo.
Ele quer que eu fique esperando por ele, neurótica, achando que ele virá a qualquer momento.
Exatamente como estou agora.
Ele quer foder a porra do meu psicológico, tudo vai ser um jogo emocionante pra ele...
Mas pra mim não será nada divertido.
Eu fico encarando o relógio do celular e Observo cada minuto passar, enquanto a tela está com o número do 911 discado, esperando apenas que eu toque no símbolo verde da ligação.
Os minutos viram horas.
Fazem 2 horas que Jasen saiu e eu estou quase ligando pra ele.
Espero mais alguns minutos mas quando se passam mais meia hora eu decido ligar pra ele.
Ele atende no segundo toque.
- Jasen, onde diabos você foi fazer compras? Na puta que pariu?
- Oi princesa... Parece que você precisa ser educada... Todo esse tempo longe de mim fez você fica meio rebelde, uh?
- E-Edward... - O ar fica preso na minha garganta.
- Em carne e osso, meu bem... - Sua respiração é pesada do outro lado da linha. - Sentiu saudades?
- C-cadê o Jasen? P-por que você está com o celular dele?
- Ah, bebê... Assim não tem graça, não gosto de jogar assim. Por que você não tenta adivinhar e torna tudo mais divertido?
- Edward se você o machucar, eu...
- Você o que, Annelise? - Sua voz se torna um rosnando ao pronunciar meu nome. - Vai me odiar, uh? Bom... Então teremos sentimentos mútuos pelo menos uma vez, certo... Por que eu estou te odiando muito no momento.
Ofego de nervoso.
- Edward, não precisa ser assim.
- Não precisava realmente, mas vocês mulheres sempre escolhem a porra do caminho mais difícil... Fazer o que. Pelo menos será divertido. Vou mandar o que sobrou do seu namorado em uma caixa de presente pra você. Prefere que o embrulho seja da cor rosa ou amarelo?
- Vai pro inferno!! - Grito.
- Eu vou, bebê... E vou te arrastar junto comigo. - Ele começa a rir como um louco do outro lado da linha e eu desligo o telefone com as mãos trêmulas.
Ele não pode ter matado o Jasen, certo?
Não pode...
Não pode...
Não...
Começo a chorar, chorar de soluçar.
Coloco as mãos na cabeça sem saber o que fazer.
Meu coração está batendo tão rápido que parece que vai rasgar meu peito.
Eu agora posso entender o que a Lissara passou com O Nicolas...
Lembrar da Lissara me lembra outra coisa...
Calmantes... Ela tomou calmantes quando ficou nervosa! Eu preciso tomar um antes que eu tenha uma crise de pânico.
Vou até a cozinha onde deixo meus remédios e tomo 2 comprimidos de calmante.
Engulo em seco mesmo, o desespero é tanto que desce direto.
Eu escuto a campainha tocar e então a cozinha gira ao meu redor.
Tenho a sensação que vou desmaiar, mas não o faço.
Quando meus pés finalmente conseguem se mover, dou alguns passos em direção a sala e encaro a porta.
Não pode ser ele, certo? Não...
Não...
Tem...
Como...
Engulo em seco e ando de vagar até a porta, afim de não fazer barulho.
Olho pelo olho mágico e não vejo ninguém.
Eu não vou abrir... Não vou abrir a porta nem fodendo, vou é chamar a polícia!
Disco o 911 de novo e escuto a voz da mulher em alguns segundos.
- 911, qual a sua emergência?
- Eu... Tem... Tem um maníaco atrás de mim... Ele está tocando a campainha da minha porta. Ele vai me matar, e-eu acho que ele matou meu amigo...
- Vou mandar alguém imediatamente senhora, por favor, me passe seu endereço.
Passo meu endereço pra ela e depois fico no sofá, encarando a porta o tempo todo, com medo de que ele possa arrombar ela a qualquer momento.
Alguns minutos depois a campainha toca de novo e eu pulo de susto.
Não digo nada até que ouço uma voz masculina.
- Senhora Bellini! Aqui é a polícia, abra a porta, por favor.
Eu suspiro de alívio e abro a porta.
Vejo dois policiais e meu coração fica mais aliviado.
- A senhora fez uma ligação pedindo ajuda, alegou perseguição, é isso?
- Sim... Meu amigo saiu tem mais de 3 horas pra fazer compras e não voltou... Ele tinha sido ameaçado por um paciente meu... - Suspiro. - Depois eu liguei pra ele, por causa da demora, mas quem atendeu foi esse meu paciente... Ele me ameaçou... E algum tempo depois alguém tocou minha campainha antes de vocês chegarem.
- Senhora, você tem certeza?
- Claro! - Digo um pouco irritada pela descrença.
Então Jasen chega.
- Hey! O que houve aqui? - Ele pergunta.
- Esse é o seu amigo, senhora?
- Meu Deus! Onde você estava?! - Grito ignorando os policiais.
- Fazendo compras... A fila estava grande.
- Impossível... Eu... Eu...
- Anne... Você está bem?
- Claramente não. Cuide da sua amiga Lara que não chame a polícia desnecessariamente. - Diz um dos Policiais.
Eles saem e eu encaro Jasen com descrença.
O abraço com toda a força.
- Meu Deus... Eu estive tão preocupada...
- Hey... Tudo bem, estou aqui agora... - Ele me abraça de volta. - Acho que você está exagerando, essa coisa tá subindo sua cabeça, gata.
- Não! Eu...
- Vai descansar um pouco ok? Eu vou preparar algo pra você comer.
- Não... Você não entende! Ele...
- Anne, por favor... Você não quer parar num hospício como ele, né? Vai e descansa... Por favor...
Eu suspiro derrotada e vou pro quarto me deitar.
Quando chego no quarto vejo a porra de um presente embrulhado com papel-presente metade rosa e metade amarelo em cima da minha cama.
Puta que pariu...