— não, não pode ser! - ele diz
Tony passa a mão no cabelo.
— Nick sabia sobre você esse tempo todo? - Stark pergunta
— sim. Eu pedi que ele não contasse nada a ninguém. Inventasse qualquer coisa, mas não deixasse ninguém saber que eu estava viva. - ela diz — foi eu que contei ao Nick sobre ela. Eu que pedi que ele fosse buscá-la. - diz
— E POR QUE NÃO FEZ ISSO MAIS CEDO? TERIA A POUPADO TANTO SOFRIMENTO! - Tony gritava inconformado e com raiva da mulher
— eu não pude. - Laya diz
— ENTÃO VOCÊ PODE VIR À TERRA PARA ARRUINAR A MINHA VIDA E A ORGANIZAÇÃO, MAS NÃO PODE FAZER O MESMO ESFORÇO PARA BUSCAR A SUA FILHA? - pergunta ele
— A RAZÃO PELA QUAL EU FUI PARA S.H.I.E.L.D. FOI PARA TIRAR INFORMAÇÕES DELES E PASSÁ-LAS PARA O SCHNEIDER, E ESTAVA CORRENDO TUDO BEM... ATÉ VOCÊ APARECER. - ela grita perdendo a paciência
Os dois ficam em silêncio por alguns minutos. Laya tenta acalmar seu tom de voz.
— eu fui descoberta por sua culpa. - ela diz e ele franze o cenho — estava indo tudo bem. Eu estava conseguindo tudo o que eu precisava, mas aí eu te conheci, e quando dei por mim eu já tinha perdido todo o foco do que estava fazendo ali. - ela diz
Tony a olha.
— estávamos treinando um dia e eu desmaiei. Quando acordei você disse para mim que a enfermeira havia me dado um soro para que eu acordasse logo, e... foi justamente esse soro que tirou de mim todos os outros soros que o Schneider havia me dado durante o processo de testes. Ele queria fazer de mim uma super-mulher para destruir tudo o que a S.H.I.E.L.D. inventasse, e o soro que me deram lá acabou com as chances dos planos dele para mim darem certo. No início eu tive medo do que fosse acontecer, mas depois eu gostei da ideia de estar vivendo uma vida normal. - ela diz
— eu ainda não sei onde eu me encaixo nisso. - Tony diz
— simples. Um dos soros que o doutor me dava era o Soro 1.34HY, que além de não me deixar sentir dor, ele bloqueava qualquer tipo de sentimento, felicidade, amor, tristeza. Depois que eu recebi aquele soro na S.H.I.E.L.D., a substância do 1.34HY sumiu do meu organismo, e foi então que eu comecei a me apaixonar por você. - ela disse
Tony a olhava.
— o Schneider percebeu que havia algo errado comigo. Ele percebeu o quão desfocada eu estava por causa de você e, resolveu acabar com o momento que eu mais amei viver na vida. - ela diz — foi ele quem deu um jeito de avisar a S.H.I.E.L.D. sobre mim.
Tony balança a cabeça passando a mão no rosto.
— não sei por que está perdendo seu tempo me contando isso agora? - perguntou ele
— eu... eu não sabia como reagiria se te contasse isso naquela época, e fiquei com medo de me deixar. Eu estava tão feliz vivendo com você que... não queria te perder.- fala
Tony ri ironicamente.
— acho que esconder isso de mim não privou isso de acontecer. - falou
Ela balança a cabeça que sim.
— quer saber, acho que vou deixar você sozinha com seus ressentimentos. Vou subir para o quarto e ficar com a mulher que realmente merece a minha atenção. - diz e se vira
Laya fecha os olhos e engole seco.
— escuta, Stark... Eu não estou aqui para tentar me redimir com você. Eu não estou te contando isso para ter seu perdão ou nada do tipo. Eu não preciso dele. - ela fala e ele para na porta da biblioteca antes de abri-la
Laya respira fundo.
— você é o que menos importa para mim agora, mas é o mais importante para Laura. Eu sei que ela vai te escutar. - ela diz e ele balança a cabeça negando — eu preciso te explicar o por quê de eu ter a deixado, assim você poderá explicar para ela e ela vai te ouvir. - diz a mulher — eu tentei fazer com que ela me escutasse, mas... ela não consegue me perdoar.
— você a culpa? - ele se vira e olha para ela
Laya nega com a cabeça.
— tudo o que Laura está passando é culpa sua. Se não tivesse a deixado sozinha com aquele maluco, nada disso estaria acontecendo. - Tony diz — Por que não a deixou comigo? Por que? Era sua melhor opção. - ele diz
— e deixá-la com você seria bom? - a mulher franze o cenho — você não seria um bom pai.
Laya caminha para longe dele e para perto da janela.
— do que está falando? - Tony pergunta caminhando para mais perto
— estou falando que você não teria sido um bom pai. Eu não deixaria minha filha com você, pois eu sei que com todo o trabalho que tivesse ela ficaria de lado. Eu não queria que minha filha crescesse sem amor assim como você cresceu. - ela diz e Tony cerra os olhos
— está mesmo tocando nesse assunto? - ele pergunta sem acreditar
— sim. Estou. Ou você vai me dizer que seria totalmente diferente do seu pai? - pergunta — eu presenciei parte da sua vida ao redor de Howard, eu vi como ele o tratava e como você implorava pela atenção dele. Eu não queria que minha filha passasse pelo mesmo com você.
— e deixá-la viver com um louco, trancada num quarto sem ver a luz do sol e sendo testada todos os dias foi sua melhor opção? - pergunta o homem irritado
Laya ia falar, mas se cala e balança a cabeça.
— você não me conhece mais, Laya. Você se foi por anos. Muita coisa mudou por aqui. - Tony diz parando em sua frente
A mulher ajeita a postura.
— sério? Como o que? - pergunta — se tornou o gênio, bilionário, playboy e filantropo? É, os tipos de qualidade que agradariam o seu pai. - ela diz
— sim, mas eu também me tornei o tipo de homem que sabe assumir suas as consequências dos seus erros, como tive que fazer quando Laura chegou. - ele diz
— está dizendo que ela é um erro? - pergunta Laya irritada
— não. Estou dizendo que VOCÊ foi um erro. Eu não deveria ter caído na sua. A Laura é consequência disso, mas eu a amo. - diz o homem
Laya não podia negar que ouvir aquilo havia a deixado mal, mas podia fingir que tudo continuava bem.
— ótimo! Da próxima vez me lembre de não ajudar uma pessoa que está sem propósito para viver, como foi seu caso quando nos conhecemos. - diz e dá alguns passos à frente para mais perto dele
Os dois estavam frente a frente. Laya o olhava e Tony fazia o mesmo. Eles negavam bastante tudo o que estava acontecendo dentro deles naquele momento. Tony olhou nos olhos da mulher e ela engoliu seco.
— aposto que não cabem palavrões dentro da sua cabeça agora. Todos direcionados a mim. - ela fala ainda o olhando
Ele nega com a cabeça.
— a única coisa que não falta em mim agora é a vontade de que você estivesse morta, de verdade. - ele diz e Laya cerra os olhos
Seria realmente verdade aquilo que ele acabara de dizer? Ela pensou.
— bom, depois que Laura estiver finalmente salva e o Schneider morto, não precisará se preocupar mais com isso. - ela diz e sai de perto dele indo em direção a porta para sair
Tony franze o cenho.
— que? - pergunta
— o que você ouviu. - ela diz e vira-se para olhá-lo — pode comemorar. Não ficarei aqui por muito tempo. Vai poder viver o resto da sua vida miserável com a certeza de que dessa vez eu realmente vou estar embaixo da terra, e nunca mais vou voltar.
— você realmente não liga para ela, não é? - ele pergunta — está pensando em deixá-la de novo? - pergunta bravo
— é o meu preço. - diz — pelo que pude perceber hoje, Laura preferirá viver com você do que comigo. Pouparei ela de ter que fazer essa escolha.
— não pode escolher por ela. - Tony diz
— sério? Porque ela deixou essa escolha bem clara para mim. Parabéns, Stark - ela diz e bate palmas — você conseguiu destruir minha vida uma vez e está fazendo isso novamente agora. - fala
— hey! Eu não fiz nada que destruísse sua vida. Como você deixou claro há alguns minutos, foi comigo que você viveu a melhor parte da sua vida. - diz estressado
Laura o olha de cima a baixo.
— e por ter vivido a melhor parte da minha vida com você, hoje eu estou com esse destino. O preço que eu paguei por aquele ano foi mais alto que tudo. - diz a mulher com os olhos marejados
Ela não podia deixar as lágrimas caírem, ela não era assim. Ela não chorava. Se lembrou que ao deixar a CEPTHUM, carregou um pouco do soro 1.34HY, para usar sempre em ocasiões que exigissem o máximo de suas emoções e ajudá-la a enfrentar o mundo sozinha por tanto tempo. Laya havia roubado a receita daquele soro e vinha o fazendo durante todos esses anos. Ela havia tomado uma dose antes de se revelar para todos, mas mesmo assim seus olhos marejavam, o que a deixou confusa.
— ainda sim, você conseguiu o amor da minha filha, coisa que eu deveria, mas nunca vou ter. - ela diz
— ela não é só sua. - Tony diz
— eu sei. Você a tem nas mãos. Ela fará tudo por você, parabéns. - diz e respira fundo
Laya sente as lágrimas voltarem para dentro de seus olhos. Talvez ela só precisasse se controlar para que o soro fizesse efeito.
— então é isso? Vai se matar? - pergunta o homem
— esse é o plano. - fala
Tony franze o cenho.
— eu salvo a vida da minha filha, e como eu prometi a mim mesma durante todos esses anos me fingindo de morta, nada mais justo do que morrer de verdade. - ela diz — não vão sentir minha falta pois já estão acostumados com a ideia de eu estar morta, então... - dá de ombros — que tudo dê certo para eu cumprir com a minha promessa.
— não é possível que esteja esquecendo da Laura mais uma vez? - pergunta o homem sem acreditar no que acabara de ouvir — você é mesmo um monstro.
— não, não sou e é justamente por ela que eu estou fazendo isso. - ela diz — ah, e não precisa me escutar, não preciso mais da sua ajuda... vou falar com a Laura amanhã novamente e fazê-la me ouvir. - disse — obrigada pelo tempo, Stark. - ela abre a porta da biblioteca e da de cara com Pepper caminhando até ela
A loira franze o cenho e Laya sorri.
— oi, querida. Stark está lá dentro. - ela diz e sorri — estávamos conversando sobre o passado. - ela fala e Pepper olha para o homem que tinha os punhos cerrados
Laya passa pela mulher e antes de subir as escadas, se vira e diz para eles ouvirem.
— ah, Stark... antes que eu me esqueça, não precisa me agradecer quando eu morrer. Estarei fazendo um favor para todos nós. - diz sorrindo ironicamente e segue caminho indo para o quarto
Laya não sabia se havia encrencado o homem, mas sabia que não se importava mais depois de tudo o que ouviu dele naquela noite. A mulher se tranca em seus aposentos e tira o blazer, jogaram-o em cima da sua enorme cama e abre as portas da varanda, apoiando-se no parapeito e respirando ar fresco, observando a noite estrelada que fazia. Laura tentava controlar o sentimento estranho que estava sentindo. Ela respirava fundo.
Depois de alguns minutos, a mulher volta para dentro do quarto e vai até sua cômoda, abrindo uma grande gaveta e tirando uma caixinha de dentro dela. Laya a abre e vê a lembrança mais forte que carregava com ela desde que teve que deixar a Terra.
O colar que Stark a dera logo quando se conheceram. Ela sempre o carregava, para todos os lugares que ia. Nunca se desfez daquele objeto, mas não sabia se seria bom continuar com ele, mesmo depois de tanto tempo, e de tantas mudanças. O que ela esperava foi algo totalmente diferente do que aconteceu ao ver o homem. Talvez fosse melhor se desfazer daquilo.
A mulher o coloca de volta na caixa e tem uma ideia melhor.
Ela troca de roupa e se deita. Laya se prepara para conversar com a filha no dia seguinte.
Laura está em frente ao grande lago apreciando a tarde chegar. O dia anterior havia mexido muito com ela. Ela não conseguia acreditar que sua mãe estava viva. Queria muito saber os motivos dela, mas não conseguiu naquele dia.
Laura não entendia por que Laya havia a deixado. E pior, fingido a própria morte. Ela não conseguia aceitar que enquanto sofria na CEPTHUM sua mãe estava vagando em algum lugar na Terra, e sem ela.
Laura continua ali tentando entender tudo o que estava acontecendo, quando Natasha se aproxima dela.
— oi. - diz a ruiva
— Nat, oi! - Laura sorri
— como é que você está, hein? - fala passando a mão no ombro da garota
Laura respira fundo e solta um riso fraco.
— sabe... quando eu cheguei na Terra eu não sabia de nada que acontecia por aqui, mas tive que ir me acostumando... - diz — acho que é exatamente inquérito terei que fazer agora.
Nat sorri.
— vai ficar tudo bem. Garanto que há uma resposta para todas as suas dúvidas. - diz a mulher e sorri
— eu realmente espero que tenha. - Laura fala
— olha, não conta ao seu pai que eu te disse isso, mas... nós nunca entendemos como você é tão bonita sendo filha dele. - diz e as duas riem
— depois que eu vimos a sua mãe, nós entendemos isso. - Nat diz e sorri
Laura sorri e assente.
— ela é, realmente. - diz a jovem
— bom, não importa o que aconteça, só tenha em mente que tudo pode ser mais fácil se você se permitir a ouvi-la. - diz a ruiva
— tudo bem. - Laura diz
— bom, deixa eu ir. Eu e Bruce vamos dar uma volta. - fala sorrindo
— hm, uma volta né? Sei... - a garota diz e riem
— ué, não é só você e o Steve que podem sair de fininho as vezes. - fala e elas riem
Nat se despede da jovem e sai. Laura se sentiu bem em poder rir daquela forma e distrair um pouco sua mente. Ela continua ali, pensando.
De repente ela escuta alguém falar atrás dela.
— Eu pedi que Brigitte trocasse os seus soros. - Laura se vira para trás e vê sua mãe se aproximar — Eu só deixei ela te dar a coragem e a força. Não dei o soro para privá-la do medo, pois é o isso que faz de você humana. Sem medo você não teria receio nenhum de machucar os outros, acabaria se tornando uma vilã como Weber realmente queria que fosse. - Laya diz