- Edward... Eu amo você, de verdade...
Eu encaro a bela menina de cabelos encaracolados, olhos negros como a noite e pele da cor do chocolate mais delicioso.
A menina que eu achei que amava... Que eu cheguei a nutrir um sentimento mais próximo do tal amor que todos dizem.
- Você vai se casar comigo quando crescer?
- Eu vou... Eu juro.
Meu coração não aquece com aquela promessa... Na verdade, eu sei que ela está mentindo...
Então de repente, não estamos mais no ambiente onde só nós dois estávamos... Agora tem um grande salão e a mesma menina está crescida e ao lado de alguém que parece muito comigo, mas não sou eu.
- Isabel... - Digo seu nome choroso. - Você prometeu que me escolheria... Você prometeu que seria minha...
Ela me lança um olhar frio e insensível, como se não tivéssemos passado anos juntos, como se não tivesse dito que me amou tantas vezes...
- Eu falei isso? Por favor... Não diga coisas estranhas na frente do seu próprio irmão... Você não tem vergonha de cobiçar a noiva dele? Não tem vergonha de querer tudo o que ele tem?
Meu irmão me lança um sorriso sarcástico.
- Irmãozinho... Não vá chorar bem aqui na frente de todos, vai?
Eu não consigo controlar isso! Poxa... Meu... Coração dói tanto que a dor cria essas drogas de lágrimas nos meus olhos... Como faço para parar?
Não... Não... Não...
Estou chorando como um bebê na frente deles... Estou sendo humilhado...
Alguém faz isso parar... Por favor... Eu só... Eu só queria ser amado... Eu só queria conseguir amar...
Mate todos eles ao invés de chorar
Uma voz fala na minha cabeça.
Não... Torture todos eles e os deixem morrer lentamente.
Outra voz diz.
Não... Você não pode machucá-los... São sua família.
Outra voz diz.
Minha cabeça lateja com tanta vozes diferentes me dizendo o que fazer, mais é mais vozes vão surgindo, cada uma me mandando fazer algo diferente.
O ambiente sumiu, meu irmão e a Isabel sumiram. Tudo a minha conta é escuridão, preto denso.
Tampo os ouvidos para ver se ajuda a acabar com minha agonia... Mas nada muda, as vozes ficam cada vez mais altas...
Então finalmente todas elas param e sussurram juntas.
Anne... Annelise.
Acordo abrindo os olhos rapidamente, como se tivesse ansioso para sair do meu sonho maldito.
Eu sinto uma necessidade enorme de ver Anne ao meu lado quando acordo, mas olho no relógio e ele está marcando 5 horas da manhã. Isso significa que ainda faltam pelo menos umas três horas.
Por que eu estou tão impaciente para vê-la todos os dias?
É como se eu fosse quase incapaz de ficar longe dela...
Mas eu sei que esse "quase" vai virar um "totalmente" se as coisas continuarem como estão.
Ela desperta em mim algo parecido com o que sentia pela... Isabel... Porém bem mais intenso e difícil de controlar. O que deixa tudo mais intenso ainda pois naquela época eu era bem diferente do que sou hoje.
Depois do que Isabel fez comigo, eu me tornei alguém incapaz de amar, não só isso, mas algo dentro de mim mudou... Eu deixei de ser aquele garoto inocente, bonzinho e que fazia de tudo pelo bem dos outros.
Mas, não posso culpa-la por eu ser assim... Por que eu escolhi me tornar o que sou hoje e eu gosto assim.
Porém... Quando estou com a Anne, me sinto diferente, me sinto estranhamente feliz, estável e sereno.
Que coisa...
Decido me levantar e ir até o quarto do Nicolas.
Claro que isso só é possível porque eu tenho os contatos que deixam uma chave comigo e se eu quisesse sair daqui já o teria feito.
Mas não fiz... Por causa dela.
Abro a porta sem avisos e Nicolas pula da cama em estado de alerta.
- Seu filho da puta, o que você está fazendo aqui? Volta pro inferno de onde você nunca deveria ter saído, filhote de capeta.
Reviro os olhos... Que homem amargurado é boca suja.
- Nicolas como descobriu que amava a Lissara? - Vou direto ao ponto.
- O que? Escuta aqui, eu acho bom você não ter se apaixonado por ela, se não eu vou te matar da maneira mais fodida que você conhece. - Ele grita nervoso.
Isso me dá o que pensar, conheço muitas e muitas maneiras fodidas de matar alguém.
Mas foco no assunto.
- Não sinto nada pela Lissara que interesse pela pessoa legal que ela é.
- Seu... - Ele começa mas eu o corto.
- Anne... - Digo.
- Tá apaixonado pela Anne? - Ele ergue a sobrancelha, seus olhos azuis me encarando com certo humor.
- Não... Acho que não, mas acho que posso ficar... Quer dizer, como eu tenho certeza?
- Bom... No início eu queria matar a Lissara como fazia com minhas vítimas... Mas... Ela não teve medo de mim como todo mundo, ela foi gentil e quis cuidar de mim. Ela se apaixonou por mim primeiro e eu não soube entender meus sentimentos por ela e fiz bastante coisa ruim que me atrapalhou bastante de ficar com ela... Enfim... Quer saber se está apaixonado ou não? Tente se imaginar sem ela, pra sempre... Imagine que ela morreu ou tem outro cara.
Faço o que ele pede e me imagino matando ela.
Essa ideia não me atrai... Eu não mato por prazer, somente por necessidade. O que me dá prazer é torturar as pessoas, jogar com elas... Isso é divertido.
Eu passo para a próxima opção:
Se alguém mata-lá... Eu definitivamente vingaria sua morte. Não ver seu sorriso nunca mais, não ouvir sua doce voz... Seus olhos verdes estarem sem vida...
Sinto raiva, uma raiva intensa só de imaginar.
Se eu apenas torturas se ela, não tenho certeza se seria divertido... Uma das minhas faces se alegra com a ideia de vê-la suplicando, implorando, chorando... Como seria sua expressão de medo? Mas ela perderia todo carinho que tem por mim e isso eu não quero.
Por fim, imagino ela nos braços de outro, beijando outro, dizendo que ama outro... Assim como... Isabel...
A raiva e o ódio se misturam em uma onda de fúria e eu soco a parede ao meu lado involuntariamente.
Eu mataria o desgraçado que tocasse nela... Eu o faria pagar... E eu faria ela assistir tudinho, para saber do que eu sou capaz.
Nicolas me tira dos meus pensamentos.
- Olha... A julgar pela sua reação refletindo sobre o que falei, se você ainda não está apaixonado, não falta muito pra ficar... Só não cometa o mesmo erro que eu... Não a faça sofrer além do limite dela.
Sua palavras... Ele não disse para eu não fazê-la sofrer... Ele disse para eu não ultrapassar o limite do sofrimento que ela aguenta.
Por que?
Isso quer dizer que é inevitável que eu a faça sofrer?
Ele percebe minha confusão e continua.
- Somos psicopatas, Edward... Se ela não quiser você, e acredite ela não vai por vários princípios éticos, o que você vai fazer? Deixar ela ser livre? Com outro?
Cerro os punhos...
- Claro que não! - Digo entre dentes.
Então eu entendo o que ele quer dizer...
Eu farei ela ser minha querendo ou não... Porque eu simplesmente não posso ficar sem ela.
- Boa sorte. Agora arrasta essa bunda branca fedorenta pra fora do meu quarto, seu verme. São 5h da manhã, porra! Não volte mais aqui!
Eu saio do quarto sem dizer nada... Estou perdido em pensamentos.
Eu deveria sequestra-lá?
Provavelmente...
Mas... E se isso passar dos limites dela?
Não... Preciso agir com calma, preciso que ela pense que sou inofensivo, preciso que ela sinta algo por mim antes, assim ficará mais fácil pra ela suportar tudo o que está por vir...
Anne... Por que você teve que cruzar meu caminho...
Me perdoe... Mas você será minha...
Querendo ou não.