Eu já imaginei como morreria. Várias vezes, na verdade. Era um passatempo pensar em mortes inusitadas. Uma vez, quando era criança, encenei meu próprio funeral com meus brinquedos. Não porque eu sou do tipo mórbida, mas porque nunca temi a morte, então brincar sobre não era algo sério.
Mas nunca me passou pela cabeça que eu morreria atropelada porque salvei uma mulher sinistra que se jogou na frente de um carro.
Eu estava caminhando, meio perdida nas ruas frias e quase vazias do Alasca, até que percebi uma mulher não muito longe indo parar no meio da rua, bem quando um carro estava avançando um pouco acima da velocidade. Em um gesto impulsivo, corro até ela e a empurro para o lado. O carro me acerta segundos depois. Sinto meu corpo ser arremessado e tento colocar a cabeça para frente, para não bate-la. Não adianta muito, porque bato mesmo assim. Luto para não ficar inconsciente. Pisco várias vezes, mas estou muito mal. Tudo dói e imagino que quando a adrenalina passar, vai piorar muito mais.
A mulher que eu salvei, agora está ajoelhada ao meu lado. Ela não parece desesperada, mas sim irritada e confusa. Tento falar alguma coisa, mas tudo que sai é:
— Merda.
Me arrependo imediatamente, porque não quero essas sejam minhas últimas palavras. Tento outra vez:
— Paz mundial.
A loira me olha de maneira estranha, parecendo tentar me desvendar. Quero dizer a ela que é perda de tempo, ninguém nunca chegou nem perto. Nem eu. Mas não consigo dizer mais nada. A dor é horrível e meus pensamentos fazem menos sentido do que o normal. Desisto, fechando meus olhos e aceitando meu destino.
Espero que a próxima vida seja melhor.
Mas a próxima vida não vem. Nem o paraíso, ou o inferno. Quer dizer, eu suspeito que o inferno sim. Está tudo em chamas. É a pior sensação que já experimentei.
E não acaba por dias.
tenho vontade de postar todos os capítulos já prontos de uma vez, porque simplesmente amo a Rox e quero que vocês amem também 🤧 mas enfim, sigo forte postando uma vez por semana...