A Lista de Bringhte

Par onedmoon

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#1 SÉRIE BRINGHTE Filha do prefeito de uma cidade pequena, Jade Castilho estava acostumada a seguir as regras... Plus

Série Bringhte
A Lista de Bringhte
Lista de Regras
epígrafe
prologue
one
two
three

four

473 74 68
Par onedmoon

Meus olhos estão pesados na manhã seguinte. Quando cheguei em casa na manhã de ontem, Javier já havia saído, por isso acabei dormindo pelo restante da manhã, só acordando para ir para a biblioteca e voltando a desmaiar quando cheguei em casa.

Por isso quando meu irmão surge bocejando do corredor, já arrumado, espero suas perguntas pelo meu sumiço, acompanho-o com o olhar ele pegar uma xicara no armário, servir de café e se sentar a minha frente. Seu olhar vaga pela nossa grande mesa de café da manhã, indeciso entre comer pão com manteiga, ou pão com geleia.

— A gente precisa ir ao mercado.

— Uhum. – Murmuro enquanto corto meu pão em pedacinhos, receosa de o olhar nos olhos.

— Que horas você chegou antes de ontem? Eu capotei assim que saiu e madruguei ontem.

— Ah – Ergo a cabeça, o vendo passar a faca na geleia e pegar o pão. – Eu... Uma da manhã talvez?

— Hm. – Espero por mais perguntas, mas ele começa a falar do campeonato e quase despenco na cadeira em alivio.

Não gosto de mentir para ele, após eu descobrir todas as porcarias que ele passou com nosso pai na infância, e nunca contou para mim, prometemos não mentir mais um para o outro, mas o que aconteceu na festa... eu não quero me lembrar, e se contar para Javier, ele vai me fazer lembrar disso toda hora enquanto investiga todos do campus tentando descobrir quem... me drogou.

— Por que todo mundo está olhando para você? – Ergo o olhar do trabalho escrito a mão que terei que entregar para a próxima aula, e encaro meu irmão, sua testa está franzida e ele acena em frente.

Olho ao redor e quase congelo, há pessoas sentadas no gramado, jogando bola e outras apenas atravessando-o para irem aos prédios, e todas elas lançam olhares para mim. Um garoto joga uma bola de futebol americano em nossa direção e outro vem correndo a alcançar, quando passa por mim, ele sorri.

— Ei Castilho, quando tiver um horário me fala quanto fica.

— Que porra você falou? – Agarro o braço de Javier em um reflexo, ainda assim ele consegue dar poucos passos furiosos na direção do garoto que corre para longe. – O que vocês estão olhando caralho?

— Foi mal cara, é só que ficamos surpresos com as novidades.

— Que novidades?

— Javier...

— Que novidades? – Ele pergunta mais alto.

— Jade! – Ouço a voz inconfundível de Emma me gritando ao longe e ela correndo em nossa direção felizmente distrai Javier de uma futura possível briga. Emma para ofegante a minha frente, alguns papeis que estavam em suas mãos voaram pelo caminho e ela resmunga. – Merda, Javier querido, pode os pegar para mim?

— Você tem mãos e pernas Emma.

— E você educação – Ela sorri e seguro um riso. – Anda logo vai, quero falar com sua irmã, papo de mulher.

Meu irmão bufa, mas finalmente se meche indo atrás dos papeis, assim que ele se afasta o suficiente, Emma perde o sorriso e me puxa pelo braço para mais longe.

— O que foi?

— Más noticias Espanha – Ela suspira. – Odeio enrolar então vou direto ao assunto, alguém espalhou por aí que você transou com o Bryan e outro cara no dia da festa, parece que tem até um vídeo por aí seu toda molhada sendo levada no colo pro quarto de um cara.

— O que? – Minha voz quase não sai.

— Começaram a falar sobre hoje de manhã, se não...

— Toma seus papeis – As folhas surgem entre a gente, Emma as agarra com um suspiro. – Agora vocês podem me explicar o que... – O celular de Javier toca e eu quase solto um obrigada. Ele pega o aparelho e franze a testa. – Preciso encontrar uns caras do time, depois conversamos.

Quando ele se afasta, Emma agarra minha mão e começamos a ir em direção ao prédio de saúde, sinto minhas mãos tremerem quando continuo sentindo os olhares e ouvindo piadinhas enquanto passamos.

— Emma... – Choramingo.

— Eu sei, já quase soquei duas pessoas hoje, a pessoa que espalhou esses boatos e o vídeo é um tremendo filho da puta. – Nem consigo reclamar de seu linguajar. Subimos as escadas e quando entramos no prédio, sinto alivio por grande parte dos olhares e comentários sumirem.

Emma para em frente a porta do banheiro e me passa os papeis, em seguida a mochila.

— Eu nunca nem beijei ninguém, quem dirá ficar com dois caras em uma só noite.

— Pessoas são idiotas Jade, acreditam em tudo, menos na verdade – Ela suspira. – Você segura pra mim? Infelizmente terei que ir ao banheiro.

Emma respira fundo antes de passar pela porta e agradeço por ela não me pedir para entrar junto, os banheiros da BNU são nojentos e fedem a beça desde que a equipe de limpeza resolveu entrar em greve após a última obra do time de atletismo masculino: uma obra de arte com fezes no banheiro masculino. Desde então, há uma semana, eles foram castigados para limpar os banheiros, mas não fazem isso, resultando em um grande fedor e nojo.

Fico quase tentada a entrar no banheiro quando vejo Amélie entrar no prédio, há poucas pessoas no corredor por já ter começado as aulas, então espero ela passar por mim até as escadas, mas quase solto um palavrão quando ela para na minha frente, uma careta em seu rosto.

— Jude, estava mesmo te procurando. – Ergo as sobrancelhas, em vez de pronunciar meu nome errado, ela decidiu errar ele todo.

— Oi Amélie.

— Oi Amélie? – Ela solta um riso. – Você não tem vergonha na cara?

— O que?

— Sabe você ser uma puritana não era surpresa, afinal, é só olhar para você – Seus olhos descem por meu corpo e quase a imito, o que há de errado? - Mas uma piranha? Essa é surpresa.

— Do que você tá falando Amélie? – Minha voz falha e odeio isso.

— Vou te falar só uma vez garota – Ela se aproxima de mim, e posso sentir seu hálito de cereja contra meu rosto. – Se você se meter com meu namorado de novo, eu vou fazer sua vida um inferno, patética.

A porta ao meu lado se abre e Amélie se afasta com rapidez de mim, escuto Emma exclamar palavras grosseiras pra ela, mas estou paralisada, não consigo me mexer, apenas sinto lagrimas inundarem meus olhos.

— Quem ela acha que é? Ela é a patética, porra eu vou fazer os cabelos dela pegarem fogo na aula de dietética – Emma se vira para mim e suspira. – Jade...

— Não, eu to cansada dessa merda! – Jogo as coisas em minhas mãos no chão. – Ela faz da minha vida um inferno só porque ela fez merda e foi presa, que culpa eu tenho disso? Em? Nenhuma! – Minha voz soa cada vez mais alta e Emma pega as coisas do chão e nos empurra para o banheiro, o cheiro me atinge com força, mas estou com tanta raiva que ignoro. – Todos nesse lugar me zombam chamando de puritana e eles nem me conhecem, idai que sou puritana? O que eles têm haver com isso? Em?

— Nada.

— Nada Emma! – Grito. – Eles a tratam como uma rainha, mas pra mim ela é só uma vadia!

Solto a respiração e me apoio contra a pia, sentindo meu coração acelerado e meu corpo suando frio. Começo a me arrepender das palavras duras que disse, não gosto de tratar outras pessoas assim, ainda mais mulheres, mas Amélie...

— E eu nem conheço o namorado dela, como eu teria sequer falado com ele?

— Ela é maluca Jade, inventa qualquer motivo para arranjar confusão, especialmente com você. – Ela coloca guarda os papeis na mochila e me lembro de que os joguei no chão.

— Me desculpa por jogar suas coisas no chão.

— Desculpa nada Espanha, demorou até demais pra você finalmente extravasar.

Abro um sorriso e me desencosto da bancada, o cheiro do banheiro bem presente agora, nos apressamos em sair do banheiro.

— Eu... – Sou interrompida pelo celular tocando. Retiro ele do bolso do jeans e vejo o nome de Zoe na tela, Zoe matando aula? – Alo?

— Você não sabe o que aconteceu – Emma ergue as sobrancelhas, e prevendo que virá uma fofoca, coloco no viva-voz. – Seu irmão socou o Bryan!

— O que? – Emma e eu gritamos em uníssono. Ouvimos uma porta abrir, e nos apressamos a sair do prédio, já perdi o começo da aula e após essa discussão com Amélie, sei que não irei prestar atenção em nada agora – O que aconteceu? – Pergunto.

— Foi bem confuso, estava lá na quadra fazendo uma matéria sobre o time, quando do nada, Javier entrou empurrando a porta com força e socou o Bryan.

— Ai meu Deus. – Murmuro, prevendo o motivo. Emma e eu sentamos em um dos bancos no gramado, agora quase vazio.

— Depois eles começaram a discutir, Javier acusou o Bryan de... transar contigo e aí eles discutiram ainda mais, com Bryan incrédulo de que o Javier acreditou nisso.

— Alguém espalhou esse boato idiota por aí. – Emma resmunga.

— Bryan contou a verdade?

— Sobre a droga? Não, apenas falou que te ajudou a não beber demais e sei lá mais o que, aí falaram sobre o vídeo.

— Só piora. – Choramingo.

— É, os caras do time fizeram o Javier acreditar que não era você, no final ele se acalmou, acho que você deveria beijar a boca de cada um em agradecimento viu? Até eu fiquei com medo de seu irmão.

Emma solta uma risada, mas não consigo expressar nem isso. De repente, me sinto incrivelmente culpada, culpada por ter seguido à risca as regras de meus pais que me fizeram chegar onde estou: zero experiencias de vida, ao ponto de ter sido drogada e zombada de puritana.

Sei que a culpa não é minha, que as pessoas que são idiotas e não respeitam as diferenças dos outros, mas eu estou cansada dessas diferenças, e só penso em uma forma de acabar com isso.

— Preciso beijar alguém.

— Oi? – A voz de Zoe sai entrecortada pelo quase grito que ela solta, Emma me encara com os olhos arregalados. – Esse é um jeito meio estranho de lidar com isso tudo.

— Não, olha... eu cansei disso ok? De me zombarem, de me sentir diferente e eu sei que a culpa não é minha, mas estou cansada, e quero mudar isso.

— Mudar como? – Emma pergunta temerosa.

— Primeiro? Finalmente ter alguma experiencia amorosa.

— Você não deveria fazer as coisas por causa dos outros.

— Estou fazendo por mim – Afirmo. – Um pouco motivada pelos outros, mas principalmente por mim, eu juro.

— Ok, experiencia amorosa, e depois? – Zoe pergunta.

— Quebrar a lista de regras de meus pais?

— Isso soa divertido. – Emma abre um pequeno sorriso.

— É, mas não sei por onde começar, eu nunca conversei com um menino com segundas intenções.

— Que tal um encontro as cegas? – Emma ergue as sobrancelhas para a sugestão de Zoe.

— Encontro as cegas? O que é isso?

— Nós iremos escolher um cara para você encontrar, sem você saber quem é e nem ele saber quem você é. – Zoe explica.

— E quem poderia ser?

— Deixa comigo, tenho alguém em mente. – O sorriso de Emma me dá arrepios.

— Se você se sentir à vontade após isso, a gente quebra as regras de seus pais.

— Ok – Respiro fundo. – Preciso ir pra aula, já faltei o dia todo de ontem, vejo vocês no intervalo?

— Estaremos lá.

As aulas até antes do intervalo foram normais, eu acho, foquei tanto na matéria que ignorei qualquer olhar e comentário que pudesse surgir. Quando sai para o corredor no intervalo, notei que era verdade, eram poucas as pessoas que me notavam, e tinha quase cem porcento de certeza de que isso tinha um dedo de Javier nisso, talvez até de todo o time, e fiz uma anotação mental de falar com eles.

Planejava comer tudo que não comi no café da manhã, mas meus passos pararam a poucos metros do refeitório. Bryan bebia água em um dos bebedouros, seu rosto inclinado me permitiu ver a mancha vermelha, quase roxa em seu olho, franzo o nariz e me aproximo dele, Bryan demora mais que o normal para me notar.

— Oi. – Abro um sorriso contido e agarro as alças de minha mochila, nervosa.

— Castilho, como vai? – Ele sorri e faz uma careta, solto um suspiro.

— Soube o que meu irmão fez, me desculpe, mesmo.

— Me desculpe pelo o que?

Um garoto passa assobiando por nós, e solta um comentário ridículo sobre mim e Bryan irmos para um quarto, não fico surpresa quando percebo que é do time de basquete, o principal inimigo do time de meu irmão e que menos os respeitam.

— Por isso ter feito você levar um soco. – Bryan revira os olhos e se encosta contra a parede.

— A culpa não é sua, e sim do idiota, ou idiota, que espalhou esse rumor, você e eu apenas somos vitimas disso tudo.

— Mas não teria acontecido se eu não...

— Ei, ei, ei – Suas mãos agarram meus ombros muito rápido, seu olhar é sério sobre o meu. – Lembra sobre o que conversamos? Nada disso é culpa sua.

— Eu só...

— Nada Jade. – Solto um suspiro.

— Certo, tem razão – Balanço a cabeça. – Obrigada por não contar nada pra Javier.

— Amigos são pra isso. – Ele sorri e o olho surpresa.

— Amigos?

— O que foi? Não quer ser minha amiga? – Ele cruza os braços na frente do corpo.

— Não! Quer dizer, sim, eu... Só é estranho, nunca nos falamos direito.

— Bem, a situação de merda serviu para algo, te trazer um amigo incrivelmente sexy, gostoso, habilidoso e legal. – Solto uma risada.

— Esqueceu o narcisista.

— O que é isso? – Reviro os olhos e Bryan acena com a cabeça e sai em direção ao refeitório.

Entendo porque Javier gosta dele.

Um episódio de Modern Family roda na televisão enquanto tempero a salada em meu prato, cheguei da biblioteca e após um banho e um cochilo, decidi fazer o jantar. Minha mãe dizia que a mulher perfeita tinha que ser uma perfeita dona de casa, isso incluía saber cozinhar, eu odiava ter que aprender a cozinhar quando era apenas uma pré adolescente querendo ler meus livros em paz, a pressão de mamãe tornava toda a experiencia pior.

Hoje, até que achava a ação legal, desde que eu cozinhasse porque queria ou para não deixar Javier passar fome, já que dependendo dele, viveríamos de delivery assim como ele viveu por anos sozinho aqui em Bringhte.

Quando sento no sofá a porta é aberta e meu irmão passa por ela totalmente nojento, a porta se fecha atrás dele e ele acena antes de ir em direção ao banheiro, no começo, tínhamos longas brigas por ele chegar todo sujo e fedendo, e querer deitar no sofá, mas finalmente chegamos a um meio termo.

Gloria fala algo com seu sotaque forte latino enquanto levo uma garfada de frango grelhado a boca, quando meu celular vibra na mesinha de centro. Deixo o prato na mesa e pego o celular, a notificação é de Emma no nosso grupo juntas, ela diz que já arrumou um encontro e será sábado em um restaurante italiano, o endereço embaixo.

Sinto meu estomago dar voltas e meus dedos ficam parados sem saber o que digitar, meu cérebro indo entre um ok e um ''eu desisto'', mas então Zoe combina de irmos dormir na casa de Emma amanhã a noite e aproveitar para me preparar para o encontro. Respiro fundo e mando um ok, nunca nego um momento junto com elas, e eu não posso voltar atrás, não se eu quiser ser... diferente.

O cheiro de sabonete me avisa que Javier está na sala, então largo o celular e ergo o olhar, encontro meu irmão parado na saída do corredor, esfregando uma toalha em seus cabelos úmidos enquanto me encara, sei que virá bomba.

— Então...

— Fala logo. – Murmuro e como minha salada. Javier suspira, deixa a toalha em uma cadeira, e então cruza os braços, indeciso.

— Hm... me encontrei com Bryan hoje.

— Antes ou depois de você o socar? – Ele abre a boca, surpreso, então a fecha.

— Eu... – Ele coça a cabeça. – Ouvi sobre uma fofoca e recebi um vídeo estranho que falaram que era você no colo de um cara e... bem, achei que vocês... você sabe.

— Sei – Reviro os olhos e enfio o garfo com força em uma alface. – Eu... tropecei e acabei caindo na piscina, um garoto me ajudou, porque sabe, não sei nadar, Bryan viu e me ajudou também, só.

Só nesse momento percebi que eu não sabia nadar e cai em uma piscina, eu preciso mesmo agradecer a quem me ajudou.

— Só isso?

— Vai acreditar em mim ou nos fofoqueiros? – Javier me encara com seu olhar analisador e me sinto corroer por dentro por mentir, mas novamente, não quero o preocupar.

— Em você, desculpa só... nunca passei por isso com você então dei uma de irmão protetor. – Abro um sorriso, triste e comovido.

— É, eu nunca passei por isso. – Ouço os passos de meu irmão, mas não desvio o olhar de meu prato, nem quando ele se senta ao meu lado.

— Eu não quis dizer que você não passou por isso por algum motivo, só que não passou, porque você é linda e... – Solto um riso.

— Eu sei – Respiro fundo e o encaro – Só... nunca aconteceu – Dou de ombros – Não sei se porque ninguém nunca se interessou por mim, por causa de nossa família ou...

— Segunda opção, porque você é gata, somos irmãos – Reviro os olhos, mas solto um sorriso mais feliz dessa vez – E também porque os moleques de nossa escola e cidade eram um bando de otários... e talvez porque eu ameaçava quem chegava perto de você – O olho chocada. – Ei, só os que não prestavam, ou seja, a grande maioria.

— Sem comentários Javier – Nego com a cabeça, então me lembro da mensagem de Emma. – Eu... tenho um encontro sábado?

— Por que isso soou como uma pergunta?

— Porque ainda estou tentando me convencer disso.

— Hm – Ele cruza os braços e assume uma posição de defesa que já vi várias vezes, inclusive no campo. – E com quem?

— Não sei – Suspiro e deixo o prato na mesa, ficando livre para me virar para ele – É um encontro as cegas, e sem comentários negativos porque estou quase desistindo de ir, mas... eu quero ter essa experiencia, e acho mais fácil ser por um encontro arranjado por Emma do que eu chegando em alguém e chamando pra sair. – Javier pisca lentamente, consigo ver as engrenagens de seu cérebro girando, tentando decidir como reagir, ele escolhe por ser calmo.

— Certo... primeiro, não sei se confio em Emma para isso, segundo, parece perigoso e terceiro... é... estranho, te ver crescer. – Abro um sorriso.

— Primeiro, confie um pouco em Emma ela sabe reconhecer pessoas ruins antes de qualquer outro, segundo, também estou com medo, mas levarei o spray de pimenta caseiro que me deu e fugirei se achar a pessoa estranha e terceiro, se é estranho comigo, imagine com Liberty.

— Não. – Ele faz uma careta de dor enquanto joga a cabeça para trás e eu gargalho.

E aqui está uma parte nova e apaixonante de meu irmão: seu modo pai.

Quando Javier saiu de casa, eu surtei, tentei imaginar todo e qualquer motivo para ele ter feito isso, nossos pais disseram que envolviam uma garota, então não imaginei muitas razões: ele se casou com ela escondido? Ela não era a garota que nossos pais imaginavam? Ela era do partido oposto de nosso pai? E alguns outros mais absurdos, mas nunca imaginei que Javier havia se tornado o desgosto de nossa família porque engravidou uma garota na escola e resolveu assumir o filho, ou melhor, a filha.

Nossos pais nunca aceitariam isso, iria ser uma mancha na imagem de família perfeita que os eleitores esperam, como sempre diziam, e mesmo eu julgando meu irmão por um tempo após ele ir, eu entendi e respeitei sua escolha quando bati em sua porta anos depois e quem atendeu foi uma garotinha loira de três anos.

Javier conseguiu uma bolsa em BNU ainda no terceiro ano, então fazia sentido vir pra Bringhte, terminou o último ano em uma escola local e ingressou na BNU, enquanto dividia um pequeno apartamento, menor do que esse, com Tiffany, a mãe de Liberty.

— Ela virá final de semana?

— Sim, prometi a levar no zoológico, ela está viciada em coalas – Abro um sorriso. – E obrigou Tiffany a ir junto.

No começo, achei que Tiffany e ele voltariam a ficar juntos, afinal, eles se falavam sem parar, ela sempre vinha deixar Lib aos finais de semana aqui – foi o acordo que fizeram – e ele a levava para sua casa domingo a noite, mas então percebi que eles eram apenas bons amigos e bons pais. Pais, ainda era estranho vê-lo assim.

— Eu vou tomar cuidado e sei que se algo ocorrer, posso contar com você.

— Você sempre pode contar comigo joya, sei que fui embora por três anos, mas...

— Eu sei, agora tira sua toalha da cadeira e pendura no varal preguiçoso. – Ele revira os olhos e se levanta, me estico para pegar o prato e voltar a comer, quando me enxoto no sofá, recebo um beijo na cabeça e sorrio.

Mesmo que eu esteja com medo do que vira, me acalma saber que sempre terei meu irmão e as garotas para me consolar.

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