07 • first steps

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– E aí? Você vai fazer o que? – Ashton me despertou, enquanto terminava de arrumar as coisas na sala do estúdio.

– Tenho que resolver umas coisas – respondi sem vontade, levantando-me e pegando meus pertences.

– Que coisas? – franziu o cenho numa risada nasalada.

– Ah, umas coisas aí – Ashton continuou me encarando desconfiado. E eu realmente odiava aquele olhar.

Estava até mesmo me acostumando com ele. Julgamento era o que não faltava para cima de mim, mas quando aquilo vinha dos meus melhores amigos, eu acabava me sentindo meio chateado. Eu não podia julgá-los por aquelas reações, afinal eu andava dando todos os motivos do mundo para desconfiarem de mim.

O que eu precisava resolver naquela segunda-feira dizia respeito à Skyla Valentine Wood, a proprietária do Vista Cruiser que eu quase destruí na semana anterior, e a garota a quem eu havia feito a proposta de se passar por minha namorada falsa. Aquele dia era, das duas uma, ou o primeiro dia da minha nova vida rumo à limpeza da minha imagem, ou o último dia da minha vida antes de eu me tornar o idiota que procurou por uma pessoa para se passar por sua namorada na tentativa de limpar sua imagem com a mídia.

Pensar sobre aquilo me deixava meio apreensivo, ainda que boa parte das minhas emoções estivesse longe de mim àquela altura do campeonato. Eu estava nas mãos da Skyla, não tinha mais volta. E, em algumas horas, estaria na frente de seu antiquário em Sherman Oaks aguardando por sua resposta à minha proposta maluca.

– Você pode ficar tranquilo. Não tô fazendo nenhuma merda – respondi, mesmo que Irwin não tivesse perguntado mais nada.

– Eu confio em você, Cal – apoiou sua mão em meu ombro. – Só quero que saiba que nós estamos aqui pra você, apesar de tudo. São momentos difíceis, mas nós somos um time. Não se esqueça disso – lançou seus conselhos aleatórios, finalizando com um tapinha no meu ombro. – Quer companhia pra almoçar?

– Pode ser – dei de ombros, pegando tudo que era meu e acompanhando Ashton rumo ao estacionamento.



Tranquei as portas da Range Rover na parte de trás do estacionamento do antiquário. Não tinha movimento ali para um final de tarde de segunda-feira. Eu não me surpreendia. Ainda que eu estivesse comparecido ali apenas algumas poucas vezes, já havia percebido que quase nunca tinha muito movimento.

Abaixei os óculos escuros sobre meus olhos, muito mais na tentativa de passar despercebido do que tapar o sol que batia em meu rosto.

O sino de entrada da porta balançou, chamando atenção de Skyla, que organizava algumas peças sobre os balcões da loja. A morena usava uma saia jeans de cintura alta e botões marrons e uma camiseta preta com a estampa de um dos álbuns da Joy Division. Em seus pés, aqueles coturnos horríveis.

Skye me encarou de canto, mas logo voltou a fazer suas coisas. Seu olhar me causou um arrepio porque pensei que ela provavelmente iria me ferrar. Mas tentei não deixar aqueles pensamentos me abalarem. Eu era Calum Hood. Eu tinha um grande arsenal de tragédias pessoais. Não era qualquer coisa que me abalava, no final das contas.

Forcei uma tosse, mas Wood manteve-se intacta. Então, me aproximei.

Não havia mais ninguém por ali, o que me fez criar a ilusão de que Skye havia dispensado sua funcionária mais cedo para que pudéssemos conversar a sós.

– Oi – levei a mão até um globo de neve sobre o balcão que Wood limpava, recebendo um arremesso leve de uma toalha na mão, me fazendo rir.

– Me espera no café da esquina. Daqui quinze minutos eu vou lá – disse sem me olhar. Eu apenas sorri, mesmo que ela não tivesse visto, larguei o globo sobre o balcão e segui meu caminho até a saída do estabelecimento.

burning rules • c.t.h Where stories live. Discover now