Surto Shakespeariano

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P.O.V: Tom

O clima em Atlanta estava me chamando para explorar. Depois de ter conversado com Jacob sobre o jantar de hoje, decidi tomar um banho e assistir algo na televisão.

Como sempre, nada interessante estava passando no momento e meu tédio encontrava-se alto demais para simplesmente suprir a necessidade de achar algo em um programa de streaming qualquer.

Não fazia ideia do que assistir. Então, penso que uma boa caminhada pelo condomínio faria bem aos meus pensamentos inquietos.

Era considerado perigoso ficar sozinho na companhia deles, levavam-me para lugares os quais não gostaria de ter recordações. Não que as recordações fossem ruins, pelo contrário, eram as melhores lembranças que tinha na minha vida.

Mas, o tempo provou que ficar pensando em Zendaya o tempo todo nunca me faria superar o que tivemos. Praticamente achava impossível isso, era mais fácil me acostumar com a ideia de vez ou outra minha mente iria ter recaídas e pedir por seu corpo junto ao meu.

Porém ela não me queria.

Deixou claro quando terminamos e tive que respeitar essa vontade. Sempre lembrava o que meus amigos diziam: "Não alimente suas lembranças, Tom. Sabe que nunca vai esquecê-las se continuar procurando por elas."

Mas esse era o problema. Eu não queria esquecer. Ter Zendaya ao meu lado foi uma das melhores sensações que já experimentei. Nossa química pareceu tão certa desde o primeiro dia... Realmente não vou entender o que aconteceu.

Parte de mim não queria entender e outra parte era devido à ela nunca ter esclarecido de forma clara. A única coisa que disse foi: "Eu sou complicada, vai ser melhor para nós dois."

Nunca foi melhor para nós dois. Para ela, creio (e espero) que realmente tenha sido; mas para mim... Foi como viver um inferno.

Tudo me lembrava ela e não podia desviar simplesmente disso. Acho que estava fadado a sofrer pelo resto dos meus dias, sentindo sua falta.

Abri a porta da frente depois de ter pego minha carteira. Não levaria as chaves do carro, queria dar uma caminhada por aí. Sentir o vento em meu rosto e tudo mais, essas coisas clichês que ajudavam a distrair e não ficar pensando muito.

Desci as escadas da varanda depois de fechar a porta e chequei duas vezes se havia alguém por perto. Por mais que fosse condomínio fechado e não tivesse paparazzis por ali, uma pessoa com um celular já estava de bom tamanho para divulgar minha imagem.

Não iria arriscar sem antes ter certeza.

Quando me senti seguro, segui meu caminho. Comecei a subir a rua e olhar as casas, meu olhar (obviamente) evitou uma em específico e nem preciso entrar em detalhes para explicar.

Só de pensar no que estava fazendo agora já era um gatilho e tanto. Eu sabia que perderia completamente o controle e a próxima coisa que estaria fazendo era bater em sua porta.

Ainda tinha minha dignidade.

Virei a esquina assim que cheguei ao topo da rua e pude ouvir alguns cachorros latindo. Talvez outro morador estivesse passeando por aquela região também, espero que não seja alguém que queira tirar fotos.

Eu realmente não estava no humor agora e tinha que espairecer um pouco a mente; lidar com pessoas era a última coisa que gostaria de fazer.

Os latidos dos cachorros começaram a ficar cada vez mais intensos na medida que eu entrava em outra rua. Penso eu que poderia estar chegando perto.

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