Capítulo único

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O som agudo do alarme tentava despertar Kevin Moon de seu sono, mas, na realidade, o garoto já estava acordado havia um bom tempo. Deitado de lado em sua confortável cama, seus olhos percorriam o calendário em sua parede. Dia 21 de dezembro. 

Kevin suava frio só de pensar em tudo o que ele teria que fazer naquele dia. O garoto era um artista em ascenção e, para sua enorme alegria, um museu renomado da Coreia do Sul faria uma exposição de suas obras. Como era o primeiro dia da exposição, Kevin teria que apresentar uma palestra sobre a sua arte, na frente de inúmeras pessoas, grandes entendedores e apreciadores de arte e também pessoas comuns que apenas gostavam de ver suas obras. Claro que o garoto estava muito animado para isso, mal conseguindo dormir a noite de tanta ansiedade. Ele já havia feito isso outras vezes, entretanto, nunca para um público tão grande.

O jovem artista levantou-se de sua cama e caminhou até o pequeno escritório que havia em seu apartamento. Resolveu dar uma olhada nas coisas que planejara apresentar nesse dia tão aguardado. Ele havia anotado em um caderninho várias perguntas genéricas que a maioria das pessoas faziam a ele, como: "O que as suas obras representam?", "Com quantos anos você começou a pintar?", "Qual sua obra favorita?". E, também, a mais difícil delas: "Qual é a sua maior inspiração para suas pinturas?". Abaixo dessa pergunta, Kevin não havia escrito resposta. Ele sempre tentava desviar dessa pergunta. O garoto não gostava de mentir, mas também tinha vergonha de dar uma resposta sincera, do fundo do seu coração. O garoto inspirou e expirou profundamente, e revirou alguns papéis que estavam no fundo de uma gaveta, achando a fotografia que ele tanto amava. Era uma foto dele, em frente à sua casa, com um garoto ao seu lado. Ambos eram crianças, com cerca de sete anos. Olhando para aquela figura, Kevin foi transportado para o passado.

Era um dia frio de inverno no Canadá. Faltavam alguns dias para o Natal. Kevin havia saído para brincar na neve com as crianças do bairro, entre elas, o adorável, porém tímido, Jacob Bae. Só que, daquela vez, Jacob não estava animado para brincar. O garoto apenas ficava agachado em um cantinho, desenhando na neve com seus dedinhos cobertos por uma luva. Kevin, então, aproximou-se do garotinho para poder falar com ele.

— Ei, o que você tá fazendo sentado aí sozinho? Você pode ficar doente assim, sabia? Por que você não quer brincar com a gente, Jacob?

O garotinho lentamente levantou sua cabeça para ver quem estava falando com ele.

— Oi, Kevin... eu não estou muito bem hoje... — Jacob respondeu, bem baixinho.

Kevin se sentou na neve para poder falar melhor com o menino.

— Mas se você não tá bem, por que você não fica em casa? Aí você pode pedir pra sua mãe fazer pra você uma comida que você gosta de comer! Ou você pode ficar na sua cama quentinha!

— É que... meus pais trabalham bastante, aí eu fico aqui. Eu não gosto de ficar sozinho, mas eu tô sempre sozinho...

— Ah, entendi... então... você quer ir pra minha casa? Eu posso pedir pra minha mãe fazer uma comida pra você!

Os olhinhos de Jacob brilharam. Nenhuma criança nunca havia o convidado para ir em sua casa.

— Você... tem certeza?

— Tenho, sim!

Os garotos, então, foram em direção à casa de Kevin. Quando chegaram na porta da casa, a mãe de Kevin apareceu com uma câmera antiga em mãos. 

— Kevin! Eu estava indo agora mesmo tirar uma foto sua com seus amigos, que bom que você apareceu aqui! Olhem pra mim e sorriam!

E aquela foi a primeira vez que Kevin viu o adorável sorriso de Jacob. O garotinho, animado, perguntou para Kevin:

puzzle piece • moonbae [oneshot]Where stories live. Discover now