— Uou! — ela exclama. — Isso foi um elogio?

Sorrio.

— Não enche — murmuro. — A questão é: quando damos uma chance, dá para descobrir um monte de coisas legais sobre você além da sua incapacidade de ficar calada. 

— Nossa. Isso foi quase um "eu te amo" — debocha. 

— Engraçadinha. — Murmuro.  

Consigo notar um brilho de fascinação enquanto ela olha ao redor, observando tudo com olhos curiosos, como se quisesse guardar cada pedacinho deste lugar no canto mais bonito da sua memória. Algo me deixa extremamente feliz por estar ao lado dela, presenciando esse momento. É quase como se eu me sentisse um homem de sorte. 

— Tudo aqui é tão arquitetônico — comenta ela. — Tem uma pegada rústica, mas eu gosto muito. Sinto como se estivesse em uma bolha de arte gigante. 

— Vocês, artistas, tem uma profundidade que não consigo entender. 

— Vemos arte nas pequenas coisas — alega. — Tipo isso aqui — aponta para uma lata de metal fixada numa barra de ferro. — Parece tão… artístico.

— Ahn… a lata de lixo? 

Ela me lança um olhar rápido.

— Lata de lixo! Claro, eu sabia que era uma lata de lixo.

Seguro o riso.

— Aham…

— Ai, meu Deus! Olha!

Teri corre até uma cabine telefônica. 

— Eu sempre quis ver uma dessas pessoalmente — emenda ela. — Toma, tira uma foto. 

Pego o celular da mão dela e me afasto um pouco para ter um ângulo melhor enquanto ela faz uma pose ao lado da cabine. Tiro algumas fotos. 

— Pronto — anuncio, olhando o resultado final. — Ficaram boas. 

— Mesmo? — Ela não espera uma resposta. — Agora tira umas comigo dentro da cabine. 

Teri se enfia lá dentro e me divirto enquanto a mesma faz caras e bocas para a câmera, segurando o telefone. Ela parece tão feliz com algo que, ao meu ver, parece tão insignificante… Mas Teri é assim: sempre enxergando beleza nas pequenas coisas. É algo que eu percebi com o tempo, e cada vez mais eu sigo explorando esse lado dela que é cheio de segredos. 

— Bom — começo quando retomamos a caminhada —, podemos pegar um táxi ou um ônibus. A escolha é sua. 

— Ônibus! Eu sempre quis passear no segundo andar. 

— Vamos lá então. 

Guio-a até o ponto de ônibus mais próximo. Pegamos o primeiro ônibus que passa e a levo para o andar de cima, onde a vista é ainda mais incrível. Deixo-o sentar na janela e aproveito a oportunidade para passar o braço ao redor dos seus ombros; a mesma nem parece perceber, já que está ocupada demais tirando fotos borradas e tagarelando sobre alguns pontos que ela acha bonito. 

Descemos do ônibus em Westminster, bem ao lado do Big Ben. Ainda é cedo, e as ruas estão tranquilas, mas a luz do sol que reflete no sino instalado no Palácio de Westminster torna a vista bastante glamourosa, eu admito. A verdade é que passei tantas e tantas vezes por aqui que eu tinha esquecido como é admirar a beleza do lugar. 

E mais uma sessão de fotos começa. Sinceramente, estou pensando seriamente em cobrar pelos meus serviços. 

— Vem tirar uma foto comigo — Teri vem até mim e começa a puxar o meu braço. 

Amor à segunda vista • COMPLETOWhere stories live. Discover now