Frank apenas assentiu devagar e desviou o olhar. 

-Posso? - Ahmun pergunta e eu o encaro demorando para entender que queria me abraçar. Assinto e ele me toma em um abraço firme. - Boa sorte.

Saímos do abraço e eu sorrio em sua direção mais abertamente, depois encaro Ettore e Frank assentindo para os dois.

A corneta de iniciação soa ensurdecedora por alguns segundos chamando-me para a arena.

Corro até meus irmãos com Ethan no meu encalço e os abraço um por um sem tempo de ouvir seus desejos de boa sorte.

Ethan corre comigo até a entrada da arena, me ajuda com a capa e quando eu ia correr para minha marcação ele me puxa para um abraço desesperado.

Eu não sabia o que dizer, sabia que ele também não, então apenas retribuí seu abraço e me afastei o suficiente para segurar seu rosto com as duas mãos e tomar sua boca em um selinho demorado.

Por um segundo achei que ele não me deixaria entrar, e parte minha implorava para que ele me arrastasse para fora da arena me levando para Ahgnares para viver uma vida tranquila ao seu lado sem correr riscos, mas a outra parte engoliu seco e se afastou lentamente. 

Me posiciono jogando o cabelo para trás do ombro. Eu o usava em um rabo de cavalo alto para não me atrapalhar ou pegar fogo... Vestia uma calça de couro preta, uma blusa de chiffon branca de mangas longas e um corpete marrom de couro que ia até os ombros assegurando que não morreria no primeiro golpe, meus inseparáveis coturnos me acompanhavam talvez hoje pela última vez. 

Thails me encarava com os olhos famintos do outro lado do domo. Ele, diferente de mim, usava uma armadura simples porém completa, com o capacete horrendo cobrindo os olhos, nariz, queixo e as maçãs do rosto quase não podia ver suas emoções mas sua linguagem corporal mostrava o quão nervoso estava, ele não fazia isso há algum tempo e estava na cara.

-Senhoras e senhores, apresento-vos hoje, os campeões - a voz soa por todo o reino, sabia que haviam não só os habitantes de Thails como muitos outros que puderam entrar para testemunhar uma morte significativa e que a luta estava sendo transmitida por todo o continente. - Thails, o rei dos feiticeiros contra... Victória Rebecca, princesa de Sargenis.

Todos vibravam nas arquibancadas, temendo pela morte de Thails ou pela minha, todos sabiam que teria um corpo sem vida nessa arena hoje, e seja lá qual fosse mudaria completamente o rumo de Loxigan.

Então a corneta soa anunciando que a luta começara.

Thails começa lançando fios vermelhos me fazendo lembrar do chicote, ele estava brincando comigo. Enquanto os fios ameaçavam me acertar, lancei uma carga de energia em direção aos seus pés vendo-a explodir o derrubando.

O homem se recompõe desajeitadamente pelos ferros que o protegiam. 

Balanço a espada na mão esquerda com sorrisinho esperando seu próximo golpe. 

Ele lança quatro cargas vermelhas que explodiam tão próximas que retardavam meus sentidos. Em uma linha contínua com magia o acerto no meio da armadura, ele berra e desvia ficando de lado enquanto cuidava meus movimentos, dou alguns passos para sua esquerda deixando-o quase de costas para mim. 

Sem deixar que revidasse, o acerto novamente na cabeça o livrando do seu capacete ridículo.

Thails se vira com os olhos praticamente pegando fogo e recita palavras que não reconheci, mas logo descobri para o que serviam.

A dor me atingiu nas pernas primeiro e subia devagar pelo meu tronco. Minha espada foi deixada de lado pouco antes de eu cair de joelhos. Sentia a névoa invisível se espalhando por entre minhas costelas, afetando meus pulmões, fígado e rins.

Escolhida para lutarOnde histórias criam vida. Descubra agora