vinte e cinco

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— Eu vou ficar bem, mãe. Eu prometo. 

— Tudo bem. Eu te amo, querido. 

— Também te amo, dona Alana. Se cuida. 

Deixo o celular de lado e volto ao trabalho. A coleção recente de Isaac foi um estouro, o que exige uma demanda muito grande de peças de roupas. Prevejo lucros muito promissores, o que é ótimo para a empresa e para mim também, que ganho muito bem para exercer o meu trabalho. 

Dizem que sou uma espécie de CEO. Eu não tenho um título direto de presidente, mas o trabalho pesado acaba sempre caindo sobre os meus ombros. O real presidente que é filho do dono da empresa é um folgado que sempre chega depois do almoço e vai embora antes do fim do expediente, mas ninguém pode falar nada a respeito, já que o babaca é arrogante demais e pode mandar qualquer um ir embora em um estalar de dedos. Esse é o melhor trabalho que eu consegui em anos, mesmo que tenha me custado muita coisa, como mudar de país e recomeçar do zero. Não vou reclamar de barriga cheia. 

Meu celular apita indicando uma nova mensagem. É Teri. 

Estou te esperando do lado de fora da empresa. 

Levanto-me e vou até a parede de vidro e olho lá para baixo como se pudesse enxergá-la dessa altura absurda. Mas as pessoas parecem formigas lá embaixo, e é difícil distinguir até mesmo as cores das roupas. 

Respondo: 

Estou a caminho. 

Pego minhas coisas e saio no horário do almoço. É fácil encontrar Teri no térreo: ela está usando um vestido tubinho lilás e um blazer verde por cima. Está belíssima, destacando-se entre as cores neutras características da maioria das pessoas de Nova York. 

— Oi — ela acena quando eu chego perto o suficiente. 

— Oi. 

— Cheguei cedo demais? — hesita. — Não quero atrapalhar o seu trabalho. 

— Não. Você foi bastante pontual. Estou no meu horário de almoço. 

Ela choraminga. 

— Não fala de comida, estou faminta! 

Sorrio. Começamos a caminhar pela rua. 

— Podemos ir ver o lugar e depois almoçar, o que me diz? 

— Bom, eu acho ótimo — concorda ela.

— Se importa de irmos andando? É aqui pertinho. 

— Claro que não — Teri balança a cabeça, mas hesito por um instante; uma caminhada sempre pode ser difícil para quem está usando salto alto. — Estou tão animada! Nem acredito que estamos indo conhecer a nossa possível galeria! 

Ela bate palminhas e dá alguns pulinhos para enfatizar sua animação. Tudo o que me resta é rir. Mulher maluca. 

— Espero mesmo que seja o lugar ideal — acrescento. — Trevor está bastante otimista. 

— Eu sinto que vai dar super certo. 

Olho para ela. 

— Você não parece muito convicta. 

Teri suspira. 

— Desculpa, é que eu estou ansiosa e nervosa. Eu só consigo pensar nisso 24 horas por dia, às vezes sinto que nem consigo dormir. 

24 horas por dia? Isso é um dia inteirinho… Não sobra nenhum espaço para mim. 

— Você precisa relaxar ou vai acabar tendo um colapso nervoso. 

Amor à segunda vista • COMPLETOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora