Na floresta

Floresta a dentro

Lia era botânica e estava saindo em uma expedição, estava se preparando a várias semanas, decidindo os melhores equipamentos para ir floresta a dentro, pois depois que chegasse o contato com a civilização era complicado, se não impossível em algumas regiões. Lia estava indo para a parte mais fechada da floresta para catalogar plantas para seu doutorado.

As semanas passaram voando e com isso a data da partida se aproximava, o estresse estava grande. Havia a pouco tempo terminado um relacionamento de longa data, as coisas não iam bem a tempos e resolveu dar a palavra final, o que resultou em uma briga. Antes não queria ir viajar para longe, agora contava os dias para poder sair do ambiente comum de seu dia a dia e ir fazer pesquisa de campo.

Lia era uma mulher incrível, com uma determinação que poucos tem. Sua pele negra brilhava reluzindo o sol do verão, seus cabelos estavam como sempre em tranças twists longas. Seu sorriso encantava e seus olhos amedrontavam quem a desafiasse.

Quando chegou o dia da tão esperada viagem, ela deu uma última olhada no pequeno apartamento que vivia, com a sensação de que nunca mais voltaria, respirou fundo tomando coragem, trancou a porta e saiu. Nunca antes saiu em expedição sozinha, sem conhecer ninguém e com tão poucas informações para onde estava indo. Estava curiosa e contente por sair da cidade, depois de anos na correria do dia a dia, precisava de um tempo com a natureza.

" Lia Kkuany?" uma voz masculina perguntou e quanto Lia virava-se para ver o sujeito. "Ela mesma, o que deseja?" Lia falou interessada no homem que perguntara sobre ela. Ele vestia uma roupa leve e carregava uma mochila enorme, tinha uma altura mediana, seus olhos reluziam por de trás dos óculos de armação pesada, e seu cabelo colorido dava um ar jovial. " Sou Miguel, vou acompanhar você nessa viagem, prazer em conhece-la. Posso te chamar de Lia?" Miguel se apresentara de forma divertida e atropelando as palavras enquanto sorria. " Pode sim. Vamos? O barco está nos esperando". Embarcaram era perto das três da tarde, seguindo o rio, em aproximadamente dois dias chegariam no acampamento e da lá era com eles.  
          
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Há algumas horas haviam desembarcado e estavam junto de um guia andando para dentro da floresta. O caminho era difícil  dentro da mata densa,  encontraram diversas aranhas pelas árvores e cobras se arrastando  lentamente pela trilha. A beleza perigosa  da floresta.
Chegaram no acampamento  ao entardecer, se reuniram junto da fogueira  para comer e ouviram as lendas locais. E  contos fantásticos poderosos, as histórias  sempre trazem verdades entre suas linhas.

Os dias passaram rapidamente e quando Lia percebeu  estava a mais de um mês  na imensidão  da floresta, cansada  de sua pesquisa resolveu caminhar  na floresta, a alertaram para não se distanciar muito do acampamento.
Lia caminhou e caminhou até  perder o senso de direção, caminhou  até  suas pernas se cansarem. Alguma coisa a estava atraindo pra dentro da floresta. O som de água corrente se fez presente e Lia seguiu lentamente pela mata, na direção  da água.

E la encontrara um rio largo de águas lentas, e em sua beirada havia uma mulher belíssima, sua pele cuia fazia um contraste  muito grande em seu cabelo negro, ela estava de costas entoando  uma melodia suave ao vento, enquanto penteava  seus cabelos sem pressa.

" Canto essa canção para aqueles que me salvaram
Chamo para essas águas  todos que me traíram
Por anos e anos  nadando
Cantando e chamando
Buscando alguém  que me veja
Sem medo
Escuto  a cascata cair e a floresta falar
Por muitas vidas procurei
Afoguei aqueles iguais"

A melodia continuou cada vez mais sombria, mais pesada. A mulher que cantava não  havia percebido a presença  de Lia  e continuou sua canção. Mais alguém  se aproximou e Lia se escondeu, um homem que havia visto no acampamento  se aproximou das aguas quase que hipnotizado, entrando nas águas e chamando a atenção  da mulher que  parou  de pentear os cabelos. Sua canção  continuou  firme enquanto  o homem andava passo a passo para dentro  das águas.  E em um pulo a mulher  de cabelos negros o agarrou  e o puxou para dentro das águas.
E algo que Lia nunca  pensou que veria foi visto, a mulher tinha uma calda esverdeada e lisa que bateu nas águas quando mergulhou, levando consigo o homem  que  percebera tarde demais o seu fim.