Amor à segunda vista • COMPLETO

vinte e quatro

— Está tudo bem? 

— Está…

Ele volta da geladeira com uma caixa de leite e enche um copo.

— Mesmo? — olha-me com desconfiança. — E por que está usando esse tom de reticências?

— Não estou… — ele arqueia a sobrancelha e me apresso em acrescentar, mais firme dessa vez: — Não estou. Eu só… Por que você está sem camisa? — a pergunta me escapa antes que eu possa contê-la.

Tyler olha para o próprio peito desnudo.  

— Eu não sei bem. Acho que apenas me distraí — dá de ombros, desinteressado, mas quando ele olha para o meu rosto, sua expressão muda. — Por quê?

Começo a gaguejar. 

— O quê? Não, nada… É que… — começo a gesticular, e ele se encosta na ilha, claramente se divertindo com o meu embaraço enquanto toma um copo de leite. — Claro que não há nada de errado em você não usar camisa, mas eu só disse porque… digo, você nunca andou por aí sem camisa e… A gente mora junto e… 

Ele deixa o copo de lado e começa a andar na minha direção lentamente, sensual… Engulo em seco e começo a recuar por puro instinto. 

— Por que está tão nervosa? — pergunta ele. 

— Nervosa? Eu? — solto uma risadinha sem humor e preciso me segurar na geladeira quando tropeço. — Impressão sua…

— Não parece ser impressão minha — a sombra de um sorriso surge no canto da sua boca. — Por que está fugindo de mim, Teri Grace? 

— Eu não estou fugindo! — alego, mas infelizmente minhas costas encontram a parede. 

Tyler coloca uma mão em cada lado do meu pescoço, na parede, encurralando-me. Engulo em seco e arrisco olhar para ele, vendo um brilho animalesco em seus olhos. Posso sentir o seu calor corporal sendo compartilhado com o meu. 

— É mesmo? Porque não é o que parece. 

— Eu… — faço menção de erguer as mãos para afastá-lo, então me lembro que terei contato direto com seu o tanquinho e aí desisto. — Não estou… fugindo...

Com um sorriso presunçoso no canto da boca, ele se aproxima ainda mais, e já estou quase sem fôlego, sedenta, na expectativa de que o mesmo vai me beijar, mas ao invés disso, Tyler enfia a mão no pote de biscoito que eu deixei aberto em algum momento, tira de lá um cookie e se afasta, ainda sorrindo. 

— Se você diz…

Coro profundamente. Ele está brincando comigo e eu estou caindo na armadilha direitinho. Preciso me acalmar ou vou acabar passando uma vergonha e tanto! Não preciso tocar no assunto se ele não tocar… Mas não seria covardia minha? Eu quero muito que ele fale algo, ao mesmo tempo que tenho medo. Algo dentro de mim espera que ele diga que, de alguma forma, nosso momento juntos foi especial. 

Observo-o ir até a mesa, descontraído, e posso notar detalhes que antes eu não podia por debaixo de toda aquela camada de roupas chiques. Por exemplo, as costas dele são completamente definidas, o que é um pouco óbvio devido a seu físico malhado, e ele também tem duas covinhas no final das costas. 

— Tyler… — começo, sem graça. — Não acha que deveríamos falar sobre ontem? 

— Sim, claro. — Ainda tranquilo. — Sobre que parte quer falar? 

Dou alguns passos à frente, com cuidado. 

— Para ser sincera, não sei exatamente… Foi tudo tão…