Surpresa!

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19 de março - Madrugada

Gabriel Callahan

Era nosso último dia aqui, todos pareciam melhor e ainda bem que eu não tinha tido nenhum sintoma.

Mas quando me viro na cama não sinto Judith, um corpo quente e pequeno ao meu lado, isso me faz levantar e vestir uma calça qualquer.

Quando começo a me aproximar da escada ouço alguma coisa, começo a descer e vejo ela sentada no piano da casa.

A observo enquanto toca uma música triste, seus dedos são ágeis sob as teclas e eu fico tocado com a tristeza.

Me aproximo rapidamente e coloco as mãos nos ombros dela, Judith não se mexe e continua a tocar o piano.

-O que houve?- pergunto.

-Não consegui dormir.- ela murmurou.

-Pesadelos?- minhas mãos apertam os ombros dela.

-Sim.- ela abre espaço para mim e eu sento ao seu lado.- Quando eu era pequena viemos uma vez para cá.- ela explicou.- Minha mãe surtou.

Observei a expressão dela, parecia triste e ao mesmo tempo pensativa, não parecia estar totalmente aqui.

-Ela começou a gritar dizendo que estavam atrás dela, Aaron.- ela lembrou e o nome me fez ter calafrios.- Ele era...era um louco.- Judith parou de tocar.- Sequestrou e abusou dela enquanto estava grávida de mim.

Disso eu não sabia, ninguém nunca tinha me avisado disso, não sabia que Amelia tinha sido sequestrada e abusada enquanto estava grávida de Judith.

-Cantos assim...- ela roda o dedo no ar.- Misturado com ambientes frios...- ela tenta sorrir.- Meu pai precisa tirar ela do canto.

Observei uma lágrima cair pela bochecha dela, e então segurei seu rosto, Judith me encarou e eu limpei a lágrima.

-Toque mais.- minha voz não passa de um sussurro.

Ela mexeu a cabeça e começa a tocar, a melodia e lenta e calma, seu rosto fica sereno enquanto ela toca.

Eles tinham mentido para mim, tinham mentido para mim sobre Amelia, tinham dito que ela matou meu pai sem mais nem menos.

Mas se Judith estivesse falando a verdade...

-Judith.- a chamo e ela para para me encarar.- Preciso falar algo.- começo.

-Pode falar amanhã?- ela pergunta.- Estou morrendo de sono.

-Posso.- assenti enquanto ela levantava.

Ela segura minhas mãos e me puxa, um sorriso corre meus lábios quando ela abraça meus quadris e encosta a cabeça em meu peito.

Afago os cabelos dela e preciso contar para ela, então afasto seu rosto e a faço me encarar, ela sorri.

-Obrigada por vir.- ela fica na ponta dos pés.- Foi muito legal.- ela dá um selinho em meus lábios.

E eu simplesmente paro e penso, eu não posso contar para ela aqui, não com o irmão, primo e segurança tão perto.

Vou esperar para chegarmos lá, levar ela para minha casa e contar, tinha que contrar tudo para ela o mais rápido possível.

A Herdeira - Mafioso - Livro 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora