vinte e três

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Sinto-me estranhamente nervoso enquanto dirijo. O ar está carregado de uma tensão sexual que parece insuportável, e fico me perguntando se ela também está pensando em tirar as minhas roupas. Eu nunca me senti assim antes… Sempre fui um cara confiante, certo do que eu quero, mas com Teri tudo parece meio instável. Não que isso seja uma coisa ruim, mas ela não é um caso de uma noite. Se isso não der certo, vamos ter que conviver todos os dias com isso, pois moramos sob o mesmo teto. 

Finalmente consigo parar na garagem do prédio. A subida de elevador é preenchida de um silêncio assustador. Nenhum dos dois arrisca dizer nem uma só palavra, mas posso senti-la meio inquieta ao meu lado. Ansiedade? Nervosismo? Os dois? Eu deveria simplesmente puxá-la para mais um beijo ou esperar um pouco mais até ter certeza de que tudo está seguro? 

Essas perguntas me perseguem até estarmos dentro do apartamento. Fico um pouco para trás, hesitante, e Teri dá alguns passos até estar a poucos metros da janela. Então ela se vira, banhada pela luz do luar. Nossos olhares se encontram mesmo com a escuridão do apartamento. 

Um sinal… Eu só preciso de um sinal… 

E quando ela não diz nada, eu pergunto: 

— Quer um pedaço de bolo? 

Vejo um pequeno sorriso surgir. 

— Quero. 

Vamos em silêncio até a cozinha. Eu não me preocupo em ligar a luz; vou até a geladeira e tiro de lá a torta intocável. Eu resisti muito à vontade de comer um pedacinho, pois queria fazer isso junto com ela. Argh. Se meu irmão me visse agora, iria dizer que estou parecendo um idiota apaixonado com corações flutuando sobre a cabeça. Mas não estou apaixonado… é só uma atração. 

Corto duas fatias generosas enquanto Teri chuta os sapatos para longe. Ela é bem bagunceira, mas isso não me incomoda agora. Pego uma garrafa de vinho e lanço um sorriso por cima do ombro quando vejo-a desabar de bunda no chão, recostando-se nos armários. 

— Bela aterrissagem — debocho. 

— Não enche — ouço-a murmurar. 

Pego os primeiros dois copos que encontro pela frente e nos sirvo de um pouco de vinho. Acomodo-me ao lado dela no chão e comemos em silêncio por um tempo. 

— Hmmm. Está muito gostoso. — Elogio. 

— Está, não está? — concorda, sem olhar para mim. 

Bebo um gole generoso de vinho. Péssimo acompanhamento para um pedaço de torta, mas pelo menos é uma boa bebida. 

— Então… — começa ela. — 30 anos, hein? Como é ter essa idade? 

Teri finalmente olha para mim. Novamente estamos tão perto… 

— Eu continuo sendo um babaca, então acho que não muda muita coisa. 

Ela ri baixinho. 

— Até que você é um babaca legal. 

— Estou me sentindo muito lisonjeado. 

Ela me encara. Eu daria tudo para poder enxergar o castanho e o verde dos seus olhos agora. Lembro-me de achar fascinante. 

— Você deveria estar casado agora, pensando em ter filhos… — diz ela. 

Bebo um gole generoso do vinho, e só paro quando não resta mais nada no copo. 

— Não existe idade certa para o amor. 

Teri morde o lábio inferior. 

— Você esqueceu de fazer um pedido — inclina a cabeça, indicando os pratos sujos de chantilly da torta. 

Amor à segunda vista • COMPLETOWo Geschichten leben. Entdecke jetzt