Me colocaram de volta na cama , eu ouvia o que eles falavam mais tudo estava lento, eu precisava do chá que mamãe me dava, precisava igual precisava de ar pra respirar, sentia todos os meus ossos doerem e minha cabeça parecia explodir.
- O chá... Pode trazer um pouco? Só dessa vez... Pode? Eu preciso! - Pedi segurando o braço do homem que não tirava os olhos assustados de mim .
- Chá? Que chá? Merda Rufus faz alguma coisa! Talvez eu tenha alguns remédios...
- Senhor não! Ela precisa passar por isso, ela vai melhorar depois, garanto!
- Por favor! Por favor... Isso dói ... - Me encolhi e rastejei até cai no chão me encolhendo, tudo queimava por dentro, estava pegando fogo e com sede, o suor pingava e eu sentia que a qualquer momento eu ia apagar.
- Quem fez isso? Ela é só uma menina, mais que porra!
- Onde o senhor vai?
- Respirar , não posso ver isso Rufus !
Não sei quanto tempo gritei e um implorei nos pés do homem que me segurava firme pelo pulso dizendo que eu ia ficar bem, o outro homem voltou depois que eu já estava respirando melhor e me ajudou a tomar uma sopa quente que fez meu estômago se acalmar.
- Não podemos ir hoje!
- Mais e a empresa, a reunião é hoje senhor!
- Liga pra eles e desmarca, ela não pode viajar .
- O senhor tá pensando em levar ela com a gente? Como assim? Você viu o que aconteceu a horas atrás? Ela é uma...
- Ela precisa de ajuda, e eu vou ajudar , ela tem quase a idade do Nick , eu ia querer que ajudassem se fosse com ele . - Meu coração doeu com o olhar de pena dele pra mim, eu não conhecia aquele olhar mais fazia meu coração doer .
Ele me carregou até o banheiro enquanto o outro voltou lá pra fora pra aramar a barraca, já era noite e eu nem tinha notado.
- Tem roupas pra você na cadeira, está frio vista tudo, tem meias também .
- Você... Pode deixar a porta aberta? - Pedi rastejando até o chuveiro e sentando no chão tirando a roupa toda o mais rápido que consegui, parecia difícil de respirar a cada batida que meu coração dava.
- Claro.
Chorei mais uma vez deixando a água que caia em mim levar o olhar daquele homem, chorei por não saber o que fazer, e não ter pra onde ir, chorei por estar engasgada com tanta coisa ruim, e chorei por ter nascido na família errada e por não ter morrido lá atrás no fogo com eles.
- Você tá bem? Sua perna dói? - A voz rouca perguntou preocupada, e eu só chorei , eu precisava disso, precisava chorar .
- Eu vou entrar tudo bem?
Não respondi , não conseguia.
- Eu posso entrar? Tô entrando! - E ele entrou se ajoelhando rápido tirando minha cabeça debaixo da água gelada e ligando a água quente em seguida, ele ficou atrás de mim sentado me deixando chorar .
- Vou ajudar você , só precisa ir comigo até a delegacia e contar tudo , depois vamos no hospital e vão cuidar de você.
Ele sussurrava tentando me acalmar, o que só fazia eu querer gritar.
- Você só precisa confiar e eu faço o resto tudo bem?
Segurei firme nas minhas pernas e abafei um grito, depois mais um , até fiquei ali ate não ter mais lágrimas.
- Está tudo bem agora, não vou deixar ninguém fazer nada com você, está segura aqui... Olha pra mim moça , olha aqui ...
Ele levantou meu queixo até a altura do seus rosto e tirou devagar os cabelos dos meus olhos, fiquei alguns segundos tentada a empurrar ele mais não consegui me mexer.
- Não vou deixar ninguém fazer mal pra você entendeu? Tudo que aconteceu acabou!
- Eles ainda podem me achar ... Não deixa me levarem de volta, não deixa... - sussurrei tremendo, nem sabia como tinha conseguido falar .
- Não vou, está segura agora... - Ele se agarrou em mim como se eu fosse desaparecer se ele não me segurasse.
Depois me carregou até a cama e se ajoelhou ficando na minha altura.
- Quem são eles? Quem pode te achar? - eu podia contar? E depois ? Se ele soubesse ia me largar aqui com certeza.
- Eu não posso, eu, preciso sair daqui logo... - Falei levantando me agarrando na toalha.
- Pra onde? Calma, não vou mais perguntar, fica aqui, dorme e troca de roupa eu e Rufus estaremos lá fora, ninguém vai entrar prometo! - Os olhos dele imploravam pra eu acreditar e eu nunca quis tanto acreditar em alguém.
- Você... Pode ficar? - pedi sem pensar direito.
- Claro . - Ele respondeu sorrindo pra mi, calmo.
Existia mesmo pessoas boas assim por aí ? Ou eu já tinha morrido e isso era um teste?
Essa noite eu ia dormir segura pela primeira vez na minha vida, sem medo talvez, se é que eu podia deixar de ter medo algum dia .
YOU ARE READING
Com Todas As Forças
RomanceNas profundezas de Atlanta, Briana nasceu e viveu trancada em um pequeno ateliê, onde o único lugar pra respirar e ver a luz do dia era uma pequena abertura no teto. Selvagem, e sem nunca ter visto o lado de fora, ela apenas sobreviveu como pôde. Qu...