Capítulo 3

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*Degustação


*

Erick e Petrus estavam parados em frente à casa de Kira e olhavam ao redor. Não era uma casa muito grande, mas era bonita, branca com janelas azuis. E o que agradou Erick foi que havia uma varanda com muitos vasos com plantas e flores.

Como ela fazia para cuidar disso tudo? Deveria ter alguém que vinha limpar. Tudo era limpo, arrumado e de uma maneira delicada combinava com Kira.

Erick teve vontade de entrar na casa e ver como era dentro, mas não tinha a chave. Pela lateral, pôde ver que tinha outro jardim e logo a areia da praia.

— Lugar bonito aqui, sossegado — Petrus disse.

— Sim, eu também gostei. É um belo lugar, e aquela frente para a praia é magnífica, ela tem sua praia particular. É raro ter uma propriedade deste tamanho aqui.

— Deve ter sido adquirida há muitos anos, hoje em dia é um luxo ter uma propriedade à beira-mar que não seja tão grande como a nossa.

— Verdade. O litoral está lotado de construções múltiplas.

— É um tanto isolado, não é perigoso para ela viver aqui sozinha?

Erick suspirou.

— Acredito que sim, deve ser perigoso. Mas o que me deixa mais triste é saber que ela não pode apreciar esta beleza toda.

— Como sendo cega consegue viver sozinha?

— Eu não sei, mas ela deve ter sua maneira, eles aprendem coisas que os humanos comuns não prestam muita atenção no seu dia a dia.

— Entendo, parece complicado.

— Acostuma-se, mas não deve ser fácil.

Petrus olhou demoradamente para Erick.

— Não se importa de ela ser cega, Erick?

Erick olhou para Petrus.

— Não, isso não me incomoda. Só o fato de saber o quanto pode ser difícil pra ela. Mas pensando... eu gostaria que ela me visse. Sabe, que visse como eu me pareço.

Petrus bufou.

— Coitada, ia ficar cega novamente por ver sua feiura.

— Sim, muito bonito que você é mesmo — disse zombeteiro e Petrus riu.

— Oh, mas que sua galeguinha é uma coisinha preciosa, isso é.

— Sim, ela é linda — disse com um sorriso.

— Se transformá-la em loba pode haver uma possibilidade de ela voltar a enxergar. Já pensou nisso?

Erick olhou novamente para ele e suspirou.

— Não, não pensei, eu ainda nem sequer consegui acreditar que ela seja minha companheira.

— Não vai fazer como Noah, não é?

— Não, eu não vou. Eu a estava buscando, e eu nunca senti nada parecido com isso. A única vontade que tenho é voltar para aquele hospital e tirá-la dali. Dói-me saber que está machucada.

— Então, o que o aflige?

— É... só que quando você busca muito alguma coisa e ela, de repente, cai sobre você, parece que é um sonho e não uma realidade. Posso acordar amanhã e ver que ela não existe.

— Oh ela existe e eu sou testemunha. Foi uma digna aparição.

— Bem, e que aparição, quase me causa um infarto.

O DESPERTAR - Os Lobos de Ester - Livro 2Where stories live. Discover now