— Impossível, Marcela. - me lamentei já esperando uma chuva de palavrões. - Eu tenho outra palestra às cinco horas.

Não tô te chamando pro chá da tarde na casa da minha avó, Andrade. - ri com sua provocação. Será que Marcela e Mariana não eram irmãs separadas? - É uma festa privada na Vitrinni. Vai começar por volta da meia noite, da tempo o suficiente de você vir.

Festa é uma coisa que eu nunca rejeito, mas ter Gabriela no meu pé o tempo todo falando como isso destruía minha imagem pelo também meu público adolescente já me fazia querer desistir. Mordi os lábios pronta para aceitar a proposta quando me lembrei do pequeno detalhe.

— Vai ficar meio difícil. A gestão da empresa resolveu contratar uma segurança particular pra mim. - falar isso em voz alta tornava a situação ridícula.

Pude ouvir Marcela rosnar do outro lado da linha.

Bianca, quantos anos você tem mesmo? Não sei como você aceitou isso.

Não havia nada que eu podia fazer.

— É complicado, Marcela. - tomei um pouco d'água. - Não quero que Gabriela contrate mais uma.

Essa porra de Gabriela não tem ninguém pra trepar? Que inferno. - eu também me fazia a mesma pergunta todos os dias. - Você promete tentar fazer um esforço, pelo menos? A festa vai ser privada, então vai ser tranquilo.

— Prometo, Marcela! - sorri. Eu queria ir, afinal. Era a última palestra da semana, então nada melhor do que fechar com uma comemoração.

Desliguei a esteira me secando com a toalha que estava em meu pescoço. Por mais que eu odiasse fazer esses exercícios contra minha vontade, reconhecia que me dava mais disposição para encarar tanto o dia a dia quanto os compromissos. Não era nem meio dia ainda e tudo o que eu queria era uma fatia de pizza com bastante queijo.

B: Terminei aqui. - informei a Rafaella que não sabia onde por os olhos. - Podemos subir?

A morena apenas afirmou com a cabeça. Ela estava linda aquela manhã, com seu cabelo preso e uma blusa social preta. Preto definitivamente era sua cor.

Seguimos em silêncio para o elevador. A mulher esperou para que eu entrasse e entrou em seguida.

R: Você parece cansada, está com fome? - ela me observava enquanto eu me olhava no espelho. Eu usava uma calça preta da adidas, uma regata branca e meus cabelos estavam meio desgrenhados.

B: Muito. Eu estava pensando ainda agora o quanto queria uma pizza. - confessei lhe tirando um sorriso.

R: E por que não come?

B: Dieta. Aposto que já tem uma salada com frango grelhado ao molho crítico me esperando lá em cima.

R: Esse é o lado ruim, então.

B: Tu nem imagina o quanto.

Tive tempo de almoçar com calma e descansar. Quando dei por mim, já estava em cima dos palcos fazendo o que sabia fazer de melhor: falar do que amo. Eu amava a energia do público, que embora cada público fosse diferente, não deixava de ser única. De cima dos palcos eu podia ver cada rostinho prestando atenção e exalando felicidade, seja por me ver ou pelo o que eu falo. Tudo o que eu preciso para seguir em frente. Eles estavam aqui por mim e eu estava aqui por eles.

O tempo inteiro.

Quando acabou, me despedi dos meus pequenos rumo ao camarim improvisado. Estava morrendo de fome e por mais que a salada de mais cedo estivesse ótima, aquilo definitivamente não me sustentou por um dia inteiro.

My Protection (RABIA)Where stories live. Discover now