Capítulo 34 - Ela fala demais... Ainda bem.

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A jovem se arrepiou da cabeça aos pés; parecia convencida. Talvez soubesse que Serpente não pretendia vê-la de novo, mas uma parte de si ainda tinha esperanças de que acontecesse.

Bem... — Contudo, ela permanecia relutante. — Você terá que me prometer que não contará para ninguém.

— Ah, — Serpente levou um dedo aos lábios. — Minha boca é um túmulo.

Myolo sorriu, aliviada.

Bom, digamos que... — Ainda assim, ela evitava olhar para os olhos de Serpente. — Monvegar está oferecendo muito dinheiro para quem tiver informações de Loenna Nalan

Serpente ergueu as sobrancelhas. Aquilo também lhe interessava.

— Loenna Nalan? — Sua aprendiz havia sobrevivido, afinal.

Myolo fez que sim.

Depois que mataram seu irmão, um palhaço de rua chamado Quentin, ela está furiosa. E quem não ficaria? — Declarou guerra aos Eran por ele, e aos Kantaa por... Gaspez, eu acho. Parece que ela conseguiu acabar com alguns. Monvegar está furioso, quer a cabeça dessa garota a todo custo. Ela conseguiu reunir rebeldes furiosos de uma maneira que ninguém jamais havia visto. Meu pai conseguiu se infiltrar neles e tem informações valiosíssimas sobre.

O orgulho de Serpente não cabia em seu peito. Sempre vira potencial em Loenna, mas jamais imaginou que aquela garotinha de dezoito anos que havia tomado para treinar tão cedo chegaria tão longe. Ela havia conseguido algo muito maior do que Serpente jamais conseguiria.

Mas ela ainda precisava se manter pouco chamativa frente a Myolo, então deixou que sua melhor expressão de confusão viesse a tona.

E por que seu pai está fazendo isso? Questionou, e sua indignação era sincera. — Ele não é um injustiçado também? Não quer ajudar a construir um mundo melhor para todos nós?

— Ah, meu pai não acredita mais nisso. Myolo deu de ombros. — Ninguém lá em casa acredita, na verdade. Depois da morte de Gaspez, está mais do que claro que eles vão vencer, cedo ou tarde.

Os lábios de Serpente se contraíram.

Gillani Gaspez?

Myolo fez que sim.

Acho que uma parte de todos nós morreu junto com ela. — E suspirou. — Ninguém jamais chegou a ver seu rosto, mas sabíamos de sua valentia. Era veloz como uma flecha, silenciosa como o vento... E mesmo assim foi derrotada. Meu pai não quer correr o risco de confiar em uma nova liderança e a ver ruir novamente.

— E por isso ele ajuda com que ela vá às ruinas?

Myolo encarou Serpente com um olhar tristonho, quase que arrependido. Parecia prestes a querer se justificar, mas ela se interpôs logo em seguida:

Se quer a minha opinião, — E tomou mais um gole do vinho. — Gillani Gaspez nunca existiu.

E, subitamente, o olhar de Myolo mudou. Parecia um olhar confuso, incrédulo. Era quase como se ela tivesse acabado de levar um soco.

Por que você diz isso?

— Porque ninguém jamais sequer viu essa mulher! — Respondeu. — O grupo rebelde supostamente liderado por ela certamente existiu, mas não te é estranho que uma pessoa com atributos tão extraordinários tenha ganhado reconhecimento somente depois de sua morte? E, mesmo depois de morta, jamais exibiram seu corpo, sua cabeça... Nada?

— Não. Não é possível. — Myolo balançava a cabeça para os lados, em negação. — Os Kantaa têm o crânio dela. Eles o exibem todo ano, na data de sua morte.

— Já te ocorreu que eles podem ter o crânio de literalmente qualquer pessoa? — Disse Serpente. — Até onde eu saiba, todo mundo tem crânio. Gillani Gaspez é um mito criado pelos poderosos e nada vai mudar minha opinião sobre isso.

— Mas... Por quê? — Myolo parecia prestes a chorar. — Por que eles mentiriam sobre a existência de Gaspez?

— Para que os pobres façam exatamente o que você está fazendo agora. — E, de uma só vez, terminou com a garrafa de vinho. — Eles inventam uma pessoa supostamente invencível, dizem que ela luta ao lado dos rebeldes revoltosos. Forjam sua morte, para deixar bem claro que ela não é tão invencível assim, e assim desestimulam vocês a lutar pelo que é certo. Porque, afinal, se nem alguém como Gaspez conseguiu vencer, então quem de nós venceria? — Serpente deu de ombros. — Gillani Gaspez nunca existiu, mas Loenna Nalan existe e está lutando por vocês.

Myolo se retraiu e começou a chorar baixinho. Serpente se sentiu um pouco dura com ela por disparar algumas informações que, no final das contas, não eram exatamente verdade, mas seria a melhor coisa que poderia dizer naquele momento. A verdade seria revelada para Myolo mais tarde, se ela estivesse viva para presenciar o mais tarde.

Bem... — Myolo permanecia de cabeça baixa, mas Serpente conseguia ver que seus olhos estavam cobertos de lagrimas. — De qualquer forma... Precisamos do dinheiro. Estamos passando fome lá em casa.

— Faça o que você quiser. Não moro mais aqui, isso não é mais da minha conta. Respondeu Serpente, deitando-se de costas para Myolo. — Mas, quando todo o seu dinheiro acabar e vocês voltarem a passar fome, não será Monvegar Eran que os ajudará a ter uma vida mais digna.

Myolo suspirou baixinho. Deitou-se juntamente com Serpente e a abraçou por trás, que, embora emburrada, não a afastou. As duas mergulharam em um silêncio plácido por cerca de quinze minutos; Ninguém se atrevia a dizer nenhuma mísera palavra. Apenas o gotejar da chuva e o som dos grilos podiam ser ouvidos.

Até que Myolo, por algum motivo que sabe-se lá qual, decidiu interromper o silêncio marcante.

Serpente... — Sua voz era manhosa e suave. — Qual o seu nome de verdade?

Serpente sorriu. Seu nome de verdade era Gillani Gaspez.

Erimar. Respondeu ela. — Erimar Lahem.


***

Oi pessoal! Sejam bem vindos de volta! Peço perdão a enorme demora para postar esse capítulo, tive uns problemas pessoais e umas provas da faculdade no período e fiquei um pouco atarefada.

De qualquer forma, espero que tenham gostado dele! Fico muito grata pelo carinho de vocês e espero poder tê-los nos capítulos subsequentes! Não se esqueçam de deixar um comentário ou uma estrelinha se quiserem e até quarta feira! (Desta vez, sem falta!)

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