01| Inferno particular

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Cada uma das vítimas são deixadas para trás apenas com isso. Sem contar que, sua maneira de praticar o crime é um tanto inusitada. A arma utilizada é a mesma, sempre. A porra de uma faca de cortar pão.

Quem em sã consciência mata alguém com isso? Eu às vezes até me pego sorrindo ao imaginar como ele pode ter pensado em algo dessa forma.

O corte rápido na veia jugular mostra exatamente toda sua técnica que veio adquirindo ao decorrer dos anos.

Em todas as vítimas não há combate entre ambos, ele parece estudar bem cada um deles, e sabe exatamente a hora, local e quando poderá agir.

Eu costumo conseguir entrar na cabeça dos suspeitos e descobrir seus segredos mais sombrios, mas esse, eu simplesmente não consigo.

Tem algo nele que me deixa fascinada e ao mesmo tempo assustada, e provavelmente, é por esse fascínio que eu não consigo pensar com clareza. Quase nunca.

Tem dias que eu viro noites tentando descobrir um ponto fraco ou qualquer coisa que possa me levar até meu assassino, mas nunca sai nada. E isso me deixa frustrada.

Infernos! Tudo que eu mais queria era poder olhar nos olhos da pessoa que conseguiu pôr um fim nada vida de Max Thompson. Apenas para agradecer por essa proeza.

Acho que das vítimas, a única que eu não sinto nenhum remorso pelo seu fim é ele. E para ser sincera, eu sinto que tudo tem ligação direta com ele, afinal, ele foi a primeira vítima. O problema é que não há nenhuma ligação, e tudo que eu precisava era de alguma testemunha daquele fatídico dia. Mas mais uma vez meu assassino não deixou rastros.

Continuo passando os olhos pelos arquivos que tenho de cada vítima, mas nada mais me chama atenção. Tudo que tenho aqui já foi visto pelos meus olhos mais de mil vezes, não tem como eu ter deixado algo ter passado tão despercebido assim.

Fecho o notebook sem paciência para continuar olhando para coisas que eu já vi incansavelmente.

Me levanto do sofá, indo em direção ao meu quarto. Cogito em limpar hoje o copo quebrado, mas estou tão cansada que opto por deixar para fazer isso amanhã.

Assim que entro meu quarto a escuridão dele me deixa confortável, mas infelizmente tenho que acender a luz ao chegar no banheiro.

Quando retiro todas as minhas roupas e entro no box. Os jatos de água fervendo bate em meu corpo, me dando a sensação de alívio que não sinto a muito tempo.

As lembranças de como a minha vida é monótona e chata me fazem perceber que me pareço uma idosa por não ter amigos ou sequer sair de dentro do meu escritório. Tudo gira em torno apenas do meu trabalho, e na realidade, não sei se eu quero que algo mude. Eu odeio mudanças, não estou acostumada com elas, e provavelmente nunca ficarei.

As mudanças tendem a nos fazer coisas que não são necessárias, e por esse motivo, não há motivos de ter que me infiltrar em um mundo onde só existe egos maiores que os outros. Minha antiga vida é um bom exemplo de como tudo é ruim e que essa briga de interesses nunca é bom. Por isso, eu opto por me manter distante de todos. Sempre.

Quando termino meu banho, saio, vestindo uma calça de moletom logo em seguida e tomando meus remédios para dormir. Geralmente não consigo fechar os olhos enquanto não os tomo. Virou praticamente um vício.

Me jogo na minha cama, puxando meus cobertores e caindo em um sono profundo, me levando para a escuridão e lembranças que me atormentam praticamente todos os dias. E infelizmente, contra elas não há remédio.

(...)

Sou despertada com o barulho irritante do meu celular tocando sem parar.

Me levanto da cama procurando por ele em cima da escrivaninha, assim que o pego, atendo rapidamente.

IM(PERCEPTÍVEL) | ✓Where stories live. Discover now