Só percebi que estava chorando quando senti alguém apertar meu tornozelo de uma forma que fez doer e muito. 

-Oh, Menina... Por que está chorando? Não está feliz de voltar para casa? 

Meu corpo gelou mais ainda e meu coração parou. Tirei o olhar das mulheres e encarei aquele velho tão conhecido por mim. O cabelo ralo e branco, a pele enrugada e flácida e os grandes olhos escuros fizeram eu me estremecer e voltar a chorar. 

Ele tomou o lugar de uma das mulheres ao lado e deu um sorriso com a boca flácida. Tentei me afastar mas eu estava presa. 

Ele acariciou o meu cabelo. 

-Oh, meu Tesouro... Eu achei que tinha perdido voc... 

-Não me toca! - Berrei, tentando morder a mão dele. 

As duas mulheres me seguraram rapidamente. Ele começou a rir. 

-Olha, confesso que eu fiquei um pouco receoso quando eu tive a idéia de te mandar para o seu namorado, mas o tempo fez bem a você, não é, minha neta? 

-Eu não sou a sua neta! - Reclamei. 

-Ah, você é, sim! - Martin riu. - E minha maior criação! 

Fiquei em silencio, controlando as lágrimas. 

-Mas chegou a hora, Amber, de você me devolver o que eu te dei... Eu só ainda não sei como. - Ele observou o soro. - Nunca consegui anular usando isso aqui. No final, sempre voltava... 

Observei o soro. Martin suspirou e me encarou. Depois olhou para as mulheres e perguntou se elas já tinham anotado tudo. Quando elas confirmaram, ele as dispensou e puxou um banquinho, para sentar ao meu lado. 

Desviei o olhar dele e fiquei encarando o teto. 

-Eu tive uma idéia, sabe? E eu vou tentar usar. Deve doer, claro, mas nada que você não esteja acostumada... 

-Por que eu?! - Encarei ele. 

Martin me encarou, surpreso. Então, colocou as luvas e sorriu, mexendo em uma gaveta e andando pela sala, pegando materiais. 

-Achei que você nunca ia perguntar, Amberly. Aliás, Amberly... Que nome feio! Eu nunca entendi porquê seu pai quis colocar esse nome... 

Revirei os olhos. 

-Mas você perguntou o que mesmo? Ah, sim... Por quê você? Bem, Amber... Eu tenho te observado desde pequena, sabe? Eu já tinha tido umas idéias para você desde que eu soube que sua mãe estava grávida e conforme você foi crescendo, minha querida, e sua personalidade foi ficando extremamente... Forte... Eu tive certeza que você era quem eu precisava. 

Lágrimas caíam do meu rosto. Ele pegou um vidro com um líquido azul transparente. 

-Claro que seu pai desconfiou e foi uma sorte muito grande ele ter morrido. Então, você se mudou e foi a oportunidade perfeita. Eu conhecia toda a sua vida, garota. Seus amigos. Seu colégio. Seus hobbys... Você era uma depravada, mas isso não alterou o meu objetivo. Claro que tive que esperar as pessoas certas para montar a minha organização, mas valeu à pena todos os anos de espera. 

Adore You.Where stories live. Discover now