Um dia com o papai

1.8K 153 82
                                    

O maior pesadelo de Serkan Bolat finalmente se tornou real. Uma grande crise chega a ele, mas a solução está longe de ser encontrada. Talvez a maior crise da sua vida.

- Serkan, não seja dramático. O que pode acontecer?

- Muitas coisas, Eda. Até o fim do mundo é possível.

A esposa suspira para o drama do marido que ela já está mais do que acostumada. Eda sabia que esse dia chegaria, o dia em que veria o grande Serkan Bolat encurralado. Ela queria sorrir, mas se fizesse isso, pioraria a situação. E como se não bastasse, estava em outra cidade, horas longe de casa. Ela teria que acalmar o marido ou então ela não conseguiria ficar calma.

- Meu amor, olhe, não é tão difícil. Nós já fizemos isso antes, lembra?

- Lembro. Mas você estava a um grito de distância, Eda. Não posso fazer isso sozinho.

- Só não pode, como vai. Você já é pai há, o que, seis meses? Já é tempo o suficiente para aprender a cuidar do próprio filho.

- Mas Eda...

- Mas nada, Serkan. Tenho uma reunião em meia hora e ainda preciso me arrumar. Se você pode fazer um filho, você pode cuidar dele.

Eda desliga deixando um Serkan extremamente nervoso do outro lado da linha.

Serkan andava de um lado para o outro, olhando a pequena criatura que um dia saiu de dentro da sua mulher. Ele se pergunta até hoje como ela conseguiu fazer isso. Olha o tamanho desse menino! Enfim. O foco não é esse, e sim o fato de que ele terá que passar o dia inteiro com o pequeno Metin e sem ninguém para ajuda-lo. Nem mesmo Engin poderia vir, já que a chuva decidiu lavar o mundo justamente hoje e ele, é claro, o abandonou por suas férias na praia.

- Calma Serkan. Você consegue. Você pode fazer isso.

Ele repete o seu mantra positivamente. É. Ele pode fazer isso.

🌚🌚🌚🌚

- Eu não posso fazer isso!

Serkan fala consigo mesmo enquanto tenta de todas as formas fazer o filho ficar quieto. Metin começou a chorar faz dez minutos e nada do ele faça, o faz parar. Se bem que ele não fez nada além de pegar o filho no colo.

Será que ele está com fome?

Pode estar sujo?

Ou ele quer dormir?

Ou então está com dor?

Serkan repassa uma lista mental de todas as possibilidades. Ele sabia que não poderia fazer isso. Vai acabar matando o próprio filho. E por consequência vai causar a própria, já que Eda jamais o deixaria vivo se algo acontecesse. Não. Ele não pode pensar no pior. É só um bebê. Não é mesmo? Ele já fez isso antes. Já o alimentou uma vez. Já deu banho. Mesmo que a esposa estivesse o tempo todo do seu lado, mas ele fez. E vai fazer hoje de novo.

Serkan checa a frauda pela terceira vez para constatar que o problema não é falta de banho. Graças a Deus. Ele lembra muito bem a monstruosidade que o filho fez da última vez. A casa ficou fedendo por horas.

Então... comida! Isso. Serkan vai a cozinha e procura as instruções na geladeira. O leite do filho está guardado nas mamadeiras e deve ser aquecido antes.

- Mas como que eu faço isso????

Serkan pensa em pegar o telefone e ligar para Eda, mas... isso só daria lugar para ela tirar sarro dele. Já basta a vez em que ele foi convidado a se retirar da farmácia porque estava fazendo um escândalo maior que o próprio filho que estava tomando a vacina. Eda até hoje o lembra desse mico. Já é o suficiente.

um dia com o papai (Oneshot)Where stories live. Discover now