4 - parte 4

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Anna deixa o RH alguns minutos depois, já pronta para trabalhar. A espero com um remédio para dor de cabeça e ela parece desconfiada por minha gentileza, mas o toma.

— Você se sente bem para trabalhar? Não prefere voltar amanhã quando não estiver de ressaca? — pergunto, fazendo com que um sorriso surja em seu rosto.

— E você me demitiria no meu primeiro dia? Não, obrigado, estou ótima!

— Então você aguenta o trabalho pesado hoje?

— Aguento qualquer trabalho hoje.

— Isso é ótimo, Anna — digo e pego atrás de mim o balde e o esfregão. — Então comece, você não vai trabalhar aqui como recepcionista, e sim como faxineira.

Sua expressão desafiadora cai. Ela observa os objetos em minha mão e parece não acreditar. Ela precisa entender que não pode brincar comigo assim. Que não vai simplesmente impor sua presença em minha casa, em minha empresa, da maneira como quer. Ela precisa aprender que ninguém me contraria e sai impune a isso.

Espero que vá pedir ajuda a Leandro, ou desistir, mas ela pega o balde e o esfregão das minhas mãos. Abaixa a cabeça como uma funcionária obediente e diz com a voz calma e segura:

— Sim, senhor. Irei começar agora mesmo.

Então se afasta e pouco depois a vejo com o uniforme das faxineiras limpando o piso. É uma vitória para mim, Leandro reclama por minutos, mas o recordo que seu pedido foi que ela trabalhasse na empresa, não especificamente como recepcionista e ele não tem mais argumentos, embora não esteja nada feliz. Ele chega a se desculpar com ela, o que é ridículo. Mas eu me sinto assim também, me sinto ridículo.


Quando chego em casa, tarde da noite, foi um dia bastante agitado, a encontro sentada na porta de acesso da garagem, esperando por mim. Espero que tenha vindo dizer que desiste. Passo por ela sem dizer nada e ela me segue para dentro da casa.

— Veio me dizer que desiste? — pergunto um tempo depois, estranhando a confusão em seu rosto.

— Não, claro que não! Estou aqui apenas para dormir.

— O quê? Anna, você não vai dormir aqui!

— Eu ainda não tenho onde dormir!

— Isso não é problema meu! Você é funcionária da empresa, não vai dormir aqui.

— A culpa disso é sua, não finja que não se lembra. — Cubro o rosto irritado e ela percebe, pois seu tom de voz se torna mais calmo, quase suplicante. — Eu fico lá na dependência dos empregados, você nem vai me ver!

— Não se trata disso! Anna! Você não pode realmente achar que tem o direito de ficar aqui! Vá procurar um hotel onde possa passar a noite, uma pensão, a casa de algum amigo, implore o perdão do seu ex, faça o que quiser, mas suma da minha casa!

— Mas eu...

Abro a porta da rua e aponto a saída, nada disposto a ouvir suas ladainhas, então ela sai. Tomo um banho demorado, como alguma coisa, e quando estou apagando as luzes para ir dormir, a vejo dormindo na calçada.

— Não é possível.

Abro a porta pronto para brigar com ela e expulsá-la daqui, mas ela dorme profundamente. Parece exausta. Então a pego com cuidado nos braços, pego sua mochila surrada que ela carrega para toda parte e a levo para dentro de casa. Não para o sofá onde ela dormiu antes, não para a dependência de empregados onde deveria deixá-la, a levo para um quarto de hóspedes. Não sei porque estou fazendo isso, mas tiro seus sapatos para que fique mais confortável, ajeito o ar a uma temperatura boa, a cubro e a deixo dormir aqui.

Prometo que esta será a última vez.

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Até sexta, amoras!

Acaso ou destino - DEGUSTAÇÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora