A Thousand Years (Chistina Perri)

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   Involuntariamente, desde o início eu já sabia que tinha encontrado uma casa para o meu coração bater depressa.

   Mas os anos se passaram tão rápido, que nossas lembranças parecem ser apenas um sonho muito distante.

   Lembro-me de quando tinha meus oito anos, eu estava em um parque com algumas outras poucas crianças, o vai e vem do balanço me fazia ter a impressão de estar voando e a brisa leve bagunçava meu cabelo.

   Naquele dia eu me senti leve e solta, pensava em tantas possibilidades futuras, mesmo com tão pouca idade.

   Minha mãe costumava dizer que eu era especial, diferente das outras crianças e para que nunca deixasse a maldade das pessoas mudar quem eu era.

   Bom, todas as mães dizem isso, seus filhos sempre são especiais e preciosos. Mas nesse dia eu descobri que eu realmente tinha uma coisa diferente e que as pessoas nunca iriam entender.

   Enquanto eu balançava tranquila, as correntes desgastadas se soltavam pouco a pouco.

   E antes que alguém pudesse impedir, ou até eu mesma sair de baixo daquela casinha de brinquedo, tudo desabou em mim.

   E então eu perdi minha consciência.

   Acordei no outro dia com uma dor de cabeça terrível e não entendia por que todos me olhavam com aqueles olhares surpresos.

   Mais tarde naquele dia, pude ouvir o médico conversando com alguém do lado de fora:

- Isso é impossível! Não tem como aquela criança ter sofrido a um acidente daqueles e ter sobrevivido.

   O médico parecia surpreso e assustado ao mesmo tempo, aquilo me incomodou bastante.

- Talvez ela tenha apenas muita sorte doutor.

- Isso não é sorte! Aquela casa de brinquedo era de madeira pura e resistente, pesa muitos quilos a mais do que uma pessoa normal conseguiria aguentar, imagine uma criança!

- Bem, milagres acontecem.

- Se você não acredita em mim então olhe esses exames, até ontem aquela menina tinha mais fraturas do que eu conseguiria contar e agora ela está perfeitamente normal. Eu sou médico a mais de 10 anos e eu sei que isso é impossível!

   Eu não conseguia entender por que ele parecia tão bravo, eu estava bem e só queria voltar pra casa.

   As horas passaram e eu fiquei muito tempo encarando o teto, tentando entender o que estava acontecendo, até minha mãe aparecer e me tirar daquele hospital às pressas.

   Naquele dia nós saímos da cidade e nos mudamos para algum lugar totalmente isolado do resto do mundo.

   A partir daquele dia, minha vida nunca mais foi à mesma.

   Eu não podia sair de casa, minha mãe era como uma "faz-tudo", minha professora, amiga, cozinheira ou qualquer outra coisa que eu precisasse.

   Mas os anos foram passando e eu me tornei uma adolescente, as perguntas que antes eu ignorava, agora pairavam sobre minha cabeça, me deixando louca.

"O que eu fiz de errado pra ter que me isolar do resto do mundo?"

   Eu me perguntava isso todo dia.

   Ela apenas me dizia que as pessoas não conseguiriam entender meu potencial e que eu estaria segura se ficasse em casa. Mas eu não queria ser melhor que ninguém, não queria ser diferente nem especial, só queria ser livre, então em um ato de raiva e rebeldia eu simplesmente fugi.

   Todos os dez anos trancada me fez sentir totalmente deslocada, nada era igual antes e eu estava totalmente perdida... Até encontrar você.

   Tantos anos já se passaram desde o dia que nos conhecemos, quando congelada eu perdi a respiração.

   Você era igual a mim.

   Mas para o mundo, não passávamos de aberrações.

   Acusaram-me de bruxaria e me queimaram na fogueira, meu corpo inteiro ardeu em chamas e eu senti que morreria, mas isso nunca aconteceu.

   Torturaram-te na minha frente e ver todo seu sofrimento era muito pior do que morrer.

   Desejei por muitos anos que fôssemos apenas pessoas normais, assim poderíamos fazer coisas que outros casais normais fazem, seríamos livres.

   Faziam-nos sofrer por que tínhamos algo que eles nunca teriam: a imortalidade, mas por mais irônico que pareça isso tirou de nós nossas vidas. Éramos apenas escravos de pessoas que queriam nos controlar. E continuou assim por muitos anos.

   Quando finalmente parecia que tínhamos conseguido nossa liberdade, nos fizeram pagar um último preço. Fomos separados por diferentes lugares do mundo, como punição para viveremos para sempre sozinhos.

   Desde então estive sozinha por muitos séculos, perdi muitas pessoas que amava nesse período. Mas nunca fui capaz de te tirar da minha cabeça, por que eu te amei por mil anos e vou continuar te amando por mais mil.

   Você pode estar longe agora, mas eu vou te encontrar e dessa vez não deixarei nada nos separar.


☆《NOTAS DA AUTORA》☆

    A cantora americana Christina Perri fez o maior sucesso no mundo todo com a música  "A Thousend Years ", que significa 'Mil Anos'. A canção retrata a espera de um amor que dura por muito e muitos anos.

   Esse capítulo foi narrado por uma garota, cujo levando em consideração o conceito de viver por mais de mil anos como a ''imortalidade'', ela sofre o preconceito da sociedade por ter algo que todos almejam, mas nunca foram capazes de alcançar.

   A mesma então conhece um garoto pelo qual acaba se apaixonando, descobrindo então que ele compartilha da mesma habilidade que ela.

   Mas como o início da história é retratado há muitos anos atrás, a garota é queimada em uma fogueira por ser acusada de bruxaria, ato que durante mais de 300 anos se tornou corriqueiro nas praças públicas de boa parte da Europa.

   Ambos são torturados por muitos anos, até que após muita luta conseguem sua liberdade, mas com um preço a se pago, são separados na intenção de viverem pra sempre sozinhos.

   Essa música será dividida em quatro capítulos, o que será que vai acontecer a seguir?

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Oct 29, 2020 ⏰

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