høur 1

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"A vida é como um elevador. No seu caminho para cima, às vezes você tem que parar para deixar algumas pessoas saírem."
ABDELNØUR, ZIAD K.

— O-o que? — Noah perguntou, meio incerto, enquanto a garota emo gótica se sentava no chão do elevador. — Como assim estamos presos?

A garota revirou os olhos, claramente irritada. Noah não pode deixar de notar que seus olhos eram de um escuro intenso, preto exótico, preto tudo que podia se dizer lindo, que combinava claramente com suas roupas escuras e metálicas e lápis de olho negro.
— Ótimo, tô trancado nessa joça com uma estressadinha...

Noah estava irado com a garota, mesmo não querendo ser preso, sentia raiva de sobra pela loira. — Desculpa se não considero ficar presa em um elevador a melhor coisa no momento, querido!

— Como se eu quisesse estar aqui também, né!

Noah respirou fundo, tentando não se exaltar com a menina de olhos negros. Ele iria manter a calma. — Você está certa, me exaltei um pouco... Eu só... — Ele se sentou ao lado contrário do elevador, pensando. — Devem nos tirar daqui a pouco e-

— Não vão não — A garota respondeu, certeira.

— Como você tem tanta certeza? — Noah inquiriu, inquieto.

— Por que acabou a luz na cidade toda. — A menina gótica respondeu sem rodeios. Vendo que Noah ainda parecia confuso, continuou. — A tal crise energética? Que o Primeiro Ministro não sabe resolver? Não? Nada? — Por fim, revirou os olhos negros.
— Basicamente, esse deve ser o primeiro apagão do verão. Dou um chute de 5 horas de duração.

Noah perdeu a respiração de nervosismo.
Cinco horas?!

A garota de cabelos lisos nem se deu ao trabalho de tentar acalmar o moreno. — Sim. Então vai se aconchegando aí que vai durar. Espero que tenha ido ao banheiro...

Noah encostou as costas nas paredes frias, metálicas do elevador, fechando os olhos por um momento. Ele não podia acreditar que estaria com os amigos se tivesse saído um pouco mais cedo de casa. Ele não podia acreditar que estava preso no elevador. Ele não podia acreditar que iria ficar trancafiado com uma menina arrogante por mais de cinco horas.

Então lembrou dos amigos e em um momento de euforia, pegou no celular.

— Nem adianta. Sem sinal. — A menina disse monotonamente.

Noah arfou, um tanto frustado. O elevador já começava a ficar abafado. — Como você sabe que vão ser cinco horas realmente?

De novo, parecia que ela estava realmente entediada e faria de tudo para não estar ali, trancada com um menino tão simplório como Noah. — Porque eu assisto ao jornal, oras.

Noah ficou meio surpreso que assistisse o jornal, por causa da idade e seu estilo de roupas, já que passava uma aura mais "foda-se o governo" que "vamos ver o jornal das 10", mas deu de ombros, tirando sua jaqueta, já que o ar começava a ficar mais abafado. Já tinham se passado dez minutos desde que o elevador tinha parado. A menina estava ouvindo música, então Noah decidiu tentar se ocupar também.

Porém não tinha nenhum livro, e seu celular velho não tinha música. Resolveu então, pertubar a garota.

— Qual seu nome?

— Sina.

— Só Sina?

— Só Sina. — A garota respondeu, estoicamente. Não parecia muito afim de trocar informações com Noah, mas nem por isso o garoto de cabelos castanhos desistiu.

— Eu sou o Noah. Prazer.

Sina acenou com a cabeça, se mantendo calada. Assim se passaram 20 minutos naquele elevador metálico e um tanto abafado. Um silêncio mortal por parte dos dois, de mesma idade, morando no mesmo prédio, mas completos estranhos.

Até que a menina gritou em desespero. Sina olhava para o celular um tanto desesperada, como se a luz da sua vida estivesse morrendo. E talvez estivesse mesmo.

— Não, não, não! — Ela repetia, clicando incessantemente no celular, que não exibia mais luz em sua tela. — Sabia que deveria ter carregado essa porra antes de sair de casa! Caceta.

Ela jogou o celular para longe dela, para o outro lado do elevador, causando um grande barulho que assustou um pouco Noah. O garoto achou melhor permanecer calado sobre tais circunstâncias.

Sina ficou olhando raivosamente para o celular do outro lado da porta, como se aquele pequeno objeto fosse tão amado e tão odiado ao mesmo tempo.

— Caralho, por que tudo tem que dar errado na minha vida?! — Sina perguntou, um pouco exasperada.

Noah sabia que era uma pergunta retórica. Sina sabia que era uma pergunta retórica. Todos sabiam que era uma pergunta retórica. No entanto, mesmo assim, foi respondida.

— Tenho certeza que isso não é verdade, então não diga isso. — Noah respondeu, fazendo a atenção de Sina focar nele. Ele tentou não se sentir envergonhado com a repentina atenção da gótica sob si.

— Como tem tanta certeza?

Noah pigarreou. — Estamos somente em um elevador... Poderíamos estar no meio de uma cirurgia ou algo pior...

Os olhos de Sina se esbugalharam. — Ah, e saber que tem pessoas no meio de cirurgias no momento deveria me fazer ficar melhor? Muito obrigada, Noah!

Noah sabia que Sina estava sendo passiva agressiva para distanciar um do outro e, geralmente, o menino iria desistir de se aproximar da pessoa se o tratasse assim. Porém algo em Sina o chamava atenção. Algo na garota gótica de cabelos lisos e olhos negros era um mistério para Noah e ele tinha que resolvê-lo.

— Não é isso, Sina, e você sabe disso. Só não vejo necessidade de você odiar a sua vida. Poderia estar aqui sozinha, sem mim... Imagina só!

Sina revirou os olhos novamente, como de praxe. — Eu imagino sim, mais do que você pensa...

Noah ficou um pouco ofendido. Ele também não gostava da companhia de Sina mas vendo agora, notou que estaria completamente desesperado se estivesse sozinho, com seu celular sem sinal, sua mochila de caminhada e roupas da adidas.

— Olha, Sina... Você parece uma pessoa bem fechada, e me desculpe por querer me intrometer na sua vida.— Ele falou aos poucos, baixinho. — Mas iremos passar mais 4 horas e 15 minutos juntos, então acho legal ou nos tratarmos cordialmente ou pararmos de nos falar. Alguma hora vamos nos estressar, e precisar um do outro. Então, mantenha seus segredos. Só não seja rude, por favor.

Por um momento, parecia que Sina ia largar a armadura. Parecia que ia deixar a máscara cair e iria parar de ser tão fechada e rude. O momento só durou até o aceno de cabeça concordando, porque Sina fechou os olhos e encostou a cabeça na parede de ferro.

— Escolho a opção de não se falar. Me acorde quando tudo isso acabar.

Então... Eu sinceramente não consegui alternar os olhos negros para os azuis da Sina, não iria fazer sentindo algum e iria ficar muito ruim, então, fingim que ela tem olhos negros (só fingim mesmo).

Até o próximo capitulo! ❤

Xoxo luh 🎠

ELEVATOR; noart. ✓ Where stories live. Discover now