Na quarta-feira à tarde me preparo para o primeiro assessoramento de dança e só de pensar em tudo que está por vir, sinto meu estomago revirar.
A sala da Professora Maryet não é diferente de qualquer outra sala de dança desta universidade. Um longo e espaçoso salão com assoalho de madeira nobre e paredes revestidas em espelho do chão ao teto.
Paro assim que atravesso as portas e observo a senhora de cabelos grisalhos presos em um coque, que, mesmo beirando a terceira idade, ainda contempla um aparentemente belo condicionamento físico.
— Ah, olá! — Cumprimenta calorosamente ao erguer o olhar e me ver. — Você deve ser a Srta. Evans.
Meneio a cabeça e devolvo o sorriso, tentando ser tão calorosa quando ela.
— É um grande prazer conhece-la, professora Maryet. — Digo me aproximando alguns passos dela.
Na verdade eu mal sabia de sua existência antes de ser mencionada por Diana, mas não custa nada ser agradável, não é mesmo?
Uma gargalhada gostosa irrompe dos seus lábios e reverbera pelos espelhos que revestem o ambiente.
— Presumo que você nem sabia da minha existência antes de segunda-feira. — Constata lendo meus pensamentos ou a minha expressão corporal. — Gostei de você criança. — Declara abrindo os braços. — Me dê cá um abraço.
Se eu já não houvesse me encantando por essa senhora, seu abraço reconfortante e apertado com certeza teria me conquistado.
— Você é muito linda, sabia? — Elogia me segurando a distancia de um braço.
Sorrio acanhada e desvio o olhar fitando o chão. Não sou habituada a receber elogios e por tanto não sei como agir quando os recebo.
Com delicadeza, Maryet ergue meu rosto e repete:
— É sim. Você é muito linda.
— Obrigado professora. — Agradeço com a voz baixa.
— Não precisa me agradecer criança, digo apenas verdades. — Sorri calorosa, iluminando meu dia. — E por favor, pode me chamar apenas de Mary.
— Mary. — Digo encantada quando ela me acaricia a face.
— Bem, bem... Mas onde está o seu parceiro afinal? — Pergunta sentando-se novamente em sua cadeira.
Ah minha cara professora, essa é com certeza a pergunta de um milhão de dólares.
— Bem aqui! — Declara Gael sob o batente da porta com os braços bem abertos.
Exibido.
— Olha ele ai... — Diz Maryet fitando-o por um segundo antes de se voltar em minha direção e sussurra. — Menina, ele é um gato.
Levo a mão à testa e contenho o riso enquanto balanço a cabeça em negativa, completamente incrédula com as palavras da digníssima professora a minha frente.
— Venha, entre, entre... — Ela o chama, ficando de pé e abrindo os braços como fez comigo. — Dê um abraço em sua velha professora.
Gael se aproxima e a envolve em seus braços. Maryet o aperta com força, demorando-se por um segundo antes de piscar um olho para mim e dizer, e ele é muito sarado, apenas com o movimento dos lábios.
Tapo a boca com a mão direita e tento abafar minha risada, mas Gael parece perceber porque me olha de maneira desconfiada quando Mary finalmente o solta.
— Me perdoe pelo atraso professora. — Pede parecendo sincero.
— Tudo bem querido. Não tem problema. — Ela lhe conforta com um sorriso caloroso e tapinhas no ombro. — Mas acho que agora podemos começar.
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Cena de Amor em Syracuse
RomanceDepois de anos dando duro para seguir seus sonhos, Anna está a um passo de conseguir seu diploma de Artes Cênicas da Universidade de Syracuse. Mas para isso precisará contracenar com Gael Collins em seu último e decisivo trabalho. Collins é um lin...