Noite com lua clara

Único - Lua inteiramente clara

O cheiro entregava que a chuva chegaria no começo da noite, se não corresse iria atrapalhar o horário da alcateia, ainda precisava certificar se os júniores estavam bem e confirmar o se o estoque de comida estava inteiro.

Repassou mentalmente tudo o que ainda precisava ser feito enquanto retornava para o local da briga mais cedo, era mais longe do que se lembrava, até chegou a se assustar quando viu o tanto de arranhados e marcas de mordidas cravados nos troncos, e o principal, seu próprio sangue espirrado algumas vezes por ali.

O cheiro dos mais novos não estava presente, era um bom sinal, dizia que ele tinha conseguido proteger todos do ataque em território, mas ainda sentia algo errado. A terra tremia inquieta e um odor de adrenalina vinha da direção do vilarejo próximo dali; a vila ainda era seu território, precisava certificar-se que estava tudo certo.

O sol já estava próximo de cair, a noite iria chegar junto da chuva, mas pela surpresa aquela não era a única notícia que iria chegar.

— Lee Jeno, não me assuste assim! – pelo supetão acabou por tornar-se humano novamente, o mais novo também assumiu a forma para ajudar o sênior a se levantar.

— Perdão, senhor. Como estão seus ferimentos? Muito obrigado pela defesa mais cedo, acho que já notou que não temos muitas condições de nos defendermos por conta... – por sorte o Kim tinha acertado no ponto dos nós, mesmo após assumir a forma de fera o laçado continuava firme.

— Estão melhorando, obrigado. E está tudo bem, cada júnior no seu tempo, eu caçava desde pequeno, mas nossa mãe começou apenas depois de vários e vários anos e o pirralho do Donghyuck começou ano passado. – estralou as costas e olhou ao redor, certificando que ninguém estava na espreita – Jeno, parece muito suspeito para mim. Está me escondendo algo? Nosso irmão está bem?

— O Hyuck está ótimo! Na verdade, senhor, tem algo que precisava te contar, justamente por isso entrei no meio do seu trajeto.

— Pois então conte, rapaz. – ficou apreensivo com a confissão, o mais novo sempre era brincalhão e extrovertido, aquela era uma das raras vezes que seus ombros ficavam tensos e sua expressão séria, beirando a preocupação.

— Chegou a notar uma movimentação estranha no vilarejo?

— Sendo sincero, notei sim, por isso estava rondando a região. O que descobriu? – o júnior engoliu seco, suas mãos lentamente começaram a tremer em ansiedade.

— Alguém... Alguém contou para eles, senhor. Eu não sei quem foi, mas alguém contou para o povo, e agora eles estão furiosos! Todas as coisas para a caça já estão prontas, até o fim da chuva já terão terminado. – dizia exasperado, gesticulando com as mãos e gaguejando algumas vezes.

— Alguém contou o que para quem? Do que está falando? Explique direito!

— Alguém contou para o vilarejo que o Doyoung é um bruxo, senhor, e saíram agora pouco para o caçar.

— Eles o que!?

— Eu não tive como defender e estamos muito longe da alcateia para tentar buscar reforço algum para protegê-lo.

— Maldito seja o Moon, que os céus o tostem no primeiro raio! Jeno, eu vou disparado na frente para tentar avisá-lo, já passou pouco mais de três horas que ele saiu para tomar um chá, e você fica pouco mais para atrás para atrapalhar o percurso dos humanos.

— Mas esse vilarejo não é nosso? Não podemos ferir nosso povo.

— Eles querem ferir nosso bruxo conselheiro, isso é inadmissível. – soou quase como um rosnado, fazendo o mais novo andar alguns passos para trás e assentir silenciosamente.