Noite com lua clara

Único - Lua inteiramente clara

— Talvez daqui umas duas semanas, tem problema?

— Nenhum, estarei por aqui o tempo que precisar. – após terminar o preparo, finalmente se acomodou melhor de forma que pudessem ficar de frente um para o outro – Tome cuidado.

— Você também. – sorriram carinhosos um para o outro, Taeyong quem se aproximou e roçou ambos os narizes em um carinho inocente — Esse chá realmente tem um cheiro muito ruim e está fazendo muito, vai sobreviver depois de uma dose tão grande dessa maldição?

— Não vou beber sozinho, tonto. Hoje é o dia que a lua fica inteiramente clara, irei tomar meu chá com duas fadas e um guardião. – levantou-se orgulhoso e procurou pelas xícaras no meio de suas anotações.

— Desde quando você é amigo de fadas? E o que é um guardião? É um guarda do vilarejo? Está tentando se matar indo falar com um guarda da vila? – gradativamente sua voz se tornou mais preocupada, fazendo o Kim gargalhar.

— Não! Guardião é a classificação celestial que recebe quando se torna oficialmente o guardião de um arcanjo. Eu converso com o guardião do ar quando ele está disponível, graças a ele eu consegui montar a receita perfeita para cuidar de seus ferimentos. – o bruxo voltou para o recipiente quente, mexendo-o com cuidado enquanto não dava o ponto para o chá.

— Então eles realmente existem? Como ele é? – animou-se com a descoberta, Doyoung apenas soprou um risinho.

— Ele é bonito, muito bonito, mas sabia que todos os guardiões são homens porque os arcanjos são mulheres?

— Sério!? Que incrível! Mas ainda não me falou sobre as fadas.

— Oh sim, são dois, eles são rapazes bem simpáticos, sabe? São muito esforçados, sempre estão ofegantes quando chegam para o chá, passam todo o tempo correndo de um lado para o outro resolvendo os problemas que a mãe natureza não consegue resolver. – Taeyong se levantou, notou que logo a bebida estaria pronta e sua hora de partir chegaria.

— Mas são pequenininhas como contam? Nunca pude ver uma fada de verdade.

— Eles possuem nosso tamanho para se infiltrarem nas comunidades, mas quando precisam poupar energia elas ficam pequenininhas, do tamanho de um polegar. Acredita que da última vez quase pisei em um?

— Acredito, você é muito desastrado, não sei como ainda está vivo. – ambos riram, do comentário.

Com o chá já preparado e posto em um recipiente próprio acima de uma bandeja com outra quatro xícaras, ambos andaram em silencio até a porta do chalé, onde ficaram parados por um tempo em completo silencio, apenas apreciando a presença um do outro ali e escutando como o emblema prata de proteção batia contra a estrutura no primeiro sopro de vento.

— Bom, eu já vou indo. – o Lee comentou enquanto retirava a camisa – Obrigado por sempre ter uma troca de roupa para mim.

— Não se preocupe, elas vão estar sempre no mesmo lugar para você. – a bandeja foi deixada de lado momentaneamente no chão, ambos os rapazes precisavam daquele abraço apertado – Volte em segurança, ok?

— Você também, tome cuidado com esse chá, o cheiro parece veneno. – mesmo recebendo um soco sem força em seu braço, logo os lábios foram selados em um beijo carinhoso, as mãos quentes de Doyoung faziam um carinho com o polegar nas bochechas de Taeyong, esse que apenas abraçava o Kim com apreço e balançava ambos os corpos cuidadosamente.

Ambos tinham muito cuidado pelo outro, era perceptível para qualquer um. Era confortante.

— Irei te esperar o tempo que for preciso, certo? – foi a última coisa que Doyoung murmurou contra os lábios do Lee antes de sorrirem tímidos, trocarem mais um selinho para logo em seguida o rapaz ter um breve calafrio antes de voltar a ser um grande lobo rajado em preto e cinza, partindo para a floresta e desaparecendo do campo de vista do bruxo.