Seis

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Maria Luiza

Havia se passado uma semana desde o acontecimento na casa da Fernanda, uma semana terrível, daquelas que você acorda todos os dias cogitando não levantar da cama porque sabe que o dia vai ser difícil, mas eu tinha sobrevivido e agora teria o final de semana pra me empanturrar de sorvete e me esconder do mundo. Quase não me lembrava mais com tanta frequência da raiva que tinha sentido quando ouvi Amanda dizer "o atendimento bem que poderia melhorar mesmo". Quase. As vezes era como se ela estivesse me observando, por mais que eu soubesse que isso era paranoia minha, o que me fazia tratar os clientes um pouquinho melhor. Gentileza era fácil pra mim, mas só quando eu não estava cansada, ou estressada, ou  com fome, ou irritada, ou seja, nunca. Tentei me concentrar apenas em trabalhar, mesmo que os meus pensamentos intrusos ficassem rodeando minha mente o tempo todo. 

Estava finalmente guardando as minhas coisas para fechar o mercado, após um dia longo, ser simpática com as pessoas tinha sido muito mais cansativo do que eu imaginei que seria, e como tive medo de ser pega dormindo novamente no horário de trabalho acabei não me dando ao luxo de cochilar, o que fez o dia parecer muito mais extenso do que de costume. Saí do estabelecimento, trancando tudo, eu era a única (além do meu chefe) que tinha as chaves do lugar, eu gostava a sensação de ser confiável o suficiente pra isso. Peguei meu celular e os fones de ouvido, como era de costume, e coloquei uma música específica, uma das minhas favoritas, "Only the brave". Antes de voltar o celular para o bolso vi que tinha recebido uma mensagem de um número desconhecido, até pensei em deixar para ver em casa, até porque o tempo estava dando sinais de chuva, mas a curiosidade falou mais alto e eu tive que responder imediatamente.

 Antes de voltar o celular para o bolso vi que tinha recebido uma mensagem de um número desconhecido, até pensei em deixar para ver em casa, até porque o tempo estava dando sinais de chuva, mas a curiosidade falou mais alto e eu tive que responder...

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Fui andando pra casa como sempre fazia, me perguntando o que viria a seguir. O pé d'água que caía foi bom para eu não acabar torrando o meu cérebro com tanta ansiedade, o que não era exagero já que uma mensagem de quero conversar com você quase nunca trazia coisa boa, ainda mais vindo de quem veio. Eu não esperava que ela tentasse contato comigo, não esperava que aparecesse algum dia. Imaginei que acabaria encontrando com Amanda depois de perceber que ela tinha alguma coisa com a Camila, era óbvio que a gente acabaria se vendo, querendo ou não. Mas Amanda mandar mensagem me deixava confusa, o que diabos ela queria afinal? Me deixar pior do que eu já estava? 

 Mas Amanda mandar mensagem me deixava confusa, o que diabos ela queria afinal? Me deixar pior do que eu já estava? 

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Respondi tudo aquilo sentindo meu sangue ferver, eu tinha muita dificuldade em manter a calma quando estava lidando com algo de que não gostava, ou alguém

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Respondi tudo aquilo sentindo meu sangue ferver, eu tinha muita dificuldade em manter a calma quando estava lidando com algo de que não gostava, ou alguém. Respirei fundo uma, duas, três, dez vezes antes de me jogar na cama. 

— Não me olha assim Heitor, ela é uma ridícula. 

Miau.

— Ou será que eu sou a ridícula da história? 

Miau.

— Miau nada, eu acho que se você vai pedir desculpas pra alguém pra aliviar sua consciência o mínimo que você pode fazer é não deixar isso tão explícito. 

Heitor se esfregou no meu braço, ronronando para que eu fizesse carinho logo na sua cabeça e parasse de falar sobre coisas que ele não estava afim de ouvir. 

— Sabe, as vezes eu queria ser você. Sem preocupações, sem trabalho, só pedindo carinho e comendo sachê. — O peguei no colo, recebendo um miado de desaprovação. — Por que algumas pessoas tem que ser tão complicadas? Tudo bem, eu estou falando com um gato, mas eu sinto que você me entende melhor do que muita gente.— Heitor se aninhou no meu colo e fechou os olhos, obviamente prestando atenção no meu desabafo.— Mas quer saber, deixa ela pra lá, esquece a Amanda, ela não é ninguém pra mim. Isso vai passar, eu sei que vai, nada que uma boa noite de sono não resolva, não é filhote? 

Mas a boa noite de sono não veio.






Amanda e Maria LuizaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora