Para que eu fui perguntar? Ele tinha que estragar o clima bom tocando no nome dela. Caramba! A Raquel forçou uma risada simpática, mas eu vi que se incomodou ao escutar a palavra "Sara".
- Bom, enfim... - Mudei de assunto. - A Raquel vai ficar aqui por um tempo só até as coisas se acertarem, tudo bem?
Os dois concordaram sem nenhuma objeção.
- Ela pode ficar com o sofá-cama se quiser. - O Luiz falou, super solícito. - Eu fico lá no quarto com os dois, tenho um saco de dormir guardado.
- Não, imagina! - A Raquel disse. - Você não precisa deixar a sua cama por um saco de dormir só por minha causa. Flávio, tem certeza que eu não vou incomodar? - Ela virou-se para mim.
- Eu passei um mês inteiro no acampamento dormindo nesse saco. - Ele respondeu antes que eu falasse qualquer coisa. - Posso ficar nele por quanto tempo precisar. Fica tranquila. O que importa é não deixar a mocréia te achar enquanto a polícia não der notícias.
Ela riu agradecendo. Um silêncio um pouco constrangedor tomou conta do ambiente, e foi aí que eu decidi que era a hora...
- Raquel, vamos comigo até o quarto rapidinho? Tem uma coisa que eu queria te dar...
A mesma expressão de quando nos vimos pela primeira vez depois da briga voltou ao seu rosto. Já era hora de acabar com tudo isso, de uma vez por todas.
Entrando no quarto, mal olhei para trás. Fui logo abrindo a minha gaveta de cuecas, o que a fez me olhar estranho, claro. Mas pareceu entender tudo quando eu tirei o boneco do Comissário Quan lá de dentro.
- Isso é seu. - Dei na mão dela, que fitou o boneco com um olhar não muito feliz.
Ela não respondeu nada. Só ficou segurando-o e olhando para mim sem sorrir.
- Raquel, eu nunca quis esse boneco de você. E agora, quero menos ainda...
Claramente mexida ainda com o nosso momento desagradável do dia anterior, ela olhou para baixo.
- Você deve estar confusa e não consegue pensar em como eu posso estar falando a verdade, não é?
Balançou a cabeça positivamente.
- Na verdade, eu não sei bem como enxergar seu lado nessa história. Aquela menina me mostrou tantas evidências. Fotos, histórias que faziam total sentido... Mas eu errei com você, Flávio. Não lhe dei a chance de se explicar, já cheguei fazendo um escândalo. Desculpa...
Como era bom ouvir aquilo... Quando dizem que a esperança é a última que morre, não estão mentindo.
- Você não tem que se desculpar, Raquel. A Sara fez tudo de propósito. Ela soube te manipular, fez tudo direitinho para te deixar daquele jeito. Você não tem culpa.
- Mas quem é essa menina então, Flávio? E por que tinham fotos de vocês dois juntos no celular dela?
Respirei fundo para falar sobre o meu passado obscuro. Eu não gosto nem de lembrar...
- A Sara realmente foi minha namorada... - Eu disse vendo-a arregalar os olhos com a resposta.
- Namorada, não! Patroa. - O Luiz falou lá de fora. Percebendo que a porta estava entreaberta, me lembrei que não dá para ter privacidade nenhuma naquele apartamento sem se trancar. Bati a porta com raiva mandando o Luiz ir se ferrar.
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Um Novo Conto de Rapunzel
RomanceRaquel tem um sonho: ir ao show da sua banda favorita que se apresentará pela primeira vez no Brasil, bem no dia do seu aniversário. Porém, realizá-lo não é tão fácil quando se tem uma mãe rigorosa que nunca lhe deu liberdade, proibindo-a de sair de...
Capítulo 32 - Flávio
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