Capítulo 2: O Eco do Passado

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Elizabeth Hughes estava encolhida no sofá de sua pequena sala, cercada pela penumbra de sua casa. Seus olhos estavam vazios e sem brilho, refletindo a sombra de uma vida que já foi cheia de alegria. Ela sofria de transtorno do pânico, uma doença que a tinha enclausurado em seu próprio mundo desde a morte de seu marido, Robert.

A memória daquela noite fatídica era uma cicatriz que nunca se curaria. Robert e ela haviam saído da casa que compartilhavam para um passeio noturno, um costume que cultivavam. Riam e conversavam, compartilhando sonhos de uma família grande, de uma vida cheia de amor e alegria. Mas tudo mudou quando foram surpreendidos por um assaltante na saída de sua antiga casa.

Elizabeth ainda podia sentir o frio do cano da arma que o assaltante pressionara contra seu pescoço. Ela se lembrava dos olhos aterrorizados de Robert enquanto ele tentava negociar com o criminoso. E então, o tiro ecoou na noite, cortando a vida de Robert de maneira brutal e trazendo o horror eterno para Elizabeth.

Ela não sabia como conseguiu escapar ilesa, mas a tragédia a seguiu como uma sombra. As lembranças daquela noite a atormentavam sem piedade, desencadeando ataques de pânico que a deixavam impotente e aterrorizada.

Nessa noite, Elizabeth estava mais uma vez perdida em suas memórias, afundada na tristeza que a consumia diariamente. O que antes era uma vida repleta de promessas e esperança agora era um vazio desolador. Ela se lembrava de seu marido com amor, com uma saudade que cortava sua alma.

Foi nesse estado frágil que um som a atingiu como um raio, uma explosão de choro que rompeu o silêncio de sua casa. Ela saltou do sofá, seu coração disparando em seu peito. O som era assustadoramente familiar, uma lembrança cruel do choro que ela ouvira na noite da tragédia.

O choro persistente preenchia o ar, fazendo-a tremer de medo e angústia. Ela não conseguia respirar, a sensação de pânico a envolvendo como uma manta pesada. As imagens da noite do assalto a atormentaram, e ela desmoronou no chão, lutando para conter as lágrimas que começaram a correr por seu rosto.

Era como se o mundo a tivesse trazido de volta àquela noite horrível, a dor e o sofrimento a esmagando de novo. O choro do bebê a afetava de uma maneira que ela não conseguia explicar. Era uma mistura de raiva, tristeza e ressentimento por não poder compartilhar a felicidade que o bebê representava.

Aquele choro vindo do apartamento ao lado, do apartamento de Richard, a incomodava a um ponto em que ela considerou se levantar, sair e bater na porta dele para pedir silêncio. No entanto, ela não sabia se ele tinha uma família ou uma criança. Nunca o tinha visto com uma mulher ou uma criança, o que a deixava perplexa.

O choro continuava, uma cacofonia que martelava em seus ouvidos. Elizabeth estava perdida em sua própria dor e solidão, incapaz de tomar qualquer decisão ou ação. Ela desejava poder voltar no tempo, desejava que Robert ainda estivesse vivo, e que eles estivessem planejando a família grande que tanto desejavam.

No entanto, o choro do bebê era uma lembrança cruel de que sua vida havia tomado um rumo sombrio, e não havia como voltar atrás. Elizabeth se encolheu no chão, as lágrimas escorrendo por seu rosto, enquanto o eco do passado a sufocava. O que ela faria agora, como ela enfrentaria o que parecia uma tormenta intransponível de emoções e medos?

Elizabeth permaneceu no chão, abraçada a si mesma, soluçando baixinho. As lembranças daquela noite terrível, da morte de seu marido Robert, pesavam sobre ela como um fardo insuportável. Seu coração estava partido, sua alma dilacerada pela dor que a havia consumido durante tanto tempo.

Ela adormeceu no chão, exausta pela intensidade das emoções que a haviam invadido. O sono a envolveu, mas não trouxe descanso. Seus sonhos eram assombrados por imagens do passado, o rosto de Robert e o som do tiro ecoando em sua mente.

Pai Por Acaso #LIVRONADREAMEWhere stories live. Discover now