Breakfast

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Zoro tinha escutado as palavras do garoto e ficou extremamente confuso. Uma hora o moleque parecia estar completamente aéreo e fora de si, agindo como uma criança manhosa. Na outra, falava um monte de coisas com bem mais eloquência e que nem o próprio Zoro entendia, com força o suficiente para empurrá-lo porta afora.

O mecânico passou um tempo olhando para o aparelho em sua mão tentando saber o que fazer direito com aquilo. Demorou um pouco para achar onde que poderia fazer o que Sanji havia pedido, mais ainda para escolher entre as opções que havia lá e muito mais para aprender como que finalizava a compra corretamente. Maldita tecnologia.

Mas o tempo que demorou fazendo o pedido não era nada comparado ao tempo que aquele loiro demorou no banho. Não que Zoro não esperasse por isso, do jeito que era fresco, o moleque provavelmente tinha um completo ritual de beleza ou algo ridículo assim. Zoro apenas ficou tediosamente mexendo no telefone do loiro, apenas pensando que ele próprio já poderia ter tomado mil banhos durante aquele tempo todo. Quando recebeu a comida e o café na porta, ouviu o chuveiro desligar, indicando que Sanji finalmente havia terminado.

Como seu apartamento era irritantemente iluminado, o que era algo péssimo para alguém com dor de cabeça, Zoro levou tudo para o quarto e colocou na cama. O loiro ainda demorava a sair do maldito banheiro e Zoro, que não havia comido nada ainda naquele dia, enfiou uma rosquinha na boca e engoliu rapidamente com a ajuda do café que bebia. Havia esquecido de como gostava de um pouco de café bem amargo pela manhã, infelizmente tinha muita preguiça para fazer todo dia.

Sanji deve ter passado uma hora ou mais sentado no chão e sentindo a água quente cair em seu corpo sensível. Provavelmente ficaria com a pele branca mais avermelhada, nem mesmo em seus banhos mais demorados ficava tanto tempo debaixo da água, muito menos imóvel. O banho pareceu o deixar sóbrio depois de algum tempo, mas ainda sentia a dor da rejeição. Era difícil para alguém que nunca nem mesmo foi aceito por seu próprio progenitor, ser rejeitado outra vez, era algo que não sabia como lidar. Precisava superar. Já estava acostumado, desde criança ele sempre foi forte e aguentou aquele tratamento sem chorar, já estava bem grandinho para não ficar chorando como um fraco pelos cantos.

Com esse pensamento, Sanji se levantou e de fato tomou um banho, esfregando seu corpo, lavando seu cabelo dourado e o fato de ter aceitado usar tanto o sabonete quanto o shampoo de Zoro, só provava que ainda não estava em seu perfeito estado, mas bem melhor de quando caiu no bar ou até mesmo chegou na casa do velho.

Ao passar a toalha pelo seu corpo, era como se todo o cheiro do moreno grudasse em si e não era desagradável. Ele não notou, mas depois de secar o corpo esguio, levou a toalha ao rosto e sentiu o aroma gostoso e tão característico, ele poderia reconhecer a quilômetros. Era estranho estar tendo esse tipo de reação ao cheiro de Zoro, talvez a bebida tivesse o deixado com os sentidos mais sensíveis.

O cheiro da toalha não se comparava com o cheiro daquela camiseta. O pobre loirinho sentiu o coração acelerar quando o tecido passou por sua cabeça e ele pôde sentir tão diretamente o cheiro de suor e graxa. Sanji sentiu-se estúpido por não ter percebido antes que Zoro era mecânico, até mesmo sua roupa, supostamente limpa, estava impregnada com o cheiro de uma oficina. Por um bom tempo ele cogitou não colocar aquela cueca, era vergonhoso e uma peça muito íntima e com certeza já usada, mas ao olhar para baixo e ver que a camiseta branca era praticamente transparente e que sua intimidade ficava quase exposta, ele colocou a peça no mesmo instante. Se sentiu um palhaço ridículo por usar uma roupa tão enorme e ao se ver na frente do espelho sorriu de forma boba e virou-se de costas para olhar. A camiseta era enorme e ficava muito bem nele, talvez a roubasse.

Quando Sanji apareceu no quarto, o homem de cabelos verdes praticamente se engasgou com a bebida quente que tomava, derramando um pouco em si mesmo e ganhando algumas queimaduras leves. Ver o garoto com sua própria blusa deveria ser perfeitamente normal ou até um tanto esquisito, mas era lindo. A peça batia nas coxas pálidas de Sanji e ficava tão grande que nem dava para enxergar a roupa de baixo. Zoro não sabia porque estava tendo uma reação tão exagerada a uma blusa, mas ver a peça larga nele e pensar no quanto aquele corpo era menor que o seu deixava seus pensamentos confusos. Talvez porque ele nunca havia visto Sanji de outro jeito a não ser coberto com ternos no corpo inteiro. Mas ele se limitou a desviar o olhar e se condenar por estar pensando coisas ridículas e absurdas.

Don't Call Me Daddy - ZoSan Where stories live. Discover now