Mês 1

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Eda estava exausta de passar a madrugada inteira agarrada ao vaso enquanto colocava tudo para fora. Parecia que iria cair dura a qualquer instante. Felizmente Serkan não acordou e nem imaginava como a noite tinha sido longa para a esposa e, se dependesse dela, nem iria saber de nada, já que ele estava uma pilha de nervos por causa da inauguração da nova sede da Art Life e não pretendia preocupar o marido com coisas insignificantes.
Provavelmente foi algo que comeu nos dias anteriores que não fez bem a ela e logo iria passar. Só precisava tomar um remédio de enjoo e se hidratar. Fácil assim.

Se levantou do chão gelado do banheiro com dificuldade, sentindo ainda o estômago revirar-se e a vista ficar turva. Foi necessário muita concentração para não desmaiar.

Eda saiu do banheiro quando viu os primeiros raios de sol. Sabia que o marido logo acordaria e acharia estranho vê-la no banheiro naquela hora, então decidiu voltar pra cama para dormir pelo menos alguns minutos e não ficar com a cara de quem passou a madrugada acesa.

Ao chegar ao quarto, viu Serkan dormindo feito pedra e agradeceu a Allah por isso. Faz um tempo que o marido não conseguia dormir bem com toda a burocracia que estava exigindo todo o tempo dele. Mal podia comer. Mas agora parece que seu corpo pediu arrego e ele estava tendo uma boa noite de sono, diferente dela.

Deitou na cama com cuidado e tentou achar uma posição confortável, já que seu estômago parecia que iria entrar em colapso a qualquer instante. E, assim que achou e fechou os olhos, o despertador gritou. Serkan começou a se revirar na cama e Eda quase queria lançar o celular na parede. Mesmo assim permaneceu com os olhos fechados, desejando que o dia permitisse que ela dormisse ao menos alguns minutos. Mas parecia que os outros planos não iam permitir isso.

—Eda...—Serkan aproximou a voz rouca de sono do seu ouvido—Hoje não podemos nos atrasar, minha vida.

Ela também desejou lançar o marido na parede.

Resmungou alguma coisa e usou o lençol para cobrir o rosto, mas sentiu a mão pesada de Serkan na sua cabeça, abaixando o cobertor.

—Vamos, teremos reunião daqui a pouco—ele fala, carinhosamente, sem nem imaginar que a esposa ficou a noite passando mal e não pretendia fazer nada, além de colocar o sono em dia.

Se ele soubesse, seria diferente. Primeiro que não permitiria que ela sequer se levantasse daquela cama. Chamaria a médica, compraria os remédios e faria comidas saudáveis para mantê-la bem. E cancelaria qualquer plano do dia dos dois. Pois Serkan, mesmo ainda sendo um viciado em trabalho, soube que sua esposa e o relacionamento que tem com ela tem que ficar em primeiro lugar independente da circunstância e não seria uma nova empresa que iria deixar os dois em segundo plano. E muito menos algo que mexesse com a saúde deles. Isso é apavorante aos olhos de Serkan.

Mas ele sequer imaginava, afinal, achava que Eda passou a noite dormindo ao lado dele. E ela queria que ele imaginasse isso.

—Só mais cinco minutos, juro—ela sussurra, ainda com os olhos fechados.

Ele inclinou um pouco e depositou um beijinho na sua cabeça.

—Só mais cinco minutos—sussurrou no seu ouvido, e Eda sentiu ele sair da cama.

Cinco minutos foi muito pouco para ela, mas fez um esforço enorme para se levantar e tomar um banho. Sentia o estômago se remexer a cada movimento mínimo e a vista escurecer.
Serkan, mesmo com a cabeça cheia de coisas, não deixou passar despercebido que a esposa estava calada e com o rosto sem cor. Logo ficou preocupado.

—Eda, o que você não tá me contando?—perguntou, assim que ela se aproximou da mesa de café.

Ela fez uma cara de desentendida.

9 meses (Edser)Onde histórias criam vida. Descubra agora