as chaves do carro

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Não tinham falado muito no caminho para o carro. Harry não sabia o que dizer, era constrangedor pensar que mesmo depois de tanto tempo, a reação que Louis lhe causava era exatamente a mesma. Estava tão perdido em pensamentos que nem notou que estava sentado no banco do carona até Louis dar partida no carro. Harry riu, tentou disfarçar, mas o silêncio não permitiu.

-Que foi? – perguntou Louis retribuindo a risada sem nem saber do que estavam rindo.

-Nada.

-Harry, para com o mistério – os olhos de Louis mandavam segurança para Harry.

-É engraçado como estamos acostumados um com o outro, como se os anos não tivessem passado – Harry disse evitando contato visual.

-Como assim? – Louis perguntou, mas sabia exatamente do que Harry falava, só queria ouvi-lo falar.

-Foi natural demais o jeito que você simplesmente pegou as chaves da minha mão e decidiu que ia dirigir meu carro.

As palavras de Harry fizeram Louis lembrar de coisas que ele tentou tanto esquecer. A rotina de quando estavam juntos. No início, Harry mentiu, contando que não gostava de dirigir, o que fez Louis nunca o questionar, e sempre tomar as chaves de sua mão, o que explicava a naturalidade. O que ele não sabia, é que as ações de um Harry adolescente eram muito mais profundas que isso.

Pensar nisso agora parecia bobagem, mas Louis sempre foi mais ousado, trocando carícias com o namorado enquanto dirigiam, muitas vezes eles precisavam ficar horas longe um do outro, interpretando seus papéis de colegas de banda, quando na verdade, só queriam poder estar colados, um no outro. Quando chegavam em qualquer lugar que estavam sozinhos, só queriam ser um casal normal. Harry sempre teve menos controle quando o assunto era Louis, então, só por via das dúvidas, se a mão do mais velho fosse ousar desabotoar sua calça e o toca-lo ali mesmo, dentro do carro, Harry precisava ter certeza que não estaria dirigindo, pois sabia que nunca iria conseguir manter o foco.

Ele riu novamente lembrando disso. Seus olhos foram até as mãos de Louis, que seguravam o volante, era inevitável lembrar do que elas eram capazes de fazer.

-Senti falta disso – disse Louis, sem saber o que responder, tinha medo de ser sentimental demais e estragar o momento, Harry parecia tão distraído, mas então lembrou. Harry está sempre distraído.

-Eu também.

-Me conta, o que está pensando? – perguntou o mais velho, desviando os olhos da estrada para olhar diretamente para Harry.

E agora? Como que ia explicar que estava lembrando das vezes que Louis enfiava a mão dentro de suas calças?

-Só tentando adivinhar para onde estamos indo - mentiu.

-Você vai gostar, estamos quase chegando - Louis mandou outro sorriso para Harry, e como se pudesse ler sua mente, tirou uma das mãos do volante e pôs sobre o joelho do ex – lembra quando o simples ato de eu colocar minha mão na sua perna deixava uma gravadora multimilionária e milhares de garotas completamente doidas?

-Lembro que me deixava doido – soltou Harry sem pensar.

-Deixava?- Harry colocou a mão sobre a de Louis, apertando com força.

-Deixa.

Two GhostsWhere stories live. Discover now