X - TENSÃO PRÉ-TORNEIO

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Já haviam se passado dois dias desde o meu encontro com meu primo Lucas, e até agora ele não tinha dado nenhuma informação a respeito da pesquisa sobre o VK.

Eu já estava começando a ficar meio ansioso demais com essa falta de informação, mas como minha vida nunca é fácil e as coisas sempre podem ficar mais complicadas, eu ainda tinha que me preocupar com o desespero do Kennedy a respeito do torneio.

- Eu sou muito inútil. – Reclamou ele andando em círculos dentro do meu quarto, mais de 23h da noite. – O torneio já é depois de amanhã e eu ainda não sei nem me defender direito, que dirá fazer um bom ataque. Isso sem falar na competição de exibição, que eu não tenho a mínima do que eu posso fazer com meus poderes vegetais. Se é que dá para fazer alguma coisa com eles. Ninguém merece. – Kennedy despenca no chão, se sentando e depois deitando de costas com os braços abertos.

- Primeiro: – comecei. – Deixa de drama porque você está se saindo muito bem nos treinamentos para alguém que nunca lutou. Segundo: Ainda temos o dia inteiro de amanhã para treinarmos. E por último, mas não menos importante: Seus poderes são incríveis, você só precisa encontrar algo que te inspire, sei lá. E como sou seu amigo, vou te dar um concelho: não deixe que a Angie ou a Ingryd te ouçam falar isso do elemento de vocês, porque corre o risco de você ter muitos problemas com as duas. – Finalizei com uma risada.

- Como assim? – Kennedy perguntou sem entender direito o que eu queria dizer.

- Ai Kenny! Acorda! Seus poderes são incríveis! Vocês conseguem criar vida e beleza até em um lugar desértico! Acha mesmo que seus poderes não são "exibíveis". – Falei fazendo aspas na última palavra.

- Ai, Pit, – ele ficou sentado para me olhar nos olhos. – É que, sei lá... ver você e seus amigos, tão experientes e poderosos, enquanto eu, só cuido de hortas.

Eu o encaro com um sorriso, me levanto e vou até ele, me agachando de forma que ficasse na altura dos seus olhos.

- Meus amigos são poderosos sim, isso é fato, mas não foi nenhum deles que se colocou na frente de um dardo envenenado só para tentar conseguir uma amostra do veneno que estava dentro dele, que por sinal podia matar qualquer Elemental que ele tocasse. – eu faço um cafuné na cabeça de Kennedy, desarrumando seu cabelo e depois me levanto. – Agora vamos dormir que amanhã teremos muito trabalho.

Por um momento, Kennedy não disse nada. Como se estivesse pensando no que eu tinha acabado de falar, então após alguns segundos, ele falou:

- Pit?

- Sim? – Falei, olhando para ele novamente.

- Obrigado.

- Não foi nada.

- Não, sério! Obrigado mesmo. Por tudo. – Ele disse em um tom realmente grato. – Você vem sendo um irmão para mim todos esses dias.

- Que é isso, Kenny?! Você já é da família. Praticamente meu irmãozinho mais novo. – Respondi com um sorriso.

- É exatamente assim que eu me sinto. – Ele sorriu de volta.

- É exatamente assim que nós te consideramos.

- Acho que essa conversa já está ficando melosa demais. – Observou ele, caindo na risada depois, comigo o acompanhando em seguida. – É melhor irmos dormir.

- Concordo. – Ri novamente.

Apesar das brincadeiras e tudo mais, tudo que eu havia dito era verdade. Kennedy era alguns poucos anos mais novo que eu, e durante praticamente todo o período que estive na tribo Nathu, ele foi meu melhor amigo (que Tyson não saiba disso). Não sei o que teria feito sem ele. Para mim, ele realmente vinha sendo considerado um irmão mais novo. Ele me contava tudo e era para mim que ele pedia concelhos. Com um tempo, eu meio que me acostumei com isso e agora é meio que natural considera-lo um irmão, mesmo que não seja uma coisa oficial. O fato é que eu também tinha certeza que meus pais já o consideravam da família e que ele, também já se sentia em casa.

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