Prólogo

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''Ser diferente é normal... '' - Mas quanta bobagem!

Ser diferente não é ser normal.

Acredite, sei bem do que estou falando.

Desde pequeno, todos me consideram bastante peculiar - o que na verdade é só um jeito bonitinho e eufemístico de dizer que sou a merda de um estranho. Por qualquer lugar que eu procurasse estar, não havia jeito; sempre encontraria cabeças que se viravam e cochichos que me seguiriam aonde fosse. Na escola, a maioria dos estudantes mantinham uma espécie de distância segura de mim. Já os professores me olhavam de uma forma mais humanitária, me tratando como se eu fosse um portador de alguma coisa digna de pena. O que não deixa de ser verdade.

Mas a grande questão é que ninguém nunca soube realmente o que diabos acontece comigo. É de domínio público que eu não sou como os outros da minha idade, mas é fato também que não fazem a mínima idéia do que eu possa ter... Ou melhor dizendo, da porra que eu possa ser. Pois se todas as pessoas que conheci durante esses meus 18 anos tivessem uma pequena ideia do que eu sei, de tudo o que secretamente posso fazer, garanto que a minha vida chata e sem grandes preocupações se transformaria em uma gigantesca dor de cabeça num estalar de dedos.

Na verdade, acho que esta é uma descrição perfeita para o que tenho: Uma Grande Dor de Cabeça! Algo que simplesmente acontece com a gente, sem que tenhamos sequer o direito de escolha. Por que, se eu tivesse o direito de poder escolher ser ou não ser o que sou, provavelmente eu escolheria a segunda opção. Afinal, entre ser um adolescente comum e um adolescente peculiar, quem seria o idiota que ficaria com o que eu tenho?

Bom, me desculpem meus modos, acho que até agora não me apresentei.

Olá, eu me chamo Adrian Regis, e sou um Arcano.

O quê, você não sabe o que é ser um Arcano? Fico feliz em ouvir, já que isto é um segredo. Mas eu vou fazer um resumão - pois eu sou um cara legal, afinal. E acho que todos precisam estar preparados para qualquer situação.

Então, vamos lá.

Ser um Arcano é... Foda. E não estou dizendo no sentido bom. Para ser sincero, é bem complicado. Assim como outros poucos iguais a mim, sou mais ágil, mais forte e tenho uma resistência maior do que a de uma pessoa comum... Muito maior do que a sua, não se engane nem por um minuto. Posso parecer com o seu vizinho, seu amigo, ou até mesmo o seu irmão. Mas eu não sou como vocês.

Pois, acima de tudo, a particularidade que me define é justamente por poder ver coisas que a maioria das pessoas acreditam que não existem. Coisas que por serem tão surreais, tão malignas ou assustadoras, somente alguém com as minhas habilidades pode lidar - ou até mesmo combater, na maioria dos casos. O que seriam estas coisas? Hum, vamos estabelecer assim: Algumas vezes, eu posso ver anjos. Na maioria das vezes, são demônios. Mesmo quandos eles não querem ser vistos - ou quando não quero ver eles, eu posso indentificá-los. Ou mesmo senti-los. O que é basicamente 100% do tempo.

Deu para assimilar a situação? Tudo bem... Com o tempo, vocês pegam o espirito da coisa.

Mas, voltando ao que interessa, a história que vou lhes contar a seguir se passa justamente no momento em que a minha vida (de merda e sem grandes atrativos) definitivamente começou. O que, considerando todo o meu histórico, foi realmente um acontecimento. Só não se empolgue muito. Nem tudo foram flores. Tive muitos barrancos para pular, e muitas tempestades para cruzar. E o principal nisto tudo foi: de um jeito irônico e cruel, tentaram arrancá-la de mim. Para todo o sempre.

Não acredita no que estou falando? Vamos ver...

Terra das Sombras: O GuardiãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora