Casamento por Acaso

Capítulo 4

Enfim, chegou o grande dia. Um sol escaldante fazia com que o chão queimasse feito óleo em frigideira, quando Brad entrava na Igreja. Rachel vestia o vestido de noiva, quando uma visita inesperada a fez balançar.

"Você está linda!" – Dean admirou-a, diante do olhar aflito dela. O que menos precisava nesse momento, era da presença dele ali.

"O que faz aqui?" – ela indagou num suspiro.

"Vim me despedir. Já falei com Brad, e não ia embora sem ver você." – ele disse, ajudando-a a fechar o resto do vestido, fazendo-a suar.

"Obrigada!" – ela falou tristonha.

"Agora entendo por que vai se casar com meu irmão." – seu tom foi sarcástico, a ponto de chamar a atenção dela.

"Como assim? Do que está falando Dean?" – Rachel não conseguia entender suas palavras.

"Brad me contou sobre a sociedade com seu pai. Está fazendo um ótimo negócio." – ele disse com deboche, enquanto ela estalava um tapa em seu rosto.

"Está me ofendendo Dean? Quem pensa que sou?" – ela falou chateada.

"Você é a mulher da minha vida, mas infelizmente vai se casar com um cara somente pra assegurar a sociedade dele com seu pai. Isso faz de você uma farsante, que tenta se esconder dos próprios sentimentos." – ele foi ríspido, impedindo-a de atingi-lo uma secunda vez, segurando sua mão com firmeza.

"Vai embora daqui Dean. Eu te odeio." – ela bufou num misto de raiva e lágrimas, em seu rosto.

"Não, Rachel. Não odeia. Você me ama, mas é incapaz de acreditar nisso. Nem mesmo nisso. Felicidades Rachel, e adeus." – ele saiu transtornado, enquanto o choro dela se tornava algo compulsivo agora. Sentia raiva, dor, medo. Tudo estava misturado e não sabia mais como lidar com toda a situação em que se encontrava. Só notou a presença da irmã ali, quando Madeleine falou num tom apreensivo.

"Ainda aqui? Estão todos te esperando na Igreja, o que aconteceu?" – ela questionou, enquanto Rachel ainda chorava.

"Dean passou aqui pra se despedir." – ela choramingou, sendo amaparada pela irmã.

"Oh Rachel. Você ama esse homem, então por que não corre atrás da felicidade?" – Madeleine tentou encorajá-la.

"E quanto ao Brad?" – ela disse enxugando as lágrimas.

"Deixa que eu cuido dele, está bem? Pra que aeroporto Dean foi?" – ela questionou, conduzindo Rachel até a garagem, enquanto a ajudava a trocar de roupa.

"Pra L.A. por quê?" – Rachel estava confusa.

"Por que é pra lá que você vai. Ted, leve a senhorita Blackwood, até o Aeroporto de Los Angeles, por favor."

"Isso é loucura Madeleine." – ela retrucou já dentro do carro.

"Loucura, é não ser feliz Rachel." – ela rebateu, enquanto a irmã lhe dava um alegre sorriso.

A Igreja estava lotada e todos pareciam cansados pela demora do início da cerimônia.

"Sr. Stevens! Não acha que sua filha, está muito atrasada não?" – Judy indagou sem paciência.

"Vamos ter um pouco de calma, Sra. Carlson. Afinal, toda noiva se atrasa." – ele tentou contornar a situação, embora Brad o fitasse com cintura. Rachel pegou um engarrafamento com destino ao aeroporto e foi preciso que seu motorista cortasse caminho pelo asfalto pra driblar o problema. Na Igreja, a apreensão toma cara de alívio, quando uma noiva adentra na capela. O velho Stevens, conduziu-a até o altar, sob o olhar fixo de Brad, que estava completamente feliz. O padre iniciou a cerimônia, diante do silêncio dos presentes.

Passava das sete da noite, quando Rachel chegou ao aeroporto. Correu até o balcão de informações na esperança de Dean não ter partido.

"Com licença. Pode me informar sobre o vôo Los Angeles com destino ao Texas?" – ela indagou apreensiva.

"Sinto muito senhora, mas o avião já vai partir." – a moça disse num lamento

"Como assim?"

"Quer dizer que ele já está na pista. Deve decolar daqui a dez minutos." – a atendente informou, enquanto Rachel corria até ao portão de embarque.

Na Igreja, após os noivos trocarem alianças e ouvirem o consentimento do padre, os noivos preparam-se para o beijo que selaria a sua união. No entanto, Brad teve uma enorme surpresa ao levantar o véu da noiva.

"Madeleine? O que faz aqui? Onde está a Rachel?" – ele indagou confuso, enquanto os presentes estavam boquiabertos.

"O que importa se agora estamos casados?" – ela rebateu diante da surpresa do padre.

"Mas você não é a Rachel..." – Brad não entendia.

"Mas é a irmã. De qualquer forma vai entrar pra família. Pense na sociedade." – o velho Stevens, o fez mudar de opinião.

"Bom...até que você é bem jeitosa Madeleine." – ele falou ao beijá-la, pondo assim, fim na cerimônia; de onde saíram direto pra lua de mel.

"Mas afinal de contas, onde está a Rachel?" – Judy questionou ainda admirada, embora Stevens fosse só sorrisos.

No aeroporto, Rachel pegou a direção de um carrinho que carregava bagagens e o parou bem na direção do avião, impedindo-o de alçar vôo.

"Você está maluca moça?" – a aeromoça indagou ao abrir a porta, enquanto Rachel subia as escadas apressadamente. Varreu as primeiras fileiras por um momento e não demorou a encontrar seu objeto de desejo.

"Você tem razão. Fui farsante tentando me esconder dos meus sentimentos. Mas agora, não tenho mais medo Dean." – ela falou aproximando-se dele, enquanto ele caminhava em sua direção, atônito.

"Tem certeza?" – ele sorriu indeciso.

"Hum, hum. Eu nunca te esqueci Dean. E tem algo que eu preciso te dizer..." – ela pausou, quando ele a enlaçou em seus braços.

"E o que é Sra. Blackwood?"

"Eu te amo." – Rachel sussurrou ao beijá-lo com paixão, diante das palmas de todos os passageiros.

"O que aconteceu com Brad?" – Dean indagou já no saguão do aeroporto, onde o jornal informava sobre o casamento de Brad e Madeleine.

"Ele se casou." – Rachel expressou-se com graça.

"E você? Quer se casar comigo?" – ele sorriu maliciosamente, enquanto ela retribuía o sorriso.

"Preciso responder?" – ela rebateu novamente a beijá-lo. Dean e Rachel se casaram no mês seguinte e seguiram suas vidas na fazenda que ele possuía no Texas. Madeleine e Brad tiveram gêmeos e a família Blackwood e a família Crlson, formaram uma dinastia que se estenderia ao longo dos anos vindouros.

 O acaso acabou por ser o aliado de dois corações sedentos de amor e por tabela, uniu outros dois que talvez nunca teriam chegado a lugar nenhum se não olhassem com calma para o futuro por uma segunda vez. E esses quatro ainda aprenderiam muito mais pelo caminho, por que o acaso, estaria sempre presente com eles.

Fim