Prólogo

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Prólogo

Eu corri o máximo que pude. Minhas roupas estavam sujas e rasgadas, havia vários cortes em meus braços e rosto, meus pulmões queimavam em busca de ar.

Eu sabia que tinha um ferimento fatal, era um corte transversal em meu abdome. Eu não tinha muito tempo.

Precisava chegar a algum lugar seguro o quanto antes. Parei em um beco, estava escuro, esperei que minha respiração se acalmasse por alguns segundos, então puxei meu celular de dentro da minha bota. Sempre gostei de botas, podemos guardar quase todos os objetos pequenos dentro delas sem correr o risco de perdê-lo. Apertei o número dois na discagem rápida, no terceiro toque o interlocutor atendeu.

- Fred? Venha! - Não esperei que ele dissesse alô, e nem me preocupei em dizer onde estava. Meu primo Fred me acharia mesmo se eu estivesse na China. Assim como eu, Fred carregava um poder. O que nós costumávamos chamar de "sopro", o dele era a psicometria, podia localizar qualquer pessoa ou objeto ou mesmo saber sua história apenas vendo uma foto ou tocando.

Assim que desliguei, senti toda minha energia se esvaindo, um vampiro me mordeu e o veneno estava fazendo seu efeito. Eu sabia que não ficaria consciente por muito tempo, minha visão estava embaçada, e sentia-me tonta. Foi uma completa loucura entrar sozinha na mansão de um dos maiores traficantes de São Paulo para assassiná-lo, não avisei ninguém, tio Max ficaria puto da vida comigo.

Mas ao ver o noticiário na televisão de que ele havia matado uma série de adolescentes e saiu ileso do tribunal por falta de provas, tomei as dores para mim e resolvi fazer justiça.

O que eu não esperava era encontrar um tipo totalmente diferente de vampiro ali, ele sentiu minha energia antes mesmo de eu dizer olá, e preparou uma emboscada. Mais de dez homens tentaram me prender. Eu matei todos, inclusive o traficante puto, mas não sem antes ter uma boa briga e levar algumas mordidas do maldito vampiro. Se eu escapasse desta pediria a Fred para pesquisar a raça.

Embora não tenha deixado ninguém respirando na maldita mansão. Meu encontro com o vampiro não havia terminado ali, usei todas as minhas armas para matá-lo, mas ele não morreu, até mesmo quando decepei sua cabeça, vi outra crescer em questão de segundos, então tudo que me restou foi correr. Eu corri o mais rápido possível, mas não antes de apertar o botão do controle remoto que levava comigo e explodir todo o local, eu tinha certeza que o desgraçado ainda estaria vivo em algum lugar.

Eu poderia ter usado meu sopro, mas, aprendi a travar minhas batalhas sem ele, descobri que quanto mais magia eu usar mais fraca posso ficar, então só o uso em último caso. Mesmo tia Flora dizendo que eu sou um Cálice, e posso armazenar quanto poder eu necessitar. Não... Deixa meu poder quietinho. Mesmo porque se eu começasse a usar magia em qualquer caso que pegasse, logo poderiam me descobrir, e outros viriam atrás do meu poder... Meu dom, eu estou reservando para uma única pessoa, o mascarado que matou meus pais, e levou minha irmã gêmea Gaia, eu não sei quem ele é, nem onde vive, mas um dia eu descobrirei. Então vou matá-lo.

Menos de quinze minutos se passaram. Ouvi alguns passos se aproximando rapidamente, lancei meu radar para saber se era amigo ou inimigo, e senti a energia quente, pulsante de Fred, tio Joe também estava com ele, sabia pelo barulho dos passos se arrastando.

Tio Joe foi uma experiência de minha tia Flora que deu errado. Tia Flora tem o sopro da cura e ressurreição, embora ela só ressuscite humanos por alguns minutos. Tio Joe morreu uma vez e ela como irmã mais nova, em um ato de desespero tentou ressuscitá-lo por mais tempo. Eu não sei direito o que aconteceu ou o que deu errado, mas tio Joe virou um ghoul, agora ele pode se transformar em qualquer animal, ou até mesmo assumir a forma do último humano que ele comeu.

ArkellWhere stories live. Discover now