Culpa

693 36 32
                                    


(POV Lily)
Salão Comunal, Hogwarts.

Já havíamos voltado ao castelo. As coisas estavam bem. Os outros passaram na enfermaria para cuidar dos seus machucados, mas eu tinha uma coisa mais importante para fazer.

Falei a senha para a mulher gorda e atravessei a porta. Não foi de me surpreender ao encontrar James sozinho ali no Salão Comunal, encolhido ao lado da lareira. O olhar perdido sob a brasa.

Caminhei em sua direção silenciosamente até que ele percebesse a minha presença.

-Te procurei por todos os lados. - disse baixo.

O maroto apenas me olhou de canto e encolheu-se mais ainda.

-James, está tudo resolvido. Você está seguro. - sentei em sua frente - Ficar revivendo todos aqueles momentos na sua cabeça não vai mudar nada...

Ele estava confuso, atordoado.

-Não tem nada a ver com "reviver os momentos", Lily. Você não tem ideia quão horrível foi ser controlado por outra pessoa. Meu corpo não me obedecia e as palavras que saiam da minha boca não eram minhas, mas eu estava ali o tempo todo. Eu lembro de tudo. - o menino tinha vergonha de me encarar nos olhos - Lembro de todas as vezes que te traí, beijando a Brisa. Lembro de torturar a Nina até ela não aguentar mais. Lembro de quase ter te matado na batalha. E sabe o que é pior? Eu gostei. Gostei do poder, da maldade. Fiz coisas horríveis, ruivinha, e nada vai apagar isso.

Ao ouvi-lo falar com tanta repulsa de si mesmo não consegui conter uma lágrima.

-Não diga isso, Jay! A poção do amor é uma das mais fortes que existe, você não teve culpa. Eu te perdoei, os meninos também e certamente a Nina irá. Talvez você demore para esquecer as coisas que fez, mas nós iremos te ajudar. Eu irei te ajudar. Estamos juntos nessa.

-Não, Lily...

A única vez que eu havia o visto tão frágil e vulnerável fôra na noite em que seus pais morreram. Aproximei-me, segurando as suas mãos grandes.

-Você não têm ideia do quanto eu senti a sua falta. - murmurei baixinho - Foram dias difíceis sem você. Ninguém me faz sorrir como você. Eu sonhei contigo dia e noite. Eu sei de cor cada detalhe do seu rosto. As vezes eu me pego sorrindo sozinha quando lembro das nossas conversas. Eu não preciso fingir quando estou com você. Você foi a melhor coisa que já me aconteceu. - passei a mão pela sua bochecha quente - Quando você foi embora, nada mais fazia sentido. Mas agora você está aqui. Você vai sempre estar aqui e eu te amo por isso, Potter.

Por um segundo, o maroto pareceu se embolar nas próprias palavras e até ficar sem ar. Eu ri da sua reação.

-Tanto tempo se passou e eu ainda te deixo nervoso? - questionei com um sorriso ladino.

-Haha, muito engraçado, Evans. - ironizou, assumindo a velha pose de James Potter "o machão" e puxando meu rosto para perto - Nós dois sabemos que é o contrário. Suas bochechas estão rosadas e sua respiração, falha, lírio. VOCÊ é quem está nervosa.- ele piscou.

Eu ri alto antes de me jogar em seus braços.

-Você não existe, Potter.

(POV Nina)
Ala Hospitalar, Hogwarts.

Acordei sem saber aonde estava. Minha cabeça doía como se alguém tivesse me batido repetidas vezes com um tijolo. Tentei abrir meus olhos e, de primeira, tudo que consegui enxergar fôra uma luz forte e ofuscante. Eu obviamente não estava mais naquela sala apertada e escura. Mas onde estaria?

Os Marotos - O Último AnoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora