Colors

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Por ser feriado, eu só consegui pegar um trem às onze da noite. A parte boa disso foi que eu consegui passar o resto do dia com meus pais, a parte ruim era que a ansiedade me consumia de uma maneira inexplicável e a parte pior ainda era que chovia muito. O caminho da estação até a casa de Taehyun levaria no mínimo dez minutos e eu não estava com um guarda-chuva ou capa para me proteger. Eu teria apenas uma opção se não quisesse acabar todo molhado, pegar um táxi ou esperar até que a chuva diminuísse.

Assim que cheguei ao meu primeiro destino, enviei uma mensagem ao Kang, certificando-me de que ele estava em sua casa. Claro, eu não disse que estava em Seul, pois queria que fosse uma surpresa. Entretanto, ainda chovia e eu não encontrava nenhum táxi disponível. Meu estômago se revirava com o frio na barriga causado pela ansiedade e eu soube que não conseguiria ficar esperando até que parasse de chover.

Tentei proteger meu celular da melhor maneira possível e me atrevi a andar o mais rápido o possível. Gotas grossas e frias caíam sobre mim e, por isso, fiquei encharcado antes de chegar até a metade do caminho. E meu caminho até a casa de Taehyun foi assim, me esgueirando em qualquer lugar com cobertura para evitar de me molhar mais ainda.

Assim que cheguei em frente ao prédio em que o Kang morava, parei em baixo da marquise, protegendo-me da chuva, e liguei para ele, que atendeu no segundo toque.

- Hyung? Achei que não iria querer conversar hoje. Já são quase duas da manhã, você deveria estar dormindo já que precisa viajar daqui há algumas horas.

- Está tudo bem, Tyun. Eu só quero te avisar que mandei algo para você - Mordi meu lábio inferior após dizer isso.

- O quê? - Dava para sentir a curiosidade em suas palavras.

- Vá até a entrada e você vai saber.

- Mas já chegou? Porque o interfone não tocou?

- Chegou sim. Agora, sobre seu interfone, eu realmente não tenho como saber - segurei minha risada.

- Eu vou ver então, espero que seja algo gostoso.

- Depois você me fala - não segurei minha risada antes de encerrar a ligação.

Esperei menos de um minuto até ver Taehyun sair.

- Beomgyu? Você não estava em Daegu?

- Eu estava, mas precisava te dizer algo e não iria conseguir esperar até amanhã.

- Hyung, tem certeza que isso é tão importante? Você ficou todo molhado!

- Bom, eu não consegui pegar um táxi até aqui, por isso estou assim - Mordi meu lábio inferior e suspirei em seguida, eu não sabia exatamente como iria falar sobre meus sentimentos. - Acho que o fato de eu ter ficado assim diz muito sobre o quanto isso é importante para mim.

- Isso faz sentido, hyung. Pode falar.

- Certo, eu pensei muito sobre isso nos últimos dias e cheguei a conclusão de que eu gosto de você. - Pensei que ele poderia interpretar isso em relação a nossa amizade, então continuei a falar. - Não apenas como amigos, eu gosto de você romanticamente.

- Hyung, eu...

- Eu sei que você não sente o mesmo, - O interrompi - você até me disse que gosta de alguém...

- Beomgyu! - Dessa vez ele me interrompeu e eu me calei para ouvi-lo. - Eu também gosto de você.

- Certo, eu já sabia que não seria correspondido, só não quero que nossa amizade... - Antes de terminar, meus neurônios processaram corretamente a informação dada pelo Kang. - Espera, o que você disse? - Minha boca se abriu em surpresa.

- Eu disse que também gosto de você, hyung. - Ele disse e soltou uma risada maravilhosa de se escutar.

Meu coração palpitou e eu não contive o sorriso bobo que se formou em meus lábios. A risada de Taehyun cessou e um sorriso, como o meu, iluminava sua face.

- E agora? - Perguntei, nos doramas essa geralmente é a parte em que o casal principal se abraça ou, até mesmo, se beija. Será que eu deveria tomar a iniciativa?

- Você é tão fofo, hyung - ele disse. - Eu te abraçaria agora, mas você está todo molhado. Vem, você precisa de um banho quente e roupas secas.

Acompanhei o Kang até seu apartamento, especificamente até o quarto, onde ele me entregou roupas secas.

Eu enrolei um pouco durante o banho, o contato da água quente com meu corpo me fez perceber que eu estava com frio. Quando terminei, me vesti com as roupas de Taehyun, confesso que não irei reclamar se isso se tornasse um hábito.

Saí do banheiro e encontrei o Kang deitado em sua cama, mexendo no celular.

- Você está com fome? - perguntou, assim que percebeu que eu já havia terminado.

- Não, eu comi muito antes de viajar - respondi.

- Certo, você quer fazer alguma coisa ou quer dormir?

- Eu não estou com sono ainda, então vamos ficar conversando, pode ser?

- Claro, você sabe que eu não vou dormir agora mesmo - disse em um tom brincalhão, indicando o espaço vazio ao seu lado na cama, em um pedido mudo para que eu me deitasse ali, ao seu lado.

Me deitei ao seu lado e voltei meu olhar para o teto. Pensando bem, essa era a primeira vez que eu ficava tão próximo de Taehyun depois de ter me declarado. Eu me sentia um pouco estranho, meu coração estava acelerado e o calor do mais novo fazia essa noite de verão ainda mais quente.

- Como foi estar com sua família? - perguntou, quebrando o silêncio que, sem que eu percebesse, tomou conta do ambiente.

- Foi ótimo, eu estava com muita saudade. - Comecei a falar e, bem, eu não iria parar sem dizer tudo sobre o tempo que passei com meus pais. - Eu comi muito bem enquanto estava com eles, minha mãe se certificou disso. Ela também me encheu de perguntas sobre a faculdade, trabalho e sobre meus amigos. Nós assistimos dramas juntos, quer dizer, eu e minha mãe, meu pai dormiu depois de poucos minutos. Eu matei a saudade do Totó, eu já te falei sobre ele, certo? - perguntei e ele acenou, afirmando. - Certo, eu falei muito sobre meu feriado, agora me fale sobre o seu.

- Bom, eu passei o dia com meus pais e minha irmã, como te falei que faria. Mas não é como se eu já não os visse todos os finais de semana, então não tenho muitas novidades.

- Entendi. Mais cedo você disse que me daria um abraço se eu não estivesse molhado, não é?

- Acho que sim.

- Bom, - Mordi meu lábio inferior. - eu não estou molhado agora.

- Hyung, você flerta de um jeito muito engraçado, me desculpa - Taehyun soltou uma risada e eu o acompanhei, não era uma mentira. - Vem cá, eu estou te devendo um abraço.

Ele se sentou e eu fiz o mesmo. O mais novo abriu os braços e eu me aproximei, sendo envolvido pelo Kang e retribuindo o abraço. Então, naquele momento, senti todo o conforto de um abraço. Eu queria morar nesse momento, sentir todos os dias o cheiro de Taehyun, ouvir o som das nossas respirações e dos nossos corações. A partir desse dia, eu me lembraria dele e uma única palavra viria em minha mente: lar.

...

Gente eu tô soft 😭💖
Eu fiquei envergonhada várias vezes enquanto escrevia esse capítulo, mas está aí, finalmente.
Obrigada por todo o carinho que vocês dão a fic, eu amo isso ♥️

(Eu não esqueci da minha outra fic, tá? Vou atualizar em breve.)