- Vovô!

Gabriel exclama assim que chegamos perto o suficiente para ver ele, Fred abre um enorme sorriso ao ver o neto e sem se importar em sujar sua calça social, coloca joelho no chão e abre os braços. Analiso ele, cabelos cortados, penteados da forma mais alinha possível e grisalho, o terno cinza o deixa com um ar ainda mais sério e ele não está usando barba mais, como eu me lembro que ele usava. Gabriel agarra o pescoço do avô, que sorri e o abraça de volta.

- Que saudade meu pequeno. - Bianca solta minha mão e avisa que vai pegar as malas no carrinho. Fico ali parada esperando ela voltar, ou ao menos que Fred note minha presença. - Rafaella Andrade, que bom revê-la.

Ele estende a mão em minha direção e sorrio para ele antes de apertar a mão estendida.

- Voltei. - Bianca ressurge ao nosso lado, olho para ela que agora está sem o casaco enorme, apenas a touca beanie ainda está sua cabeça. - Oi, pai.

- Oi, filha.

Bianca estende a mão para o pai, porém ao invés de apertá-la, Fred a segura e puxa Bianca em sua direção, lhe dando um abraço de urso. Os dois ficam nesse abraço, meio de lado já que Gabriel ainda está no colo de Alfredo. Depois de um tempo os dois se afastam, Fred olha para Bianca com um enorme sorriso e Bianca olha para o chão, mas vejo um rastro de sorriso em seus lábios.

- Cadê a vovó?

- Vovó Mônica está te esperando em casa, ela não vê a hora de te ver, sabia? - Gabriel se agita todo no colo de Alfredo, ele abre a porta do carona e coloca o pequeno lá dentro. - Vamos?

- Sim, sim.

Respondo ainda meio perdida, Bianca pega nossas malas e espera que Fred abra o porta-malas para guardá-las. Depois de tudo devidamente guardado, nós entramos no carro. O caminho só não foi feito em total silêncio por causa de Gabriel, que falava sem parar demonstrando toda sua animação para o final de semana.

Estava quase pegando no sono quando senti o carro parar, Gabriel já estava menos falante e Bianca continuava quieta, observando as ruas. Espero que Alfredo estacione o carro e solto meu cinto de segurança.

- Abre a porta, vô.

Gabriel pede assim que o carro é estacionado no lugar correto, Fred solta uma gargalhada pela animação do pequeno e logo ouço as portas serem destravadas, Gabriel abre a porta e salta do carro. Sorrio ao observar aquele pingo de gente correr em direção ao casarão enorme.

- Vamos?

Bianca me chama, olho para ela que está sorrindo, dessa vez com menos felicidade. Ou ela estava apenas cansada, pelo menos ela aparenta estar. Apenas aceno com a cabeça e abro a porta, sinto a brisa quente bater em meu rosto e respiro fundo. Pela primeira vez me sinto em casa, confesso que senti falta do clima do Rio. É estranho lembrar de viver aqui e acordar em outra cidade diferente, com ruas diferentes, clima diferente... Tudo diferente, até eu mesma. Ainda é tudo muito confuso, eu quero realmente conseguir lembrar, mas é tão exaustivo e só passaram três semanas.

- Bem vinda de volta.

- Bianca!

Exclamo ao senti-la me segurar pelos ombros e deparar-me com seus olhos castanhos tão próxima a mim, ela me alisa com seus dedos e sorri de forma doce. Olho com o canto do olho para suas mãos em mim, Bianca parece perceber e me solta na hora. Lamento por ela ter feito isso, acho que seus toques me passam algum tipo de segurança.

- Sentiu falta daqui?

Pergunta ao dar um passo para trás, aceno com a cabeça e Bianca faz sinal para que fôssemos em direção a entrada da casa de seus pais, prontamente a acompanho.

Stupid Wife (RABIA)Where stories live. Discover now