Capítulo 2

139 18 7
                                    

Enquanto meus pais gritavam feito loucos na sala de estar, eu me escondia debaixo do meu lençol, na tentativa falha de fazer suas vozes sumirem e eles pararem de brigar. Então escutei o som estranho vindo da minha janela. Levantei da cama e caminhei até a janela, onde eu vi Dylan jogando pedrinhas na minha janela. Quando me viu ele deu o maior sorriso que havia visto, seus cabelos loiros brilhavam de noite, sua franja cobria parte da sua testa assim como seus olhos azuis escuro.

Abri a janela e então ele começou a fazer mímica apontando para algum lugar, ele fazia sinal de telefone com os dedos, enquanto eu tentava entender exatamente o que ele queria dizer com aquilo, dei de ombros e um olhar confuso. Ele suspirou frustrado e cochichou.

― Vai na outra janela. ― disse ele correndo pro outro lado da casa.

Fui até a outra janela que ficava de frente com a dele, onde ocasionalmente minha janela ficava em frente da dele. Lá eu vi ele tentando manusear o peso da tesoura de poda árvore que meu pai havia comprado pra cortar os galhos da árvore do quintal. Na ponta da tesoura havia uma corda com uma lata na ponta, peguei a lata na minha mão e puxei até mim. Dylan já não aguentava mais o peso daquilo, então acabou perdendo as forças e deixou a tesoura caindo no chão fazendo barulho. Eu rir quando vi a cara de assustado que ele fez ao escutar o barulho que aquilo havia feito. Antes de correr pra sua casa ele se virou pra mim e começou a cochichar de novo.

― Coloca no ouvido. ― depois daquilo ele saiu correndo, antes que meu pai aparecesse.

Fazendo o que ele pediu eu coloquei a lata no meu ouvido, depois de alguns segundo escutei sua voz saindo da lata. Aquilo me surpreendeu na hora, não sabia que aquilo era possível.

― Ei, não chore maria chorona, você fica muito feia quando chora, sabia?

― Eu não estava chorando, João catarro. ― resmunguei.

― Se quiser que eu te escute coloque a lata no boca, bobona.

― Eu já sabia.― menti.

― O bicho papão vai vim te pegar se você mentir.

― Eu não menti, e bicho papão não existe.

― Foi a Nana que disse, e a Nana nunca mente.

Havia conhecido sua avó no natal passado, ela era bastante divertida e sabia, e fazia biscoitos muitos gostosos. Assim como minha avó, seus abraços eram os melhores, me sentia sempre aconchegada quando ela fazia isso.

― Se a Nana disse, então eu acredito.

Passamos o resto da noite conversando naquele dia até nossas mães mandarem a gente dormir. Foi a primeira vez que realmente não havíamos brigado e foi o primeiro dia que eu e Dylan nos tornamos mais do que arqui-inimigos, nos tornamos arqui-inimigos/melhores amigos. A Partir daquele dia começamos a dividir tudo.

Doces. Batata frita. Segredos.

Principalmente de quem alimentou o cachorro.

E íamos sempre ao parque de diversões juntos brincar na xícara, rodávamos até ficar tonto ou o primeiro a vomitar. Até pedimos pros nossos pais colocasse um playground gira-gira no quintal. Mas isso falhou quando eles sabiam que acabaríamos colocando todo o almoço pra fora e as refeições para fora.

Apesar das tréguas continuamos a nos odiar e provocar um ao outro. Sempre que ele tinha oportunidade ele me fazia tropeçar pra cair no chão, mas um dia quando eu estava usando vestido ele nunca mais me fez cair. Mas as suas provocações se tornaram piores quando completamos dez anos e um vizinho novo chegou com seu filho Tyler, assim como seu pai que era bonitão, Tyler tinha seu charme, principalmente suas covinhas.

Eu ainda te amo ( pausado )Where stories live. Discover now